sexta-feira, 15 de junho de 2007

ONU: 20% da América do Sul pode virar deserto

     A América do Sul pode perder até um quinto de suas terras produtivas até 2025, alerta a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD, sigla em inglês).
     Segundo a entidade, o processo de desertificação no continente sul-americano tem se intensificado nos últimos anos, principalmente em países de grandes extensões, como a Argentina e o Brasil.
     Em entrevista à BBC Brasil, o oficial da unidade de facilitação para América Latina e Caribe da UNCCD, o brasileiro Heitor Matallo, afirma que as mudanças climáticas estão agravando o problema.
     "Há um ciclo em que um fenômeno alimenta o outro. Se o meio ambiente é degradado com desmatamento e erosão, os reservatórios de água diminuem, aumentando as áreas desertas", afirma Matallo.
     "Por sua vez, essas terras degradadas influenciam no clima, impedindo a formação de chuvas e aumentando ainda mais a desertificação."
     As informações foram divulgadas nesta sexta-feira, dois dias antes do Dia Mundial da ONU para o Combate à Desertificação. Este ano, a campanha aborda a ligação entre a desertificação e o aquecimento global.
 
     Perdas econômicas
     Segundo Matallo, 1,5 milhão de km² do território brasileiro são compostos de áreas semi-áridas e abrigam 40 milhões de pessoas. A Argentina, com território de 3 milhões de km², tem 1,75 milhão de Km² cobertos pelo deserto.
     O representante da ONU diz que a área semi-árida do nordeste brasileiro, com o clima sujeito a secas freqüentes, vem aumentando com a degradação ambiental e as mudanças climáticas.
     "Se até 2050 a temperatura do planeta subir 6 graus, a área semi-árida do nordeste pode aumentar outro milhão de quilômetros quadrados", estima Matallo.
     "Sem falar da Amazônia, que já sofre com os efeitos da seca." Matallo ainda ressalta que as perdas econômicas provocadas pela desertificação na América Latina chegam a US$ 20 bilhões por ano.
     "Só o Brasil perde US$ 5 bilhões em solos que se tornam improdutivos." A desertificação é um processo que leva à degradação das terras, tornando-as improdutivas.
     Pode ser causada pela ação humana, entre outros fatores. O uso incontrolado da terra para cultivos e pastagens, além do desmatamento e pouca irrigação, estão transformando terras férteis em desertos.
     A ONU estima que a desertificação atinja cerca de 30% das terras do planeta, que abrigam cerca de 1,2 bilhão de pessoas.

Autora: Fernanda Nidecker - BBC Brasil


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Paris vai 'fritar' com aquecimento

     As mortais ondas de calor na região do Mediterrâneo, como as que mataram cerca de 18 mil pessoas em 2003, podem se tornar corriqueiras neste século se as tendências atuais de emissão dos gases do efeito estufa não sofrerem alterações, disseram pesquisadores nesta sexta-feira (15/06). 
     O número de dias perigosamente quentes na região do Mediterrâneo, que inclui territórios na Europa, na África e no Oriente Médio, pode aumentar de 200% a 500%, segundo um estudo publicado na revista "Geophysical Research Letters. A França registraria a maior elevação no número de dias extremamente quentes, segundo o estudo.
     Paris iria literalmente fritar caso as simulações citadas no artigo se verifiquem efetivamente -- a capital francesa registraria durante dezenas de dias por ano temperaturas superiores às da época da letal onda de calor de 2003.
No entanto, a redução das emissões de gases do efeito estufa tornaria 50% menos intensos os dias perigosamente quentes, afirmaram os autores do estudo, no qual se analisaram simulações climáticas abrangendo o período até 2099.
     Cerca de 15 mil pessoas morreram na França devido à onda de calor de 2003 e quase 3.000 na Itália naquele mesmo verão. "Hoje os acontecimentos raros, como a onda de calor que atingiu a Europa em 2003, tornam-se muito mais comuns na medida em que aumenta a concentração de gases do efeito estufa", disse em um comunicado o pesquisador Noah Diffenbaugh, da Universidade Pardue, em Indiana.
     Diffenbaugh acrescentou que essas temperaturas "tornam-se o padrão e que os eventos extremos previstos para o futuro não terão precedentes quanto à sua violência". Os dias mais quentes dos verões de hoje, segundo o pesquisador, vão se transformar nos dias mais amenos dos verões futuros. Também participaram do estudo outros cientistas dos EUA, da Itália e da China.
     Além da ameaça à vida, essas temperaturas extremamente elevadas poderiam prejudicar a economia da região mediterrânea, afirmou Jeremy Pal, da Universidade Loyola Marymount, na Califórnia, e co-autor do estudo. No total, 21 países são banhados pelas águas do Mediterrâneo, o que inclui as cidades de Roma, Paris, Barcelona, Argel, Cairo, Istambul e Tel Aviv.
Fonte: Deborah Zabarenko - Reuters/G1


