sábado, 13 de outubro de 2007

Um inimigo dentro de nós?

Colunista discute os estranhos retrovírus endógenos, responsáveis por 8% do nosso genoma
 
 
     Walt Kelly (1913-1973) foi um dos grandes cartunistas americanos. Seus fascinantes personagens animais, liderados nas estórias por Pogo, um gambá, filosofavam e faziam críticas sociais e políticas sem medo nem pudor no pântano em que viviam. De lá brotaram reflexões geniais como: "este problema apresenta oportunidades intransponíveis", "Deus não está morto, só está desempregado..." ou "não leve a vida tão a sério, meu filho, pois ela não é permanente".
     Mas certamente a tirinha mais famosa de Kelly foi publicada em 1970, para comemorar o primeiro "Dia da Terra". Nela (ver figura abaixo) Porky Pine (um porco-espinho) inspecionando a enorme poluição do pântano, observa que "É muito difícil andar sobre esta tralha", enquanto Pogo, exclama: "Sim, meu filho, nós encontramos o inimigo e ele é nós".
 
 
(texto e arte: Walt Kelly). 
 
     Ao contemplarmos o nosso genoma, verificamos que, como já discutido em uma coluna anterior , 42% dele é composto de parasitas intragenômicos, seqüências de DNA derivadas de moléculas de RNA pelo mecanismo de transcrição reversa. Assim como o pântano de Pogo, o nosso genoma está poluído por tralha acumulada durante a nossa longa história evolucionária. Diferente, porém, é o fato de que o genoma ainda assim funciona muito bem, obrigado.
     Os componentes mais bizarros desse zoológico genômico certamente são os retrovírus endógenos. O próprio nome deles já inspira medo, pois sempre associamos a idéia de vírus a doenças. Podemos nos perguntar então: esses elementos são perigosos? Estamos acolhendo um inimigo dentro de nós?
Retrovírus infecciosos e retroposição
     O "dogma central da biologia molecular", enunciado em 1958 pelo grande cientista inglês Francis Crick (1916-2004), estabelecia que a informação genética flui unidirecionalmente de DNA para RNA para proteínas. Como sói acontecer com dogmas, este não durou muito tempo. Em 1970 dois cientistas americanos, David Baltimore (que tinha apenas 32 anos na época) e Howard Temin (1934-), descobriram de forma independente uma enzima chamada transcriptase reversa, capaz de sintetizar DNA usando RNA como molde.
 
 
A transcriptase reversa é uma enzima que sintetiza DNA a partir de RNA. Além de ter um papel importantíssimo no ciclo de vida dos retrovírus e na manutenção das extremidades dos cromossomos (como telomerase), as transcriptases reversas são parte fundamental e indispensável da caixa de ferramentas da engenharia genética (arte: Wikimedia Commons).
 
 
     De fato, esta é a enzima que permite que um grande grupo de vírus, chamados retrovírus, cujo genoma é feito de RNA, possa se copiar em DNA e se incorporar no genoma das células hospedeiras. A descoberta de Baltimore e Temin foi tão importante que eles receberam o Prêmio Nobel de Medicina meros cinco anos após, em 1975.
     Inúmeros retrovírus são importantes causas de doença, especialmente tumores, em várias espécies de mamíferos. Curiosamente, isso não ocorre em humanos. Na nossa espécie apenas retrovírus mais complexos e sofisticados, chamados lentivírus, são capazes de afetar nossa saúde. Aliás, é um destes lentivírus, o HIV, que causa a Aids.
     É a tendência da transcriptase reversa de cometer erros freqüentes no processo de copiar o RNA em DNA que é responsável pela elevadíssima taxa de mutação do HIV, permitindo a esse vírus evoluir com velocidade espantosa (como já discutimos anteriormente ) e escapar da vigilância do nosso sistema imunológico.
 
     De volta ao genoma humano
     Na década de 1990 foram descobertas, no genoma de aves e mamíferos, inúmeras seqüências de DNA que tinham grande similaridade com os retrovírus infecciosos e por isso foram denominadas retrovírus endógenos (RVEs). Sabemos hoje que esses estranhos elementos constituem 8% do genoma humano.
     Como já vimos acima, uma das características mais fundamentais dos retrovírus é a capacidade de integrar-se no DNA da célula hospedeira na forma de pró-vírus, como parte de seu ciclo de replicação. Assim, acreditamos que os retrovírus endógenos sejam o resultado de infecções ancestrais de células germinativas por retrovírus infecciosos. Ao incorporar-se no DNA nuclear, esses retrovírus passaram a ser partes integrais do genoma da espécie e foram transmitidos estavelmente às gerações subseqüentes.
     Esse processo de "endogenização" não ocorreu apenas no nosso passado evolucionário longínquo. Sabemos que algumas cópias desses RVEs são polimórficas (estão presentes em algumas pessoas e não em outras), indicando com certeza que foram integradas ao genoma humano após a emergência da humanidade moderna na África, há menos de 200 mil anos.
     Um pequeno raciocínio evolucionário nos sugere que, se a presença dos RVEs fosse muito deletéria, eles jamais teriam se perpetuado no genoma, pois teriam sido eliminados pela seleção natural. Sabemos que a expressão genética dos retrovírus endógenos recém-incorporados ao genoma é reprimida por metilação, como já discutido em uma coluna anterior . Assim, eles tornam-se seletivamente neutros e podem fixar-se nas populações através de deriva genética. Com o tempo, os RVEs acumulam deleções e mutações que fazem com que praticamente todos eles sejam defeituosos. Existe expressão genética por parte de alguns retrovírus endógenos humanos, mas todos os que conhecemos são incapazes de se replicarem.
 
