sábado, 30 de junho de 2007

Monocultura de eucalipto: Uma zona

     Ameaça ao Bioma Pampa, destruição da área agricultável pela arenização dos solos férteis, escassez de água, aumento de pragas, perda da biodiversidade, extinção de plantas e animais. Cada item desta lista é o resultado do plantio extensivo de árvores exóticas em território riograndense
 
     O jornal gaúcho "Adverso" informa:
     Desde que o governo gaúcho afrouxou as diretrizes do Zoneamento Ambiental da Silvicultura, plantações de eucalipto em larga escala começaram a mudar a paisagem do pampa.
     Por trás do deserto verde em expansão, estão os interesses de grandes empresas privadas e sua estreita relação com o modelo econômico encampado pelo governo de Yeda Crusius.
     Foi o próprio governador Germano Rigotto, então em início de mandato, que anunciou a decisão da Votorantin e da Stora Enso de investir na metade sul do Estado.
     Nesta época, a Aracruz (ex-Riocell), transnacional do setor de celulose, já vinha atuando na região. Com a intensificação do plantio de eucalipto, matéria-prima da indústria de papel, tornou-se urgente a necessidade de um estudo sobre os impactos ambientas do cultivo de plantas exóticas e definição das áreas próprias para esta finalidade.
     Com a escassez de recursos humanos e materiais, e atropelada pela ação das empresas, a Fepam iniciou estudos que, ao final, limitam o plantio em locais que incluiam terras adquiridas pelas empresas e onde o plantio já havia sido feito. O relatório da Fepam desagradou a governadora e provocou o protesto das empresas. Alegando que as restrições inviabilizavam a produção, elas ameaçaram abandonar o Estado.
     "A alegação de que o zoneamento proposto pela Fepam é restrito não se sustenta. O projeto permite a utilização de nove milhões de hectares com atividades de silvicultura. Uma disponibilidade de área nesta dimensão, de maneira alguma, pode ser considerada restritiva", argumentou o deputado Elvino Bohn Gass, presidente da Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa.
     Para o grupo Defesa da Vida Gaúcha (http://www.defesabiogaucha.org), os impactos sobre o ambiente podem ser irreversíveis.
     No Espírito Santo, por exemplo, 3% das terras foram destinadas às monoculturas de árvores exóticas, o que representa entre 20% e 25% das terras produtivas.
     No Rio Grande do Sul, a estimativa é que em pouco mais de uma década um milhão de hectares estejam ocupados por árvores exóticas.
     De acordo com o engenheiro agrônomo Sebastião Pinheiro, "no Espírito Santo, mais de 200 arroios e rios desapareceram nos últimos 20 anos".
Integrante do Núcleo de Economia Alternativa da Ufrgs, Pinheiro adverte que este modelo diminuirá ainda mais a altura do nosso lençol freático e trará graves conseqüências para todo o Brasil.
     "O eucalipto é uma planta de vida curta, derrubada a cada sete ou oito anos e transformada em celulose, não é para ser observada como uma árvore, porque não tem uma infância, uma adolescência, uma maturidade e uma velhice. O eucalipto é um investimento financeiro, que não tem nada a ver com árvores", afirma.
     O comprometimento dos recursos hídricos é mais um problema para as futuras gerações. Em 2004, 85% dos municípios declararam estado de calamidade pela falta de água. Situações assim vêm ocorrendo cada vez com mais freqüência.
     Dados do grupo Defesa da Vida Gaúcha revelam que uma árvore de eucalipto consome 36,5 mil litros de água por ano. Multiplicado por 28 milhões de árvores plantadas em solo gaúcho, o consumo é maior do que o índice médio de chuvas em todo estado.
     Outro dado para refletir diz respeito ao papel que vem sendo desempenhado pela Universidade Pública.
     Segundo o jornalista Marco Aurélio Weissheimer, em matéria da Agência Carta Maior, a escassez de recursos abre espaço para que as empresas de celulose se tornem financiadoras de pesquisas.
     Em Rio Grande, o Movimento Universitário Unificado promoveu o 1º Acampamento de Alerta ao Papel da Universidade Pública, na Fundação Universidade Federal de Rio Grande (Furg), organizado para desmentir professores que têm utilizado o nome da universidade para defender empresas de celulose. O alerta está relacionado à expansão dos desertos verdes e à instalação de um pólo de celulose na região.
     Em Porto Alegre, mulheres da Via Campesina e estudantes conseguiram a suspensão de um protocolo de cooperação entre a Ufrgs e a Aracruz Celulose.
Em audiência com o reitor José Carlos Hennemann e o vice-reitor Pedro Fonseca, os manifestantes argumentaram que estabelecer parceria com a Aracruz significa concordar com a destruição ambiental e social provocada pelas multinacionais do eucalipto.
     Os estudantes também lembraram "as práticas de violações aos direitos humanos que marcam a trajetória da Aracruz Celulose em todos os estados, em especial contra indígenas e quilombolas no Espírito Santo".
     Destacando o compromisso da Universidade com as questões ambientais, o reitor José Carlos Hennemann garantiu que a Ufrgs não assinará "nenhum protocolo ou convênio para pesquisas que sejam prejudiciais à sociedade".
Leia a entrevista feita por Clarissa Pont, do jornal "Adverso", com Ludwig Buckup, professor do Depto. de Zoologia do Instituto de Biociências da Ufrgs:
"Em 14 anos, 3,4 mil tocos de eucalipto no chão..."
     "...aí essas empresas vão embora e nós ficamos aqui com uma miséria representada por 1 milhão de hectares de toco de eucalipto". As palavras do professor Ludwig Buckup criam uma imagem amedrontadora, resultado da monocultura de árvores exóticas para produção de celulose no Estado.
     A entrevista do professor do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da Ufrgs à Adverso aconteceu em um dia que ficará marcado na História do Rio Grande do Sul pelo descaso governamental com o meio ambiente.
     No dia 3 de maio, depois de uma semana de tensas negociações que culminaram na demissão da secretária do Meio Ambiente e do presidente da Fepam, a governadora Yeda Crusius resolveu passar uma borracha no zoneamento ambiental, desconsiderando o trabalho realizado pela Fepam.
Buckup anunciou que a ONG Igré, da qual faz parte, ingressará com uma ação civil pública, apoiada por outras organizações, garantindo que o zoneamento seja encaminhado ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), como deveria ter acontecido.
     Professor titular da pós-graduação em Biologia e doutor em Ciências Naturais pela Universidade de Tübinger (Alemanha), Buckup está convencido de que o importante é "procurar alternativas tecnológicas que preservem o ambiente e favoreçam atividades na indústria, na agricultura e na administração pública. Isso é ciência e este é o papel da Universidade".
 
     O Espírito Santo é um exemplo inquietante das conseqüências da monocultura de eucalipto: aumento de pragas, comprometimento dos recursos hídricos, desrespeito por áreas indígenas e quilombolas. É este o destino do Rio Grande do Sul?
Buckup – Se as empresas tiverem liberdade para agir como elas têm agido no resto do Brasil, sim. Diante de exemplos anteriores, esperava-se que os órgãos ambientais do Governo exercessem uma fiscalização sobre estas propostas de lavoura arbórea. Lamentavelmente, o governo tem mostrado que não está a fim de fazer isso, liberando plantios em qualquer lugar e de qualquer maneira. É uma ameaça muito grande para o nosso espaço natural. No Espírito Santo, o retrato desse descalabro está nos out doors da Aracruz espalhados pelas estradas: "Nós trazemos o progresso. A Funai, os índios". Isso é um desaforo. O Brasil deveria mandar essa gente embora, urgentemente.
 
