sábado, 14 de julho de 2007

Perigo no ar: novos testes revelam milhares de químicos potencialmente nocivos a mais

Ao estudar as interações de substâncias químicas industriais no ar, cientistas descobrem que milhares deles podem se acumular em moléculas de gordura e "viajar" na cadeia alimentar
 
     Perigo no ar? Um novo estudo revela que lobos canadenses estão acumulando substâncias químicas potencialmente perigosas porque, embora elas sejam solúveis em água, não se dissolvem no ar 
     O inseticida DDT é infame por ser transmitido na cadeia alimentar e, entre outros males, fazer com que a casca dos ovos das águias carecas fique fina como papel. O carcinogênico entra na cadeia alimentar em concentrações baixas mas, devido à capacidade de se esconder em moléculas de gordura, chega a concentrações cada vez mais altas (um processo chamado biomagnificação), passando de algas para larvas e então dos peixes para águias – o que levou à sua proibição nos Estados Unidos em 1972.
Perigo no ar? Um novo estudo revela que lobos canadenses estão acumulando substâncias químicas potencialmente perigosas porque, embora elas sejam solúveis em água, não se dissolvem no ar.
     No entanto, uma parte importante da "rede de ar" da Terra foi deixada de lado: os animais que respiram, de roedores a seres humanos. Um novo estudo mediu a facilidade com que substâncias químicas saem dos pulmões para o ar em comparação à facilidade com que elas são dissolvidas em gorduras e água. A pesquisa, publicada na Science, revela que milhares delas têm a capacidade de se acumular em animais que respiram ar – e talvez também naqueles que "respiram" água.
     Um grande número de substâncias químicas solúveis em água não se dissolve tão bem no ar, se acumulando "especificamente em cadeiras alimentares não-aquáticas: mamíferos, pássaros e seres humanos", explica o chefe da pesquisa, Frank Gobas, da Simon Fraser University, na Columbia Britânica.
 
Autor: David Biello - Scientific American Brasil


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sexta-feira, 13 de julho de 2007

Passado dá pistas de como enfrentar aquecimento

     Desde o enigma da Ilha de Páscoa até a fome devastadora que assolou a Índia no século XIX, o passado pode ajudar na luta científica contra a mudança climática, que ameaça cada uma das regiões agrícolas do mundo.
     Os países pobres tropicais serão os primeiros afetados pelo aumento global das temperaturas previsto para este século, com inundações e secas que levarão, inevitavelmente, à desnutrição de seus habitantes, de acordo com último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC).
     Diante desta ameaça, os cientistas se voltam para o passado, explorando como as diferentes civilizações enfrentaram perigos similares e se conseguiram ir adiante ou se foram varridas do mapa como conseqüência de um "ecossuicídio" (suicídio ecológico), segundo a terminologia do acadêmico americano Jared Diamond.
     O especialista cita como exemplo a Ilha de Páscoa, um pedaço de terra isolado no Oceano Pacífico, que chegou a abrigar uma população de 20.000 pessoas no passado.
     Seus habitantes se extinguiram no século XVIII, matando-se entre irmãos ou até praticando o canibalismo, depois que foram cortadas todas as árvores, fonte de combustível e madeira para a construção.
     No México, uma seca prolongada acabou com a moderna civilização maia há mil anos, enquanto o último registro viking na Groenlândia desapareceu no século XV, por causa da "Pequena Era do Gelo".
     "Nos piores casos de catástrofes, as pessoas emigravam ou morriam", explicou Diamond, professor de Geografia da Universidade da Califórnia, em seu aplaudido livro "Collapse: How societies choose to fail or succeed" (em português: "Colapso: como as sociedades escolhem fracassar ou vencer").
     Estabelecer quais foram os erros das populações também é uma prioridade para os cientistas hoje. Um exemplo disso, afirma Evan Fraser, da Universidade britânica de Leeds, é o fato de haver um detonador comum entre as fomes arrasadoras registradas em séculos e lugares distintos.
     Fraser analisou a Grande Fome da Batata na Irlanda (1845-1850), quando um milhão de pessoas morreram, e as fomes que mataram 45 milhões de pessoas na colônia britânica da Índia (1875-1902) e um milhão na Etiópia (1984-1985).
     Embora uma praga sido responsável pelo mal irlandês, a ausência de chuvas, pelo indiano, e a seca, pelo etíope, os três tiveram algo em comum: seus sistemas agrícolas e de proteção do entorno eram frágeis.
     Na Irlanda, os cultivadores de batatas tinham terras abertas, o que facilitou a chegada da praga. Na Índia, os bosques, que poderiam ter preservado a umidade, foram derrubados pelos britânicos para suas plantações de chá.
     No caso da Etiópia, a coletivização da agricultura no final da década de 70, segundo o modelo soviético, acabou com as pequenas comunidades de agricultores, os únicos que tinham os conhecimentos necessários para responder a uma crise.
     Para Fraser, a compreensão deste tipo de desastre pode ser um instrumento muito útil para planejar sistemas agrícolas capazes de fazer frente à mudança climática e evitar que os desastres naturais engulam as populações.
 