     Anjos ou demônios?
     Um dos maiores sucessos do grande compositor e cantor franco-armeniano Charles Aznavour (1924-) foi uma canção belíssima (embora talvez um pouco chauvinista) chamada "Tous les visages de l'amour" ("Todas as faces do amor" – a versão inglesa, intitulada "She" , ficou famosa como tema sonoro do filme Notting Hill , um sucesso de 1999 estrelado por Julia Roberts). Aznavour passa os 2 minutos e 28 segundos da canção discutindo se as mulheres são anjos ou demônios, sem conclusão definitiva. E os retrovírus endógenos, são anjos ou demônios? Teríamos um inimigo dentro de nós. Ou, citando um outro filme com Julia Roberts, será que estamos "dormindo com o inimigo"?
     Pois bem, a seleção natural é um mecanismo fantasticamente oportunista, capaz de recrutar os elementos genômicos mais inusitados para a batalha evolucionária. Assim, não é nada surpreendente que alguns RVEs tenham adquirido uma função fisiológica. Estou especificamente falando de um família de retrovírus endógenos chamada HERV-W, que contém cerca de 100 cópias, todas elas defeituosas, com exceção de uma única, que codifica uma proteína intacta de envelope viral. Essa proteína é expressa em células da placenta humana e acredita-se hoje que ela esteja envolvida em uma das etapas fundamentais da formação da placenta a fusão de células necessária para formar uma estrutura com o nome "cabeludo" de sinciotrofoblasto. Fica então claro e evidente que alguns retrovírus endógenos podem ter uma face de anjo. E de demônio?
     Na verdade, não temos provas claras de atividades nocivas dos retrovírus endógenos. Há relatos de possíveis participações na gênese de tumores e de algumas doenças auto-imunes humanas, como a síndrome de Sjögren. Especialmente tem se tentado implicar os RVEs na etiologia da esclerose múltipla e da esquizofrenia. No frigir dos ovos, a maior parte da evidência é indireta e circunstancial. Afinal, se todas as pessoas têm os mesmos RVEs, como podem eles serem a única causa das doenças? Novos estudos estão tentando relacionar os retrovírus endógenos geneticamente polimórficos com doenças, mas os dados ainda são muito preliminares para serem discutidos aqui.
 
 
Partículas do vírus HERV-K(HML2) reconstruído brotando da superfície de células humanas infectadas (Lee e Bieniasz, PLoS Pathogens 3: e10, 2007).
 
     No último ano, pesquisas com uma outra família de retrovírus endógenos humanos, chamada HERV-K, têm trazido resultados tantalizantes. Essa família contém o grupo de RVEs mais jovens do nosso genoma, sendo alguns ainda polimórficos. Como todos os outros RVEs humanos, os membros da família HERV-K são incapazes de replicação.
     Mas existem cenários possíveis nos quais um retrovírus endógeno pode readquirir competência replicativa e tornar-se novamente infeccioso – em suma, ressuscitar. O principal seria que as proteínas funcionais necessárias para a replicação fossem fornecidas por outros vírus endógenos ou infecciosos na mesma célula (um fenômeno tecnicamente chamado de complementação em trans).
     Esse cenário teórico de reanimação foi recentemente explorado experimentalmente por dois grupos de pesquisa, um na França (clique aqui para ver o artigo) e outro nos Estados Unidos (clique aqui para ver o artigo – arquivo com 5 Mb). Ambos os grupos usaram protocolos muito similares e inferiram, a partir do estudo das seqüências de DNA de vários membros da subfamília HERV-K(HML2), a seqüência do vírus ancestral que penetrou no genoma de um antepassado nosso há alguns de milhões de anos. Eles então reconstruíram no laboratório esse genoma ancestral e o inseriram em células humanas. Algumas das células infectadas produziram novas partículas virais (ver figura) que provaram ser competentes para infectar outras células humanas. Os cientistas franceses, muito apropriadamente, chamaram o vírus ressuscitado de Fênix .
 
     Genomas dentro de genomas  
     Em uma coluna anterior discutimos o fato de que o corpo humano contém 100 trilhões de células, 90% das quais são bactérias que vivem simbioticamente em nossa pele e cavidades corporais. É a nossa "exofauna". Sabemos que estas são em sua vasta maioria bactérias amigas, que contribuem para a nossa saúde.
 
Cromossomo politênico de Drosophila ananassae (corado em vermelho), contendo o genoma de Wolbachia em verde e indicado pela seta branca (Hotopp et al. Science , 317: 1753, 2007) .
 