Qual a importância do zoneamento da silvicultura para evitar tais problemas?
Buckup – Antes de mais nada, o zoneamento é uma exigência da lei, o Código Estadual de Meio Ambiente determina que ninguém pode promover uma atividade agrícola, que implica em profundas modificações ambientais, sem licenciamento. E não pode haver licenciamento sem um trabalho que identifique as zonas do Estado mais ou menos aptas para receber investimentos de natureza silvicultural. O zoneamento é um excelente documento, foi feito por pessoas qualificadíssimas, baseado em informações altamente confiáveis e referenciais bibliográficos incontestáveis. E em alguns lugares não se deve plantar nada, em uma vasta área disponível pode-se plantar moderadamente. O zoneamento mostra que o Estado possui nove milhões de hectares disponíveis para plantar eucalipto. Acontece que, durante o Governo anterior, aceitaram a vinda das empresas sem que fosse dito: "olha gente, aqui não é terra de ninguém". É como se tivessem dito: "plantem que a gente garante". Só que fizeram o zoneamento porque a lei manda. Só aí viram que não era bem assim. Parte importante das terras já compradas está em locais não apropriados e as empresas estão em cima do Governo. Quem criou este problema foi o Governo do Rio Grande do Sul. Como permitem que essas empresas iniciem suas atividades, comprem terras e comecem a plantar através de documentos de alta questionabilidade jurídica, como o tal de TAC? Como permitem isso sem o zoneamento feito? Sequer aparelharam a Fepam de maneira adequada, com mais gente, recursos, combustível, técnicos. A Fepam, com todas conhecidas dificuldades, teve que arcar com uma tarefa gigantesca, finalizada com total dedicação e qualidade.
 
É possível um manejo adequado ao ecossistema, o solo agüentaria o cultivo de outras espécies entre as fileiras de eucalipto?
Buckup – Em alguns lugares do mundo, existe uma proposta que se chama de unidade agrosilvopastoril, ou seja, para não abandonar por inteiro as atividades tradicionais de campo, a proposta é que elas estejam juntas no espaço rural. A idéia foi desenvolvida por pesquisadores aqui no Rio Grande do Sul. O eucalipto seria plantado em fileiras duplas, no máximo triplas, e haveria um espaço livre de cerca de dez metros até a próxima fileira. Nesses corredores, milho, trigo, soja, sorgo, girassol seriam plantados enquanto o eucalipto é pequeno. Além disso, plantas forrageiras para atividade pecuária. Lógico que isso só é possível enquanto o eucalipto é pequeno. Mas as empresas não querem fazer isso. Os diretores da Stora Enso disseram publicamente a seguinte frase: nós viemos para plantar eucalipto e colher madeira. Ou seja, qualquer atividade desse gênero, que é interessante, não será adotada pelas empresas. Até porque plantar poucos eucaliptos é completamente antieconômico para eles.
 
O governo de Yeda Crusius anulou o parecer técnico da Fepam sobre o zoneamento para silvicultura. O que leva um governo a deslegitimar a opinião de técnicos de um órgão com a estatura da Fepam? É exagero dizer que, neste caso, o Estado não está sendo agente dos interesses públicos, mas sim dos interesses privados?
Buckup – Não é exagero, é exatamente isso. A obrigação do Governo é priorizar, ao lado do desenvolvimento econômico, a preservação ambiental. O Brasil, na Eco 92, assinou inúmeros compromissos internacionais, inclusive perante a Organização dos Estados Americanos (OEA), de só admitir desenvolvimento sustentável. Sustentabilidade é um termo que surgiu na área ambiental e significa que você pode crescer, pode gerar desenvolvimento econômico e pode usar recursos naturais, mas de tal maneira que sobre o suficiente para as gerações subseqüentes. O que está acontecendo no Rio Grande do Sul não é sustentabilidade, é a repetição de uma mesma história de exaustão dos recursos até as últimas reservas. O eucalipto pode trazer renda, mas é essencialmente para o dono da empresa e existem custos ambientais elevados nesta atividade agrícola. Para começar, é preciso varrer por definitivo desta discussão o nome florestamento ou reflorestamento. Na região reservada para o plantio dos eucaliptos, nós temos o pampa há doze mil anos, nunca teve floresta ali. Não se pode falar em reflorestamento porque plantar árvores significa uma profunda modificação da paisagem, com reflexos fortes que o ambiente não será capaz de suportar. A natureza sabe que, em função dos nutrientes disponíveis, do solo e da quantidade de água, a paisagem deve ser de campo. O eucalipto tem uma enorme taxa evapotranspiratória, ou seja, chupa muita água. Ele vai buscar água no solo e nos arroios, rios e lagos. A secagem completa de fontes de água já foi descrita com detalhes em publicações científicas importantes e aconteceu em lugares como o sul da África, na Península Ibérica e em um lugar próximo daqui, o pampa argentino. Aliás, nem é preciso apelar para a ciência, qualquer habitante do interior sabe que plantar eucalipto é ótimo para secar banhado.
 
Quais as conseqüências destas alterações?
Buckup – São alterações profundas e, naturalmente, quando existe degradação ambiental, junto acontece a piora da qualidade de vida das pessoas. Existe uma propaganda das empresas de que surgiria grande quantidade de emprego, cerca de 30 mil, mas isso é uma falácia. A silvicultura não oferece tantos postos de trabalho porque ninguém mais planta eucalipto com as mãos, tão pouco abate, porque o processo é totalmente mecanizado. De resto, já se observou e eu tenho visto pessoalmente, que os maiores bolsões de pobreza do Brasil rural estão junto aos grandes empreendimentos florestais. Porque depois que a terra das pessoas está cheia de eucalipto, não tem mais serviço. Vai fazer o que durante oito anos até o abate? Ele vai ter que sair do campo. Depois da assim chamada Revolução Verde, vai acontecer um novo momento de êxodo rural para engrossar os cinturões de exclusão social e pobreza na periferia das cidades.
 
O senhor se arriscaria dizer como seria um projeto alternativo de desenvolvimento econômico, especialmente para a metade sul?
Buckup – São inúmeras atividades para o pampa. Vamos começar com o homem do campo. Quem vive naquela região está inteiramente ajustado às tradições sócio-ambientais do espaço. Qual é a verdadeira vocação do pampa? Uma atividade de pecuária semi-extensiva, atividades agrícolas e outras vocações ainda nem totalmente exploradas como a fruticultura, por exemplo. A olericultura e as culturas tradicionais de arroz, soja, trigo. Um colega nosso, o professor Carlos Nabinger, da Faculdade de Agronomia e um estudioso da produtividade dos nossos campos, tem afirmado publicamente que não existe essa pobreza da metade sul. Existe falta de atenção para as pessoas que lá vivem. Não são levados recursos técnicos, propostas alternativas de atividade econômica, nem apoio financeiro de fomento. O professor Nabinger afirma que, com um pouco de apoio, a produtividade no pampa poderia crescer 200%.
 
Enquanto isso, a Caixa RS cria o Programa de Financiamento Florestal
Gaúcho para financiar o plantio de eucalipto...
Buckup – Então, existe aí a insistência de que a metade sul está tão pobre e que precisa de qualquer solução, o que interessa as multinacionais. Veja bem que ninguém vai produzir alimento, não se come eucalipto. O objetivo é produzir celulose, 95% para exportação. O brabo é que vamos exportar celulose pura e vamos ter que comprar o papel do exterior. Uma tora de eucalipto não é só madeira, são sais e nutrientes do solo, água. E tudo isso vai embora. Outra falácia é o investimento grandioso de bilhões. Na verdade, eles estão contabilizando o que vão investir para ganhar dinheiro, ou seja, as árvores, as sementes. Não é enriquecimento do Estado. Não vão construir infraestrutura, estradas para escoar a produção, escolas, nada disso. O que existe é uma preocupação imediatista e eleitoreira do governo. Aquela velha história: "eu vou ganhar dinheiro hoje e as gerações subseqüentes que se danem". Mas isso nós não podemos aceitar, afinal estamos vinculados à ecologia na pesquisa e as outras gerações têm que sobreviver.
 
Recentemente, a Ufrgs suspendeu um protocolo de cooperação entre a Universidade e a Aracruz Celulose...
Buckup – Suspendeu a tramitação, não está rejeitado, mas suspenso porque o Reitor determinou que, antes de discutir amplamente o tema, dentro da Universidade não se assina convênio nenhum.
 
