terça-feira, 23 de outubro de 2007

Morrer para viver mais e melhor

     O sentido da vida depende do sentido que damos à morte. Se a morte é vista como simples negação da vida e como tragédia biológica, então vale o que São Paulo já dizia: "comamos e bebamos pois amanhã morreremos".
    Mas há culturas que lhe deram um sentido mais alto. Ela é oportunidade de construir o próprio destino e de plasmar o mundo à nossa volta consoante um projeto civilizatório.
    O cristianismo, por sua vez, propõe a sua representação da morte. Não contrária à vida, mas como uma invenção inteligente da vida para poder dar um mergulho radical na Fonte de toda vida. A morte não seria um fim-termo mas um fim-meta alcançada, um peregrinar rumo ao Grande Útero paternal e maternal que enfim nos acolherá definitavamente.
    Dentro do cristianismo desenvolveu-se, com referência à morte, uma tradição de grande significação e de sentido de festa. Trata-se da tradição franciscana. Francisco de Assis conseguira uma reconciliação bem sucedida com todas as coisas, com as profundezas mais obscuras de nossa vida e com suas dimensões mais luminosas. Cantava a morte como irmã. Não como bruxa que nos vem arrebatar a vida mas como irmã que nos introduz no reino da plena liberdade. Morreu cantando salmos e cantigas de amor da Provence.
    Os franciscanos todos guardam esta herança sagrada na forma como celebram a morte de algum confrade, membro da comunidade. A mim, com frade (que ainda sou em espírito) me tocou vivenciá-lo inúmeras vezes. É simplesmente comovedor -  uma pequena antecipação do novo céu e da nova Terra - dentro deste já cansado planeta. Ao se aproximar a morte do confrade, toda a comunidade se reune ao redor de seu leito. Recitam-se salmos e orações, infundindo confiança ao moribundo para o Grande Encontro. No dia em que morre, à noite faz-se festa. É a chamada "recreação". Ai há confraternização, comida, bebida, comentários sobre a saga pessoal do confrade falecido e jogos de vários tipos.
    No dia seguinte faz-se o enterro. E à noite, nova "recreação" festiva. O que se esconde atrás desse rito de passagem? Esconde-se a crença de que a morte é o vere dies natalis, o verdadeiro Natal da pessoa, o momento em que acaba de nascer definitivamente. Como não estamos ainda prontos, embora inteiros, cada dia vamos nascendo, progressivamente, até acabar de nascer. Isso dá-se na morte. Esta não é a campa da vida. É seu berço. Quem pode se entristecer com o nascimento da vida? É Natal e Páscoa, magnificação da vida mortal que a partir da morte se eterniza. Portanto, há  bons motivos para festejar e celebrar.
    O efeito desta compreensão é a desdramatização da morte e a jovialidade da vida. A vida não foi criada para terminar na morte, mas para se transformar através da morte. Esta representa aquele momento alquímico de passagem para uma outra ordem de realidade, onde a vida pode continuar sua trajetória de expressão das infinitas possibilidades que contem, até aquela de poder se fundir com a Suprema Realidade.
    Então podemos dizer: não vivemos para morrer. Morremos para viver mais. Melhor ainda: para permitir a ressurreição da carne que é a revolução dentro da evolução.
 
Autor: Leonardo Boff - Portal do Meio Ambiente
 

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Quantidade de CO2 na atmosfera aumenta mais rápido que o previsto

     O crescimento econômico mundial provocou um aumento na quantidade de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera em um ritmo muito mais intenso que o previsto, afirmaram cientistas em um estudo publicado nesta segunda-feira (22), nos Estados Unidos.
     "O aumento da quantidade de dióxido de carbono cresce 35% mais rapidamente do que o que nós acreditávamos em 2000", afirmou, em um comunicado, um dos organismos responsáveis por este estudo, o BAS (British Antartic Survey), da Proceedings of the National Academy of Sciences.
 
 
     Um emprego abusivo dos combustíveis provocou um acréscimo de 17% na taxa de CO2. Os 18% restantes estão ligados ao declínio da capacidade de absorção de gás pelas florestas e oceanos, revela a pesquisa.
     Saturação - "Há 50 anos, para cada tonelada de CO2 emitida, 600 quilos eram eliminados naturalmente. Em 2006, apenas 550 quilos foram eliminados por tonelada e este número vem diminuindo", explicou o responsável pelo estudo, Pep Canadell, do Projeto Global do Carbono, em nota.
 
 
     Cerca de 10 bilhões de toneladas de gás carbônico foram emitidas no mundo em 2006, o que representa um aumento de 35% em relação a 1990.
     O protocolo de Kyoto fixou o objetivo de registrar em 2012 a emissão de gáses produtores do efeito estufa em um nível 5% inferior ao dos anos 1990.

Fonte: Carbono Brasil / Folha Online - Portal do Meio Ambiente

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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Satélite brasileiro em parceria com China sofre com barreiras dos EUA

Americanos estão barrando exportação de componentes essenciais para a linha Cbers.
Sondas têm uso civil, mas Estados Unidos alegam intenções militares chinesas.

     Uma linha de satélites produzidos por uma parceria entre o Brasil e a China está sendo emperrada por barreiras de exportação impostas pelos Estados Unidos, informa o jornal "Folha de S.Paulo". Duas empresas brasileiras que produzem peças para os satélites 3 e 4 da linha Cbers (sigla inglesa de "Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres") não estão conseguindo trazer componentes cruciais dos EUA, porque os americanos se sentem ameaçados pelo crescimento da China na área espacial.
 
Foto
Foguete Longa Marcha-4B chinês se prepara para lançar o Cbers-2b (Foto: Inpe)
 
     Os satélites Cbers (pronuncia-se "cibers") não poderiam ser mais pacíficos: seu objetivo é simplesmente obter imagens da Terra que possam ajudar no monitoramento ambiental, como o de destamatamento e queimadas. O problema, no entanto, é que o programa espacial chinês também tem objetivos militares, o que dá aos Estados Unidos um argumento para barrar a saída de tecnologias americanas para o projeto sino-brasileiro. Eles alegam que os chineses poderiam usá-las também para fins bélicos.
     A vertente brasileira do projeto Cbers, que já lançou três satélites produzidos em parceria com a China, está sendo coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Como é de praxe em projetos desse tipo, o Inpe passou a um grupo de empresas nacionais a responsabilidade de fabricar peças dos satélites. Duas delas, a Mectron, com sede em São José dos Campos (SP), e a Opto, de São Carlos (SP), não conseguiram comprar equipamentos americanos recentemente.
 
 
     No caso da Opto, responsável pela câmera do Cbers-3, houve o cancelamento de um contrato de US$ 45 mil com a empresa californiana IR. O componente em questão, um conversor de corrente, chegou a ser pago, mas não pôde embarcar para o Brasil. "O departamento jurídico [da IR] disse ao nosso contato lá que, se ele exportasse, poderia pegar nove anos de cadeia e multa de US$ 1 milhão", afirmou ao jornal paulistano Mario Stefani, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Opto. Com isso, houve um atraso de seis meses no projeto, apesar da devolução do dinheiro aos brasileiros.
     Para tentar evitar atrasos maiores no Cbers-3, o Inpe está buscando fornecedores alternativos, principalmente na Europa. Em artigo, o diretor do instituto, Gilberto Câmara, disse esperar que as regras americanas de exportação de produtos de tecnologia sensível sejam relaxadas diante do caráter civil do Cbers. A Embaixa dos EUA, no entanto, diz que as leis sobre uso dual (civil e militar) já existem há muito tempo, e que elas não impediriam a cooperação científica.
 
Fonte: G1

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Efeito imediato contra o aquecimento global

     Uma das formas mais eficazes e baratas de reduzir os impactos do aquecimento global é plantar mais árvores nas cidades. Isso é especialmente importante nas cidades brasileiras que cresceram sem preocupação com parques e, principalmente, cobertura de árvores ao longo das calçadas. Em São Paulo, a diferença de temperatura entre uma rua arborizada e uma sem árvores no mesmo bairro e na mesma altitude pode chegar a 2,5 graus centígrados.
 
     Quando várias ruas de uma mesma região têm poucas árvores para cobrir o cimento e o asfalto, o efeito se amplifica. Um estudo feito no mês de agosto em Tóquio, no Japão, revelou que, enquanto a temperatura no centro da cidade chegava a 40 graus, os termômetros nos arredores da cidade, em bairros bem arborizados, ficava em 28,5 graus.
     Isso sem falar que a copa das árvores recebe as chuvas fortes e retarda a chegada da água no sistema pluvial, reduzindo o impacto das enchentes, que também são previstas no aquecimento global. Ruas arborizadas são mais agradáveis para se andar a pé, reduzindo os deslocamentos por automóveis, que emitem gases geradores do aquecimento global. Fora o alívio estético de uma bairro com árvores. Se algum governo estadual, prefeitura ou empresa planeja uma ação para amenizar as mudanças climáticas agora, pode começar com um programa ambicioso para recuperar nossas florestas urbanas.
 