Autor: AFP - Terra


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Devagar com o andor da urbanização

     Surpreendentemente, até agora não provocou maior discussão no Brasil o relatório State of World Population 2007 - unleashing the potential of urban growth, divulgado há umas duas semanas pelo Fundo da População da ONU (UNFPA), que aponta a urbanização como caminho para resolver os problemas da pobreza no mundo.
     Depois de criticar os planejadores nos países ditos em desenvolvimento por um suposto viés antiurbano, prevê o relatório que as áreas urbanas no mundo, que em 1950 tinham 29% da população (732 milhões) e este ano chegam a 50% (3,2 bilhões), estarão em 2030 com 59,9% (5 bilhões).
     Embora reconheça que 1 bilhão de pessoas vivem em favelas, 90% das quais nos países ditos em desenvolvimento, acha o UNFPA que a tendência de urbanização "é irreversível e não deve ser combatida".
     Na Ásia, o atual 1,36 bilhão de pessoas chegará a 2,64 bilhões em 2030; na África, elas passarão a 742 milhões; na América Latina e no Caribe, aumentarão de 394 milhões para 609 milhões - e nesse movimento a cada semana cresce em 1 milhão de pessoas a população favelada na Ásia e África (O Globo, 28/6). No Brasil, 84% da população já estaria nas cidades e chegará a 90% em 2030.
     No dia em que essas estatísticas foram divulgadas, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, lembrou que, dos 11 milhões de habitantes da cidade, nada menos que 3,2 milhões vivem em condições inadequadas. Rio e São Paulo têm, cada uma, mais de 1 milhão de pessoas abaixo da linha da pobreza. E essas duas populações, juntas, formariam a terceira maior cidade do País.
     Esses números ajudam a mostrar que, pelo menos no Brasil, a urbanização não está resolvendo os problemas dos pobres. Mas não houve réplica ao UNFPA, ao que parece. Nem mesmo se argumentou que a situação possa ser diferente de região para região, de país para país.
     Ou que há outros fatores a considerar, como os mencionados no também recente relatório Nosso futuro urbano e a saúde do planeta, no qual o WorldWatch Institute lembra que boa parte das "catástrofes naturais" tem origem na "urbanização descontrolada", que acrescenta 60 milhões de pessoas a cada ano nas cidades.
     Nelas, 1 bilhão de pessoas vivem sem saneamento básico e em precárias condições de moradia; oito das dez cidades mais populosas estão sobre falhas sísmicas ou perto delas; seis em dez são vulneráveis a ondas gigantescas; e embora as cidades ocupem apenas 0,4% da área do planeta, respondem pela maior parte das emissões de gases poluentes.
     Uma voz isolada a se levantar contra as premissas do relatório do UNFPA foi a do professor Ignacy Sachs, da Escola de Altos Estudos em Ciência Social de Paris, onde é co-diretor do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo.
     Começou o professor Sachs - um dos estudiosos que mais têm mostrado a possibilidade de desenvolvimento rural, geração de trabalho e renda sem necessidade de urbanização - lembrando que a Europa, ao industrializar-se, "exportou" dezenas de milhões de pessoas para as Américas; "trucidou dezenas de milhões de camponeses" em duas guerras; além disso, "os refugiados do campo que chegavam às cidades encontravam emprego nas indústrias intensivas em mão-de-obra, ao passo que nos encontramos atualmente numa fase de desindustrialização (do ponto de vista do emprego)".
     Quem se der ao trabalho de olhar os números no Brasil verá que, de fato, há muito o que discutir na tese do UNFPA.
     Estamos há muito tempo com taxa de desemprego pouco acima de 10% nas seis principais regiões metropolitanas do País - o que significa, só aí, 3,23 milhões de desempregados; 4 milhões de pessoas que trabalham nessas seis regiões recebem menos de um salário mínimo por mês; apenas em São Paulo há mais de 1,1 milhão de desempregados; em 20 anos, o número de trabalhadores "informais" passou de 701 mil para 956 mil, em 2005 (mais 36,2%); e, segundo o professor Márcio Pochmann, três quartos dos trabalhadores recebem há 20 anos até dois salários mínimos. Boa parte dessas pessoas migrou da zonas rurais para as urbanas.
     Nesse processo, dizem outros estudos, a renda continuou a concentrar-se no País, que está em 10º lugar entre os países com maior desigualdade social, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. E aqui, em 40 anos, a população urbana cresceu 108 milhões de pessoas, passou de 44,67% do total para cerca de 80% - sem que milhões de migrantes alcançassem muito progresso em suas condições de vida.
     Conviria, portanto, ir devagar com o andor da tese das vantagens universais da urbanização. Até porque, entre nós, como mostra o professor Sachs, se a chamada modernização tecnológica pós-1990 eliminou 8,98 milhões de empregos na agropecuária, também fez desaparecer 3,63 milhões na indústria manufatureira, 907 mil na administração pública e 757 mil na construção civil - ou seja, eliminou 12,3 milhões de postos de trabalho.
     Como foram criados 11,96 milhões na economia doméstica e 3,58 milhões nos setores voltados para a exportação, resta nessa década um saldo de 1,6 milhão de postos de trabalho - quando a cada ano tentam entrar no mercado de 1,5 milhão a 1,8 milhão de pessoas (Inclusão social pelo trabalho decente: oportunidades, obstáculos, políticas públicas, 2004).
     Já passou, portanto, da hora de dar atenção à possibilidade de modernização do setor rural, com a industrialização de matérias-primas, turismo rural e ambiental, criação de espaços para idosos, integração da agricultura familiar no processo de geração de energia por biomassas (em cooperativas que se encarreguem do esmagamento, e não apenas do fornecimento da matéria-prima às megausinas).
     Mas, em lugar disso e de tecnificar o ensino rural, continuamos forçando a urbanização de crianças e adolescentes, com o fechamento das escolas rurais.
 
Autor: Washington Novaes  - O Estado de São Paulo - Jornal da Ciência
Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=48729


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SBPC pede o fim do Foro Privilegiado

     A Assembléia Geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, reunida nesta quinta-feira à noite, aprovou moção, em que afirma: "O Foro Privilegiado é um impedimento à responsabilização pública das autoridades, nos diferentes poderes da República e em todos os níveis da Federação. Sua revogação é imprescindível para o fortalecimento da democracia e para o cumprimento dos direitos básicos de cidadania"
     A moção, proposta por treze sócios, será destinada aos presidentes da República, do Supremo Tribunal Federal, da Câmara dos Deputados e do Senado:
     Ela diz:
     "A SBPC considera insustentável e danosa à democracia a manutenção do instituto do foro privilegiado para autoridades públicas. Tal instituto converteu-se em mecanismo de proteção corporativa de autoridades pública.
     O princípio da responsabilidade pública, que deveria pautar a ação dessas autoridades, cede lugar ao acobertamento da delinqüência pública.
     O foro privilegiado tem impedido a apuração e o tratamento penal de graves denúncias, que incidem sobre os diferentes poderes da República e em todos os planos da federação.
     A impunidade, que disso resulta, agride o sentimento de cidadania e contribui de modo decisivo para a descrença nas possibilidades de justiça no país.
     A manutenção do foro privilegiado representa uma afronta à cidadania e, por extensão, uma ameaça à própria democracia.
     A SBPC, em função de seu histórico compromisso com a democratização da vida pública no país, se junta a outras manifestações no mesmo sentido – notadamente a que foi externada, há poucos dias, pela Associação Brasileira de Magistrados (AMB)."
 