     Também, pelo exposto acima, agora sabemos que 8% do nosso genoma é constituído de remanescentes de retrovírus infecciosos que penetraram as gônadas de nossos antepassados evolucionários milhões de anos atrás. É a nossa "endofauna". Esses retrovírus endógenos não parecem ser nossos inimigos explícitos. Na verdade, comportam-se de maneira neutra, nem como anjos e nem como demônios, vivendo comportadamente e sob controle em nossos genomas.
     Seria possível, em analogia aos retrovírus endógenos, ter um genoma bacteriano dentro de um outro genoma? De cara, tranqüilizo o leitor de que com certeza isso não ocorre com a espécie humana. Mas duas semanas atrás, no número de 21 de setembro da Science, cientistas do Instituto J. Craig Venter, nos Estados Unidos (baixar artigo aqui ), relataram que o genoma da mosca Drosophila ananassae possui um genoma completo da bactéria Wolbachia , que é um endossimbionte de várias espécies de invertebrados (ver figura).
     Além do seu interesse intrínseco para a biologia das espécies envolvidas, a presença dos retrovírus endógenos em mamíferos (incluindo humanos) e de genomas como o da Wolbachia em insetos indica um elevado nível de promiscuidade evolucionária. A transferência horizontal de genes e a transmissão estável deles a gerações subseqüentes parecem ser muito mais comuns do que anteriormente imaginado.
     Como este é um tipo de herança de caracteres adquiridos, deve constituir mais uma vindicação para o nosso injustiçado evolucionista francês do século 18, Jean-Baptiste de Lamarck !

Autor: Sergio Danilo Pena - Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais - Ciência On-line

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sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Aquecimento global: A Groenlândia está derretendo?

     Uma revolução silenciosa está acontecendo numa das ilhas mais gélidas e isoladas do planeta, alertou um grupo de pesquisadores. Eles mediram o quanto as geleiras da Groenlândia despejaram em gelo no oceano entre 2000 e o ano passado e viram que o fluxo praticamente dobrou entre uma data e outra.
 
 
     O fenômeno parece ter relação direta com um aumento de 3 graus na temperatura da região e pode significar, no futuro, um aumento muito mais radical do nível dos oceanos da Terra do que o que se esperava. O alerta foi lançado por Eric Rignot, do JPL (Jet Propulsion Laboratory) da NASA na abertura do 172º encontro anual da AAAS (Associação Americana para o Progresso da Ciência) em Saint Louis. O artigo com as principais conclusões da pesquisa foi publicado na revista Science. Segundo o pesquisador, os dados da Groenlândia jogam por terra tudo o que as pessoas achavam saber sobre o impacto das mudanças na geleiras. "Nenhum dos modelos usados para prever o aumento do nível dos oceanos levava em conta esse aumento no fluxo das geleiras", afirmou.
 
     O que isso significa em números reais ainda é difícil de dizer. Rignot deixa claro que o mar não vai subir um metro no mundo todo da noite para o dia. Mas, num prazo de dez anos, as geleiras em derretimento poderiam passar a contribuir entre duas e três vezes mais para o aumento do nível dos oceanos do que o estimado. Isso é crucial e alarmante porque, depois da Antártida, a Groenlândia guarda o maior reservatório de gelo em áreas terrestres do mundo. Se tudo virasse água, o resultado seria o brutal aumento de sete metros no nível do mar. Os dados do estudo vieram do acompanhamento detalhado, por satélite, de movimento, espessura e velocidade das geleiras da ilha desde o fim da última década. As geleiras são verdadeiros rios de água congelada que normalmente fluem para o oceano a velocidades baixíssimas. Muitas vezes isso nem se reflete em perda da massa do rio de gelo porque a queda de mais neve compensa o que é perdido para o mar. Não é, porém, o que tem acontecido na Groenlândia: no sudoeste e especialmente no sudeste da ilha, que é possessão dinamarquesa, a chamada descarga das geleiras aumentou de 90 quilômetros cúbicos para 220 quilômetros cúbicos na última década.
 
 Uma simulação computadorizada realizada pela NASA mostra como a diminuição na altura do gelo é mais acentuada no sul e no leste da Groenlândia.
 
 A imagem do National Snow and Ice Data Center de Boulder, Estados Unidos, indica que o padrão de derretimento não se verifica apenas na Groenlândia mas é uma realidade em praticamente toda a região do Ártico.
 
O gráfico acima mostra a variação da temperatura nos últimos anos de acordo com a estação do ano.
 
     Depois de 40 anos de estabilidade, a geleira Kangerdlugssuaq, no sudeste da Groelândia, se transformou em uma das que se dissolve com maior velocidade no mundo, segundo um especialista da Universidade de Maine, nos Estados Unidos. Ela retrocedeu inesperadamente cinco quilômetros desde 2002, de acordo informações da Nasa. A geleira se move a uma velocidade de 38 metros por dia - ou 14 quilômetros ao ano - três vezes mais rápido do que em 2002. Ninguém observou nada semelhante a estas mudanças antes. O aceleramento preocupa os cientistas. O aquecimento do planeta elevou a temperatura do sul da Groelândia na década passada, derretendo o cume das geleiras na região e criando grandes lagos. Mas os lagos que cobriam a Kangerdlugssuaq desapareceram em 2002. As fendas da geleira, ao que parece, fizeram escorrer água para o fundo, onde age como lubrificante e acelera o rumo do fluxo para o oceano.
     O gráfico ao lado mostra a evolução da cobertura de gelo na Groenlândia e outras áreas dos hemisfério norte nos últimos 25 anos. Tendência semelhante a da Groenlândia foi constatada na Antártida, onde as pesquisas científicas identificaram pelo menos seis geleiras que tiveram seu derretimento acelerado. A que sofre degradação mais rapidamente, a geleira Pine Island, contém gelo suficiente para elevar em um metro o nível mundial do mar. O quadro groenlandês é completado pelo de outras geleiras continentais mundo afora. Situação parecida se vê no Himalaia, com conseqüências potencialmente catastróficas para o suprimento de água. E na América do Sul e seus Andes os efeitos também são sentidos. A única estação de esqui da Bolívia, Chacaltaya, fechou porque sua geleira se dividiu em três. E a única geleira da Venezuela andina praticamente não existe mais."
 