Como a Universidade pode participar deste debate e quais critérios ela deve usar antes de envolver empresas privadas na pesquisa acadêmica?
Buckup – As empresas estão buscando apoio científico nas universidades. É muito mais fácil e barato uma empresa alcançar um recurso a um pesquisador, que fica feliz com o dinheiro que recebe. Porque se a empresa for contratar o indivíduo, terá que pagar salário, décimo terceiro, férias, previdência, montar laboratório. É mais fácil dar um dinheirinho para comprar um microscópio, uma estufa ou um tubo de ensaio. Aí entra uma questão que tem que ser examinada com cuidado: a Universidade não pode competir com seu próprio graduado, mas sim formar gente que seja contratada pelo empresariado. Sem falar na necessidade de reavaliar o papel da Universidade. Temos um quadro qualificado de pessoas para instrumentar as decisões políticas e públicas que interessem à região ou ao País. Mas se eu começo a trabalhar para as empresas, eu renuncio a este papel e passo a ser uma cópia da sociedade externa. Vou dar um exemplo: a universidade se concentra em prestar consultorias sobre alternativas de produção de concreto protendido em construções de pontes internacionais. Tem um monte de dinheiro para fazer isso, mas será que é prioridade nacional? Ou nós deveríamos pesquisar sobre materiais de construção baratos e acessíveis para a população de baixa renda fazer sua casa? Isso ninguém pesquisa porque não recebe dinheiro. Quando professores servem a Votorantin, estão usando a infraestrutura e os salários que nós estamos pagando. Eles têm que pesquisar para instrumentar o poder público a controlar as atividades das empresas e não estimulá-las a fazer o que estão fazendo. Devemos procurar alternativas tecnológicas que preservem o ambiente e favoreçam atividades na indústria, na agricultura e na administração pública. Isso é ciência e este é o papel da Universidade.
 
A iniciativa do Governo de cancelar o zoneamento tem volta?
Bukup – Administrativamente, não acredito. Na Justiça, sem dúvida. As ONGs estão articuladas e o Governo será acionado. O zoneamento ainda não é um documento acabado, teria que ser aprovado no Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), mas é uma diretriz, um ordenamento. Sem este controle, vão plantar eucalipto como doidos. Depois de dois anos, quando o zoneamento for aprovado, o texto vai ser um documento fictício. Aí a coisa fica irreversível. Ou você acha que uma empresa vai derrubar as árvores por causa de um documento da Fepam? Vão dar um jeito, através até de medidas judiciais. Por isso é preciso sustar este processo. O diretor do Consema declarou em uma entrevista que o exame do zoneamento é longo porque tem que passar pelas três câmaras setoriais (Biodiversidade, Agronegócio e Recursos Hídricos) e fica 90 dias em cada uma. As audiências públicas só acontecem em junho. Aí já vai um ano, antes de março de 2008 não tem zoneamento. As ONGs querem sustar este processo, aí há a possibilidade de criar um prazo para a aprovação. Vai ser uma queda de braço. O Governo deveria ser mais maiúsculo e não aceitar chantagens das empresas que afirmam deixar o Estado. Deveriam dizer "até logo" e elas não iriam embora porque nenhum outro país as aceita, nem o país de origem. E mentem que chega a dar pena. Dizem que apenas 3% da área do Estado será coberta por eucalipto. O Rio Grande do Sul tem 28 milhões de hectares; a metade sul, 14 milhões. Destes 14 milhões, tire a Lagoa dos Patos, a Mirim, toda faixa arenosa onde não se planta nada e as áreas já utilizadas pela agricultura que somam quatro milhões de hectares. No final, 24% da metade sul do Estado ficará coberta de eucalipto, o que é muita coisa. O impacto sobre recursos hídricos e as demais influências que uma monocultura arbórea geram serão imensos. Não há como plantar eucalipto sem grande quantidade de inseticida e isso vai para o lençol freático. Eu estive na Austrália para estudar o eucalipto no seu ambiente natural. Lá, o eucalipto vive em forma de mata de savana, uma paisagem de campo com arbustos e árvores esparsas que nem sempre tocam suas copas. Na média, são 60 eucaliptos por hectare. Aqui vão plantar 1,7 mil por hectare. Imagina o impacto. Outro exemplo: eles dizem que é possível colher a madeira depois de sete, oito anos. O abate é feito por máquinas que cortam a árvore rente 30 centímetros do solo e fica um toco no chão. Você imagina 1,7 mil tocos de eucalipto no meio do campo? O toco começa a se decompor depois de dez anos. Para arrancar, só com correntes e tratores. E quem paga isso? A Stora Enso não vai pagar e o proprietário da terra não terá dinheiro. No plantio de eucalipto, não se faz o destocamento, planta-se outras mudas entre os tocos. Ou seja, em 14 anos, são 3,4 mil tocos de eucalipto no chão. Aí essas empresas vão embora e nós ficamos aqui com uma miséria representada por 1 milhão de hectares de toco de eucalipto. Nosso solo, sem nutrientes ou água e cheio de veneno. É isso que a Yeda Crusius quer nos dar de presente? Eu não quero, muito obrigado, nem meus filhos, nem meus netos. A última coisa que deveria ser investigada pelos órgãos públicos, até pelo Conselho de Segurança Nacional, é que estas empresas estão comprando terras exatamente sobre o Aqüífero Guarani. Em dez anos, água será mais importante que celulose. Será que queremos comprar água potável destas empresas? Como se pode ver, são muitas lâmpadas vermelhas acesas no painel do cuidado ambiental.
 
Autor: Jornal da Ciência (26 de Junho de 2007)
Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=48191


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

Revolução rosa na Amazônia

     Os assentamentos do Incra estão virando a principal força de devastação na Amazônia. Nos últimos três meses, só no estado do Pará, o órgão anunciou que vai implantar uma área de assentamentos equivalente ao estado de Alagoas. Com isso, 8% da Amazônia já foi reservada para assentamentos.
     O histórico de uso de solo desses assentamentos é basicamente a retirada de madeira e o desmatamento. De cada 100 famílias assentadas, 90 gastam o dinheiro do governo e, depois de esgotar a terra desmatada, voltam a pedir mais áreas de assentamento. Aparentemente, o ciclo não tem fim.
     O mapa abaixo mostra (em rosa) as áreas de assentamento do Incra. Para piorar, parte delas está grudada em unidades de conservação (em verde) ou terras indígenas (em amarelo). Qual será a cor do futuro da Amazônia?

 
Autor: Alexandre Mansur


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Quando o produto ecológico não é "verde"

     Na onda das empresas ecologicamente corretas, a Home Depot, segunda maior varejista dos EUA depois do Wal-Mart, tem investido pesado para deixar seus produtos cada vez mais "verdes".
     Há alguns meses, enviou um comunicado para os fornecedores dos 176 mil produtos que comercializa, convidando-os a participar de um movimento para que seus produtos sejam incluídos em sua nova campanha de marketing Eco Options (opções ecológicas).
     De uma hora para a outra, a Home Depot tentou associar 60 mil itens como ecologicamente corretos. Mas apenas 2,5 mil produtos de fato mereciam esse status. Na hora de vender o conceito verde, a atacadista fez quase de tudo: uma serra elétrica seria ecologicamente correta só porque não é movida a gás; um exterminador de mosquitos, porque não contém spray tóxico; pincéis com cabo plástico foram rotulados como amigos do meio ambiente porque não são feitos de madeira.
     "Na cabeça de algumas pessoas, os produtos que eles vendem para nós não são agressores ao meio-ambiente", declarou Ron Jarvis, vice-presidente sênior da Home Depot e supervisor do programa Eco Options. "A maior parte do que vemos hoje nesse movimento em prol do meio-ambiente é um marketing cheio de tolices", disse.
     No processo de se tornar ambientalmente correta, há quem diga que a Home Depot anda exagerando. A loja está aderindo ao próprio tipo de marketing exagerado, lançando-se como ecologicamente correta, mas continuando a vender pesticidas extremamente fortes e máquinas de cortar grama poluidoras.
     O conceito de "verde" tornou-se um rótulo usado com tanta freqüência que muitos grupos ambientalistas, embora comemorem o maior interesse por parte dos consumidores, agora condenam muitas das tentativas, considerando-as como disseminação de informações incorretas com o intuito de ocultar abusos ao meio ambiente.
     Um dos motivos dessa luta é que existem poucos padrões ou certificados que confirmem a publicidade do produto tido como ecologicamente correto. "É preciso quase ser um cientista trabalhando em laboratório para decifrar as intermináveis filas de pedidos", declarou Robyn Griggs Lawrence, editor-chefe da revista Natural Home. "É difícil obter informações sobre o que torna um produto não agressivo ao meio-ambiente".
 