Autor: Jornal da Ciência


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quinta-feira, 12 de julho de 2007

Entidades do terceiro setor exigem transparência no licenciamento das usinas do Madeira

     As licenças prévias dadas pelo Ibama às usinas Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, no dia 9 passado, já suscitaram uma reação organizada do terceiro setor. Um documento divulgado anteontem, sob o título de Manifesto à Sociedade Brasileira em prol da transparência no licenciamento ambiental das usinas do Rio Madeira, questiona "por que o imprescindível rito de oitiva da sociedade, com determinação constitucional de ampla publicidade foi suprimido neste caso?".
     O manifesto é assinado pelos três conselheiros do Conselho Estadual do Meio Ambiente de São Paulo – Consema -, representantes do Coletivo de Entidades Ambientalistas do Estado de São Paulo. São eles: Carlos Bocuhy, do PROAM - Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental; Roberto Francine Junior, da Associação Cunhambebe da Ilha Anchieta, e Paulo Figueiredo, da SODEMAP - Sociedade de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba.
     "Onde está o debate público sobre as complementações solicitadas pelo IBAMA? Por que não foram publicizadas e debatidas com a sociedade organizada, como exige o correto rito de licenciamento ambiental?", perguntam, referindo-se às 33 recomendações sobre as complementações do EIA-RIMA entregues pelo empreendedor, Furnas Centrais Elétricas.
     Eles apresentam, como prova do interesse da sociedade civil sobre o tema, um abaixo-assinado, subscrito por 155 entidades, "preocupadas com a fragilidade ambiental da região, a transparência do licenciamento, a qualidade dos estudos e da boa atuação do agente ambiental público licenciador". 
     Ao final do manifesto, o trio de ambientalistas se diz "veementemente contra a forma autoritária e sem transparência que marca a condução deste processo". E enfatiza a "necessária salvaguarda constitucional dos princípios democráticos que orientam o licenciamento ambiental, exaltando a necessária publicidade e as audiências públicas", elementos que o qualificam e validam.
     Em matéria publicada ontem pela Agência Brasil - Para opositores de usinas do Rio Madeira, exigências do Ibama são insuficientes -, o coordenador da campanha Viva Rio Madeira Vivo, Artur Moret, afirma que o estudo de impacto ambiental feito pelo consórcio Furnas e Odebrecht, que embasou a liberação da licença, não é abrangente: "A bacia do Madeira tem 1,4 milhão de quilômetros quadrados, e eles só fizeram o estudo entre as cidades de Porto Velho e Abunã".
 
Autora: Mônica Pinto / AmbienteBrasil


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Amazônia em pé vale muito mais

     Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Produto Interno Bruto (PIB) da Amazônia gira em torno de R$ 114 bilhões anuais, ou cerca de 6% do PIB brasileiro. Desse total, a atividade agropecuária é responsável por R$ 16,6 bilhões e os produtos e serviços originários da biodiversidade da região respondem por R$ 9 bilhões.
     Os dados foram apresentados por Charles Roland Clement, pesquisador do Departamento de Ciências Agronômicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), na mesa-redonda "Valor econômico da floresta em pé" durante a 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém.
     "Temos a maior floresta do mundo, que representa 60% do território nacional e é supostamente considerada o ouro verde do futuro, mas sua biodiversidade contribui em menos de 1% para o PIB brasileiro", disse Clement. "O Brasil precisa valorizar as novas vocações econômicas e ambientais da floresta amazônica e garantir a manutenção de seus recursos naturais", apontou.
     O pesquisador do Inpa chamou a atenção para a importância da agricultura tradicional – prática essencialmente sustentável em que o pequeno produtor usa tecnologias para recuperar o solo após o cultivo – para o aumento da participação da biodiversidade da floresta no PIB brasileiro. A agricultura tradicional na Amazônia é composta basicamente por frutas exóticas, hortaliças, raízes nativas, plantas medicinais, criação de animais e outros produtos florestais não madeireiros.
     Nesse contexto, destaca-se o açaí (Euterpe oleracea), considerado um produto florestal não madeireiro cujo mercado tem crescido exponencialmente nos últimos anos. A população do Pará, com pouco mais de 7 milhões de habitantes, é a maior consumidora de açaí do mundo. Hoje, de acordo com Clement, são mais de 10 mil quilômetros quadrados de açaizais estrategicamente localizados entre Belém e Macapá, com cadeias de comercialização e exportação muito bem elaboradas, centros de pesquisa e desenvolvimento eficientes e recursos humanos especializados no manejo do fruto.
     "Somente os habitantes de Belém consomem 400 toneladas do fruto por mês, enquanto a soma do consumo dos outros estados brasileiros é de 40 toneladas. O açaí é um fenômeno recente que dificilmente será replicado em outras regiões ou países, devido às condições únicas de plantio no Norte brasileiro", apontou Clement.
     Para o pesquisador, o açaí, impulsionado pelas exportações a países da Europa e da Ásia, é um bom exemplo de aproveitamento da biodiversidade da Amazônia, sem necessariamente ter que derrubar árvores.
"Derrubar a floresta não é e não pode ser mais lucrativo do que o desenvolvimento da Amazônia com a floresta em pé. O problema é que não há investimentos suficientes para a agregação de novos valores econômicos à altura da biodiversidade da região", lamentou.
 