Fonte: Alexandre Mansur - Blog do Planeta

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Destino das florestas brasileiras entregue aos ruralistas

     O Projeto de Lei 6.424, de 2005, em tramitação na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e encaminhado pelo Presidente da Câmara dos Deputados à Comissão de Agricultura, constitui um enorme risco para a integridade dos biomas brasileiros.
     O atual Código Florestal brasileiro estabelece a necessidade de que cada propriedade rural tenha uma área mínima de florestas e outros ecossistemas naturais conservados. Essa área mínima é a soma das áreas de preservação permanente (como topos de montanha, margens dos rios, lagos e outros cursos d'água) e a área chamada Reserva Legal. A função da Reserva Legal é de manter, dentro de cada propriedade, uma percentagem mínima de vegetação nativa, que cumpre uma importante função ecológica como hábitat para a biodiversidade e fornece diversos serviços ambientais como o estoque de produtos florestais, controle de pragas e incêndios, melhoria da produção de água; proteção do solo e corpos d'água evitando erosão e assoreamento; e captação de carbono da atmosfera.
     A legislação brasileira estabelece que a área de reserva legal deva ser de 80% na Amazônia Legal, 35% na região de cerrado que esteja nos estados da Amazônia Legal e 20% nas demais regiões do país.
     A grande maioria das propriedades rurais brasileiras não possui as áreas de preservação permanente (APPs) e de reserva legal (RL), conforme determina o Código Florestal. O PL 6.424 é uma tentativa de estimular os proprietários rurais a regularizarem sua situação perante o Código Florestal. A legislação brasileira atual já prevê, em alguns casos específicos, mecanismos de compensação, onde o proprietário compensa o dano ambiental causado em sua propriedade por meio de aquisição direta de uma área com vegetação nativa em região próxima à sua propriedade ou através de cotas de reserva florestal.
     O PL 6424 aumenta de forma inconseqüente e sem o devido embasamento técnico-científico as formas de compensação, permitindo novos mecanismos que terão um impacto significativo na biodiversidade e conservação das florestas brasileiras e no ordenamento territorial da paisagem rural do país.
     As ONGs abaixo assinadas indicam que os seguintes pontos do PL 6.424/2005 consistem em ameaças à conservação das florestas:
     1. A possibilidade de recuperação de 30% da Reserva Legal na Amazônia com espécies exóticas, incluindo palmáceas.
      Na prática, esse dispositivo significa a redução da Reserva Legal na Amazônia para 50%, pois o uso de espécies exóticas reduz as funções ecossistêmicas das florestas nas propriedades privadas.
     2. A possibilidade de compensação de reserva legal em outra bacia, no mesmo estado e bioma.
     Este dispositivo estabelece a possibilidade de manter bacias hidrográficas sem áreas de floresta, com impactos ecológicos significativos, desestimulando a recuperação de áreas degradadas e a conseqüente recuperação de sua função de fornecedora de serviços ambientais tais como a produção de água e chuva para outros estados brasileiros.
    3. A possibilidade de cômputo da Área de Preservação Permanente no percentual de Reserva Legal.
     Em algumas regiões do país isso pode significar que a Reserva Legal deixe de existir, pressupondo equivocadamente que a função ecológica e econômica da Reserva Legal possa ser cumprida pelas áreas de preservação permanente, onde o seu manejo é mais restritivo
     4. A compensação da Reserva Legal mediante doação de área para regularização fundiária de terras de comunidades tradicionais ou a recuperação ambiental de áreas degradadas no mesmo estado em territórios de povos e populações tradicionais, assentamentos rurais ou em florestas públicas destinadas a comunidades locais.
     Trata-se da transferência de ônus da regularização da reserva legal de propriedades privadas para comunidades tradicionais, restringindo a possibilidade dessa comunidade em decidir sobre o uso do seu território. A compensação obrigará a comunidade a manter essa área sob o mesmo regime da Reserva Legal. Trata-se de uma transferência de responsabilidade do poder público a terceiros. No caso da recuperação, cria um ônus pela responsabilidade de manutenção das áreas a serem recuperadas.
     5. A falta de vinculação  da concessão de crédito à regularização ambiental das propriedades rurais.
     Com isso, mantém-se a possibilidade de acesso ao crédito rural pelas propriedades que desmataram áreas acima do permitido pelo Código Florestal brasileiro.
    6. Falta de incentivos econômicos para recuperação e manutenção da Reserva Legal.
     Perde-se a oportunidade de propor mecanismos econômicos para viabilizar um modelo de desenvolvimento econômico baseado na floresta em pé, explorando os seus produtos e serviços de forma sustentável.
     Além disso, tendo em vista a rapidez com que vêm se dando as negociações  em torno da proposta, houve pouca participação de representantes de organizações da sociedade civil, em especial das instituições que atuam em outros biomas igualmente importantes, como Caatinga e Cerrado, e do envolvimento da opinião pública brasileira. É fundamental que as conseqüências das propostas para estes biomas sejam devidamente analisadas e as mudanças avalizadas pela sociedade.
    Propostas de alteração do Código Florestal devem estar baseadas em critérios objetivos, evitando-se um elevado grau de subjetividade a ser definido por regulamentações posteriores e a transferência da responsabilidade para os estados cuja estrutura de gestão ambiental é precária ou inexistente.
     Aprimorar o Código Florestal, na lógica de otimizar o uso de áreas desmatadas e impedir novos desmatamentos é uma perspectiva positiva do ponto de vista sócio-ambiental. Para tanto, é fundamental que as mudanças consolidem um entendimento comum de valorização da floresta e que estejam de acordo com as expectativas da opinião pública brasileira.
     As entidades ambientalistas reconhecem que é indispensável para o país promover o desenvolvimento econômico e a geração de empregos. Combinar esses fatores à conservação dos recursos naturais, garantindo a integridade dos ecossistemas é fundamental para um desenvolvimento sustentável a longo prazo.
     Entretanto, a crise climática global e o papel dos desmatamentos na emissão de gases do efeito estufa exigem uma postura enérgica de controle dos desmatamentos e manutenção dos ativos florestais existentes no país. A proposta tal como apresentada, ao contrário, contribui para a redução da cobertura florestal em um momento em que surgem os primeiros sinais de um aumento nos índices de desmatamento ao longo da fronteira agrícola brasileira.
     É fundamental que a proposta como um todo seja revista de forma cuidadosa, com um amplo debate envolvendo a sociedade brasileira.
  • Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
  • Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do Itajaí - APREMAVI
  • Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA)
  • Conservação Internacional (CI-Brasil)
  • Fundação CEBRAC
  • Greenpeace
  • Instituto Centro de Vida (ICV)
  • Instituto de Estudos Sócio-econômicos (INESC)
  • Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA)
  • Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN)
  • Instituto Socioambiental (ISA)
  • Rede Cerrado de ONGs
  • WWF - Brasil
Fonte: Assessoria de Imprensa CI-Brasil - Ambiente Brasil
 

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Tribunal confirma exigencia para que Cargill elabore Estudos de Impacto do porto de Santarém

Julgamento foi em abril, mas resultado só entrou em vigor hoje (18/10/07), depois da publicação de acórdão.
 
     Belém, PA - O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, recusou apelação da Cargill Agrícola S.A e manteve sentença de primeira instância que ordenava a elaboração de Estudos de Impacto Ambiental-Relatório de Impacto Ambiental (Eia/Rima) para operação do terminal graneleiro instalado em Santarém, oeste do PA.
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     Para o Ministério Público Federal, que desde o ano 2000 luta na justiça contra as irregularidades do empreendimento, a decisão é uma vitória parcial. "Confirma-se a obrigação de fazer os Estudos, mas não fica claro se o terminal deve ou não funcionar durante a elaboração", avalia o procurador da República Felício Pontes Jr, responsável pela ação inicial do caso. Como o acórdão não deixa claro se o terminal deve ou não ser paralisado, a questão deve ser levada à instância superior, o Superior Tribunal de Justiça.
    O julgamento do caso aconteceu em 23 de abril, na sexta turma do TRF1, mas só entrou em vigor agora, com a publicação do acórdão – conteúdo da decisão - no Diário Oficial da União de 18 de outubro. A polêmica que pode explicar tal demora está registrada nos documentos divulgados.
     O relator do caso, desembargador federal Antonio Souza Prudente, queria ver o terminal fechado, conforme ordenava uma liminar judicial de 2000 e um acórdão anterior do próprio TRF, de 2003, todos ordenando a elaboração de Eia-Rima.
 
Porto de Santarém.
 
     "Enquanto não realizá-lo, não deve funcionar o porto graneleiro como conseqüência natural, pois o que o Ministério Público pediu todo o tempo é que não se desse licença de operação", argumentou Prudente. Ele foi vencido pelos votos dos outros dois julgadores, o juiz federal David Wilson da Costa Pardo e o desembargador federal Daniel Paes Ribeiro.
 