     Vendas maiores
     Poucas pessoas conhecem o assunto melhor do que Jarvis, da Home Depot. Mas ele muitas vezes volta a consultar os fornecedores e laboratórios independentes para esclarecer dúvidas e realizar novos testes dos produtos. Em alguns casos, solicita melhorias. E os fornecedores possuem um incentivo para atender a essas solicitações: as vendas dos produtos pelo programa Eco Options subiram, em média, cerca de 10% desde o início de sua implementação em abril.
     Por enquanto, a maioria dos produtos do Eco Options conta com certificações independentes como o Energy Star, que avalia a eficiência em termos de energia e é administrada pelo Órgão de Proteção Ambiental e pelo Ministério da Energia. Enquanto não se consegue chegar a um padrão definitivo, Jarvis e equipe se vêem às voltas com uma infinidade de pedidos.
     No momento eles estão avaliando um tapete fabricado com fibra de milho no lugar de nylon, vendido pela fabricante como um produto natural. O milho é natural, Jarvis admitiu, mas disse que com o combustível necessário para movimentar os tratores nas lavouras e para transportar o milho. "Observando o ciclo de vida completo do produto, conclui-se que o nylon exerce menos impacto ambiental", disse ele.
 
Autor: The New York Times - G1


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

Desertificação cria 50 milhões de refugiados

     O fracasso das políticas de combate à desertificação pode fazer com que na próxima década 50 milhões de pessoas se transformem em refugiados em busca de melhores condições de vida, diz um relatório da ONU.
Zafar Adeel, autor principal do estudo e diretor da Rede Internacional sobre Água, Meio ambiente e Saúde da ONU, com sede na localidade canadense de Hamilton, disse que o estudo identifica a crescente desertificação como o maior desafio ambiental de nosso tempo.
     O relatório diz que esse fenômeno atinge hoje em dia entre 100 milhões e 200 milhões de pessoas no mundo todo ao reduzir de forma persistente sua capacidade para obter alimentos, água e outros serviços essenciais. O que é mais grave é que a desertificação pode afetar diretamente, nos próximos anos, 2 bilhões de pessoas, um terço da população total do planeta, caso não se iniciem políticas globais para combatê-la.
     "A conclusão à qual se chegou é que as políticas em andamento não estão funcionando", declarou Adeel. "As razões são que os políticos foram incapazes de ver a relação entre pobreza, migração com desertificação, a falta de coordenação e diversidade de planejamentos, e a desigualdade entre os crescentes problemas e as minguantes contribuições financeiras para combater a desertificação", declarou. 
     O problema aumentará, afirmam os especialistas, quando as pessoas não forem capazes de se adaptar e forem forçadas a empreender migrações maciças. É esse temor, manifestado no "movimento em massa da população para o norte da África, que provocou um crescente interesse dos países em desenvolvimento em solucionar o problema", declarou Adeel. 
 
Autor: Julio César Rivas - EFE


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

Relatório da ONU sobre a situação da População Mundial 2007

          Obrigada por sua presença aqui hoje. É um prazer, mais uma vez, estar em Londres para lançar relatório sobre a Situação da População Mundial 2007 do UNFPA, o Fundo de População das Nações Unidas. Também é uma satisfação compartilhar com vocês o suplemento sobre a juventude, Growing Up Urban (Crescendo no Meio Urbano), que traz histórias incríveis de jovens que vivem em cidades ao redor do mundo. O suplemento apresenta os desafios da urbanização através do olhar dos jovens. 
     Este é nosso 30º. relatório sobre a Situação da População Mundial e, este ano, nosso tema é a urbanização.
     Em 2008, pela primeira vez na história, mais da metade da população mundial estará vivendo nas cidades. Estamos nos referindo à metade das pessoas que habitam a Terra. E até 2030, a população urbana deverá chegar a quase 5 bilhões –- 60% da população mundial.
     Globalmente, todo o crescimento futuro da população ocorrerá nas cidades, e quase todo nos países em desenvolvimento de hoje.
     Muitas dessas cidades já têm problemas graves, incluindo a pobreza, a criminalidade, a falta de água potável e saneamento, e o crescimento das favelas. Mas estes problemas perdem importância em comparação com aqueles que podem surgir como resultado do crescimento futuro.
     Nossa maior preocupação neste relatório é a África e a Ásia. Estima-se que no espaço de uma geração, a população urbana na África e na Ásia dobrará. Entre 2000 e 2030, a população urbana da Ásia crescerá de 1.4 bilhão para 2.6 bilhões, a da África, de quase 300 milhões para 740 milhões, e a da América Latina e Caribe, de quase 400 milhões para mais de 600 milhões.
     Nunca vimos um crescimento urbano como este, em termos de sua velocidade e escala, na história. Contudo, o impacto do crescimento futuro não atraiu a atenção pública. E muito pouco está sendo feito para maximizar os benefícios potenciais dessa transformação, ou para reduzir suas conseqüências potencialmente negativas.
     A maioria das cidades luta para atender suas necessidades atuais e está completamente despreparada para o crescimento futuro.
     O relatório sobre a Situação da População Mundial deste ano é um convite à ação. A vasta expansão urbana nos países em desenvolvimento tem implicações globais e exige uma resposta global.
     A urbanização é inevitável. O trem está em movimento e juntos temos que nos certificar de estamos no trilho certo.
     A urbanização pode e deve ser uma força para o bem. Nenhum país na era industrializada conseguiu atingir um crescimento econômico significativo sem a urbanização.
     As cidades concentram a pobreza, mas também representam a melhor oportunidade de se escapar dela. As cidades geram problemas ambientais, mas também criam soluções.
     Mas para aproveitar essas oportunidades, as cidades precisam se preparar agora para o crescimento que está por vir. Se esperarem, será tarde demais.
     Essa onda de crescimento urbano é sem precedentes. As mudanças são grandes demais e rápidas demais para permitir que os planejadores e formuladores de políticas simplesmente reajam. O relatório incita à análise profunda e medidas proativas.
     Gostaria de destacar algumas das questões mais graves e possíveis respostas.
      Sabemos que os pobres comporão uma parcela grande do futuro crescimento urbano. Conseqüentemente, devem ser parte da solução.
     Um planejamento realista requer que as necessidades, os direitos e a participação dos moradores das favelas e da população urbana pobre sejam explicitamente considerados.
     Hoje, bilhões de pessoas vivem nas favelas, 90% das quais habitam países em desenvolvimento. A luta para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, e reduzir a pobreza extrema à metade até 2015, será empreendida nas favelas do mundo. Para ganhá-la, os formuladores de políticas terão que ser proativos e começar a trabalhar com a população urbana pobre para que esta possa sair da pobreza.
     A única maneira de enfrentar e derrotar a pobreza urbana é batendo de frente, ajudando as pessoas pobres a encontrarem soluções para seus próprios problemas. As organizações de pessoas pobres urbanas, incluindo organizações de mulheres, estão ficando cada vez mais fortes e devem ser apoiadas. Estas organizações freqüentemente desenvolvem soluções criativas para as atender às necessidades de habitação e outras necessidades da comunidade, muitas vezes enfrentado oposição.
     Uma questão importante é o acesso à terra. Oferecer aos pobres lotes com infra-estrutura básica ajudará a atender necessidades atuais e futuras. Com a posse segura, ruas de acesso, abastecimento de água, saneamento, energia e coleta de lixo, as pessoas pobres construirão suas próprias casas. Um endereço pode ser o primeiro passo para sair da pobreza.
     O foco deve ser onde a maior parte do crescimento está ocorrendo. Apesar de toda a atenção dispensada às mega-cidades até agora, a maior parte do crescimento acontecerá realmente em cidades menores de meio milhão de habitantes ou menos. Em resposta a isso, uma atenção maior — em termos de recursos, informações e capacidade técnica — deve ser dada às cidades menores.
     O relatório também conclui que a mudança climática afetará os países, as cidades e os indivíduos pobres mais severamente. As pessoas pobres que vivem no litoral ou na foz de grandes rios são especialmente vulneráveis a aumentos no nível do mar. Em resposta, o intercâmbio de melhores práticas, a transferência de tecnologia, e o planejamento antecipado oferecem a melhor esperança de redução do impacto da mudança climática.
     O relatório sobre a Situação da População Mundial também desmente um mito comum. Ao contrário da opinião popular, a maior parte do crescimento urbano resulta do aumento vegetativo, e não da migração. Com algumas exceções, inclusive a China e o Vietnam, a maioria das cidades está crescendo de dentro para fora. Em resposta a isso, os formuladores de políticas devem mudar a ênfase, da tentativa de deter a migração para a oferta de serviços sociais e investimento nas mulheres.
     Os investimentos em educação e saúde, incluindo a saúde reprodutiva e o planejamento familiar voluntário, e o empoderamento das mulheres são a melhor forma de abordar o crescimento da população urbana.
     Dar prioridade ao empoderamento das mulheres aumenta a saúde e o bem estar das famílias e das comunidades.
     Finalmente, o relatório chama atenção para a imensa população urbana jovem nos países em desenvolvimento, particularmente nas favelas. Em muitos países em desenvolvimento, a metade de todos os moradores urbanos tem menos de 25 anos de idade. Em resposta, maiores investimentos são necessários para oferecer aos jovens serviços básicos, emprego e habitação. Os jovens são o futuro e as cidades são o lugar onde podem realizar seus sonhos. A falta de investimento nos jovens urbanos irá minar os esforços para reduzir a pobreza e aumentar o potencial para a crise urbana.
     Em conclusão, gostaria de enfatizar que o que acontece nas cidades na África e na Ásia e outras regiões moldará nosso futuro comum. Este é o momento de começar um esforço internacional articulado, Desencadeando o Potencial do Crescimento Urbano, como sugere o título do relatório deste ano.
 