     Plantas do futuro
     Samuel Almeida, pesquisador da Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi (Mpeg), apresentou uma lista de "plantas do futuro", elaborada em parceria com o Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio), do MMA. A lista inicial indicou 2.150 espécies florestais não madeireiras com algum tipo de uso econômico, incluindo plantas aromáticas, medicinais, alimentícias, fibrosas e oleaginosas.
    "Fizemos uma ampla triagem para eliminar duplicidade de informações e identificar espécies que não faziam parte da flora amazônica. A lista final, que está disponível no site do Museu Goeldi, é composta por 73 espécies que estão prontas para se tornar oportunidades de negócio", afirmou. O açaí é uma delas.
     Almeida também apresentou dados da fruticultura no Brasil, que registra uma produção anual de cerca de 36 milhões de toneladas em uma área de 2,3 milhões de hectares. O setor emprega 5,6 milhões de pessoas – 27% da mão-de-obra agrícola nacional – e gera de dois a cinco postos de trabalho na cadeia produtiva por hectare cultivado.
     Os bionegócios na Amazônia também não foram esquecidos. Segundo Almeida, existem atualmente 891 empreendimentos em sete estados da Amazônia, responsáveis por cerca de 1,2 mil produtos e serviços prestados por pequenas e médias empresas, associações de produtores, artesãos e cooperativas, em setores como os de alimentos, fármacos, essências, turismo, artesanato e madeira.
 
Autor: Thiago Romero - Agência Fapesp - Jornal da Ciência


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Bolívia quer dados sobre represas do Madeira

País vizinho teme danos ambientais que hidrelétricas no rio podem causar.
Bolivianos reclamam que governo brasileiro não os consultou sobre obras.
 
     O governo da Bolívia pediu ao do Brasil uma reunião de ministros para analisar os possíveis danos ao meio ambiente em território boliviano causados pela construção de duas represas no rio Madeira.
     O ministro de Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, e o embaixador para Assuntos Comerciais, Pablo Solón, explicaram em entrevista coletiva que o pedido foi feito em carta enviada hoje, onde se "reitera" a preocupação de La Paz com as represas projetadas para usinas hidrelétricas.
     "Lamentamos e expressamos nossa contrariedade porque foi expedida a respectiva licença ambiental para a licitação dessas duas hidrelétricas antes de ter sido feita uma análise integral dos impactos ambientais, sociais e econômicos", assinala parte da carta enviada ao chanceler brasileiro, Celso Amorim. Segundo os funcionários, até agora só foram feitos estudos dos possíveis danos no lado brasileiro, mas nenhum sobre os efeitos que terão sobre o território boliviano, algo que consideram necessário antes que as instalações sejam construídas.
     A represa de Jirau ficará a 84 quilômetros da fronteira com a Bolívia, enquanto a de Santo Antonio ficará a 190 quilômetros. O Ibama autorizou na semana passada a construção das represas, com o que o governo de Brasília pode agora convocar a licitação para as obras. O Executivo boliviano pediu na carta que, antes de continuar com o processo, sejam feitos os estudos em seu território e sejam colocados a sua disposição os novos relatórios ambientais realizados sobre os impactos no Brasil.
     Entre os possíveis danos, o ministro boliviano citou a inundação de florestas e áreas agrícolas, perda de solos, de colheitas, recursos florestais, infra-estrutura e migrações em zonas fronteiriças do departamento (estado) boliviano de Pando. As represas também poderiam provocar a diminuição ou extinção de espécies aquáticas, danos ao ecossistema, perdas econômicas, doenças tropicais como malária, dengue, leishmaniose e febre hemorrágica, entre outras.
 
Autor: EFE - G1


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quarta-feira, 11 de julho de 2007

Crescer e preservar

     No mesmo dia em que se manifestou contra restrições por parte da opinião pública européia em relação aos biocombustíveis, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a concessão da licença prévia para a construção das hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia. Em ambos os casos, o recado tornado claro é que, quando se trata de conciliar desenvolvimento com preservação, o poder público precisa agir com firmeza, transparência e responsabilidade. Desenvolvimento sustentável não se constrói com discursos, mas com demonstrações permanentes de que é possível prosperar com o mínimo de danos na área ambiental, uma exigência cada vez maior por parte da sociedade.
     No caso das restrições européias à aposta brasileira no chamado combustível verde, os equívocos começam com a generalização entre etanol, feito de cana-de-açúcar normalmente cultivada em latifúndios, e os demais biocombustíveis, gerados em boa parte de grãos produzidos por agricultores de pequeno porte. O Brasil, porém, deve se preocupar desde já em desfazer a imagem de que a aposta nessa alternativa energética vai contribuir para a devastação da Amazônia, devido à maior demanda por terra. Precisa manter também o rigor contra o trabalho escravo, pois denúncias nessa área se prestam até mesmo para endossar práticas protecionistas de grandes mercados. Da mesma forma, deve reconhecer que biocombustível não serve como alimento, mas pode facilitar os meios para sua aquisição.
     No caso das obras do Rio Madeira, esse papel está sendo exercido, em meio a um debate que é também saudável. Depois de quatro anos de discussão e três meses de polêmicas que dividiram até mesmo ministros, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou as hidrelétricas. A contrapartida é o cumprimento de nada menos que 33 "condicionantes", algumas das quais poderão encarecer o projeto ou retardar suas obras, e ainda há o risco de novas demandas judiciais. Ainda assim, o importante é que, agora, uma usina da importância da Santo Antônio para atenuar o risco de um novo apagão no país já poderá ter o seu edital publicado em agosto e o leilão está prometido para outubro, com possibilidade de gerar energia já a partir de 2012.
     A saudável preocupação ambiental, que permeia todas as intervenções humanas sobre a natureza, não pode ser considerada nem com o radicalismo de algumas organizações ambientalistas, nem com a sofreguidão dos que querem empreendimentos seja qual for o custo ecológico. O Brasil criou mecanismos de análise dos efeitos dessas intervenções humanas que, em última análise, têm a função de avaliar os efeitos das obras sobre a natureza e o custo ambiental desses projetos. É a sociedade exercendo seu papel de fiscalização tendo em vista os interesses tanto imediatos quanto permanentes.
 