     Entenda o caso
     2000 – O MPF ajuiza Ação Civil Pública contra a Cargill e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente para que sejam paralisadas as obras do terminal e elaborado Eia-Rima. No mesmo ano o juiz federal Dimis da Costa Braga concede liminar cancelando as autorizações para o porto. A Cargill ajuíza recursos e obtém efeito suspensivo, iniciando as obras mesmo com a questão judicial irresolvida.
     2003 – O terminal graneleiro começa a operar. Os dois primeiros recursos da Cargill contra a liminar da justiça são derrubados no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. A empresa ajuiza outros dois recursos.
     2004 – Sai a sentença do processo principal, condenando a empresa a fazer Eia-Rima. A Cargill ajuiza apelação cível e a decisão fica suspensa até apreciação pelo TRF. Enquanto isso, os outros recursos contra a liminar de 2000 são negados pelos desembargadores federais.
    2005 – Os advogados da empresa ajuizam outros dois recursos, para serem enviados às instâncias superiores (Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal).
     2006 – Os últimos recursos são negados e nem chegam ao STJ ou ao STF. As decisões publicadas só poderiam ser questionadas até fevereiro, o que a empresa não faz.
     2007 – Em 23 de março, a pedido do MPF, o Ibama fecha o terminal graneleiro. 20 dias depois, uma decisão do desembargador federal Carlos Fernando Mathias ordenou a reabertura do Porto. Em 23 de abril, acontece o julgamento do mérito do processo na segunda instância, mas o acórdão só é publicado quase seis meses depois, em 18 de outubro.
 
Fonte: Helena Palmquist (assessora de comunicação da Procuradoria da República no Pará) Eco Agência - Portal do Meio Ambiente
 

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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Adiado exame de lei sobre florestas

Projeto polêmico reduz de 80% para 50% obrigação de proprietário recuperar área particular desmatada
 
     Ambientalistas venceram a primeira disputa e conseguiram adiar, em duas semanas, a votação do projeto que altera as regras para a recuperação de florestas em áreas particulares. O projeto, de número 6424/05 e relatado pelo deputado Jorge Khoury (DEM-BA), permite aos proprietários de florestas devastadas na Amazônia recuperar uma área menor do que hoje é recomendado: em vez de 80%, eles teriam de recompor 50%. Nos 30% de diferença, produtores poderão plantar palmáceas (como o dendê) ou outras espécies exóticas à floresta.
     A proposta também traz maiores facilidades para o uso do mecanismo de compensação: se não houver possibilidade de o proprietário recuperar a área devastada, ele se compromete a preservar uma área equivalente, desde que seja no mesmo bioma.
     Nesta semana, o setor produtivo, Ministério do Meio Ambiente e representantes de organizações não-governamentais tentaram chegar a um consenso. Para integrantes do governo, o projeto é uma oportunidade de melhorar o Código Florestal, de 1965, garantir a preservação de florestas intactas e, ao mesmo tempo, incentivar o uso econômico de áreas que já foram destruídas.
     Para um grupo de parlamentares, no entanto, essa é uma medida arriscada. Eles temem que todos os avanços obtidos durante a negociação na Câmara sejam retirados do texto durante a discussão no Senado. O receio se explica. Em outras oportunidades, avanços obtidos na Câmara por ambientalistas foram enterrados ao chegar ao Senado.
     O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) defende a reprovação do projeto. "De fato é preciso fazer alterações no Código Florestal. Mas o melhor é que a proposta de mudança seja feita na Câmara. Se formos apenas os revisores, corremos o risco de ver as alterações totalmente rejeitadas." Para o deputado, há condições de barrar o projeto na próxima reunião da comissão. "Se a proposta fosse votada hoje (ontem), certamente seria rejeitada."
     O relator Khoury tinha a mesma avaliação. Frustrado, afirmou que a versão acordada anteontem em reunião na comissão havia desagradado deputados da bancada ruralista. Ele não esperava, porém, que a ala ambientalista fosse apresentar empecilhos. "Fiz concessões de todos os lados. A proposta traz pontos que desagradam os dois setores. Sinal de que o texto está bom", afirmou.
     O projeto vale para todo o país. Para outros biomas, a área de reserva legal fica mantida em 20%. Mas o proprietário pode fazer a recuperação em outras áreas. "Pelo texto, regiões desmatadas nos vários biomas brasileiros, como a mata atlântica e o cerrado, poderiam ser usadas sem maiores entraves", avalia o coordenador de campanha na Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário. "Por isso passamos a chamar o projeto de Floresta Zero", completou.
     Adário afirma que a proposta discutida tem pontos positivos, como a obrigação de fazer o cadastramento georreferenciado para regularizar o imóvel rural, assim como a possibilidade de autoridades suspenderem autorizações para novos desmatamentos em regiões críticas.
     "Hoje o que temos é um caos fundiário, o que torna difícil punir proprietários que derrubam áreas protegidas de forma irregular." Ele, porém, também considera arriscado deixar o projeto andar. "Não há clima no Senado para que uma versão que amarre o setor produtivo seja aprovada."
Autora: Lígia Formenti (O Estado de SP) - Jornal da Ciência
 
Nota do Blog BioWilson: Mesmo com as discussões sobre as alterações climáticas, aumento do desmatamento na Amazônia Legal e outros problemas ambientais que ocorrem no Brasil, ainda existem "políticos" que tentam facilitar o que já está previsto em Lei. O perigo é que muita coisa ruim passa...  

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O tamanho do estrago

     Algumas semanas atrás, você viu aqui no Blog do Planeta como o aumento da temperatura na Terra está diminuindo a camada de gelo que cobre a Antártida.
 
 
     Agora, a Nasa divulgou imagens do seu satélite Acqua que mostram como diminuiu a extensão do gelo no Ártico nos últimos 30 anos. A linha amarela mostra até onde o gelo chegava, em média, entre 1979 e 2000. O contorno verde marca o antigo recorde de degelo, de 2005, superado pelo deste ano, que aparece marcado em vermelho.
 
Autora: Marcela Buscato - Blog do Planeta

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quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Crueldade a animais é investigada

     Dois inquéritos civis abertos na Promotoria de Defesa Comunitária de Pelotas apuram o manejo usado na suinocultura e avicultura
Porcas matrizes impedidas de se movimentar por toda a sua vida, até que sua fertilidade decaia e sejam encaminhadas ao abate. Galinhas poedeiras enjauladas, em prisão perpétua, onde não podem sequer esticar as asas e têm seus bicos removidos para diminuir o "desperdício" de alimento, ficando assim impedidas de selecionar a ração e evitar o canibalismo, tamanho o estresse a que são submetidas. Estes são alguns exemplos de maus-tratos a que são submetidos os animais em estabelecimentos de suinocultura e avicultura no País. Para investigar tal prática em Pelotas, foram abertos dois inquéritos civis na Promotoria de Justiça de Defesa Comunitária.
 
Porcos têm dentes extraídos
 
     Tradição Cultural
     "Podemos dizer que esse tipo de empreendimento, em todo território nacional, não possui qualquer regulamentação quanto ao bem-estar dos animais que lhe servem de mercadoria", afirma o promotor de Justiça Jaime Nudilemon Chatkin, responsável pelos inquéritos. Ele credita a utilização desenfreada de maus-tratos a animais no agronegócio a uma "tradição cultural", já que aves e suínos são destinados ao consumo humano. "Não tenho dúvida que se qualquer pessoa fizesse algo parecido com algum cachorro ou gato, seria imediatamente chamado de cruel e responsabilizado criminalmente", enfatiza. Para o Promotor, o manual de boas práticas, elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e que regula os métodos praticados no agronegócio, "tem foco na produtividade e no lucro dos produtores".
 
Galinhas não esticam as asas em jaulas pequenas
 
     Proteção Constitucional
     O Promotor lembra que os animais experimentam sensações semelhantes a seres humanos, tais como dor, alegria e medo. Assim, muitas vezes são submetidos a um manejo "que não se pode adjetivar de outra forma que não seja com a palavra cruel". Chatkin lembra que a Constituição Federal, em seu artigo 225, e leis federais e estaduais, vedam a prática da crueldade a animais.
Levando os limites legais em conta, os inquéritos civis têm como objetivo, além de apurar as condições de criação dos animais, impor limites aos criadores. A Promotoria pretende, ainda, mostrar como a carne e ovos são produzidos, fazendo com que o consumidor escolha o produto levando em conta as práticas utilizadas pelo agronegócio.
 
Autor: Jorn. Celio Romais - Agência de Notícias do Ministério Público do RS (Fotos: MP de Pelotas)
 
Nota do Blog Biowilson: Parece que está chegando ao fim a época dos maltratos aos animais de corte. Espero que os órgãos ambientais, que se mantém omissos diante desta crueldade, comecem a tomar as devidas medidas legais para coibir tais atitudes.