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quinta-feira, 14 de junho de 2007

"Doenças ambientais" matam 233 mil por ano no Brasil

     Cerca de 233 mil pessoas morrem todo ano no Brasil por exposição a fatores de risco ambiental, como poluição, água não tratada e grandes estruturas urbanas, revelou nesta quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).
     Significa dizer que 19% de todas as mortes no país poderiam ser evitadas se fossem adotadas políticas públicas eficientes, de acordo com os dados do primeiro levantamento deste tipo feito pela entidade sediada em Genebra.
Menino ao lado de esgoto aberto em favela do Rio
Falta de saneamento mata 15 mil por ano no Brasil, diz OMS
     Falta de higiene, saneamento básico e poluição do ar matam 32 mil brasileiros por ano, indicaram os dados.
     A pesquisa levou em consideração as condições enfrentadas pelos brasileiros em seu dia-a-dia.
     Em um país em que 84% da população vive nas cidades, a poluição do ar mata 12,9 mil pessoas por ano.
     Com 22% das pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, a falta de água tratada e de redes de esgoto tiram a vida de 15 mil brasileiros por ano.
     A OMS disse ainda que 4,1 mil mortes por ano poderiam ser evitadas se 13% dos lares brasileiros que hoje utilizam carvão ou madeira para cozinha substituíssem esses combustíveis por alternativas consideradas limpas, como gás encanado.
 
Crianças com malária na África
Um quarto das doenças poderia ser evitada
com medidas eficientes

     "Estas estimativas por país são um primeiro passo na direção de ajudar governantes em relação às prioridades para ação preventiva nas áreas de saúde e meio ambiente", disse a diretora-geral assistente de Desenvolvimento Sustentável da OMS, Susanne Weber-Mosdorf.
     É importante quantificar o peso das doenças causadas por ambientes pouco saudáveis. Esta informação é chave para ajudar os países a escolher as intervenções apropriadas.
 
Fonte: BBC Brasil


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quarta-feira, 13 de junho de 2007

Pegada ecológica e social

     Quanto aguenta a Terra em sua generosidade ao nos forncecer todas as condições para que possamos viver, nos reproduzir e coevoluir? Não só nós mas toda a comunidade de vida que vai das bactérias aos vegetais e animais? Ela é um planeta pequeno, finito em seus recursos e já velho. Temos que viver dentro das capacidades de fornecimento e de reposição, próprios da Terra e não ao nosso bel prazer. A espécie homo sapiens/demens ocupou 83% do planeta e consumiu excessivamente a ponto de a Terra já ter ultrapassado em 25% sua capacidade de recarga. A seguir esta lógica, o planeta quebra como qualquer empresa que gasta mais do que ganha.
     Como todos extraem da Terra seus recursos para viver, quanto de chão cada um precisa para garantir sua sobrevivência? Quanto de terra produtiva, área florestal, energia, habitação, água, mar, urbanização e capacidade de absorção dos dejetos cada pessoa necessita? A esse conjunto de fatores ecológicos e sociais se chama de pegada ecológica e social, expressão cunhada por Martin Rees e Mathis Wackernagel ao fazerem um estudo sobre o tema para o Conselho da Terra em 1977. Eles tomaram como referência de cálculo o número de hectares necessários para que cada um, cada cidade e cada pais possam viver de forma minimamente decente. O planeta dispõe de 10.8 bilhões de hectares produtivos que é menos que 25% de sua superfície. Para cada pessoa viver fazem-se necessários pelo menos 2.8 hectares. Esta seria a pegada ecológica média geral.
     Como 18% da humanidade consome 80% dos recursos vitais e os hábitos de consumo variam consoante as regiões e as culturas, varia também a porcentagem de hectares per capita usados. Assim a Europa, os Estados Unidos, o Japão, a India e a China vivem muito acima daquilo que lhes é permitido por seus recursos ecológicos, com uma pegada que vai de 200% até 600% (é o caso do Japão) de sua biocapacidade nacional. Isto significa que se uma região se apropria de mais hectares para manter seu alto nivel de consumo (Norte), a outra deverá forçosamente ocupar menos (Sul). Em outras palavras, o consumo alto de um pais ou região comporta um sub-consumo baixo no outro. Por ai se entende a profunda falta de equidade na repartição dos bens e o caráter desigual de todo o processo de produção e consumo mundial.
     A biocapacidade total do território brasileiro é de 18.615.000 pontos. A pegada ecológico-social brasileira é de 2.6 hectares. Nossa biocapacidade excede tanto a nossa demanda que o Brasil poderia ser a mesa posta para as fomes e as sedes do mundo inteiro. Mas nos paises notam-se profundas diferenças. Enquanto um habitante de Bengladesh possui uma pegada de 0,5 hectares, a de uma norte-americano é de 9,6. Em outras palavras, se todos os habitantes da Terra tivessem o nivel de consumo norte-americano, precisaríamos de três Terras semelhantes a nossa para garantirmos os recursos energéticos e materiais suficientes. Vivemos, pois, sem nenhuma humanidade e solidariedade. Por isso esse modo de viver é totalmente insustentável e pode levar ecologicamente a Terra a um colapso.
     O ideal que a Carta da Terra propõe para todos é um "modo sustentável de viver": produzir em consonância com os sistemas vivos, contendo nossa voracidade e dando tempo para que a Terra se regenere e continue a oferecer a nós e à comunidade de vida tudo o que todos precisam.
 