Editorial de Zero Hora (11/07/2007 - ed. n° 15.298)


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Aquecimento não é provocado pelo Sol, diz estudo

     Um novo estudo científico concluiu que mudanças na atividade do Sol não podem estar causando mudanças climáticas no mundo moderno. Ele mostra que nos últimos 20 anos a atividade do Sol diminuiu, embora temperaturas na Terra tenham aumentado.
     O estudo mostra ainda que as temperaturas modernas não são determinadas pelo efeito do sol em raios cósmicos (um tipo de radiação emitida por estrelas e galáxias), como foi alegado.
     Por esta teoria, os raios cósmicos ajudam a formação das nuvens ao fornecer pequenas partículas em torno das quais o vapor d'água pode se condensar. De maneira geral, nuvens resfriam a Terra.
     Durante certos períodos de atividade solar, raios cósmicos são bloqueados parcialmente pela maior intensidade do campo magnético do Sol. A formação de nuvens diminui e a Terra se aquece.
     Em artigo na revista científica da Sociedade Real Proceedings A, os pesquisadores dizem que raios cósmicos podem ter afetado o clima no passado, mas não no presente.
     "Isto deve resolver o debate", disse Mike Lockwood, do Laboratório Rutherford-Appleton, na Grã-Bretanha, que realizou o novo estudo juntamente com Claus Froehlich, do World Radiation Center, na Suíça.
Lockwood iniciou o estudo em parte como resposta ao documentário exibido na televisão britânica em meados do ano The Great Global Warming Swindle (A Grande Enganação do Aquecimento Global), que apresentou a hipótese dos raios cósmicos.
     "Todos os gráficos que eles mostraram paravam por volta de 1980, e eu sei por que - é porque as coisas mudaram depois daquilo", disse Lockwood. "Não se pode ignorar dados de que não se gosta", afirmou.
 
     Tendência
     A principal abordagem dos cientistas nesta nova análise é simples: observar a atividade do sol e a intensidade dos raios cósmicos nos últimos 30 ou 40 anos, e comparar estas tendências com o gráfico para média global das temperaturas da superfície, que aumentou cerca de 0,4ºC nesse período.
     O Sol varia em um ciclo de cerca de 11 anos entre períodos de atividade intensa e baixa.
     Mas este ciclo ocorre junto com outras tendências de longo-prazo e a maior parte do século 20 viu um aumento leve, mas persistente, da atividade solar.
     Mas por volta de 1985, esta tendência parece ter se revertido, com a atividade solar diminuindo. Apesar disso, neste período temperaturas subiram tão depressa, ou talvez até mais depressa, do que qualquer época nos cem anos anteriores.
     "Este estudo reforça o fato de que o aquecimento nos últimos 20 ou 40 anos não pode ter sido causado por atividade solar", disse Piers Forster, da Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha, um dos principais cientistas que contribuíram para a avaliação científica do clima feita pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês).
     O relatório do IPCC apresentado em fevereiro concluiu que gases do efeito estufa eram cerca de 13 vezes mais responsáveis do que as mudanças no Sol pelo aumento das temperaturas na Terra.
     Mas a organização foi criticada em algumas áreas por não levar em conta a hipótese dos raios cósmicos, desenvolvida por, entre outros, Henrik Svensmark e Eigil Friis-Christensen, do Centro Espacial Nacional da Dinamarca.
A análise de Mike Lockwood parece ter colocado um grande fim nesta hipótese intrigante.
     "Eu acho que há um efeito dos raios cósmicos sobre a cobertura oferecida por nuvens. Funciona no ar marítimo limpo, onde não há muito mais onde o vapor d'água pode se condensar", afirmou.
     "Pode até ter tido um efeito significativo no clima pré-industrial. Mas não se pode aplicar isto ao que estamos vendo agora, porque estamos em uma situação completamente diferente." Svensmark e Friis-Christensen não foram encontrados para comentar o caso.
 
Autor: Richard Black - BBC Brasil


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México tem cogumelo de 20 kg e 70 cm de altura

     Um cogumelo gigante com mais de 20 kg e uma altura de 70 cm foi descoberto em uma plantação de café no estado mexicano de Chiapas, informou nesta terça-feira o Colégio da Fronteira Sul (Ecosul).
 
     O cogumelo pertence a uma espécie que já havia sido encontrada anteriormente em Chiapas, explicou o curador da Coleção Micológica do Ecosul, René Andrade.
 
 
     Andrade disse que existem informes da presença desse cogumelo em países como Brasil, Costa Rica e Guatemala. Seu nome científico é macrocybe titans pegler. Por ora não existem estudos de que a espécie seja comestível ou nociva.
 
Autor: AFP - Terra
 
 


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Economia das florestas é alternativa para populações da Amazônia