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Fepam é citada para cumprir decisão

Promotoria do Meio Ambiente executou TAC na parte em que a Fundação ficou obrigada a exigir estudo de impacto ambiental para silvicultura
 
     A diretora-presidente da Fepam, Ana Pellini, foi citada, nesta terça-feira, 16, para que cumpra a ordem judicial que suspendeu a expedição de novas licenças para a atividade de silvicultura, sob pena de pagamento de multa.
     A Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre ajuizou ação de execução do termo de ajustamento de conduta - TAC, que foi celebrado com a Fepam em 12 de maio de 2006, em relação à obrigação de exigir o Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo relatório - EIA/RIMA para todos os empreendedores da atividade de silvicultura que postulassem a implementação de plantios, cujo somatório das áreas próprias, arrendadas ou em parcerias, fossem superiores a mil hectares ou menores, neste caso quando se tratasse de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental.
     A medida, ajuizada em 23 de agosto deste ano, obteve decisão favorável em 13 de setembro último, no sentido de suspender a expedição de novas licenças, sob pena de pagamento de multa no valor R$ 1,5 mil por licença expedida antes de apresentados e aprovados os referidos estudos.
 
Fonte: Agência de Notícias do Ministério Público do RS

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Síndrome de transtorno contra Al Gore

     O que nos traz à maior razão por que a direita odeia Gore: neste caso, a campanha de difamação fracassou. Ele recebeu tudo que jogaram nele, e emergiu mais respeitado, mais crível do que nunca. E isso os deixa loucos
Paul Krugman, colunista do "The New York Times", é professor da Universidade de Princeton, EUA. Artigo publicado no "The New York Times":
Um dia depois de Al Gore receber o Prêmio Nobel da Paz, os editores do "The Wall Street Journal" não conseguiram nem mencionar seu nome. Em vez disso, dedicaram seu editorial a uma longa lista de pessoas que achavam que mereciam mais o prêmio.
     E na "National Review Online", Iain Murray sugeriu que o prêmio deveria ter sido compartilhado com "aquele famoso ativista da paz, Osama Bin Laden, que implicitamente endossou a postura de Gore". Você vê, Bin Laden certa vez disse algo sobre a mudança climática -portanto, qualquer um que fala sobre mudança climática é amigo de terroristas.
 
     O que tem Gore que deixa a direita maluca?
     Parcialmente é uma reação ao que aconteceu em 2000, quando o povo americano escolheu Gore, mas seu oponente, de alguma forma, terminou na Casa Branca.
     Tanto o culto à personalidade que a direita tentou construir em torno do presidente Bush quanto a difamação histérica freqüente contra Gore foram em grande parte motivadas pelo desejo de apagar a mancha de ilegitimidade do governo Bush, acredito.
     E agora que Bush se provou claramente o homem errado para o cargo -e sim, de fato, o melhor presidente que os recrutadores da Al Qaeda poderiam esperar- os sintomas da síndrome de transtorno contra Gore ficaram ainda mais extremos.
     A pior coisa sobre Gore, do ponto de vista conservador, é que ele continua certo. Em 1992, George H.W. Bush zombou dele como o "homem do ozônio". Três anos depois, entretanto, os cientistas que descobriram a ameaça à camada de ozônio receberam o Prêmio Nobel de química.
     Em 2002, ele advertiu que, se invadíssemos o Iraque, "o caos resultante poderia facilmente impor um perigo muito maior aos EUA do que enfrentamos atualmente de Saddam". E assim foi provado.
     O ódio contra Gore, porém, é mais pessoal. Quando a "National Review" decidiu chamar seu blog antiambiental de "Planet Gore", estava tentando desacreditar tanto a mensagem quanto o mensageiro.
     Pois a verdade sobre a qual Gore estava falando, de como as atividades humanas estão mudando o clima, não é apenas inconveniente; para os conservadores, é profundamente ameaçadora.
     Considere as implicações políticas de levar a mudança climática a sério.
"Sempre soubemos que o interesse próprio desmedido era moralmente ruim", disse FDR. "Agora sabemos que é economicamente ruim." Essas palavras se aplicam perfeitamente à mudança climática.
     É do interesse da maior parte das pessoas (e especialmente de seus descendentes) que alguém faça alguma coisa para reduzir as emissões de dióxido de carbono e de outros gases de efeito estufa, mas cada indivíduo gostaria que esse alguém fosse outra pessoa. Deixe ao mercado livre e, em poucas gerações, a Flórida estará submersa.
     A solução para tais conflitos entre o interesse próprio e o bem comum é prover aos indivíduos um incentivo para fazerem a coisa certa. Neste caso, as pessoas têm que receber uma razão para cortar as emissões de gás de efeito estufa, seja requerendo que paguem imposto sobre emissões ou exigindo que comprem licenças de emissão, que tem basicamente o mesmo efeito que um imposto sobre emissões.
     Sabemos que tais políticas funcionam: o sistema americano de "limites e trocas" de licenças de emissão de dióxido de enxofre foi altamente bem sucedido para diminuir a chuva ácida.
     A mudança climática é, entretanto, mais difícil de lidar do que a chuva ácida, porque as causas são globais. O acido sulfúrico nos lagos americanos vem principalmente do carvão queimado nas usinas americanas, mas o dióxido de carbono no ar dos EUA vem de carvão e petróleo queimado em torno do planeta -e uma tonelada de carvão queimada na China tem o mesmo efeito no clima futuro que uma tonelada de carvão queimada aqui.
     Então, lidar com a mudança climática não só exige novos impostos ou seu equivalente, mas também negociações internacionais nas quais os EUA terão dar assim como receber.
     Tudo que acabei de dizer não deveria ser controverso - mas imagine a recepção que teriam um candidato republicano à presidência se admitisse essas verdades no próximo debate. Hoje, ser um bom republicano significa acreditar que os impostos devem sempre ser cortados, nunca aumentados. Também significa que devemos bombardear e provocar os estrangeiros, não negociar com eles.
     Então, se a ciência diz que temos um grande problema que não pode ser resolvido com cortes de impostos ou bombas -bem, a ciência deve ser rejeitada e os cientistas enlameados.
     Por exemplo, o "Investor's Business Daily" recentemente declarou que a proeminência do pesquisador da Nasa James Hansen, o primeiro a fazer da mudança climática uma questão nacional, há duas décadas, deve-se de fato a esquemas nefandos de - quem mais - George Soros.
     O que nos traz à maior razão por que a direita odeia Gore: neste caso, a campanha de difamação fracassou. Ele recebeu tudo que jogaram nele, e emergiu mais respeitado, mais crível do que nunca. E isso os deixa loucos.
 
Autor: Paul Krugman  (Tradução: Deborah Weinberg) - The New York Times, Uol.com/Mídia Global - Jornal da Ciência
 

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Bezerro de seis patas impressiona alemães

Filhote de vaca nasceu no dia 10 de outubro na Alemanha.
Ainda não se sabe a causa da anomalia.
Foto: AFP
A menina Franziska Suttner, de três anos, posa ao lado da bezerrinha Lissy nesta quarta-feira (17) em Hebertsfelden, na Alemanha. Animal nascido no dia 10 tem seis patas (Foto: AFP)
 
Foto: AFP
Os donos da bezerrinha de seis patas, Maria, Alfons Suttner e a filha apresentam Lissy, uma semana após seu nascimento  (Foto: AFP) 
 
Foto: AFP
O nascimento do filhote, na quarta-feira (10), impressionou os donos (Foto: AFP)
 
Fonte: France Presse - G1
 

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Se fosse ilegal seria mais fácil

     Continua fácil arrancar árvores ilegalmente de terra pública na Amazônia e vender para os grandes mercados do Sudeste. Difícil é fazer isso dentro da lei.
Sete ativistas do Greenpeace foram cercados nesta terça-feira por aproximadamente 300 pessoas no município de Castelo dos Sonhos, no oeste do Pará e estão impedidos de sair da cidade.
 
     Segundo o Greenpeace, dezenas de madeireiros, com oito caminhões, 10 caminhonetes e mais de 15 motos se reuniram em frente à base do Ibama, onde os ativistas do Greenpeace se refugiaram. Eles tentariam impedir que o grupo deixe a cidade com uma tora de castanheira que está sendo transportada para uma exposição da ONG no sudeste do país. A operação para transportar esta árvore foi autorizada pelo Ibama.
     A tora de cerca de 13 metros é parte da exposição itinerante "Aquecimento Global: Apague essa Idéia", organizada pelo Greenpeace. A árvore, queimada ilegalmente em terras públicas no oeste do Pará, simboliza destruição da Amazônia e seria exibida em locais de grande visitação pública em São Paulo e no Rio de Janeiro para chamar a atenção da população sobre a necessidade de zerar o desmatamento na Amazônia.
 
 
     O que o pessoal das grandes cidades não vai ter oportunidade de conhecer é a pressão de políticos e empresários do interior da Amazônia para manter a devastação em terras públicas.
 