Fonte: Jornal do Meio Ambiente


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domingo, 10 de junho de 2007

A Omissão Conveniente

 

     Desde os primórdios do homem moderno, o planeta Terra tem sido escravizado para servir aos propósitos do poder e da ganância. Durante esta longa história podemos citar diversas guerras e conflitos com o intuito do crescimento a qualquer custo e com a mínima preocupação com a vida que habita o planeta.
Com o uso das bombas nucleares e o fim da Segunda Guerra Mundial, acreditou-se que em qualquer situação a vida no planeta seria garantida com o progresso da ciência e da tecnologia, pois se direcionavam à satisfação humana e poderiam resolver os problemas vindouros. É claro que a ciência moderna proporcionou melhorias para a vida das pessoas, mas também não podemos esquecer do preço que será cobrado, direto ou indiretamente, pelo seu uso irracional e inconseqüente, que gera a poluição do ar, da água, do solo e, conseqüentemente, pela alteração do clima, extinção de plantas e animais e pela deterioração da qualidade de vida humana.
     Mesmo sempre ocorrendo debates sobre o meio ambiente e desenvolvimento sustentável e com a existência de Leis que protegem o meio ambiente para o uso racional e para garantir seu uso pelas gerações futuras, cada vez mais podemos notar que as ações são deixadas de lado e sendo usadas apenas como um mero marketing ambiental.
     Nesta discussão, faço uma analogia ao documentário "Uma Verdade Inconveniente" do candidato ao governo dos Estados Unidos da América, Al Gore, que trata principalmente da alteração do clima em conseqüência das atividades humanas e do crescimento industrial. Assim, enfocando somente a questão da água, um bem essencial para o desenvolvimento de todos os seres vivos, no município não está tendo seu devido cuidado.
Aqui, despejamos uma quantidade enorme de esgotos em diversos córregos e sangas que deságuam diretamente no Arroio Castelhano (Figura 1). Nele, também encontramos resíduos químicos e agroquímicos que seguem em direção ao Rio Taquari e assim por diante. Nos últimos anos, com a expansão do distrito industrial, também estamos poluindo o Arroio Taquari Mirim através da Sanga do Areial que passa no interior do Parque do Chimarrão.


Fig. 1: Sanga do Cambará, vista da ponte do acesso Grão Pará, despejando esgoto no Arroio Castelhano.



     Estes resíduos causam a morte de peixes, mamíferos, aves e o desequilíbrio do ecossistema aquático e quando é captada para uso humano, gera doenças e até a morte.
     No caso específico do Arroio Castelhano, devemos enfatizar que o curso d'água abastece mais de 35.000 habitantes da área urbana, usando milhões de litros de água/dia. Suas principais nascentes ficam em Linha Datas e Linha Alto Paredão (Santa Cruz do Sul), possuindo uma extensão superior a 120 quilômetros até desaguar no Rio Taquari. Quase não possui matas em suas margens, deixando-o suscetível a desmoronamentos e ao assoreamento. Sofreu diversas intervenções que o estão dizimando, uma delas é a alteração em seu leito natural por mais de 4 quilômetros realizado para aliviar as cheias e, em conseqüência, aumentando as enchentes na área urbana. É o único curso d'água que, pela mão do homem, "anda para trás" (Figura 2), pois as águas do curso alterado foi direcionado para uma curva inversa ao escoamento natural fazendo o arroio "andar" em torno de 150 metros ao contrário. Também, com as mudanças de seu leito natural, hoje existem pelo menos 8 ilhas no Arroio Castelhano (Figura 2), que no verão são áreas de proliferação de mosquitos e outros vetores de doenças.