Tema foi discutido nesta segunda-feira, na 59ª Reunião Anual da SBPC, em Belém
 
     Há uma tensão existente entre um novo marco institucional regido pelo ordenamento territorial na Amazônia, voltado para a racionalização do uso dos recursos naturais (um quadro legal que vem se consolidando) e a necessidade de se considerar a diversidade das formas organizacionais sociais das populações locais e seus modos próprios de gestão dos recursos naturais.
     A chamada 'economia das florestas', com seus produtos madeireiros e não madeireiros, seria mesmo uma alternativa ao alcance das populações locais para melhorar a renda familiar?
     Estes foram os temas centrais do encontro aberto acerca do valor da floresta e as populações rurais na Amazônia, realizado na tarde desta segunda-feira, coordenado pelo antropólogo Roberto Araújo de Oliveira Santos Júnior (MPEG), com a participação de Márcia Muchagata, agrônoma do Sistema Florestal Brasileiro (SFB/MMA), Raimunda Monteiro, coordenadora do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), Gabriel Medina, doutorando na Universidade de Freiburg (ex-aluno do Núcleo de Estudos Integrados em Agricultura Familiar – NEAF, da UFPA), Iran Veiga e Gutemberg Guerra, ambos do NEAF.
     "A floresta é suprimida não porque os colonos não queiram, mas pela falta de condições de rentabilizar o seu uso sustentável". De acordo com Márcia Muchagata (SFB/MMA), as questões relativas ao meio ambiente dependem mais da capacidade das populações locais pautarem a problemática.
     Através de pesquisa realizada na região de Marabá (sudeste do Pará) entre as populações de colonos (migrantes), verificou-se a sua grande capacidade em absorver conhecimentos sobre os recursos naturais, incluindo o reconhecimento de inúmeras espécies e do seu uso.
     Nesse sentido, a degradação ambiental deve-se a uma incapacidade institucional (políticas públicas e ações de governo) de possibilitar condições de uso sustentável da floresta. É necessário negociar com os agricultores familiares, bem organizados para a conquista da terra ou para obter benefícios do Pronaf, mas não para o uso sustentável.
     De acordo com Raimunda Monteiro (Ideflor), o novo marco regulatório representa um freio institucional ao desmatamento e aos usos ilícitos dos recursos naturais, mas não estrutural, uma vez que a dinâmica das pressões permanece ativa.
     O acesso ao mercado continua sendo uma questão problemática, face às dificuldades de incremento de tecnologia e de capital (financiamentos, etc.), aliadas àquelas de organização visando o uso florestal sustentável. Nessa relação desigual há poucas chances de a agricultura familiar concorrer com setores dominantes (madeireiro).
     O manejo florestal comunitário só é rentável com investimento infra-estrutural pago por "projetos de apoio" de órgãos de desenvolvimento (governo ou ongs) e o final desses "projetos" acaba por inviabilizar a iniciativa.
     A partir de experiências na Amazônia boliviana e peruana e de casos nos estados do Acre e do Pará, Gabriel Medina (Ideflor e Universidade de Freibourg) tratou dos sistemas de manejo comunitário em que a remuneração se dá pela venda de madeira para os madeireiros ou pelo manejo comunitário.
Através de um sistema de benefícios indiretos (infra-estrutura), verifica-se um elevado grau de dependência das populações locais em relação a órgãos de desenvolvimento (madeireiras ou ongs).
     A antigüidade da interação homem- natureza na Amazônia e a diversidade da agricultura familiar (a sua própria definição, do ponto de vista legal) são os pressupostos da reflexão de Iran Veiga (NEAF) acerca da tensão existente entre o marco do ordenamento territorial e a diversidade das populações locais e seus modos de gestão dos recursos naturais.
     O manejo florestal comunitário deve responder à necessidade de participação das populações locais no manejo dos recursos naturais, traduzindo-se no seu "empoderamento", o que faz valer a multiplicidade dos modos de gestão dos recursos naturais e dos saberes envolvidos.
     Finalmente, há uma tensão entre essa multiplicidade e as políticas públicas que, por sua vez, tendem a abafar essa diversidade, suprimir os espaços formais de negociação com iniciativas fixadoras no tempo. Há uma confrontação permanente entre o saber técnico e o saber local, assim como o risco de legitimação de imposições, como os "planos de uso" das Resex, por exemplo.
     Há uma visão normativa do que deve ser o futuro da iniciativa, em que a "mata" é o elemento dinâmico na preservação de um lote. Os critérios técnicos são externos à comunidade, distintos em relação à visão dos colonos e parece não haver mecanismos para negociar essas visões diferenciadas.
     Do mesmo modo a idéia do "comunitário" vem idealizando e fixando a diversidade das formas de organização social – o comunitário é, ao mesmo tempo, "local" e "territorial". No contexto da fronteira, todavia, a migração é um fenômeno sempre presente, constituindo-se parte da realidade dessas comunidades.
     Existe um processo de aprendizagem social em torno do projeto de manejo florestal comunitário (o Estado, as ongs versus as populações locais) – mas que tipo de participação está em curso? O manejo florestal comunitário expressa realmente uma alternativa?
     "É preciso reinventar na elaboração de novas formas de abordagem na agronomia" – segundo Gutemberg Guerra (Neaf), sociólogo e último expositor. Há uma polissemia da "mata" que precisa ser observada. Se para os madeireiros de Marabá, nas décadas de 80 e 90, a vocação da árvore era se tornar madeira (ou dinheiro), em pranchas, há também um conjunto de funções positivas da árvore - como fornecer sombra, frutos, refúgio de pássaros, embelezamento de paisagem etc.
     Verificam-se, portanto, inúmeros usos materiais e imateriais da floresta, em que o seu valor não monetarizável acaba ficando oculto.
     Quanto às questões do aquecimento global e das mudanças climáticas, os parâmetros para as relações com a natureza têm que ser reinventados – o desafio consiste, exatamente, em ressignificar e criar novas práticas de pensar e de refazer essas relações.
 
Autora: Iara Ferraz - Jornal da Ciência
Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=48601

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Baú intocado

Potencial da biodiversidade brasileira para desenvolvimento de fármacos é pouco explorado 
 
     O Brasil abriga centenas de milhares de espécies de plantas, animais e microrganismos. Mas essa diversidade biológica, apesar do enorme potencial, não é aproveitada para o desenvolvimento de novos medicamentos. Em simpósio durante a reunião anual da SBPC, cientistas da área defenderam o investimento em pesquisas para buscar a identificação de princípios ativos que atuem seletivamente em alvos terapêuticos específicos, com o objetivo de agregar valor a componentes da biodiversidade brasileira.
      Entre as oportunidades de pesquisa na área, Carlos Amilcar Parada, do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), destaca a busca, em especial no extenso banco genético da Amazônia, de uma molécula capaz de bloquear, sem afetar outras regiões do organismo, a ação dos chamados canais de sódio. Essas estruturas, presentes nos neurônios do sistema nervoso periférico, estão associadas à presença da dor.
 