Autor: Alexandre Mansur - Blog do Planeta

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Arborização, uma questão de harmonia urban a?=

     Com o crescimento dos espaços urbanos tem-se mudado a paisagem natural para um aspecto artificial de plantas em convívio com o concreto. Mas um convívio harmonioso entre os equipamentos urbanos e a vegetação deve seguir padrões rígidos e pré-estabelecidos para se obter uma qualidade ambiental que produza conforto e bem-estar à população.
     Desta forma, discute-se aqui, o projeto de lei encaminhado à Câmara de Vereadores na última semana, que estabelece normas para a proteção e promoção da arborização no município de Venâncio Aires. Projeto que, além de ser uma cópia da legislação de Novo Hamburgo, não trata das questões pendentes com a arborização urbana e pública no nosso município.
     Uma lei deve ser elaborada para regrar e regulamentar as deficiências na área em questão, seja por lacunas deixadas por outras leis ou por necessidade de melhorar e adaptar à questão local. Nesse caso, essas lacunas iniciam no Código Florestal Federal, quando se trata de Áreas de Preservação Permanente; no Código Florestal Estadual, quanto as espécies imunes ao corte e demais restrições; no Decreto Estadual n° 38.355/98, que regulamenta o manejo e a reposição florestal; na Lei federal n° 9.605/98 e no Decreto Federal n° 3.179/99, que regulamentam as sanções às más condutas; no Decreto Estadual n° 42.099/02, que define as espécies ameaçadas de extinção; e na Lei Municipal n° 2534/00 (Código de Posturas e Meio Ambiente de Venâncio Aires), que já contempla a arborização pública (árvores das calçadas e em espaços públicos) em alguns de seus artigos, mas que não estabelece critérios específicos para o manejo em área urbana (árvores em área privada), que é de responsabilidade do município.
     Este projeto de lei, assim como está, não resolverá os problemas de manejo da vegetação em área urbana, pois uma Lei que proteja e promova a arborização não pode deixar de definir quais espécies de árvores devem ser plantadas, observado, principalmente, seu porte, suas dimensões e suas características ecológicas; as espécies que não podem ser plantadas, conforme o potencial tóxico de suas folhas, flores e frutos e sua estrutura radicular; os espaçamentos e distâncias de objetos públicos e privados; locais e quantidades de mudas à serem replantadas quando houver necessidade de supressão; como também o tamanho e profundidade do canteiro. Apesar destas informações estarem no Plano Municipal de Arborização, elaborado pelos funcionários do órgão ambiental em 2000, este é um regramento que não tem poder de Lei.
     Caso este projeto de Lei for aprovado, a arborização urbana ainda se constituirá um problema urbano, ainda mais quando aliado a intervenções ineficientes (podas irregulares e sem orientação técnica), falta de informações, capacitação e, também, pesquisa. Logo, muito dos conflitos com a arborização urbana são, naturalmente, o resultado da falta de planejamento e conhecimento técnico.
     No entanto, já vivemos um momento de caos com a arborização desde o plantio excessivo e desordenado das tipuanas (Tipuana tipu) em Venâncio Aires. Esta atitude tem gerado um gasto público e privado altíssimo e não contabilizado, sendo que não houve planejamento ou assessoria de pessoal capacitado para tal, pois vemos tipuanas plantadas em baixo da rede elétrica, ao lado de postes e bueiros, em esquinas e em locais com pouco espaço para o seu desenvolvimento.
     Também se observa que as reposições de pós-corte das árvores públicas, quando acontecem, ainda estão sendo realizadas com espécies impróprias como o ficus (Ficus benjamina e Ficus auriculata) e tipuanas e outras árvores com estrutura radicular de alto poder destrutivo, que, com certeza e é questão de tempo, causarão a obstrução da rede de água e esgoto, quebra da calçada, muros, paredes e do meio-fio, problemas na rede elétrica e telefonia, obstrução da iluminação pública, risco ao trânsito de veículos e de pedestres, gerando problemas ao município e à população.
     Assim, espero que este projeto não seja votado e, sim, reelaborado para o município de Venâncio Aires, pois um projeto de arborização deve-se observar uma série de fatores físicos, químicos, biológicos, ecológicos, urbanísticos e, também, levar em conta o aspecto cultural da população e suas necessidades. Espero, também, poder ver plantadas espécies nativas como camboatá, chal-chal, tarumã, cambará, pitangueira, guabiju, uvaia, araçá, capororoca e muitas outras em plena integração urbana e ecológica, mantendo a harmonia fitossociológica e a fitofisionomia natural, ou seja, plantar as árvores que ocorrem naturalmente na nossa região.

Autor: Wilson Junior Weschenfelder
Nota: Artigo publicado no Jornal Folha do Mate de Venâncio Aires em 16 de outubro de 2007, podendo ser acessado no endreço http://www.folhadomate.com.br/arquivos/pdf/10447.pdf

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Denúncia: Derrubada de árvores urbanas aumentam o aqueciemento local e global

       Está havendo uma verdadeira perseguição às velhas amendoeiras de Cabo Frio, e na Região dos Lagos no Estado do Rio de Janeiro, que estão sendo sacrificadas pelo poder público, com aval das Secretarias de Meio Ambiente, a pretexto de serem árvores exóticas, que levantam calçadas e atingem a rede elétrica, para plantarem  " Árvores Nativas".
 
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O que está acontecendo com as grandes árvores das ruas e  avenidas de Cabo Frio e outras cidades da Região dos Lagos? 
 
     Será que eles estão cegos para toda essa campanha sobre o aquecimento global, ou é discriminação botânica ? Porque as amendoeiras são afrodescendentes.
     Quem arrancar árvores já adaptadas por décadas, para plantar "árvores nativas" deveria ser enquadrado como, "Criminoso Ambiental", uma vez as árvores das vias públicas e até dos quintais residenciais, exóticas ou não, fazem parte da formação vegetal de uma cidade e são patrimônio de utilidade pública. As árvores nativas brasileiras estão adaptadas às outras árvores companheiras e à respectiva fauna acompanhante, incluindo agentes polinizadores, num determinado ecossistema, como o nome já diz, são NATIVAS e não urbanas. Nós é quem somos exóticos e ocupamos o lugar das florestas.
     Nessa falsa ilusão de trazermos árvores nativas para as cidades, deveríamos também trazer os animais nativos que as acompanham por milênios, juntamente com os homens nativos, para formar um equilíbrio ecológico, mas isso é impossível.
     Apesar disso, muitas espécies de pássaros silvestres da fauna brasileira estão adaptadas às árvores exóticas plantadas na área urbana, como as amendoeiras. Constantemente observamos , especialmente nas amendoeiras remanescentes dessa perseguição,  rolinhas, sanhaçus, beija-flores, sabiás, siriris, juritis e mais raramente o pequeno pica-pau-anão-barrado ( Picumnus cirratus), mostrado na foto. Trata-se de  um  exemplar considerado extindo em certas áreas urbanas, que tem hábito solitário e faz um barulhinho, típico do pica-pau, na madeira, ao se alimentar de larvas de besouros e formigas que frequentam as amendoeiras.
     Centenas de metros cúbicos de madeira, de árvores tradicionais, estão sendo retirados pelas administrações municipais, será que é mais um golpe de desvio de verba pública para "Projetos Ambientais", originando firmas de paisagismo fantasmas, especialmente contratadas para esse fim?
     Até quando teremos que assistir ao sofrimento torturante de um filhote de Pau-Brasil, Gerivá, ou Ipê-Amarelo, crescendo solitariamente na insolação de uma árida calçada, entre o trânsito, tendo seus brotos constantemente quebrados por pedestres inescrupulosos ?
 
VAMOS LUTAR POR UMA DECLARAÇÃO UNIVERSAL PELO DIREITOS DAS ÁRVORES, FAÇAMOS ALGUMA COISA, ANTES QUE SEJA TARDE.
 
     Segue abaixo alguns detalhes desta frondosa e maravilhosa árvore, AMENDOEIRA:
Nomes populares: Amendoeira; castanheira; chapéu de sol.
Classificação Botânica:
Divisão: Angiospermae
Classe : Dicotiledoneae
Ordem: Myrtales ou Mirtiflorae
Família: Combretácea
Gênero/Espécie: Terminalia sp.
Função ecológica:
Suas folhas, ricas em sais minerais e vitaminas, nutrem várias espécies da fauna herbívora, assim como o epicarpo (parte mole externa à semente) dos seus frutos. Floresce duas a três vezes ao ano, em cachos de pequenas flores pentâmeras (em formato de estrelinhas de cinco pontas), ricas em néctar e pólen, favorecem a vida de inúmeros insetos polinizadores. A densidade da copa, com farta galhada, favorece abrigo para nidificação de várias espécies de pássaros silvestres. A queda anual de grande quantidade de folhas fornece nutrientes minerais para os ciclos biogeoquímicos, responsáveis pela reciclagem dos nutrientes minerais contidos no húmus, basta colher as suas folhas num local a parte, molhar e cobrir com lona plástica.