     Mas é importante dizer que assim como ocorre com o tema do aquecimento global, há divergências quanto à diminuição da cobertura de gelo na Groenlândia. Algumas pesquisas, ao contrário, sinalizam que teria aumentado a espessura do gelo nos últimos anos (gráfico acima). O fato é que a maioria dos especialistas atribui a maior parte da subida do mar ao derretimento dos gelos. As geleiras contêm aproximadamente 75% da água doce do planeta. Se todos os gelos terrestres derretessem, o nível do mar aumentaria cerca de 70 metros em todo o mundo, segundo a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA). Se a camada de gelo da Groelândia derretesse, o nível do mar no planeta subiria aproximadamente sete metros.
 
  
 
     A simulação acima mostra um cenário de pesadelo com o derretimento extremamente acentuado da Groenlândia nas próximas décadas se mantido o padrão atual apontado pelas pesquisas que confirmam a diminuição da cobertura de gelo. Mas os cientistas ainda debatem se o derretimento associado ao aquecimento global tem a influência do homem ou se origina de fatos naturais. Isso porque episódios intensos e abruptos de aquecimento aparecem mais de vinte vezes no registro climático do gelo da Groenlândia. Várias centenas ou milhares de anos após o começo de um período de aquecimento típico, o clima revertia para um resfriamento lento, seguido por um resfriamento rápido, em intervalos tão curtos quanto um século. Então, o mesmo padrão se repetia, com outro período de aquecimento, com talvez apenas alguns anos. Durante as condições mais extremas de frio, icebergs chegavam à costa de Portugal. É provável que desafios menores do que esses tenham expulsado os vikings da Groenlândia durante o período frio mais recente, chamado de Pequena Idade do Gelo, que começou por volta de 1400 d.C. e durou 500 anos.
 

     O meteorologista Eugenio Hackbart, Diretor-Geral da MetSul Meteorologia, observa que a pesquisa divulgada pela revista Science baseou-se em dados sobretudo dos últimos 5 anos. Foi justamente neste período que se observou uma maior elevação da temperatura no sul da Groenlândia (ver gráfico acima). Hackbart ressalta que se for analisada a temperatura média no sul da Groenlândia nos últimos 50 anos, houve um resfriamento médio de 1 grau (gráfico abaixo).
 

     O gráfico acima mostra as anomalias de temperatura no planeta no mês de janeiro de 2006. É de particular interesse como no hemisfério norte a parte ocidental registrou temperatura brutalmente acima da média e a região oriental temperatura excepcionalmente abaixo da média. Na Groelândia, que neste momento é o nosso foco de interesse, a temperatura se comportou como na América do Norte com temperatura muito acima da média. Conforme estudo publicado na revista Scientific American, esse esquenta-esfria violento observado no norte aconteceu de forma diferente em outras partes do mundo, ainda que todos os fenômenos possam ter tido uma raiz comum. Épocas frias e úmidas na Groenlândia estiveram ligadas no passado a condições climáticas particularmente frias, secas e ventosas na Europa e na América do Norte e também coincidiram com clima quente incomum no Atlântico Sul e na Antártida. Independente das conclusões dos cientistas, a questão do aquecimento global é a que merece mais atenção por parte da humanidade e a MetSul Meteorologia seguirá dedicando amplos espaços às mais recentes pesquisas e ao debate travado na comunidade científica.
 
Autor: Alexandre Amaral de Aguiar - Metsul

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A camada de gelo na Groenlândia derrete mais rápido do que o previsto

     A camada de gelo da Groenlândia está derretendo muito mais rápido do que o previsto pelos especialistas, segundo o resultado de uma nova pesquisa do Centro Espacial da Dinamarca (DTU) divulgada nesta quinta-feira (11).
Segundo o estudo, o degelo é agora quatro vezes mais rápido do que no início da década, o que faz com que as geleiras do sudeste da Groenlândia deixem cair no mar todos os anos icebergs equivalentes a um cubo de gelo gigante de 6,5 km de extensão.
 
Groelândia.
 
     "Até 2004, a massa de geleiras no sudeste da ilha perdia de 50 a 100 km3 todos os anos. Atualmente perde 300 km3 anuais. Um aumento de 400% muito preocupante", assegura o pesquisador do DTU e responsável pelo estudo, Abbas Khan.
     Se esse ritmo continuar, "o nível dos oceanos aumentará 60 centímetros ao longo deste século, enquanto que os especialistas em clima da ONU previam um aumento de 20 a 60 centímetros", detalhou Khan.
 
Derretimento acelerado na Groelândia.
 