Autor: Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

O que não mata, engorda

     O impacto que o aquecimento da Terra terá sobre os organismos vivos é uma incógnita. Entre os prognósticos da ciência, recentemente compilados pelo IPCC, está a possibilidade de parte da Amazônia se tornar uma savana empobrecida e de regiões semi-áridas sofrerem processos de desertificação. A fragilidade das plantas às mudanças climáticas é um foco de pesquisa complexo em virtude da dificuldade de se entender os seus mecanismos de resposta, mas um grupo de cientistas brasileiros embarcou no desafio de estudar o que acontecerá com algumas espécies da nossa flora se elas forem submetidas às concentrações de carbono previstas para 2050. Descobriram que algumas árvores se tornarão obesas e que o setor de energia, ironicamente, pode sair no lucro.
     A pesquisa está nas mãos do Jardim Botânico de São Paulo e do Departamento de Botânica do IB-USP, coordenado pelo professor Marcos Buckeridge. Mudas de uma mesma espécie foram dispostas em câmaras separadas, com a diferença apenas no nível de CO2 injetado em cada. Enquanto um conjunto de plantas cresce de acordo com as condições vigentes de concentração, o outro se desenvolve com 720 ppm (partes por milhão) de carbono - nível esperado para a segunda metade do século XXI.
     O experimento teve início em 2001 com a Hymenaea courbaril, nome científico do Jatobá. A escolha foi baseada na quantidade de informações que a equipe já dispunha sobre a espécie e também por dois outros motivos, como explica Buckeridge: "O Jatobá pertence a um gênero (Hymenaea) que ocorre desde o Golfo do México até o norte do Paraná. Além disso, faz parte da família Leguminosae, que está entre as de maior ocorrência nos Neotrópicos". Fica fácil perceber a predileção pela árvore cujo nome tem origem na língua Guaraní (Jatobá significa "folha dura"): espalhada em diferentes tipos de ambientes, a resposta encontrada nos laboratórios pode ser exposta para outras latitudes.
     A pesquisa também foi realizada com o Feijão-do-mato, Guapuruvu, Pau-jacaré e Jacarandá-da-Bahía, todas da família das leguminosas. De acordo com os cientistas, ela tem lugar cativo nos estudos em função de sua grande representatividade nos biomas tropicais. Depois de alguns meses, o processo de comparação entre as plantas expostas a diferentes concentrações de CO2 começou.
     No âmbito geral, foi possível diagnosticar medidas maiores para as plantas colocadas sob o efeito da atmosfera enriquecida em carbono no que se refere à altura, área foliar, taxa de crescimento relativo inicial e capacidade de realizar fotossíntese. Mas isso não é boa notícia. De acordo com os realizadores do estudo, a capacidade de maior seqüestro de CO2 não garante uma vantagem muito ampla pelo simples fato de sua transformação em amido no interior das células. Quanto maior a absorção, maior a biomassa das árvores, efeito semelhante à obesidade humana. Apesar de ainda não ser uma certeza absoluta, há sérios riscos de que a 'gordura' acumulada diminua a expectativa de vida desses vegetais.
     Mas, como a natureza é sábia, análises indicam que as folhas de Jatobá estão reduzindo seus estômatos (série de fendas responsáveis por embeber o gás carbono) ao longo dos anos. Exemplares de 1919, 1929 e 1956 se juntaram às plantas crescidas sob 720ppm e confirmaram que elas se preocupam em bloquear o espaço de entrada e saída do carbono. Nos dias atuais, um único exemplar da espécie apresenta 70 mil estômatos, em meados deste século é provável que o número caia para 50 mil.
 
     Capacidade energética
     Não é apenas da percepção do incremento de fotossíntese que vivem as pesquisas do pessoal da USP e do Jardim Botânico, grupo que conta com alunos de mestrado e doutorado que escreveram suas teses com orientação dos professores Buckeridge e Marcos Aidar. A cana-de-açúcar e o mata-pasto também foram analisados para um exame sobre a capacidade de geração energética que cada um pode ter a partir de 2050. E os resultados foram impressionantes.
     As plantas Senna alata, um tipo de mata-pasto mais facilmente encontrado no norte do país, acumulou cerca de 60% mais de biomassa do que aquelas tratadas com os níveis atuais de carbono. Como o estudo desta planta foi financiado pela empresa de energia Eletronorte, os indicadores fizeram referência à possibilidade futura de produção de energia. As cifras encontradas dão conta de que um quilograma da massa do mata-pasto pode gerar um quilowatts hora de energia. "Por enquanto, esta poderia ser apenas uma solução interessante para a fabricação de energia para famílias que vivem em regiões remotas, sem grandes impactos na emissão de carbono no mundo. Nossas descobertas indicam que o mata-pasto produzirá cada vez mais biomassa conforme o CO2 atmosférico aumentar", diz Buckeridge.
     O acúmulo do gás também promete fazer da cana-de-açúcar um gerador de energia ainda mais importante. Após 50 semanas nas câmaras de topo aberto (o CO2 excedente é injetado durante todo o período em que a planta permanece no interior da câmara e se junta ao ambiente que entra pela abertura do topo), sua realização fotossintética deu um salto quantitativo e sua capacidade de seqüestro de carbono dentro de algumas décadas será superior à observada hoje. Como se não bastasse, a oportunidade para manufatura de biocombustíveis tende a crescer muito, o que cria boas expectativas parao mercado de bionergia. Basta apenas que os espaços para o plantio da cana não sejam abertos com desmatamento.
 