     Relações com o homem:
     Árvore introduzida da África, foi largamente utilizada no litoral brasileiro, pela sua estética frondosa, rápido desenvolvimento e capacidade de sombreamento. Em condições ideais de nutrientes do solo, umidade e temperatura, sua copa pode atingir 7m de diâmetro em 5 anos e chega a ultrapassar 10m de altura e sua copa 15m de diâmetro em quinze anos.
 
Autor: Geraldo Monteiro, Biólogo/Gestor Ambiental, Diretor de Turismo Ecoarqueológico da ONG A TEIA - Portal do Meio Ambiente

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segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Chuva traz fuligem semelhante a carvão no oeste gaúcho

     Não foi apenas um possível episódio de heat burst que impressionou a população do noroeste do Rio Grande do Sul. Uma fuligem que apareceu sobre automóveis e a vegetação também assustou os moradores de cidades da região. A aparência era de carvão sobre as superfícies, como mostram as fotos de Olavo Ciotti do jornal A Gazeta do Povo de Cândido Godói.
 
 

     O que poderia ter provocado o acúmulo da fuligem escura sobre carros e vegetação no noroeste do Rio Grande do Sul ? Os meteorologistas da empresa MetSul Meteorologia examinaram uma série de hipóteses e foram eliminando uma a uma. Inicialmente, o Rio Grande do Sul tem precedente de precipitação de cinzas de natureza vulcânica. Em 21 de abril de 1993, diversas cidades do estado registraram a queda de cinzas oriundas do vulcão Lascar no Chile e que foram levadas pelo vento para a Argentina, o Uruguai e o Sul do Brasil. Ocorre que desta vez a equipe da MetSul Meteorologia não localizou notícia alguma de erupção nos Andes nem tampouco as fotos da fuligem encontrada no noroeste do Rio Grande do Sul são semelhantes às cinzas vulcânicas. Uma segunda hipótese seria que a chuva que caiu na região estivesse contaminada por poluição industrial, entretanto a região é agrícola e não existem grandes plantas industriais ou químicas no noroeste gaúcho ou áreas vizinhas que pudessem gerar a fuligem registrada. A hipótese mais plausível encontrada pelos meteorologistas da MetSul foi mesmo a fumaça das queimadas. O número de focos de incêndio bate recordes na América do Sul neste ano, especialmente nos últimos dois meses, a ponto de áreas da Bolívia e do Paraguai terem sido declaradas zonas de desastre. Veja no mapa da NASA a enorme concentração de focos de incêndio na região na semana anterior ao evento no noroeste do Rio Grande do Sul.
 
 
 
     A quantidade de fumaça que vem chegando ao Rio Grande do Sul é tão grande que em alguns dias foi possível sentir o odor de queimado no ar com redução da visibilidade. Imagem de satélite de alta resolução do começo de setembro mostrava a fumaça das queimadas na Argentina, Paraguai, Bolívia e o Centro-Oeste do Brasil ingressando pelo Rio Grande do Sul a partir justamente do oeste e do noroeste do estado (clique para ampliar).
 
  

     De acordo com o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall, o noroeste do Rio Grande do Sul esteve nos últimos dias sob influência direta de correntes de vento do quadrante norte que transportam o ar mais quente de origem tropical para o estado. O ar mais quente que chega ao Rio Grande do Sul passa justamente pelas áreas mais afetadas por queimadas como o norte da Argentina, Paraguai, Bolívia e o Centro-Oeste do Brasil. A MetSul Meteorologia, assim, não afasta a possibilidade de que a enorme concentração de partículas associadas à fumaça densa na região possa ter interagido com as nuvens que se desenvolveram na região, dando origem à precipitação de chuva com fuligem. Nesse sentido, não houve relatos pela população local de precipitação exceto de chuva. Logo, é provável que as partículas tenham se precipitado juntamente com as gotículas de chuva e que a fuligem tenha somente se tornado mais visível quando a água secou e a "sujeira" permaneceu sobre as superfícies. A MetSul, entretanto, pondera a importância de análises químicas da fuligem semelhante a carvão que foi encontrada na região para se precisar com exatidão o que realmente ocorreu. Meteorologistas do SIPAM, em Porto Velho, Rondônia, consultados pela MetSul, disseram que não há precedentes na região - uma das mais afetadas pelas queimadas no continente - de precipitação com fuligem. Segundo os especialistas do centro de referência meteorológica da região amazônica, em alguns casos o vento transporta restos da vegetação da queimada, mas não há relatos de chuva com resíduos das queimadas. O que torna ainda mais intrigante o episódio no noroeste gaúcho.
 
Autor: Alexandre Amaral de Aguiar - Metsul

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Exposição mostra anatomia de corpo humano sem pudores

Corpos humanos dissecados podem ser observados em exposição na China.
Organizadores esperam levar informações sobre saúde a todas as faixas etárias.
 
     Uma exposição realizada na China quer mudar a maneira das pessoas olharem para elas mesmas. Corpos humanos dissecados mostram músculos, tendões e órgãos de maneira jamais vista por uma população. A mostra acontece em Hefei, na província central de Anhui, e pretende ajudar pessoas de todas as idades a aprenderem sobre saúde.
 
Foto: AFP 
Visitantes observam a anatomia de um corpo humano durante exposição na China, neste domingo (14) (Foto: AFP)

 Foto: AFP
 Visitantes observam um pulmão (Foto: AFP)
 
 Foto: AFP 
Crianças tocam em cadáver durante exposição na China neste domingo (14) (Foto: AFP)
 
Fonte: France Presse - G1 Globo

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sábado, 13 de outubro de 2007

Um inimigo dentro de nós?

Colunista discute os estranhos retrovírus endógenos, responsáveis por 8% do nosso genoma
 
 
     Walt Kelly (1913-1973) foi um dos grandes cartunistas americanos. Seus fascinantes personagens animais, liderados nas estórias por Pogo, um gambá, filosofavam e faziam críticas sociais e políticas sem medo nem pudor no pântano em que viviam. De lá brotaram reflexões geniais como: "este problema apresenta oportunidades intransponíveis", "Deus não está morto, só está desempregado..." ou "não leve a vida tão a sério, meu filho, pois ela não é permanente".
     Mas certamente a tirinha mais famosa de Kelly foi publicada em 1970, para comemorar o primeiro "Dia da Terra". Nela (ver figura abaixo) Porky Pine (um porco-espinho) inspecionando a enorme poluição do pântano, observa que "É muito difícil andar sobre esta tralha", enquanto Pogo, exclama: "Sim, meu filho, nós encontramos o inimigo e ele é nós".
 
 
(texto e arte: Walt Kelly). 
 
     Ao contemplarmos o nosso genoma, verificamos que, como já discutido em uma coluna anterior , 42% dele é composto de parasitas intragenômicos, seqüências de DNA derivadas de moléculas de RNA pelo mecanismo de transcrição reversa. Assim como o pântano de Pogo, o nosso genoma está poluído por tralha acumulada durante a nossa longa história evolucionária. Diferente, porém, é o fato de que o genoma ainda assim funciona muito bem, obrigado.
     Os componentes mais bizarros desse zoológico genômico certamente são os retrovírus endógenos. O próprio nome deles já inspira medo, pois sempre associamos a idéia de vírus a doenças. Podemos nos perguntar então: esses elementos são perigosos? Estamos acolhendo um inimigo dentro de nós?
Retrovírus infecciosos e retroposição
     O "dogma central da biologia molecular", enunciado em 1958 pelo grande cientista inglês Francis Crick (1916-2004), estabelecia que a informação genética flui unidirecionalmente de DNA para RNA para proteínas. Como sói acontecer com dogmas, este não durou muito tempo. Em 1970 dois cientistas americanos, David Baltimore (que tinha apenas 32 anos na época) e Howard Temin (1934-), descobriram de forma independente uma enzima chamada transcriptase reversa, capaz de sintetizar DNA usando RNA como molde.
 
 
A transcriptase reversa é uma enzima que sintetiza DNA a partir de RNA. Além de ter um papel importantíssimo no ciclo de vida dos retrovírus e na manutenção das extremidades dos cromossomos (como telomerase), as transcriptases reversas são parte fundamental e indispensável da caixa de ferramentas da engenharia genética (arte: Wikimedia Commons).
 
 
     De fato, esta é a enzima que permite que um grande grupo de vírus, chamados retrovírus, cujo genoma é feito de RNA, possa se copiar em DNA e se incorporar no genoma das células hospedeiras. A descoberta de Baltimore e Temin foi tão importante que eles receberam o Prêmio Nobel de Medicina meros cinco anos após, em 1975.
     Inúmeros retrovírus são importantes causas de doença, especialmente tumores, em várias espécies de mamíferos. Curiosamente, isso não ocorre em humanos. Na nossa espécie apenas retrovírus mais complexos e sofisticados, chamados lentivírus, são capazes de afetar nossa saúde. Aliás, é um destes lentivírus, o HIV, que causa a Aids.
     É a tendência da transcriptase reversa de cometer erros freqüentes no processo de copiar o RNA em DNA que é responsável pela elevadíssima taxa de mutação do HIV, permitindo a esse vírus evoluir com velocidade espantosa (como já discutimos anteriormente ) e escapar da vigilância do nosso sistema imunológico.
 
