sábado, 11 de agosto de 2007

Nós, as bactérias

Genômica permitirá mapear os trilhões de microrganismos que habitam nosso corpo, mostra colunista 
 
     Nós, humanos, iniciamos nossa vida na concepção com um única célula, o zigoto, produzido pela união de um óvulo e um espermatozóide. Através de um processo maravilhoso de multiplicação e diferenciação celular, esse zigoto dá origem a 10 trilhões de células de mais de uma centena de tipos variados no adulto. Fato : o Projeto Genoma Humano, terminado em 2003, elucidou toda a seqüência de bases do genoma humano. Conseqüência : temos todo o mapa genético para poder entender o corpo humano na saúde e na doença, certo? Erradíssimo!!!
 

Bactérias na superfície do intestino grosso humano. Foto: Gross L (2007) Human Gut Hosts a Dynamically Evolving Microbial Ecosystem. PLoS Biol 5(7): e199.   
    
     O corpo humano na verdade contém 100 trilhões de células, e não meros 10 trilhões. O que acontece é que 90% das células do nosso corpo são microrganismos que vivem simbioticamente em nosso intestino, estômago, boca, nariz, garganta, aparelho respiratório e sistema geniturinário. As bactérias que constituem essa microbiota derivam seus nutrientes de nós, mas pagam pela hospedagem se encarregando de várias tarefas essenciais para nossa saúde, incluindo a proteção contra patógenos e a conversão metabólica de nutrientes.
     Não quero induzir os leitores a uma crise de identidade, mas nosso corpo é de fato mais microbiano do que humano. Ele constitui um verdadeiro sistema ecológico com grande biodiversidade, um superorganismo. Agregado ao genoma humano propriamente dito, temos esse genoma bacteriano suplementar, chamado "microbioma", que contém cem vezes mais genes do que o nosso próprio.
     A grande novidade na praça é que um grupo de cientistas, com o patrocínio dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, deu recentemente o pontapé de partida ao "Projeto do Microbioma Humano". Considerando que estamos falando de milhares de espécies de bactérias, como é tecnicamente possível fazer o seqüenciamento desse genoma coletivo?
 
     Metagenômica
     Como escreveu Stephen Jay Gould no seu excelente livro Full house: a difusão da excelência de Platão a Darwin , as bactérias são – e sempre foram – as formas dominantes de vida na Terra. A história das bactérias é a própria história da vida no planeta, desde que os primeiros fósseis – bactérias, é lógico – foram emparedados em rochas, há mais de três bilhões e meio de anos.
     Ocorre que até hoje catalogamos apenas uma minúscula fração de todas as bactérias existentes, pois nosso conhecimento delas é totalmente dependente do cultivo e estudo em laboratório. No entanto, talvez a maioria delas não seja cultivável. Recentemente foi desenvolvida uma nova estratégia para capturar e estudar toda a diversidade dos microrganismos na Terra, a metagenômica. A proposta é trocar os meios de cultura do laboratório e a lente do microscópio pela tecnologia da genômica e da bioinformática.
 
 
O notável cientista J. Craig Venter pilotando seu iate-laboratório Sorcerer II . Venter é um iconoclasta, mas possivelmente o maior cientista biomédico americano da atualidade. Entre suas muitas conquistas científicas, podemos destacar: desenvolvimento da metodologia de etiquetas de seqüências transcritas (ESTs) para estudar o transcriptoma humano, desenvolvimento do seqüenciamento genômico total em "tiro de cartucheira" ( shotgun sequencing ), responsável pelo primeiro genoma completo ( H. influenzae em 1995), co-responsável pelo seqüenciamento do genoma humano, pioneiro da biologia sintética e da metagenômica. Em 1992 Venter esteve no Brasil como nosso convidado para participar da Conferência Sul-Norte do Genoma Humano em Caxambu. Logo depois, nosso grupo de pesquisa na UFMG iniciou uma colaboração com Venter que permitiu começar o primeiro esforço genômico brasileiro, o mapeamento de genes do parasito Schistosoma mansoni . Venter foi co-autor de nossa primeira publicação com os resultados do projeto (foto: Craig Venter Institute).  
 