Pesquisadores brasileiros esperam encontrar na fabulosa riqueza genética da biodiversidade amazônica moléculas capazes de agir contra a dor inflamatória e outros males (foto: Cesar Paes Barreto).
 
     "Esse é um importante alvo terapêutico", diz Parada. "Cerca de 61,3% dos adultos entre 18 e 60 anos sofrem de dor." Mas, segundo o pesquisador, os analgésicos existentes atualmente agem contra a dor global e acabam gerando reações indesejadas no organismo.
     Parada lamenta que, apesar da nossa vasta biodiversidade, nos faltam processos para identificar os princípios ativos adequados. Segundo ele, estudos preliminares realizados por pesquisadores estrangeiros mostraram que uma toxina extraída de um crustáceo marítimo pode ter esse efeito bloqueador dos canais de sódio. "Com tudo o que temos, essa molécula foi identificada em outro país."
 
     Atenção às plantas medicinais
     O pesquisador ressalta a importância de se investir no estudo dos componentes biológicos das plantas medicinais já usadas pela população, pois os medicamentos derivados dessas plantas têm um custo menor do que os sintéticos e são mais aceitos pela população de baixa renda. "Um estudo da Unifesp [Universidade Federal de São Paulo] com 146 espécies vegetais nativas usadas por uma tribo indígena para fins medicinais mostrou que 138 delas parecem ter algum tipo de influência sobre o sistema nervoso central", exemplificou.
     Mas é preciso cautela nos estudos com plantas medicinais selvagens. O engenheiro agrônomo Ílio Montanari Jr., do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Universidade Estadual de Campinas, explica que uma mesma espécie pode apresentar variações genéticas que causem alterações em suas propriedades químicas.
     "No desenvolvimento de medicamentos, é preciso levar em conta essa variabilidade, para não se produzir toneladas de um produto que não terá o efeito desejado", alerta. Ele destaca a importância de manter o padrão da matéria-prima usada na produção de medicamentos, o que seria mais fácil a partir do uso de plantas cultivadas.
     O farmacologista Sergio Henrique Ferreira, do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, afirma que a biodiversidade brasileira é uma grande fonte de matéria-prima para o desenvolvimento de fármacos. "Mas não bastam insumos e vontade de pesquisar, se não investirmos em ciência básica e tecnologia para a identificação de alvos terapêuticos e o desenvolvimento de medicamentos", argumenta, ressaltando ainda a necessidade de elaboração de políticas de proteção de mercado para que as inovações não sejam absorvidas por conglomerados internacionais.
 
Autor: Thaís Fernandes - Ciência Hoje On-line


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Ibama e Anvisa pedem anulação da liberação de milho transgênico

Dois recursos apresentados ao Conselho Nacional de Biossegurança apontam irregularidades na liberação comercial do milho Liberty Link, da Bayer. Lista com sugestões para a CTNBio é encaminhada à ministra Dilma Rousseff.
 
     RIO DE JANEIRO – A controversa liberação comercial do milho transgênico Liberty Link pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que já havia sido suspensa pela Justiça há duas semanas, pode estar prestes a sofrer um novo revés. Dois importantes órgãos de fiscalização ligados ao governo federal - a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) - apresentaram recursos ao Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) pedindo a anulação da decisão da CTNBio.
     Desenvolvido pela empresa transnacional Bayer CropScience, o Liberty Link teve sua liberação aprovada pela CTNBio em 16 de maio, numa decisão imediatamente criticada por organizações do movimento socioambientalista e por setores do próprio governo. Os recursos apresentados por Ibama e Anvisa estão em acordo com a Lei de Biossegurança, que determina que as decisões da Comissão podem ser revogadas pelo CNBS, que é um colegiado composto por onze ministérios (Casa Civil, Ciência e Tecnologia, Saúde, Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Justiça, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Relações Exteriores, Defesa e Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca).
     No documento encaminhado na sexta-feira (6) à ministra Dilma Rousseff, que preside o CNBS, o Ibama evoca "a possibilidade de que a deliberação tomada pela CTNBio traga graves impactos para a saúde pública e, em especial, para o meio ambiente" e enumera as razões para isso: "Inexistência de estudo prévio de impacto ambiental realizado nas condições edafoclimáticas do país; ausência de avaliação de risco, caso a caso, que fundamente a decisão da Comissão; ausência de Instrução Normativa específica com diretrizes para analisar a avaliação de risco; ausência de plano e procedimentos de coexistência do cultivo de milho geneticamente modificado sem contaminação de outros tipos de milho e irregularidades processuais".
     Em nota divulgada para explicar a ação do Ibama, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), ao qual o órgão é subordinado, afirma que "a tramitação do processo não cumpriu vários dispositivos legais contidos tanto na Lei de Biossegurança como também no decreto 5.591/05 e no Regimento Interno da própria CTNBio". O MMA afirma que "pareceres levados à plenária não foram aprovados nas respectivas subcomissões", que "o pedido de sigilo de várias partes do processo tampouco foi apreciado e votado pela plenária" e que "durante mais de oito anos o processo tramitou de forma ilegal, pois grande parte estava em língua inglesa".
     A "ausência absoluta da avaliação de risco ambiental" na decisão da CTNBio também preocupa o MMA: "Não há no processo estudos ou literatura que comprovem a ausência de danos ambientais, razão pela qual a decisão técnica não poderia ter sido emitida, pois esta ausência de dados contraria a legislação brasileira, bem como o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança", diz a nota divulgada pelo ministério.
 