     De volta ao genoma humano
     Na década de 1990 foram descobertas, no genoma de aves e mamíferos, inúmeras seqüências de DNA que tinham grande similaridade com os retrovírus infecciosos e por isso foram denominadas retrovírus endógenos (RVEs). Sabemos hoje que esses estranhos elementos constituem 8% do genoma humano.
     Como já vimos acima, uma das características mais fundamentais dos retrovírus é a capacidade de integrar-se no DNA da célula hospedeira na forma de pró-vírus, como parte de seu ciclo de replicação. Assim, acreditamos que os retrovírus endógenos sejam o resultado de infecções ancestrais de células germinativas por retrovírus infecciosos. Ao incorporar-se no DNA nuclear, esses retrovírus passaram a ser partes integrais do genoma da espécie e foram transmitidos estavelmente às gerações subseqüentes.
     Esse processo de "endogenização" não ocorreu apenas no nosso passado evolucionário longínquo. Sabemos que algumas cópias desses RVEs são polimórficas (estão presentes em algumas pessoas e não em outras), indicando com certeza que foram integradas ao genoma humano após a emergência da humanidade moderna na África, há menos de 200 mil anos.
     Um pequeno raciocínio evolucionário nos sugere que, se a presença dos RVEs fosse muito deletéria, eles jamais teriam se perpetuado no genoma, pois teriam sido eliminados pela seleção natural. Sabemos que a expressão genética dos retrovírus endógenos recém-incorporados ao genoma é reprimida por metilação, como já discutido em uma coluna anterior . Assim, eles tornam-se seletivamente neutros e podem fixar-se nas populações através de deriva genética. Com o tempo, os RVEs acumulam deleções e mutações que fazem com que praticamente todos eles sejam defeituosos. Existe expressão genética por parte de alguns retrovírus endógenos humanos, mas todos os que conhecemos são incapazes de se replicarem.
 
     Anjos ou demônios?
     Um dos maiores sucessos do grande compositor e cantor franco-armeniano Charles Aznavour (1924-) foi uma canção belíssima (embora talvez um pouco chauvinista) chamada "Tous les visages de l'amour" ("Todas as faces do amor" – a versão inglesa, intitulada "She" , ficou famosa como tema sonoro do filme Notting Hill , um sucesso de 1999 estrelado por Julia Roberts). Aznavour passa os 2 minutos e 28 segundos da canção discutindo se as mulheres são anjos ou demônios, sem conclusão definitiva. E os retrovírus endógenos, são anjos ou demônios? Teríamos um inimigo dentro de nós. Ou, citando um outro filme com Julia Roberts, será que estamos "dormindo com o inimigo"?
     Pois bem, a seleção natural é um mecanismo fantasticamente oportunista, capaz de recrutar os elementos genômicos mais inusitados para a batalha evolucionária. Assim, não é nada surpreendente que alguns RVEs tenham adquirido uma função fisiológica. Estou especificamente falando de um família de retrovírus endógenos chamada HERV-W, que contém cerca de 100 cópias, todas elas defeituosas, com exceção de uma única, que codifica uma proteína intacta de envelope viral. Essa proteína é expressa em células da placenta humana e acredita-se hoje que ela esteja envolvida em uma das etapas fundamentais da formação da placenta a fusão de células necessária para formar uma estrutura com o nome "cabeludo" de sinciotrofoblasto. Fica então claro e evidente que alguns retrovírus endógenos podem ter uma face de anjo. E de demônio?
     Na verdade, não temos provas claras de atividades nocivas dos retrovírus endógenos. Há relatos de possíveis participações na gênese de tumores e de algumas doenças auto-imunes humanas, como a síndrome de Sjögren. Especialmente tem se tentado implicar os RVEs na etiologia da esclerose múltipla e da esquizofrenia. No frigir dos ovos, a maior parte da evidência é indireta e circunstancial. Afinal, se todas as pessoas têm os mesmos RVEs, como podem eles serem a única causa das doenças? Novos estudos estão tentando relacionar os retrovírus endógenos geneticamente polimórficos com doenças, mas os dados ainda são muito preliminares para serem discutidos aqui.
 
 
Partículas do vírus HERV-K(HML2) reconstruído brotando da superfície de células humanas infectadas (Lee e Bieniasz, PLoS Pathogens 3: e10, 2007).
 
     No último ano, pesquisas com uma outra família de retrovírus endógenos humanos, chamada HERV-K, têm trazido resultados tantalizantes. Essa família contém o grupo de RVEs mais jovens do nosso genoma, sendo alguns ainda polimórficos. Como todos os outros RVEs humanos, os membros da família HERV-K são incapazes de replicação.
     Mas existem cenários possíveis nos quais um retrovírus endógeno pode readquirir competência replicativa e tornar-se novamente infeccioso – em suma, ressuscitar. O principal seria que as proteínas funcionais necessárias para a replicação fossem fornecidas por outros vírus endógenos ou infecciosos na mesma célula (um fenômeno tecnicamente chamado de complementação em trans).
     Esse cenário teórico de reanimação foi recentemente explorado experimentalmente por dois grupos de pesquisa, um na França (clique aqui para ver o artigo) e outro nos Estados Unidos (clique aqui para ver o artigo – arquivo com 5 Mb). Ambos os grupos usaram protocolos muito similares e inferiram, a partir do estudo das seqüências de DNA de vários membros da subfamília HERV-K(HML2), a seqüência do vírus ancestral que penetrou no genoma de um antepassado nosso há alguns de milhões de anos. Eles então reconstruíram no laboratório esse genoma ancestral e o inseriram em células humanas. Algumas das células infectadas produziram novas partículas virais (ver figura) que provaram ser competentes para infectar outras células humanas. Os cientistas franceses, muito apropriadamente, chamaram o vírus ressuscitado de Fênix .
 
     Genomas dentro de genomas  
     Em uma coluna anterior discutimos o fato de que o corpo humano contém 100 trilhões de células, 90% das quais são bactérias que vivem simbioticamente em nossa pele e cavidades corporais. É a nossa "exofauna". Sabemos que estas são em sua vasta maioria bactérias amigas, que contribuem para a nossa saúde.
 
Cromossomo politênico de Drosophila ananassae (corado em vermelho), contendo o genoma de Wolbachia em verde e indicado pela seta branca (Hotopp et al. Science , 317: 1753, 2007) .
 
     Também, pelo exposto acima, agora sabemos que 8% do nosso genoma é constituído de remanescentes de retrovírus infecciosos que penetraram as gônadas de nossos antepassados evolucionários milhões de anos atrás. É a nossa "endofauna". Esses retrovírus endógenos não parecem ser nossos inimigos explícitos. Na verdade, comportam-se de maneira neutra, nem como anjos e nem como demônios, vivendo comportadamente e sob controle em nossos genomas.
     Seria possível, em analogia aos retrovírus endógenos, ter um genoma bacteriano dentro de um outro genoma? De cara, tranqüilizo o leitor de que com certeza isso não ocorre com a espécie humana. Mas duas semanas atrás, no número de 21 de setembro da Science, cientistas do Instituto J. Craig Venter, nos Estados Unidos (baixar artigo aqui ), relataram que o genoma da mosca Drosophila ananassae possui um genoma completo da bactéria Wolbachia , que é um endossimbionte de várias espécies de invertebrados (ver figura).
     Além do seu interesse intrínseco para a biologia das espécies envolvidas, a presença dos retrovírus endógenos em mamíferos (incluindo humanos) e de genomas como o da Wolbachia em insetos indica um elevado nível de promiscuidade evolucionária. A transferência horizontal de genes e a transmissão estável deles a gerações subseqüentes parecem ser muito mais comuns do que anteriormente imaginado.
     Como este é um tipo de herança de caracteres adquiridos, deve constituir mais uma vindicação para o nosso injustiçado evolucionista francês do século 18, Jean-Baptiste de Lamarck !

Autor: Sergio Danilo Pena - Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais - Ciência On-line

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sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Aquecimento global: A Groenlândia está derretendo?

     Uma revolução silenciosa está acontecendo numa das ilhas mais gélidas e isoladas do planeta, alertou um grupo de pesquisadores. Eles mediram o quanto as geleiras da Groenlândia despejaram em gelo no oceano entre 2000 e o ano passado e viram que o fluxo praticamente dobrou entre uma data e outra.
 