     "Desconhecemos se é devido à mudança climática o a outros fatores. O que fazemos é constatar uma situação alarmante", concluiu.
Os pesquisadores mediram o degelo graças a estações GPS ultra-sensíveis nas montanhas ao longo de todo o campo de gelo da Groenlândia.
     No estudo, publicado na edição on-line da revista Geophysical Research Letters, colaborou também a Universidade de Colorado (Estados Unidos).
 
Fonte: Yahoo Brasil - Ambiente Brasil

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quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Gases-estufa elevam umidade da Terra

     Os gases-estufa estão tornando a atmosfera da Terra mais úmida, o que pode levar a furacões mais potentes, temperaturas mais quentes e precipitações mais fortes nas regiões tropicais, afirmaram pesquisadores britânicos nesta quarta-feira.
     As conclusões, publicadas na revista Nature, estão entre as primeiras a mostrar como os gases-estufa produzidos pelo homem afetaram os níveis globais de umidade nas últimas décadas, e podem dar indicações sobre as futuras mudanças no clima, disseram os pesquisadores. "É mais uma peça do quebra-cabeça dizendo que as mudanças climáticas estão acontecendo e que nós as influenciamos", disse Nathan Gillet, pesquisador da Universidade de East Anglia.
 
Gases-estufa afetaram os níveis globais de umidade na atmosfera da Terra nas últimas décadas
 
     As emissões de gases como o metano e o dióxido de carbono, que aprisionam o calor na atmosfera, são responsabilizadas pelas mudanças no clima. Cientistas dizem que as temperaturas médias globais vão subir entre 2 e 6 graus Celsius até o fim do século, causando secas, enchentes e tempestades.
     O ar mais quente retém mais vapor. "Já se prevê há muito tempo que a umidade aumentaria com o aumento dos gases-estufa", disse Gillet, que comandou o estudo. "Mas esse é o primeiro estudo que mostra um impacto humano significativo na umidade da superfície", disse ele numa entrevista por telefone.
A equipe britânica coletou dados de estações, bóias e navios climáticos no mundo inteiro para medir o efeito do aumento dos gases-estufa na umidade entre 1973 e 1999. Uma simulação por computador mostrou que eventos naturais como vulcões e variações na luz do sol não poderiam ter produzido sozinhos o aumento na umidade, disse Gillet. As conclusões são especialmente significativas nas regiões tropicais, que terão um aumento maior na umidade, porque já são quentes, disse ele.
 
Fonte: Reuters - Terra Notícias

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terça-feira, 9 de outubro de 2007

Cientista: gases estufa atingiram níveis perigosos

     O boom da economia global levou a emissão de gases do efeito estufa a um perigoso patamar que só era esperado dentro de uma década e que poderá gerar danos climáticos potencialmente irreversíveis, afirmou um dos maiores cientistas da Austrália.
     Tim Flannery, um especialista em questões climáticas reconhecido mundialmente e vencedor do Prêmio Australiano do Ano em 2007, afirmou que o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas a ser divulgado em novembro mostrará que os gases do efeito estufa já atingiram níveis perigosos.
     Segundo Flannery, o relatório do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) mostrará que os gases do efeito estufa presentes na atmosfera na metade de 2005 haviam atingido uma concentração de cerca de 455 partes por milhão de dióxido de carbono equivalente - um cenário previsto para instalar-se daqui a 10 anos.
     "Acreditamos que chegaríamos a esse limiar em cerca de uma década", disse Flannery a canais de TV australianos na noite de segunda-feira. "Segundo o relatório, a quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera já está acima do limite e já há a possibilidade de haver mudanças climáticas perigosas."
     Flannery, da Universidade Macquarie, disse ter visto os dados que integrarão o documento do IPCC. O cientista afirmou que a expansão da economia global, com destaque para a China e a Índia, é um fator de peso por detrás da inesperada aceleração dos níveis de concentração dos gases do efeito estufa.
     Representantes de todo o mundo reúnem-se em dezembro, em Bali (Indonésia), a fim de dar início a negociações sobre um acordo capaz de substituir o Protocolo de Kyoto, que fixa limites compulsórios de emissão e que deixa de vigorar em 2012.
 
Fonte: Michael Perry - Reuters - Terra Notícias

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segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Concurso premia as melhores microfotos do mundo

     O concurso de Microfotografia Pequeno Mundo da Nikon anunciou os vencedores de 2007. As fotos, invisíveis a olho nu, captam diferentes momentos da vida de pequenos organismos vivos que os humanos somente conseguem enxergar com câmeras de alta resolução.
     O concurso ocorre desde 1974 e escolhe as melhores imagens enviadas por fotógrafos de todo o mundo. Este ano, as 20 melhores foram selecionadas de um total de 1.709. Os jurados avaliam as fotos a partir de sua representação técnica e também pela sua definição artística. Os resultados impressionam, dando aspecto de seres de outro mundo aos objetos retratados.
     A imagem campeã, da americana Gloria Kwon, foi a de um embrião transgênico de um camundongo. Kwon recebeu um prêmio de US$ 3 mil pela fotografia feita em um instituto de Nova York. Captada com uma luz ultravioleta, a imagem mostrou as diferenças bioquímicas entre o embrião e o tecido que o reveste.
    O fotógrafo brasileiro Rodrigo Mexas ficou em 15º lugar na competição, com a foto de um verme trematode, captada na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
 
