Na onda das empresas ecologicamente corretas, a Home Depot, segunda maior varejista dos EUA depois do Wal-Mart, tem investido pesado para deixar seus produtos cada vez mais "verdes".
Há alguns meses, enviou um comunicado para os fornecedores dos 176 mil produtos que comercializa, convidando-os a participar de um movimento para que seus produtos sejam incluídos em sua nova campanha de marketing Eco Options (opções ecológicas).
De uma hora para a outra, a Home Depot tentou associar 60 mil itens como ecologicamente corretos. Mas apenas 2,5 mil produtos de fato mereciam esse status. Na hora de vender o conceito verde, a atacadista fez quase de tudo: uma serra elétrica seria ecologicamente correta só porque não é movida a gás; um exterminador de mosquitos, porque não contém spray tóxico; pincéis com cabo plástico foram rotulados como amigos do meio ambiente porque não são feitos de madeira.
"Na cabeça de algumas pessoas, os produtos que eles vendem para nós não são agressores ao meio-ambiente", declarou Ron Jarvis, vice-presidente sênior da Home Depot e supervisor do programa Eco Options. "A maior parte do que vemos hoje nesse movimento em prol do meio-ambiente é um marketing cheio de tolices", disse.
No processo de se tornar ambientalmente correta, há quem diga que a Home Depot anda exagerando. A loja está aderindo ao próprio tipo de marketing exagerado, lançando-se como ecologicamente correta, mas continuando a vender pesticidas extremamente fortes e máquinas de cortar grama poluidoras.
O conceito de "verde" tornou-se um rótulo usado com tanta freqüência que muitos grupos ambientalistas, embora comemorem o maior interesse por parte dos consumidores, agora condenam muitas das tentativas, considerando-as como disseminação de informações incorretas com o intuito de ocultar abusos ao meio ambiente.
Um dos motivos dessa luta é que existem poucos padrões ou certificados que confirmem a publicidade do produto tido como ecologicamente correto. "É preciso quase ser um cientista trabalhando em laboratório para decifrar as intermináveis filas de pedidos", declarou Robyn Griggs Lawrence, editor-chefe da revista Natural Home. "É difícil obter informações sobre o que torna um produto não agressivo ao meio-ambiente".
Vendas maiores
Poucas pessoas conhecem o assunto melhor do que Jarvis, da Home Depot. Mas ele muitas vezes volta a consultar os fornecedores e laboratórios independentes para esclarecer dúvidas e realizar novos testes dos produtos. Em alguns casos, solicita melhorias. E os fornecedores possuem um incentivo para atender a essas solicitações: as vendas dos produtos pelo programa Eco Options subiram, em média, cerca de 10% desde o início de sua implementação em abril.
Poucas pessoas conhecem o assunto melhor do que Jarvis, da Home Depot. Mas ele muitas vezes volta a consultar os fornecedores e laboratórios independentes para esclarecer dúvidas e realizar novos testes dos produtos. Em alguns casos, solicita melhorias. E os fornecedores possuem um incentivo para atender a essas solicitações: as vendas dos produtos pelo programa Eco Options subiram, em média, cerca de 10% desde o início de sua implementação em abril.
Por enquanto, a maioria dos produtos do Eco Options conta com certificações independentes como o Energy Star, que avalia a eficiência em termos de energia e é administrada pelo Órgão de Proteção Ambiental e pelo Ministério da Energia. Enquanto não se consegue chegar a um padrão definitivo, Jarvis e equipe se vêem às voltas com uma infinidade de pedidos.
No momento eles estão avaliando um tapete fabricado com fibra de milho no lugar de nylon, vendido pela fabricante como um produto natural. O milho é natural, Jarvis admitiu, mas disse que com o combustível necessário para movimentar os tratores nas lavouras e para transportar o milho. "Observando o ciclo de vida completo do produto, conclui-se que o nylon exerce menos impacto ambiental", disse ele.
Autor: The New York Times - G1
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