     A estratégia metagenômica foi idealizada pelo legendário "genomicista" americano J. Craig Venter. Ele transformou seu iate pessoal Sorcerer II em um laboratório marinho e, em um projeto-piloto, examinou espécies de bactéria vivendo na água do Mar de Sargaços, circundando Bermuda no Atlântico norte, cujas águas paradas possibilitam o desenvolvimento de imensa quantidade de algas.
     A tática experimental foi simplesmente colher amostras de água do mar e passá-las através de filtros bacterianos. O DNA das bactérias presas no filtro foi, então, extraído, fragmentado de maneiras diferentes e submetido ao seqüenciamento de DNA à la "tiro de cartucheira" ( shotgun sequencing ). As leituras foram, então, montadas como um quebra-cabeça e as espécies de bactérias enumeradas e caracterizadas por sofisticadas e poderosas ferramentas bioinformáticas. No estudo piloto, Venter identificou 1,2 milhões de genes em cerca de 1800 espécies de bactérias diferentes.
     Na esteira desse sucesso, Venter e sua equipe agora estão dedicados à tarefa de circunavegar a Terra no Sorcerer II colhendo e caracterizando metagenomicamente amostras de todos os mares. Os resultados têm sido espetaculares. Em março deste ano, por exemplo, eles publicaram um artigo no periódico PLoS Biology que descreve um verdadeiro tour de force (todos os artigos da Expedição de Coleta Oceânica Global de Venter podem ser obtidos clicando aqui ).
     Esse artigo relata o seqüenciamento de mais de 6 bilhões de pares de base de DNA (duas vezes o genoma humano) e a identificação de mais de 6 milhões de proteínas diferentes. Isso equivale a mais que o dobro do número de todas as proteínas descritas e presentes em bancos de dados até 2007. Várias das novas proteínas descobertas não tinham similaridade com qualquer outra descrita até hoje e parecem representar famílias protéicas completamente novas!
 
     O Projeto do Microbioma Humano
     Para o projeto do microbioma humano a mesma estratégia metagenômica vai ser utilizada, só que sem precisar sair de casa. Em vez das águas dos sete mares, serão utilizadas prosaicas amostras de fezes, saliva, secreções vaginais e esfregaços de pele humana.
     Um estudo piloto do microbioma foi realizado nos Estados Unidos pela equipe do antigo Instituto para Pesquisa Genômica (recentemente renomeado Instituto Craig Venter) e publicado em 2006 na Science . Foram estudadas amostras de fezes de dois adultos sadios que não haviam recebido antibióticos por mais de um ano. A partir daí os pesquisadores geraram mais de 60 mil seqüências de DNA de cada indivíduo.
 
 
Um estudo piloto do microbioma sugere que a Methanobrevibacter smithii , retratada acima, é uma arqueobactéria metanogênica comum no intestino humano (foto: National Research Council Canada).  
 
     Foram encontrados centenas de tipos bacterianos, mas a maioria pertencia a apenas duas divisões chamadas Firmicutes e Bacteroidetes. Além disso, uma arqueobactéria metanogênica ( Methanobrevibacter smithii ) era muito comum. Isso demonstrou ao mesmo tempo grande diversidade e grande especificidade da microbiota intestinal, pois são conhecidas nada menos que 70 divisões de bactérias e 13 divisões de Archeae.
     Podemos perguntar se o nosso microbioma é específico e individual como o nosso genoma. Existe em nós uma "impressão digital" bacteriana? Os estudos feitos até agora parecem indicar que sim. Os resultados revelaram que a composição da microbiota intestinal varia bastante entre indivíduos, mas que a variação ocorre primariamente entre espécies e subespécies de Firmicutes e Bacteroidetes. Também foi identificado que no hábitat intestinal algumas espécies de bactérias parecem ser residentes permanentes (componentes autóctones), enquanto outras aparentemente são transeuntes (componentes alóctones), de passagem junto com comida, água etc.
     Isso faz sentido teórico. A persistência de bactérias em nossa pele e cavidades corporais depende de interação com componentes da membrana de nossas células, os quais são frequentemente polimórficos, dependendo do nosso genoma. Assim, nossa individualidade genômica pode determinar uma individualidade microbiômica.
     Mas como é construído o microbioma? No útero, não temos nenhuma bactéria no nosso corpo. Começamos a adquirir nosso "eu bacteriano" no próprio processo de nascer, pelo contato com microrganismos do canal vaginal materno. Em um artigo recente, uma equipe da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, estudou o processo de aquisição da flora microbiana intestinal por 14 bebês.
     Foi observado que no final do primeiro ano de vida as crianças haviam atingido um padrão essencialmente adulto de diversidade bacteriana, mas que havia diferenças significativas entre elas. Os dois bebês com a flora mais parecida eram dois gêmeos dizigóticos. Isso sugere que o ambiente também pode ser instrumental em determinar a natureza da nossa microbiota. 
 