 
Foto: Gloria Kwon/Divulgação 
Estados Unidos, 07/10/2007 - Imagem vencedora é do embrião transgênico de um camundongo
 
 
Foto: Michael Hendricks/Divulgação
Cingapura, 07/10/2007 - Parte do cérebro de um peixe
 
 
Foto: Charles Krebs/Divulgação
Estados Unidos, 07/10/2007 - Larva de um escaravelho (Hidrophilidae)
 
 
Foto: Rodrigo Mexas/Divulgação
Brasil, 07/10/2007 - Imagem de um verme Trematode enviada pelo fotógrafo brasileiro Rodrigo Mexas
 
 
Foto: Klaus-Bolte/Divulgação
Canadá, 07/10/2007 - Vespa (Amisega floridensis)
 
Foto: James Solliday/Divulgação 
Estados Unidos, 07/10/2007 - Embrião de um gato
 
 
Foto: Ralph Grimm/Divulgação
Austrália, 07/10/2007 - Cabeça de um gorgulho (um tipo de besouro)
 
 
Foto: Dr. Robert Markus/Divulgação
Hungria, 07/10/2007 - Esqueleto intacto de um inseto da espécie dos afídeos
 

Foto: David Almquist/Divulgação
Estados Unidos, 07/10/2007 - Cabeça de um escaravelho-tigre (Cicindela sexguttata)
 
 
Foto: Vera Hunnekuhl/Divulgação
Alemanha, 07/10/2007 - Um sanguessuga (Erpobdella octoculata)

 
Fonte: Terra Notícias

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Grupo vê genoma de uma espécie em outra

Bactéria parasita introduziu todos os seus genes no genoma da mosca-de-fruta.
Cientistas acreditam que, no futuro, ela pode se transformar na nova mitocôndria.
     É quase um esconde-esconde. Cientistas americanos encontraram o genoma completo de uma espécie dentro do genoma de outra. É a primeira vez que um "transplante de genoma" como esse é observado -– um fenômeno que os pesquisadores acreditam que pode ser bastante comum entre bactérias e organismos multicelulares.
    A dona do genoma invasor é uma bactéria, a Wolbachia, um dos microorganismos parasitas mais comuns do mundo, encontrado em 70% de todos os invertebrados. Ela invade o hospedeiro, geralmente um inseto, coevolui com ele, e atinge os órgãos reprodutivos, para garantir que será passada para a próxima geração.
 
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Células do hospedeiro são vistas em vermelho enquanto as da bactéria estão em amarelo (Foto: Universidade de Rochester)
 
     Esse comportamento chamou a atenção dos cientistas da Universidade de Rochester e do Instituto J. Craig Venter, nos Estados Unidos, que suspeitaram que as trocas de genes entre hospedeiro e parasita pudessem ser mais profundas do que pareciam. No trabalho publicado na revista "Science" desta semana, eles investigaram espécies normalmente parasitadas pela Wolbachia e encontraram genes da bactéria introduzidos no genoma da mosca-de-fruta Drosophila ananassae. Como se fossem parte de um só genoma.
     Se a transferência de genes entre espécies diferentes (a chamada "transferência lateral") for tão comum, isso terá implicações importantes para o estudo da evolução. Com ela, espécies podem adquirir novos genes (e novas funções) de forma bem rápida. Algo do tipo, há poucos anos, seria considerado ficção científica.
    Esses resultados vão afetar os trabalhos de seqüenciamento de genomas, porque, normalmente, os cientistas que estudam organismos invertebrados costumam descartar o DNA de bactéria que encontram pelo caminho. Esse DNA, no entanto, pode ter virado parte integrante do genoma do organismo. E pode, inclusive, ter funções importantes.
 
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Ovários da mosca de fruta mostram infecção pela Wolbachia (Foto: Universidade de Rochester)
 
     Tentativa e erro
     Para desvendar o mistério dos genes da Wolbachia no genoma da mosca-de-fruta, Michael Clark, da Universidade de Rochester tentou isolar os genes da mosca. Para isso curou os insetos da infecção, administrando um antibiótico, que matava o parasita. Mas, mesmo assim, encontrava os genes da bactéria.
     "Por meses, eu pensei que estava falhando", disse ele. "Continuava administrando antibióticos, mas todos os genes da Wolbachia que eu procurava ainda estavam lá. Comecei a achar que a bactéria tinha criado resistência ao antibiótico. Depois de meses, voltei e olhei novamente para o tecido e verifiquei que não tinha mais Wolbachia nenhuma ali", conta Clark.
     A mosca estava curada, mas o genoma do parasita continuava lá. Com mais estudos, o grupo confirmou que os genes da bactéria eram passados de geração em geração nas moscas como genes normais de insetos.
    Agora, o grupo liderado por Jack Werren vai investigar se esses genes "invasores" deram novas funções ao inseto. Dificilmente uma seqüência tão grande estaria ali sem ter o que fazer. Os cientistas acreditam até que a Wolbachia de hoje pode ser a mitocôndria do futuro. "Em cem milhões de anos, todos nós poderemos ter uma organela da Wolbachia", diz Werren. "Bem, nós não. Nós estaremos há muito desaparecidos, mas a Wolbachia vai continuar por aí".
Fonte: G1

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Geneticista católico diz que Venter 'não descobriu nada de novo'

Biólogo que pesquisa o genoma humano anunciou criação de cromossomo sintético.
Para italiano, estudo não deve abrir novas perspectivas.

