sexta-feira, 25 de maio de 2007

Hormônio que muda sexo pode exterminar peixe

Os volumes diminutos de estrógeno usados em pílulas anticoncepcionais podem causar colapso nas populações de peixes selvagens, de acordo com um novo estudo.
As conclusões geram preocupação sobre a presença de níveis, mesmo que reduzidos, de estrógeno, nos serviços municipais de esgoto, disse Karen Kidd, a responsável pelo estudo, bióloga do Instituto dos Rios do Canadá, parte da Universidade de New Brunswick.
"As mulheres secretam estrógeno naturalmente, e as mulheres que usam pílulas anticoncepcionais também secretam o estrógeno artificial que essas pílulas contêm", explicou.
"E esses estrógenos, a depender do nível de tratamento dos esgotos locais, podem não ser completamente dissolvidos ao passarem pela estação de tratamento, de modo que é possível que cheguem às águas de rios e riachos locais", afirmou Kidd.
Os peixes machos expostos ao hormônio se tornam afeminados - produzem as mesmas proteínas que os peixes fêmeas fazem para desenvolver suas ovas. Alguns machos que foram testados chegaram eles mesmos a produzir ovas.
"Não é preciso dose muito elevada de estrógeno para afeminar um peixe macho e, com base nos resultados de nossas experiências, para gerar impacto na população de peixes em uma dada região", segundo a bióloga.
Diversos estudos já haviam demonstrado que a exposição ao estrógeno e compostos relacionados afemina peixes machos, mas até agora o impacto dessa questão sobre as populações de peixes selvagens não era conhecido.
Kidd e seus colegas da agência nacional de pesca do Canadá acrescentaram que o estrógeno sintético que é componente das pílulas anticoncepcionais foi localizado em um lago distante e isolado, reservado a esse tipo de experiência, na região noroeste da província de Ontário, Canadá. Por três versões consecutivos, os pesquisadores acrescentaram à água estrógeno em nível semelhante ao constatado em esgotos municipais sem tratamento.
Diversas espécies de peixes vivem no lago, entre as quais o vairão, uma espécie de vida curta. Depois do primeiro verão de estudo, os vairões machos começaram a produzir as proteínas que existem em ovas. No segundo, começaram a apresentar subdesenvolvimento em suas células de espermatozóides. Pouco tempo depois, começaram a produzir ovas. Além disso, as fêmeas começaram a produzir mais proteína de ovas do que o normal, e o desenvolvimento sexual delas também foi prejudicado, de acordo com Kidd.
O resultado foi uma redução na capacidade reprodutiva dos vairões que habitam o lago, o que resultou em um colapso de sua população no segundo ano do estudo, de acordo com as constatações dos pesquisadores.
A população não conseguiu se recuperar nem mesmo depois de dois anos em que os pesquisadores deixaram de acrescentar estrógeno às águas do lago, o que indica que os efeitos do problema são bastante persistentes, de acordo com Kidd.
"As baixas concentrações de estrógeno têm efeito muito dramático, muito severo, sobre a reprodução dos peixes e a população de peixes no lago", disse ela. Kidd e seus colegas apresentaram as conclusões de seu estudo na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, esta semana. O trabalho foi financiado pelo governo canadense e pelo Conselho Norte-Americano de Química.
Douglas Chambers é biólogo do Centro de Ciência Aquática da Virgínia Ocidental, parte do Serviço de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos, e estudou as possíveis causas da presença elevada de peixes afeminados nas águas da bacia do rio Potomac.
Ele considera que atribuir a forte queda na população de vairões apenas à presença de estrógeno sintético é uma conclusão surpreendente. Chambers acreditava que a tendência a uma presença maior de peixes afeminados, somada a outros desgastes ambientais, poderia ter induzido ao colapso populacional. Mas o novo estudo demonstra que a presença de peixes efeminados basta para explicar o declínio.
Kidd, a diretora do projeto de pesquisa, e seus colegas acreditam que, se tivessem continuado a adicionar estrógeno às águas do lago por mais de três anos, o hormônio também começaria a exercer efeito sobre as populações de peixes de vida mais longa lá encontrados ¿trutas, rêmoras, bordalos.
"É essencial que os esgotos municipais sejam tratados em pelo menos dois estágios para reduzir a presença de estrógeno nas águas mais próximas da superfície", disse Kidd.
John Roach
Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME

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quarta-feira, 23 de maio de 2007

Grupo analisa iceberg do tamanho de Manhattan

     Cientistas no Pólo Norte pousaram de avião em um enorme iceberg do tamanho da ilha de Manhattan para realizar uma série de análises relacionadas a estudos sobre o efeito do aquecimento global na região do Ártico.
     O bloco de gelo tem 16 km de comprimento, cinco quilômetros de largura e chama-se Ilha de Gelo Ayles.
     Os pesquisadores chegaram à ilha flutuante com uma equipe da BBC e fincaram uma baliza de rastreamento em sua superfície. Segundo os cientistas, essa é a primeira expedição desse tipo.
     Isto vai permitir o monitoramento da ilha enquanto as correntes marítimas empurram o bloco pelo Oceano Ártico. A ilha de gelo se soltou da costa ártica do Canadá em 2005, mas foi identificada apenas recentemente.
     Durante 3 mil anos este bloco de gelo colossal estava seguro, fixo na costa norte canadense como parte da Plataforma de Gelo Ayles - mas agora o bloco se soltou.
     Atualmente o bloco está a cerca de 600 km do Pólo Norte, uma das regiões cuja temperatura sobe mais rapidamente na Terra. A equipe de pesquisadores, junto com a equipe da BBC, se aproximou da ilha de gelo em um pequeno avião.
     Derek Mueller, da Universidade Fairbanks do Alasca, escavou uma camada de neve da superfície para alcançar a camada de gelo logo abaixo. Mueller e Luke Copland, da Universidade de Ottawa, mediram o bloco, usando um radar capaz de penetrar no chão.
     Eles descobriram que a média de espessura do gelo variava entre 42 m e 45 m, o equivalente a um prédio de dez andares e um pouco mais espesso do que o esperado.
     Uma implicação pode ser que a ilha seja mais duradoura do que o esperado - estima-se que o peso total do gelo chegue a 2 bilhões de toneladas e isto levaria mais tempo para derreter do que o estimado inicialmente.
     Mas, segundo Copland, o fato de que um bloco de gelo tão espesso possa ter se soltado da costa em menos de uma hora - como aconteceu em agosto de 2005 - ilustra um problema alarmante. "Isto mostra como a mudança climática pode desencadear mudanças repentinas mesmo em grande escala - quando o bloco de gelo se soltou, a força da ruptura registrada foi a de um pequeno terremoto", disse.
     Os registros mostram que esta região do Pólo Norte - a costa norte da Ilha Ellesmere - perdeu 90% de suas plataformas de gelo no último século.
     A maioria destas perdas ocorreu no período mais quente da década de 40. Nos períodos mais frios das décadas seguintes parte das plataformas de gelo mostrou sinal de estar se reformando.
     "A diferença agora é que com a atual taxa de aumento de temperatura, estas plataformas de gelo provavelmente nunca serão reconstituídas", disse Mueller.
     Cientistas especialistas em clima prevêem que o Pólo Norte vai continuar esquentando - e a expectativa é de que as cinco plataformas de gelo restantes também se soltem.
     Antes de deixar a ilha de gelo, os cientistas instalaram um dispositivo de localização via satélite, pois o bloco continua se deslocando para oeste e pode ameaçar plataformas de petróleo e usinas de gás na costa do Alasca.

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