Autor: Felipe Lobo - O Eco


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

Onda de calor prejudica vida selvagem na Europa

     Uma onda de calor que já matou mais de 30 pessoas em áreas do sudeste da Europa vem prejudicando a vida selvagem e as plantações, atingindo desde os sapos das lagoas gregas aos cereais plantados na região, enquanto na Itália as frutas começam a amadurecer semanas antes do esperado.
     A Grécia experimenta sua pior onda de calor dos últimos 110 anos. Sete pessoas morreram no país devido às altas temperaturas, que chegaram a 46 graus Celsius em meio ao clima quente instalado cinco dias atrás e que, na quarta-feira, não dava sinais de amainar-se.
     No sul da Itália, que viveu sua primavera mais quente dos últimos quase dois séculos, a colheita de uva e de outras frutas e vegetais neste ano deve acontecer até um mês antes do usual, no começo de agosto. O calor está "literalmente cozinhando" os limões sicilianos nas árvores, afirmou o grupo de agricultores Coldiretti, enquanto os melões, pimentões, abobrinhas, pêssegos e tomates também se viam ameaçados.
     A flora e a fauna da Grécia sofrem os efeitos do calor e ambientalistas advertiram para o perigo de as altas temperaturas terem um impacto de longo prazo sobre as populações de animais e plantas do país. "As aves que estão em período de reprodução e que colocam seus ovos em ninhos expostos correm riscos muito grandes", afirmou Martin Gaethlich, da Sociedade Helênica para a Proteção da Natureza.
     "Os ovos vão ficar superaquecidos se deixados desprotegidos. Sendo assim, as aves vêem-se obrigadas a ficar muito mais tempo com eles." As andorinhas enfrentam dificuldades para encontrar a lama utilizada na fabricação de seus ninhos, vendo-se obrigadas a viajar distâncias maiores para obter o material.
     Já os sapos, rãs e salamandras deparam-se com o sumiço de seus habitats, que estão secando. Isso vem encurtando o período de vida deles e afetando, também, os animais que se alimentam deles. Segundo Gaethlich, o inverno atipicamente ameno verificado na Grécia somado a um mês de maio mais quente que o normal e à atual onda de calor já tinham provocado mudanças que poderiam ser permanentes.
     O ambientalista disse que os incêndios florestais ocorridos nos últimos dias e alimentados pelo tempo seco e pelas altas temperaturas apenas pioravam o cenário. "Esse clima cria uma teia de problemas que terá um impacto de longo prazo se persistir ou se voltar a se instalar nos próximos anos", afirmou Gaethlich.
 
Autor: Reuters


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

Zoneamento Ambiental para atividade de Silvicultura

     Prezados amigos
 
     Entre os dias 11 e 19 deste mês aconteceram 4 audiências públicas para tratar do ZONEAMENTO AMBIENTAL PARA ATIVIDADE DE SILVICULTURA NO ESTADO: em Pelotas, dia 11; em Alegrete, dia 13; em Santa Maria, dia 14 e em Caxias do Sul, dia 19, como foi divulgado pela imprensa.
     Nestas audiências os interessados no cultivo de exóticas no Estado, especialmente na metade sul, deslocaram-se em caravanas  para todas as cidades onde ocorreram as audiências. Fizeram discursos inflamados a favor do florestamento de Pinus e eucaliptos e contra o trabalho técnico realizado pelos técnicos da SEMA (o Zoneamento Ambiental, disponível no site da FEPAM,
http://www.fepam.rs.gov.br). Em todas as audiências fizeram uso da palavra as mesmas pessoas, falando em nome da "sociedade gaúcha", numa clara atitude de manipulação.
     Como não houve uma articulação prévia do movimento ambientalista, nem recursos para organização de caravanas de simpatizantes, os interessados nas "lavouras de polpa" (segundo Lutzemberger) estão dizendo, que "a comunidade quer a implantação dos projetos de silvicultura no Estado", como se esses poucos e repetidos manifestantes fossem os legítimos representantes de toda a sociedade gaúcha. O artigo publicado na ZERO HORA pelo Deputado Berfran Rosado ilustra este ponto de vista:

 
Decidindo seus próprios rumos BERFRAN ROSADO/ Deputado estadual (PPS), coordenador da Frente Parlamentar Pró-Florestamento
 
     Ao longo do primeiro semestre, o Rio Grande do Sul discutiu o zoneamento ambiental da silvicultura, quando parcela da comunidade defendeu a proposta da Fundação Estadual de Proteção Ambiental, enquanto outra apostou no desenvolvimento do Estado, com a conseqüente geração de emprego e renda. Ainda que o debate tenha se estabelecido de forma passional por muitos, quando o discurso ambiental escondia o ideológico, a realização de audiências públicas para discutir o zoneamento mostrou-se um eficaz instrumento de participação da comunidade. Com as reuniões, a sociedade cumpriu seu papel de agente fiscalizador e, principalmente, decidiu sobre o destino que será dado a sua região. Esta relação consolida a cidadania, que tem seus direitos assegurados e não é apenas espectadora das deliberações governamentais.
     As audiências públicas revelaram, na manifestação maciça de seus participantes, que a comunidade quer a implantação dos projetos de silvicultura no Estado. Foram 233 depoimentos favoráveis ao florestamento e apenas 21 contrários. Assim, está posto um desafio: possibilitar o desenvolvimento sem prejudicar o meio ambiente. Não somos contra a existência de um zoneamento. Ao contrário, reconhecemos a importância do instrumento, pois ele certifica as empresas frente ao mercado internacional e delimita as áreas passíveis de plantio. Entretanto, posicionamo-nos contrários ao documento proposto pela Fepam, que, além de excessivamente restritivo, apresenta fragilidades legais e técnicas. Além de contrariar os códigos florestais brasileiro e estadual, a Política Nacional de Meio Ambiente, as leis federais que instituíram o Código Civil brasileiro e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o documento afronta o decreto federal 4.297/02, que estabelece o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do Brasil. Defendemos que o ZEE deva preceder qualquer outro zoneamento específico. Aliás, no Rio Grande do Sul não há estudos contra impactos de outras monoculturas e este que está sob análise desconsidera aspectos sociais e econômicos da atividade, além dos preceitos básicos do desenvolvimento sustentável.
     Estamos falando da inviabilização da produção por parte de pequenos e médios produtores e dos milhares de empregos diretos e indiretos que estão na berlinda. São investimentos de mais de US$ 4 bilhões, que talvez não se concretizem e, sobretudo, estamos tratando da vida dos gaúchos, que não está ameaçada por nenhum "deserto verde". Felizmente, as audiências provaram que a sociedade foi refratária a alguns discursos, cujas argumentações não se sustentam cientificamente. Assim, confortou-me perceber a participação decisiva da comunidade e saber da intenção da Fepam em rever sua proposta, para que tenhamos um documento mais realista e condizente com as necessidades do Rio Grande do Sul nos aspectos econômicos e no cuidado com o meio ambiente.
 

     Neste sentido, como funcionários da SEMA e integrantes da equipe que elaborou o Zoneamento Ambiental, sugerimos que todos os que são a favor da conservação da biodiversidade no nosso estado e em especial do Bioma Pampa, encaminhem manifestações a respeito do tema por escrito.  Não se trata de uma posição contrária à silvicultura, mas a favor de um plantio regrado, diminuindo os impactos e preservando os ambientes representativos dos ecossistemas do estado. Solicitamos que estas manifestações sejam encaminhadas à FEPAM até o dia 29 de junho de 2007 (data em que se encerra o prazo para o recebimento de contribuições, que podem ser de organizações govenamentais ou não, de cidadãos, do poder público, de representações de trabalhadores ou de empreendedores).
     Favor enviar as manifestações pelo correio eletrônico:
fepam@rs.gov.br ou, de preferência, entregar na FEPAM para Sílvia Pagel, Lilian Ferraro, Ana Rosa ou Manuel.
Rua Carlos Chagas, 55 - 5º andar - Centro
Porto Alegre - RS - Brasil CEP: 90030-020
Fone: 0 xx 51 3225.1588
Fax:   0 xx 51 3211-3079

 

     O jornalista Jânio Alberto Lima escreveu um artigo a respeito das audiências que segue abaixo, colocando sua visão de como as coisas ocorreram. Anexo este texto para não parecer que estou sendo parcial ou sendo levada pela "paixão", como fomos acusados nas audiências públicas.