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O biólogo Craig Venter, que diz ter criado um cromossomo sintético. (Foto:Divulgação)
 
     O geneticista católico italiano Angelo Vescovi afirmou neste sábado (6) que o biólogo Craig Venter, que pesquisa o genoma humano e anunciou a criação de um cromossomo sintético, "não descobriu absolutamente nada de novo".
     Vescovi disse à "Rádio Vaticano" que foi feito "um organismo geneticamente modificado de algo já existente", e não uma nova criação. No entanto, ele afirmou que se baseava no que tinha lido nos jornais, já que desconhece os dados da pesquisa.
     Vescovi, da Fondazione Istituto San Raffaele, de Milão, disse que não concorda com a afirmação de que a descoberta abre novas perspectivas para realizar feitos atualmente impensáveis.
Segundo o geneticista italiano, o que há é uma evolução técnica "que é muito interessante". "Mas se não foi descoberto nada de novo, não há uma mudança de perspectivas", afirmou.
     O geneticista disse que a biotecnologia pode "tanto ajudar como destruir a humanidade", e por isso pediu prudência ao tratar do assunto.
Não vejo um Frankenstein pela frente, mas é importante um desenvolvimento, em paralelo a estes grandes progressos da ciência, de uma cultura, de uma filosofia e de uma bioética que sirvam para equilibrar e controlar estas forças, que são inescrutáveis em suas futuras aplicações", disse.
    Outro geneticista italiano, Bruno Dallapiccola, da Universidade La Sapienza de Roma, disse que o anúncio de Venter é uma "bomba biológica".
     "Temos uma bomba biológica na mão. Estamos no campo da criação elementar", disse Dallapiccola, que se disse "admirado" como pesquisador, mas afirmou que esse tipo de descoberta deve ser controlada, "em prol da humanidade".
     Dallapiccola também disse que "nem num futuro muito distante" haverá vida humana artificial, já que "nos encontramos perante uma criação unicelular e química".
     No entanto, afirmou que essas descobertas são positivas, já que a partir delas poderá ser possível se pensar na criação do gene da insulina ou de outras proteínas.
     O americano Craig Venter anunciou a criação de um cromossomo sintético que poderia levar à criação da primeira nova forma de vida artificial na Terra, segundo publicou neste sábado o jornal britânico "The Guardian".
Fonte: EFE - G1

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Cientista cria cromossomo que pode gerar nova forma de vida

     O cientista americano Craig Venter, diretor do Venter Institute de San Diego, Califórnia, criou um cromossomo sintético que pode levar à criação da primeira nova forma de vida artificial na Terra, antecipa em sua edição deste sábado, 6, o jornal britânico The Guardian.
     Em declarações à publicação, Venter explica como, a partir de substâncias químicas fabricadas em laboratórios, se chegou à elaboração de um cromossomo totalmente sintético.
     O cientista deverá divulgar a descoberta dentro de algumas semanas, mas o anúncio poderá ser antecipado para a reunião anual do Venter Institute, que será realizada na segunda-feira.
     Venter afirmou ao Guardian que esse marco científico representaria "um passo filosófico muito importante na história das nossas espécies". "Vamos deixar de somente ler nosso código genético a poder escrevê-lo, e isso nos dá a capacidade hipotética de fazer coisas que nunca antes contemplamos", afirmou.
 
     Novas espécies
     A descoberta, como lembra o jornal, provocará intensos debates sobre a ética da criação de novas espécies.
     O Guardian adianta que uma equipe de 20 cientistas, escolhida pelo próprio Venter, e liderada pelo cientista americano Hamilton Smith, conseguiu criar um cromossomo sintético, algo que não tinha sido alcançado até o momento.
Com técnicas de laboratório, os especialistas juntaram um cromossomo de 381 genes que contém 580 mil pares de bases do código genético, segundo o Guardian.
     A seqüência de DNA se baseia na bactéria "Mycoplasma", que a equipe reduziu aos elementos básicos necessários para a vida, e eliminaram uma quinta parte de sua composição genética. O cromossomo sinteticamente reconstruído foi batizado pela equipe como "Mycoplasma laboratorium".
     Depois os especialistas transplantaram o cromossomo artificial para uma célula bacteriana viva, e na fase final do processo espera-se que o cromossomo tome o controle dessa célula para se transformar em uma nova forma de vida.
 
     Genoma
     O Guardian publicou que a equipe de cientistas conseguiu transplantar com sucesso o genoma de um tipo de bactéria à célula de outra, transformando-a.
Venter disse estar "100% convencido" que a mesma técnica funcionaria para o cromossomo criado de forma artificial.
     Essa nova forma de vida dependerá de sua capacidade para duplicar a si mesma e se metabolizar na maquinaria molecular da célula na qual foi inserida.
     No entanto, o jornal acrescenta que o DNA será artificial e é ele que controla a célula.
     Venter acredita que os genomas têm um potencial positivo enorme caso sejam usadas de forma adequada e a longo prazo podem levar a descoberta de fontes alternativas de energia.
Fonte: Estadão - Ambiente Brasil 

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domingo, 7 de outubro de 2007

Amazônia: haverá tempo?