 
Fig. 2: Imagem do Google Earth do local onde há diversas intervenções, uma é onde o arroio alterado foi direcionado para o leito natural do Arroio Castelhano, fazendo com que o curso d'água "ande para trás" e a formação de ilhas por causa da retificação.


     Em meados de 2004, foram dizimados a vegetação e os animais em conseqüência de duas queimadas criminosas que acabaram com, no mínimo, 160 hectares de mata em suas nascentes (Figura 3).


Fig. 3: Queimada em Linha Datas, vista da RS-422, que dizimou mais de 160 hectares de mata nas nascentes do Arroio Castelhano.



Fig. 4: Represa para captação de água da Corsan no Arroio Castelhano, onde no verão de 2005 o nível de água era tão baixo que não passava por cima da barragem, conseqüentemente, não corria água.



     Assunto que ficou alheio ao conhecimento da população e omisso pelos órgãos públicos, mas será lembrado caso houver outra seca como a do verão de 2005, pois o desmatamento e as queimadas são técnicas rudimentares que comprometem diretamente a vazão dos cursos d'água (Figura 4). Outro problema é a extração de cascalho nos cursos d'águas, principalmente na região de Monte Alverne (Figura 5) e também, como tratado em reunião da Câmara de Vereadores, no Arroio Sampaio. Esta atividade, com a desculpa de melhorar a vazão e para uso em estradas, acelera a velocidade da água acarretando num maior poder de arraste e de destruição das margens, o que somente transfere o problema para os moradores abaixo.
Com a proliferação de poços artesianos irregulares nos últimos anos, temos um quadro extremamente delicado que é a distribuição e o uso de água com excesso de flúor, causando a queda dos dentes em crianças e problemas ósseos em idosos. Temos também poços com mais de 100 metros contaminados com Escherischia colli (bactéria encontrada em fezes animais), poços contaminados com resíduos de agrotóxicos e poços sem água, pois o lençol freático está sendo rebaixado tão rapidamente que a Corsan já não pode mais utilizar seus poços por não haver mais água.
     Nos cuidados com a água e seu uso, ainda observamos que a população desperdiça água tratada para lavar calçadas e para outros usos desnecessários. Poucos cidadãos dão exemplo de utilizar a água da chuva. Temos, na área urbana, diversos pontos de enchentes em decorrência da impermeabilização do solo através do calçamento e asfaltamento de ruas, passeios públicos, moradias e fábricas. Assim, como as sangas e córregos existentes na área urbana já foram todos canalizados sem um estudo da taxa máxima de impermeabilização e de toda a bacia hidrográfica que estes cursos d'água drenam, Venâncio Aires terá muito mais enchentes nos próximos anos, com o aumento do nível da água nos locais costumeiros e com a ampliação dos locais de enchentes (Figura 6).




Fig. 5: Extração de cascalho no Arroio Castelhano na localidade de Monte Alverne.




Fig. 6: Enchente vista da esquina da rua Jacob Becker e rua Félix da Cunha em dezembro de 2002.



     Desta forma, com os fatos que se apresentam neste início de milênio, esta discussão busca chamar a atenção da população para as verdades e os problemas que poderão vir a causar prejuízos futuros ao município e aos seus munícipes e debater a questão da omissão, pois alguns órgãos públicos atuam para a gestão política, se apresentando passíveis aos interesses do bem comum e das gerações futuras.
     Nesta perspectiva, o cidadão bem intencionado com o bem estar futuro deve estar ciente da problemática ambiental, fazendo jus ao Dia Mundial do Meio Ambiente, e que para mudar esta situação calamitosa eleja pessoas comprometidas com o presente e com o futuro, que incorpore em suas políticas públicas a promoção ao desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida dos munícipes, porque somente falar em mudanças e não colocá-las em prática, será mais uma omissão conveniente.


Wilson Junior Weschenfelder
Biólogo, Especialista em Licenciamento Ambiental
Mestrando em Desenvolvimento Regional


Artigo publicado no Jornal Folha do Mate - Folha Especial do Dia Mundial do Meio Ambiente - referente a alguns problemas ambientais ocorrentes no município de Venâncio Aires/RS.


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