 
Bioma Pampa, Audiências Públicas: Fascismo ou Democracia
 
     Durante um período realizamos e participamos de várias atividades (seminários, Fóruns e Palestras) em todas elas como voluntários sempre pautando a imparcialidade e priorizando o esclarecimento e as informações para as comunidades, tendo sempre como tema central a implantação das monoculturas de árvores, (silviculturas) no Bioma Pampa . Por exigência de lei foi realizado pela FEPAM o Zoneamento Ambiental para a Silvicultura ( avalia os impactos que a implantação da monocultura causará à FAUNA, FLORA, RECURSOS HIDRICOS, e às COMUNIDADES da Região) elaborado por  Técnicos de alto nível, sérios, competentes, e idôneos, (um verdadeiro raio x do Bioma Pampa). Estão sendo realizadas audiências públicas em vários municípios e assim a efetiva participação das comunidades, concordando ou não com os conteúdos do Zoneamento dos Técnicos da FEPAM, um verdadeiro exercício pleno da democracia.
     Porém ao participarmos da audiência em Alegrete, e de informações a respeito de Pelotas e Santa Maria, presenciamos fatos lamentáveis promovido pela Força Sindical, empresas, políticos e por pessoas que por relato próprio, sequer ao menos sabiam o que faziam nesses locais. Isto nos causou um profundo desapontamento; Sindicalistas, orientados e dirigidos por forças nem tanto ocultas, com claro e expresso intuito de causar terror, pânico e impacto da ordem emocional, incitavam estas pessoas para que agissem com agressão contra aqueles que tinham posições contrárias, segundo eles "os do Mal", pondo em risco de vida a todos e principalmente aos técnicos da FEPAM, ações que lembraram à época do Fascismo, onde queriam manter o povo em submissão cega aos seus verdadeiros interesses, mudavam as leis, ditavam ordens e regras e traziam desolação e desgraças irreversíveis para todos. Autoridades de Alegrete, foram agredidas e humilhadas. 
     Portanto nós de comunidades pacatas e ordeiras, nos sentimos humilhados e chocados profundamente em nossa própria  cidade; da forma como foi realizada a Audiência Pública não a legitimamos, Sendo assim exigimos as autoridades o posicionamento firme e que não compactuem com tamanha arbitrariedade e  irresponsabilidade, que coloca com toda certeza em risco a nossa soberania nacional e a democracia.
     Presenciamos a tirania opressora de multinacionais, e nos perguntamos: Será que vamos aceitar que estrangeiros com aval de políticos inescrupulosos, venham ditar regras e explorar nossos recursos naturais, nos deixando um terrível, passivo sócio ambiental?
Jânio Alberto Lima
FUNRIO, WWBrasil
 
Assinam: Arlete Ieda Pasqualetto, Márcia Jardim, Ricardo Aranha Ramos e Glayson Bencke
 
     Nota do Wilson:
     Mais uma vez a "política" impera sobre a Lei, mais uma vez a imposição, como foi com a soja transgênia, de que o benefício financeiro e que tudo seja aprovado amanhã está em primeiro lugar. A proteção do Bioma Pampa não trata de deixá-lo intacto, mas de uso controlado e com o respeito à legislação ambiental vigente.
     Vejo que os órgãos ambientais e seus técnicos buscam o desenvolvimento sustentável (equilíbrio econômico, social e ambiental) o que não é tratado pelas frentes pró-florestamento, que somente vêem o crescimento econômico. Também não creio que estes mesmos conheçam ou entendam da importância do Bioma Pampa ou se preocupam com uma melhor qualidade de vida futura para as comunidades afetadas (o Rio Grande do Sul) e, sim, que altos investimentos possam "render" grandes frutos.
     Espero que a sociedade gaúcha (e até mesmo do Mercosul) se mobilize para que sejam cumpridas as determinações do Zoneamento Ambiental, as legislações ambientais e respeitam o Princípio da Precaução tratado na Constituição Federal. Espero, também, que o Ministério Público atue conforme determina a Lei, porque com o uso demasiado dos Termos de Ajustamento de Conduta o meio ambiente perecerá... e nós juntos, seja de fome e, principalmente, de sede. Assim, qual é a preocupação com as gerações futuras???


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Nada a comemorar

Brasil vive retrocesso ambiental nos últimos anos, diz ambientalista
 
     Quinze anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92), a questão ambiental brasileira voltou a ser amplamente debatida no 5° Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), realizado em Foz do Iguaçu (Paraná), de 17 a 21 deste mês. "Infelizmente não há nada a comemorar", lamentou Clóvis Borges, diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS), uma das mais conhecidas e respeitadas ONGs ambientalistas do Paraná. Borges, que participou ativamente do evento, disse que o país viveu um retrocesso ambiental nos últimos 15 anos.
     Na opinião de Borges, as políticas públicas no país não atuam com força suficiente para priorizar a conservação ambiental. Ele apontou três fatores que podem acelerar a perda da biodiversidade: o modelo capitalista que prega o desenvolvimento a qualquer custo, a "superficialidade" da pesquisa acadêmica e o "conservadorismo" do movimento socioambiental.
     Considerado o maior encontro da América Latina sobre o tema, o 5° CBUC mobilizou 1.879 participantes de 21 países. Durante os cinco dias de congresso, foram realizados 30 eventos paralelos, entre os quais, mesas-redondas e lançamentos de publicações sobre unidades de conservação. Também foram aprovadas 13 das 18 moções propostas como medidas para proteção da caatinga, ampliação de parques nacionais, solução de problemas de sobreposição entre terras indígenas e unidades de conservação e criação da carreira de guarda-parque. A programação incluiu ainda palestras de especialistas de 20 nacionalidades, exposição de trabalhos técnicos, debates e decisões sobre o posicionamento de chefes de unidades de conservação.
     De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), o Brasil tem 55 milhões de hectares distribuídos por 245 áreas federais protegidas, 62 das quais são parques nacionais. As áreas conservam grande variedade de paisagens e ecossistemas, que vão da floresta amazônica e de remanescentes da mata atlântica a florestas secas do Nordeste. Ainda conforme o Snuc, de 2000 a 2005, a visitação nas unidades de conservação brasileiras aumentou 9% ao ano. Nos últimos três anos, chegou a crescer 16% em média. Mas esse salto se concentra em alguns parques nacionais, como o do Iguaçu (Paraná), o da floresta da Tijuca (Rio de Janeiro), o de Aparados da Serra (Rio Grande do Sul) e o de Fernando de Noronha (Pernambuco). Nos outros, o número de visitantes é mínimo. 
     Se de um lado é preciso que as pessoas visitem unidades de conservação para aprender sobre a natureza e, conseqüentemente, atingir maior grau de responsabilidade ambiental, por outro os parques correm o risco de ficar expostos a " tsunamis humanos", como alertou o professor de ciências ambientais da Universidade de Duke (Estados Unidos) John Terborgh, em conferência feita durante o evento. Para evitar essa situação, ele propôs uma estratégia de priorizar politicamente as áreas de conservação, levando em conta sua visão de que, em países com problemas sociais graves e instituições fracas, os parques nacionais estão fadados ao fracasso.
 
     Polêmicas
     A publicação do trabalho Assentamento de reforma agrária, meio ambiente e unidades de conservação , em CD-ROM, pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), causou controvérsia. Segundo o Instituto, 15% da destruição de florestas na Amazônia nos últimos anos se deram no âmbito dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e 66% dos assentamentos do Incra entre 2002 e 2004 ocorreram na região amazônica.
    O estudo do Imazon responsabiliza pequenos agricultores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST) pelos assentamentos e não menciona o papel de empresários brasileiros do agronegócio em incêndios e exploração ilegal de madeira. Além dessas práticas, esses empresários defendem o plantio de organismos geneticamente modificados, os transgênicos, que, segundo uma ala de pesquisadores, põe a biodiversidade em risco. O diretor-executivo da SPVS lembrou, a propósito, que a questão da agricultura biotecnológica não figurou na agenda do encontro.
     Durante o 5° CBUC, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Antônio Herman Benjamin traçou um panorama do que ocorre, na prática, com o atual direito ambiental brasileiro e denunciou a "feudalização" dos recursos naturais do país por meio da entrega de grandes áreas públicas e unidades de conservação a grupos cujas peculiaridades podem legitimar muita coisa, mas não o espólio do que a constituição federal chama de "bem de uso comum do povo".
     Na ausência – já esperada – da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e do presidente do recém-criado e polêmico Instituto Chico Mendes, João Paulo Capobianco, os servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) protestaram vestindo camisas com o símbolo do instituto dividido ao meio. Marcelo Pessanha, chefe da área de proteção ambiental do Cairuçu, em Parati (Rio de Janeiro), leu o manifesto produzido por cerca de 200 gestores de unidades de conservação reunidos em assembléia.
     No manifesto, os chefes de unidades federais repudiam a Medida Provisória 336/07, que criou o Instituto Chico Mendes, alegando que ela viola os princípios de participação social na gestão ambiental, reduz a estrutura do Ibama nos estados e complica o dia-a-dia das unidades de conservação, eliminando estruturas de apoio administrativo, jurídico, de prevenção de incêndios e educação ambiental. Consideram ainda que a medida enfraquece a execução da política nacional do meio ambiente.