     Na Amazônia tudo é muito grande, mega. Desde suas dimensões, exuberância, diversidade cultural, riquezas, até processos de devastação e possíveis mega-catástrofes. Ocupa 61% do território brasileiro, tem mais de 200 espécies diferentes de árvores por hectare, 1.400 tipos de peixes, 1.300 pássaros. Mais de 2 milhões de espécies e cerca de 30% da biodiversidade da Terra. Possui um terço de toda a área de florestas tropicais do mundo e é essencial para o clima e a diversidade biológica do planeta.
 
 
     Portanto, destruir a Amazônia significa levar seca prolongada para diversas regiões brasileiras e reduzir a produtividade agrícola do País, causando profundos impactos econômicos e sociais. Mas é exatamente isso que tem sido feito. Quase 20% dos seus 5 milhões de km2 já foram devastados – o desmatamento e as queimadas respondem por cerca de 75% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa, que contribuem para acelerar o aquecimento global.
     Pra não ir muito longe onde esse processo pode levar, basta ler o que está nos veículos de comunicação somente esta semana. Um estudo do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais estima que se o desmatamento alcançar 40%, pode provocar aumentos de temperatura de até 4ºC e uma redução de até 24% nas chuvas durante a estação seca na porção leste do território amazônico. Imaginemos as conseqüências disso para a vida e a economia da região.
     O conceituado cientista inglês, membro do IPCC, James Lovelock, diz que um cenário sinistro está sendo montado para a Amazônia nas próximas décadas. A maior e mais complexa floresta tropical do planeta pode estar com a morte decretada num futuro mais próximo do que se imaginava. Entre 50 e 100 anos tudo poderá se transformar numa fina areia desértica, inóspita, engolindo não só quase 50% do território brasileiro. Mesmo sendo considerada uma perspectiva exagerada por alguns de seus colegas, todos concordam que são necessárias ações urgentes na conservação e recuperação da Amazônia.  "A idéia é reduzir a todo custo o desmatamento e a emissão dos gases do efeito estufa", diz José Marengo, integrante do IPCC e cientista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, órgão do Inpe.
     De outro lado, inúmeras iniciativas e esforços têm sido feitos por centenas de instituições, setores dos governos, empresariais e da sociedade e alguns resultados tem sido alcançados; como a redução significativa do desmatamento em 2005 e 2006 – mesmo com a contribuição decisiva da redução do câmbio e dos preços das comodities. Ainda essa semana varias ONG's lançaram em Brasília a proposta de um Pacto pelo fim do desmatamento, que está sendo bem aceita pelos governos, parlamentares e setores empresariais. Resta saber se emplacará.
     Mas, haverá tempo de evitar o pior? Pergunta o jornalista Washington Novaes, citando noticias de desastres climáticos cada dia mais graves, inclusive no Brasil: seca sem precedentes no Centro-Oeste, perda de mais de 20% na safra de café, aumentos das queimadas e previsão do Inpe de que a desertificação no semi-árido atingirá 400 mil km2. Mesmo sem saber se será possível, uma parte da resposta é certa, vai depender de nós, sociedade e governos abandonar mitos de "desenvolvimento" e buscar soluções urgentes e criativas para reverter as nada animadoras perspectivas que até então se colocam.
 
Autor: Sérgio Guimarães (engenheiro civil com especialização em Políticas Ambientais. É representante das ONGs do Centro-Oeste no CONAMA (Conselho Nacional de Maio Ambiente) e foi Secretário de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso. É fundador e coordenador executivo do Instituto Centro de Vida)
Fonte: Blog do Planeta

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O preço para salvar a Amazônia

     A maior parte dos gases do efeito estufa que o Brasil manda para a atmosfera sai de algumas das áreas mais ricas em biodiversidade do planeta: a Amazônia e o Cerrado. Segundo o inventário de emissões feito pelo governo brasileiro, divulgado em 2004 e baseado em dados de dez anos antes, o desmatamento é responsável por 75% das emissões brasileiras. Uma contribuição mais do que significativa ao se considerar que o Brasil é o quarto país que mais emite gases do efeito estufa no mundo, segundo o World Resources Institute (WRI). A organização ambiental americana é dona da lista mais respeitada de poluidores da atmosfera porque têm os dados mais atualizados.
 
     De acordo com as contas do WRI, o Brasil foi responsável pela emissão de 5,3% dos gases do efeito estufa em 2000, o último ano com informações disponíveis sobre emissões causadas por atividades relacionadas ao uso da terra - fundamentais para entender a contribuição brasileira.
     Não basta para o Brasil apenas tornar seu setor energético mais limpo. O país já é dono de uma das matrizes energéticas menos poluentes do mundo: cerca de 80% da energia gerada vem de hidrelétricas, que não emitem grande quantidade de gases do efeito estufa. É por isso que a redução do desmatamento é tão importante no combate às mudanças climáticas. ÉPOCA desta semana discutiu o plano apresentado por economistas e cientistas de algumas das principais entidades ambientais do mundo para frear o desmatamento na Amazônia. A devastação na maior floresta tropical do mundo, que corresponde a 44% das emissões brasileiras, poderia ser zerada em sete anos e com R$ 7 bilhões.
 
Fonte: Blog do Planeta

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