 
     O fenômeno parece ter relação direta com um aumento de 3 graus na temperatura da região e pode significar, no futuro, um aumento muito mais radical do nível dos oceanos da Terra do que o que se esperava. O alerta foi lançado por Eric Rignot, do JPL (Jet Propulsion Laboratory) da NASA na abertura do 172º encontro anual da AAAS (Associação Americana para o Progresso da Ciência) em Saint Louis. O artigo com as principais conclusões da pesquisa foi publicado na revista Science. Segundo o pesquisador, os dados da Groenlândia jogam por terra tudo o que as pessoas achavam saber sobre o impacto das mudanças na geleiras. "Nenhum dos modelos usados para prever o aumento do nível dos oceanos levava em conta esse aumento no fluxo das geleiras", afirmou.
 
     O que isso significa em números reais ainda é difícil de dizer. Rignot deixa claro que o mar não vai subir um metro no mundo todo da noite para o dia. Mas, num prazo de dez anos, as geleiras em derretimento poderiam passar a contribuir entre duas e três vezes mais para o aumento do nível dos oceanos do que o estimado. Isso é crucial e alarmante porque, depois da Antártida, a Groenlândia guarda o maior reservatório de gelo em áreas terrestres do mundo. Se tudo virasse água, o resultado seria o brutal aumento de sete metros no nível do mar. Os dados do estudo vieram do acompanhamento detalhado, por satélite, de movimento, espessura e velocidade das geleiras da ilha desde o fim da última década. As geleiras são verdadeiros rios de água congelada que normalmente fluem para o oceano a velocidades baixíssimas. Muitas vezes isso nem se reflete em perda da massa do rio de gelo porque a queda de mais neve compensa o que é perdido para o mar. Não é, porém, o que tem acontecido na Groenlândia: no sudoeste e especialmente no sudeste da ilha, que é possessão dinamarquesa, a chamada descarga das geleiras aumentou de 90 quilômetros cúbicos para 220 quilômetros cúbicos na última década.
 
 Uma simulação computadorizada realizada pela NASA mostra como a diminuição na altura do gelo é mais acentuada no sul e no leste da Groenlândia.
 
 A imagem do National Snow and Ice Data Center de Boulder, Estados Unidos, indica que o padrão de derretimento não se verifica apenas na Groenlândia mas é uma realidade em praticamente toda a região do Ártico.
 
O gráfico acima mostra a variação da temperatura nos últimos anos de acordo com a estação do ano.
 
     Depois de 40 anos de estabilidade, a geleira Kangerdlugssuaq, no sudeste da Groelândia, se transformou em uma das que se dissolve com maior velocidade no mundo, segundo um especialista da Universidade de Maine, nos Estados Unidos. Ela retrocedeu inesperadamente cinco quilômetros desde 2002, de acordo informações da Nasa. A geleira se move a uma velocidade de 38 metros por dia - ou 14 quilômetros ao ano - três vezes mais rápido do que em 2002. Ninguém observou nada semelhante a estas mudanças antes. O aceleramento preocupa os cientistas. O aquecimento do planeta elevou a temperatura do sul da Groelândia na década passada, derretendo o cume das geleiras na região e criando grandes lagos. Mas os lagos que cobriam a Kangerdlugssuaq desapareceram em 2002. As fendas da geleira, ao que parece, fizeram escorrer água para o fundo, onde age como lubrificante e acelera o rumo do fluxo para o oceano.
     O gráfico ao lado mostra a evolução da cobertura de gelo na Groenlândia e outras áreas dos hemisfério norte nos últimos 25 anos. Tendência semelhante a da Groenlândia foi constatada na Antártida, onde as pesquisas científicas identificaram pelo menos seis geleiras que tiveram seu derretimento acelerado. A que sofre degradação mais rapidamente, a geleira Pine Island, contém gelo suficiente para elevar em um metro o nível mundial do mar. O quadro groenlandês é completado pelo de outras geleiras continentais mundo afora. Situação parecida se vê no Himalaia, com conseqüências potencialmente catastróficas para o suprimento de água. E na América do Sul e seus Andes os efeitos também são sentidos. A única estação de esqui da Bolívia, Chacaltaya, fechou porque sua geleira se dividiu em três. E a única geleira da Venezuela andina praticamente não existe mais."
 

     Mas é importante dizer que assim como ocorre com o tema do aquecimento global, há divergências quanto à diminuição da cobertura de gelo na Groenlândia. Algumas pesquisas, ao contrário, sinalizam que teria aumentado a espessura do gelo nos últimos anos (gráfico acima). O fato é que a maioria dos especialistas atribui a maior parte da subida do mar ao derretimento dos gelos. As geleiras contêm aproximadamente 75% da água doce do planeta. Se todos os gelos terrestres derretessem, o nível do mar aumentaria cerca de 70 metros em todo o mundo, segundo a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA). Se a camada de gelo da Groelândia derretesse, o nível do mar no planeta subiria aproximadamente sete metros.
 
  
 
     A simulação acima mostra um cenário de pesadelo com o derretimento extremamente acentuado da Groenlândia nas próximas décadas se mantido o padrão atual apontado pelas pesquisas que confirmam a diminuição da cobertura de gelo. Mas os cientistas ainda debatem se o derretimento associado ao aquecimento global tem a influência do homem ou se origina de fatos naturais. Isso porque episódios intensos e abruptos de aquecimento aparecem mais de vinte vezes no registro climático do gelo da Groenlândia. Várias centenas ou milhares de anos após o começo de um período de aquecimento típico, o clima revertia para um resfriamento lento, seguido por um resfriamento rápido, em intervalos tão curtos quanto um século. Então, o mesmo padrão se repetia, com outro período de aquecimento, com talvez apenas alguns anos. Durante as condições mais extremas de frio, icebergs chegavam à costa de Portugal. É provável que desafios menores do que esses tenham expulsado os vikings da Groenlândia durante o período frio mais recente, chamado de Pequena Idade do Gelo, que começou por volta de 1400 d.C. e durou 500 anos.
 

     O meteorologista Eugenio Hackbart, Diretor-Geral da MetSul Meteorologia, observa que a pesquisa divulgada pela revista Science baseou-se em dados sobretudo dos últimos 5 anos. Foi justamente neste período que se observou uma maior elevação da temperatura no sul da Groenlândia (ver gráfico acima). Hackbart ressalta que se for analisada a temperatura média no sul da Groenlândia nos últimos 50 anos, houve um resfriamento médio de 1 grau (gráfico abaixo).
 

     O gráfico acima mostra as anomalias de temperatura no planeta no mês de janeiro de 2006. É de particular interesse como no hemisfério norte a parte ocidental registrou temperatura brutalmente acima da média e a região oriental temperatura excepcionalmente abaixo da média. Na Groelândia, que neste momento é o nosso foco de interesse, a temperatura se comportou como na América do Norte com temperatura muito acima da média. Conforme estudo publicado na revista Scientific American, esse esquenta-esfria violento observado no norte aconteceu de forma diferente em outras partes do mundo, ainda que todos os fenômenos possam ter tido uma raiz comum. Épocas frias e úmidas na Groenlândia estiveram ligadas no passado a condições climáticas particularmente frias, secas e ventosas na Europa e na América do Norte e também coincidiram com clima quente incomum no Atlântico Sul e na Antártida. Independente das conclusões dos cientistas, a questão do aquecimento global é a que merece mais atenção por parte da humanidade e a MetSul Meteorologia seguirá dedicando amplos espaços às mais recentes pesquisas e ao debate travado na comunidade científica.
 
Autor: Alexandre Amaral de Aguiar - Metsul

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A camada de gelo na Groenlândia derrete mais rápido do que o previsto

     A camada de gelo da Groenlândia está derretendo muito mais rápido do que o previsto pelos especialistas, segundo o resultado de uma nova pesquisa do Centro Espacial da Dinamarca (DTU) divulgada nesta quinta-feira (11).
Segundo o estudo, o degelo é agora quatro vezes mais rápido do que no início da década, o que faz com que as geleiras do sudeste da Groenlândia deixem cair no mar todos os anos icebergs equivalentes a um cubo de gelo gigante de 6,5 km de extensão.
 
Groelândia.
 
     "Até 2004, a massa de geleiras no sudeste da ilha perdia de 50 a 100 km3 todos os anos. Atualmente perde 300 km3 anuais. Um aumento de 400% muito preocupante", assegura o pesquisador do DTU e responsável pelo estudo, Abbas Khan.
     Se esse ritmo continuar, "o nível dos oceanos aumentará 60 centímetros ao longo deste século, enquanto que os especialistas em clima da ONU previam um aumento de 20 a 60 centímetros", detalhou Khan.
 
Derretimento acelerado na Groelândia.
 
     "Desconhecemos se é devido à mudança climática o a outros fatores. O que fazemos é constatar uma situação alarmante", concluiu.
Os pesquisadores mediram o degelo graças a estações GPS ultra-sensíveis nas montanhas ao longo de todo o campo de gelo da Groenlândia.
     No estudo, publicado na edição on-line da revista Geophysical Research Letters, colaborou também a Universidade de Colorado (Estados Unidos).
 
Fonte: Yahoo Brasil - Ambiente Brasil

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