Autor: Pedro Junior da Silva - Ciência Hoje On-line/PR
 
Nota do Wilson: O debate sobre a superficialidade dos órgãos públicos em agir a favor do meio ambiente, o que é legalmente imposto, é uma questão vista na esfera federal, estadual e municipal. Observa-se casos de omissão e passividade principalmente porque, politicamente, "não gera votos" ao contrário do crescimento industrial a qualquer custo.


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

Elevação do mar pode ser perigo imediato

     A elevação do nível dos mares e o derretimento das calotas polares estão nos limites máximos das projeções, já causando dificuldades incontornáveis em vários assentamentos humanos, disseram importantes cientistas ao analisarem novos dados de satélites.
     Em fevereiro, o relatório de uma comissão climática da ONU estimou entre 18 cm e 59 cm a elevação dos mares neste século, com um aumento de temperaturas na faixa de 1,8 graus Celsius a 4 graus Celsius.
     "As observações estão no limite superior das projeções", disse o respeitado oceanógrafo australiano John Church à Reuters.
     Passado esse limite, partes da Antártida e da Groenlândia se aproximariam de um degelo virtualmente irreversível, o que faria o nível do mar subir vários metros em todo o mundo, disse ele.
     Em 2002, parte da banquisa de Larsen se rompeu na Antártida, criando um iceberg do tamanho de Luxemburgo, com 500 bilhões de toneladas. Isso não se repetiu desde então, mas o aquecimento da península Antártica é o mais acelerado em todo o planeta, e as geleiras recuam fortemente.
     "Houve cenários apocalípticos de que o oeste da Antártida poderia desabar bem rapidamente," diz Tas van Ommen, glaciologista da Divisão Antártica Australiana, em Hobart.
     Tal apocalipse não ocorreu, mas mesmo no leste da Antártida, que é isolado do aquecimento global pelo frio extremo e pelas altitudes elevadas, novos dados mostram que a altura da geleira de Tottenham, perto da base australiana de Casey, diminuiu dez metros nos últimos 16 anos.
     Os cientistas dizem que o gigantesco recuo da geleira da ilha Heard, mil quilômetros ao norte da Antártida, é um exemplo de como áreas periféricas da região polar estão derretendo.
     Além disso, o rompimento do gelo cria icebergs que também abrem trilhas que aceleram o fluxo das geleiras para o mar.
     Church lembrou que os mares eram 4-6 metros mais elevados há 100 mil anos, quando as temperaturas estavam nos níveis esperados para o final deste século.
     Os fluxos dinâmicos de gelo podem acrescentar mais 25 por cento à estimativa de aumento dos mares feita pela comissão da ONU, segundo Van Ommen.
     O cientista australiano John Hunter, que estuda a história do nível dos mares, aconselhou as comunidades litorâneas a erguerem diques para conter as marés do futuro. "(Mas) há muitos lugares onde não dá para fazer isso e onde será preciso se acomodar às inundações", afirmou.
Isso já acontece no sul da Inglaterra, onde as autoridades não conseguiram proteger todas as áreas do avanço do mar.
     Cerca de 100 milhões de pessoas em todo o mundo vivem a menos de um metro acima do nível do mar, segundo o cientista Steve Rintoul, também do governo australiano. "Esses 100 milhões de pessoas terão de ir para outro lugar", afirmou.
     Cada metro a mais no nível do mar provoca um recuo de cerca de cem metros na linha das praias, e cada tempestade torna as regiões mais propensas à erosão. "Não dá para dizer que vamos simplesmente erguer diques", afirmou Hunter.
 
Autor: Reuters - G1


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

Brasil registra elevação no nível do mar

     O nível do mar está avançando no Brasil, de acordo com o que os cientistas esperavam do aquecimento global, revela um estudo do IBGE divulgado nesta terça-feira (26), feito a partir de observações nas estações de monitoramento localizadas em Imbituba (SC) e Macaé (RJ).
     Em Ibituba, a elevação registrada foi de 1 cm entre dezembro de 2001 e dezembro de 2006, o que corresponde ao que seria esperado como conseqüência do aquecimento planetário, segundo Cláudia Lellis, gerente da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG), um projeto do IBGE, que monitora o nível dos mares brasileiros. Anualmente, a tendência de elevação anual no litoral catarinense, segundo o estudo, é de 2,5 mm -- um valor baixo, mas que, ao longo das décadas, causa estragos. Um estudo em andamento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra algumas conseqüências do aquecimento para 2100 na cidade do Rio (veja o vídeo acima).
     A elevação em Macaé, no entanto, é preocupante e alta demais para ser explicada somente pelo aumento das temperaturas. No mesmo período observado, o avanço na cidade fluminense foi de 15 cm, muito acima do esperado. De acordo com o estudo, mesmo eliminando todos os efeitos climáticos, a elevação do mar está exagerada.
     "Não sabemos porque isso aconteceu. Alguma influência local está causando isso e precisamos investigar mais para saber exatamente o que é", afirmou Lellis ao G1. Segundo ela, o mais provável é que esteja ocorrendo um rebaixamento das camadas geológicas no local onde está a cidade. Ou seja, Macaé pode estar afundando –- e não o mar subindo.
     "Essa é a hipótese mais provável, mas neste momento não é possível apontar que esse realmente seja o caso", afirmou a pesquisadora. Entre as outras possibilidades estão a ação do vento, mais forte na região, que "empilharia" as águas costeiras, e alterações na hidrografia local causada pela ação humana.
     O IBGE possui ainda duas outras estações para monitorar o avanço do mar, uma em Salvador (BA) e outra em Santana (AP), mas elas funcionam há muito pouco tempo para seus dados serem confiáveis. Uma quinta estação, em Fortaleza, será instalada ainda neste ano.
 
Autor: Marília Juste - G1


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

Ipê-roxo tem propriedades anticancerígenas

     Cientistas americanos descobriram que uma substância extraída da casca do ipê-roxo mata um certo tipo de célula cancerígena, indicou nesta segunda-feira um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
     Segundo os pesquisadores do Centro Médico Southwestern, da Universidade do Texas, a descoberta pode abrir o caminho para um novo tratamento contra o tipo mais comum de câncer de pulmão.
     Um dos compostos tirados da casca da árvore, o "beta-lapachone", mostrou promissoras características anticancerígenas. Cientistas já estão utilizando a substância em testes clínicos para examinar seu resultado contra o câncer de pâncreas nos seres humanos.
     No entanto, até o momento ainda não se sabe como funciona o mecanismo que mata as células cancerígenas. "Basicamente, descobrimos o mecanismo de ação do beta-lapachone e uma forma de utilizar o remédio num tratamento individualizado", disse David Boothman, professor do Centro Oncológico Integral Harold Simmons e autor principal do estudo.
     Em sua pesquisa, os cientistas determinaram que o composto extraído da casca da árvore interage com uma enzima identificada como NQ01, encontrada em células de câncer pulmonar e outros tumores sólidos. Nos tumores, a substância é metabolizada e produz a morte celular sem danificar os tecidos não cancerosos, diz o estudo.
     A substância também altera a capacidade das células cancerígenas de reparar seu DNA, levando à sua morte. A radiação danifica o DNA das células, aumentando a presença de NQ01, segundo os cientistas.
     "Quando se dirige a radiação sobre um tumor, os níveis de NQ01 aumentam. Tratando as células com beta-lapachone, uma sinergia entre as duas substâncias leva a uma morte contundente" das células cancerígenas, disse Boothman.
 
Autor: EFE
 
Nota: A princípio devemos ter receio quanto ao uso do Ipê-roxo porque não é destacado qual espécie que se trata o estudo. Citam o nome popular e não o científico, sendo assim, devemos ter cautela (Wilson).


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.