     Perigo para os bebês
     Também encaminhado à ministra Dilma Rousseff, o recurso da Anvisa contra a liberação comercial do milho transgênico da Bayer tem teor semelhante ao documento do Ibama. A Agência afirma que, após analisar o parecer técnico emitido pela CTNBio, "verificou que o processo de liberação comercial do milho Liberty Link possui estudos inadequados e insuficientes para atestar a segurança alimentar e determinar os riscos à saúde pública da cultura geneticamente modificada".
     Entre as irregularidades no processo apontadas pela Anvisa, estão "a insuficiência ou inexistência de estudos toxicológicos ou de alergenicidade para comprovar a segurança do milho Liberty Link para o consumo humano". A Agência afirma que a Bayer deve apresentar maiores conclusões acerca dos efeitos do consumo de seu milho transgênico sobre as pessoas, em especial as conseqüências sobre a amamentação de bebês: "A empresa deve apresentar estudos que demonstrem a presença ou ausência da enzima PAT ou de seus componentes de degradação no leite materno, bem como estudos que relatem os possíveis efeitos da enzima PAT sobre a prole de mamíferos", diz o documento.
 
     Sugestões à CTNBio
     O recurso encaminhado ao CNBS pelo Ibama traz uma lista com sugestões a serem adotadas de agora em diante pela CTNBio: a) não aceitação de processos em língua estrangeira; b) não adoção da equivalência substancial como critério único de biossegurança, como ocorreu com o milho Liberty Link; c) observância ao principio da precaução; d) inclusão de medidas de biossegurança, como regras de coexistência e plano de monitoramento, no corpo da decisão técnica; e) exigência de realização de avaliação de riscos em ecossistemas brasileiros; f) não aceitação de sigilo em produtos transgênicos a serem comercializados.
 
Autor: Maurício Thuswohl - Carta Maior


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segunda-feira, 9 de julho de 2007

Danos de biocombustíveis preocupam alemães

     A Alemanha está preocupada com o "boom" na utilização dos biocombustíveis e teme efeitos nefastos para o meio ambiente nos países em desenvolvimento causado pelas plantações destinadas a sua produção.
     A atual corrida dos biocombustíveis com a meta de reduzir o impacto da emissão de gases causadores do efeito estufa no aquecimento global é uma "biomentira", assegura Thomas Henningsen, da organização Greenpeace "Isto não tem nada a ver com o 'bio'", assegura.
     O prêmio Nobel de química 1988, o alemão Hartmut Michel, também criticou o aumento da utilização de biocombustíveis na União Européia, em entrevista ao jornal Neuen Osnabrücker Zeitung.
     A decisão da UE de misturar biocombustíveis com a gasolina tradicional é "extremamente negativa" do ponto de vista ambiental por seus "efeitos devastadores" para as selvas tropicais, disse o jornal.
     Como os custos da fabricação dos biocombustíveis são mais elevados na Europa do que nos países emergentes, a UE se vê obrigada a importar por exemplo azeite de palma da Indonésia, o que leva os exportadores a cortar ou queimar suas selvas tropicais para plantar palmeiras, explicou.
     O mesmo acontece com as importações de biocombustíveis extraídos do bagaço da cana-de-açúcar ou da soja no Brasil.
     Segundo a Greenpeace, 87% das selvas tropicais destruídas no sudeste asiático entre 1995 e 2000 tiveram como objetivo a criação de plantações para a extração do azeite de palma.
     O governo alemão estuda a implementação de um sistema de certificação para o azeite de palma para evitar o desmatamento de áreas inteiras de palmeiras.
     O ministro alemão do meio ambiente, o social democrata Siegmar Gabriel, propôs na quinta-feira que a indústria não se beneficie de subsídios para a utilização de azeite de palma até que não seja implementado um verdadeiro sistema de monitoramento das condições de sua produção.
     Atualmente, cerca de um quarto das importações de azeite de palma da UE está destinado à produção de biocombustíveis.
     Os ecologistas também deram o sinal de alerta para o Brasil, onde a Floresta Amazônica estaria sendo destruída para que as plantações de cana-de-açúcar e os cultivos de soja sejam ampliados, com o objetivo de aumentar a produção de etanol (álcool combustível). Seus custos de produção no Brasil são inferiores ao da produção de azeite de canola na Europa.
     A Comissão Européia quer que os biocombustíveis representem pelo menos 10% dos combustíveis utilizados pelo setor de transporte em 2020.
Segundo Thorben Becker, especialista em energia da Bund, uma associação ambiental, o recurso à biomassa seria mais razoável para alcançar esse objetivo.
     A recente "crise da tortilla" no México, com o grande aumento do preço do milho, também mostrou os perigos de se transformar as terras que até agora estavam dedicadas à alimentação local em cultivos onde apenas crescem plantas destinadas aos biocombustíveis.
     "Temos a necessidade de implementar um conceito global, para UE e para o mundo" sobre a cultura destinada ao biocombustível, considera Henningsen, para quem seria melhor esperar uma moratória sobre a importação destes produtos.
 
Autor: AFP - Terra


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domingo, 8 de julho de 2007

Clima para o G8+5

     Em documento entregue em 16 de maio ao G8+5, as academias de Ciências de 13 países pedem medidas para a redução dos riscos climáticos. Atribuindo ao G8 parte da responsabilidade pelos atuais padrões de consumo energético e de mudanças climáticas a ele associados, o documento propõe cooperação para identificar objetivos estratégicos comuns e para implantar a sistemas energéticos eficientes e adequados ao clima. Pede, assim que os lideres mundiais do G8 promovam a eficiência energética para edificações, aparelhos, sistemas de transporte, encorajem as mudanças de comportamento necessárias, definam medidas para reduzir o desmatamento global e favoreça o intercâmbio com os países em desenvolvimento com vistas a acelerar a implantação de tecnologias mais limpas, modernas e eficientes e investir fortemente em ciência e tecnologia.
     A iniciativa foi liderada por Eduardo Krieger, presidente da Academia Brasileira de Ciências. 
     A íntegra do documento: ftp://ftp.abc.org.br/G8+5_Clima.pdf
 
Autor: Blog da Scientific American Brasil

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