     A ecologia da saúde e da doença  
     A visão do corpo humano como um superorganismo pode nos permitir ver saúde e doença em termos de equilíbrio ou desequilíbrio ecológico. Sabemos que os microrganismos sintetizam vitaminas essenciais para o nosso metabolismo e possibilitam a digestão de alguns nutrientes.
     Não temos, por exemplo, a maquinaria química necessária para quebrar totalmente a celulose das plantas em seus constituintes elementares, mas as bactérias nos fornecem enzimas chaves deste processo, como a celobiase. Além disso, a nossa microbiota ocupa nichos ecológicos no nosso corpo que poderiam ser colonizados por patógenos.
 
 
Um estudo feito em 2006 apontou diferenças significativas entre a proporção de bactérias do grupo das Firmicutes em indivíduos magros e obesos (arte: Laura Kyro, Zhen He, Largus Angenent e Jeffrey Gordon). 
 
     Alguns resultados muito interessantes têm emergido sobre a interação entre a microbiota e nosso status metabólico. Em dezembro de 2006 o grupo de Jeffrey Gordon na Universidade Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, publicou na Nature um estudo instigante sobre a relação entre a flora intestinal e a obesidade.
     Os autores estudaram indivíduos obesos e descobriram que a proporção de bactérias Firmicutes era significativamente mais alta do que em controles magros. Ademais, quando os obesos foram colocados em uma dieta e perderam peso durante um período de um ano, a proporção de Firmicutes caiu e ficou mais parecida com a de pessoas magras. Obviamente, essas correlações não demonstram causa-e-efeito e na verdade nem sabemos se a microbiota é a galinha ou o ovo neste caso.
     Muitas perguntas permanecem. Até que ponto somos dependentes da população bacteriana que compõe nosso corpo? Mudanças na constituição da microbiota podem levar a problemas metabólicos outros que não a obesidade? E as doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn e a colite ulcerativa? Será que hospedar espécies erradas de simbiontes bacterianos pode causar câncer, diabetes, doença cardiovascular? Seremos capazes no futuro de manipular nossa flora bacteriana corporal para prevenir ou curar doenças? Esperamos que as respostas a todas estas questões possam emergir do promissor Projeto do Microbioma Humano.
     Até lá, só nos resta mudar o paradigma vigente com relação às bactérias. Elas não são nossas inimigas, que precisam ser destruídas e eliminadas de nossa vida com desinfetantes e antibióticos. Ao contrário, são parte integral e fundamental de nós mesmos.

Autor: Sergio Danilo Pena - Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia - Universidade Federal de Minas Gerais

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Satélites estrangeiros vigiam queimadas

Aparelhos europeu e americano ajudarão no monitoramento florestal brasileiro.
Anúncio foi feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

     Dois novos satélites vão ajudar no monitoramento de queimadas no País neste ano. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciou nesta quinta-feira (9) que o satélite europeu MSG-02 e o americano GOES-10 vão passar pelo Brasil e captar as imagens de focos de incêndios. Desde janeiro, o número de focos de incêndio já teve um aumento de 25% em relação ao mesmo período de 2006. Na Amazônia, a situação é ainda pior: volume de queimadas já subiu 39%.
     Apenas 1 dos 11 satélites que estão em operação, o NOAA-12, detectou neste ano 25.290 focos, sendo 16 mil na Amazônia. "Esses dois novos satélites vai permitir mais qualidade no serviço de monitoramento das queimadas. Vamos saber mais sobre a destruição", informou o pesquisador do Departamento de Queimadas do Inpe Alberto Setzer.
     Campeão em queimadas no mundo, o Brasil também é o país que mais utiliza satélites para monitorar tais condições. O trabalho do Inpe de detectar os focos de calor começou em 1987. Os 11 satélites geram centenas de imagens, atualizadas sete vezes por dia. Esse monitoramento, que pode ser acompanhado pela internet, auxilia, por exemplo, o Ibama no acompanhamento da situação de risco em florestas, ajudando o Corpo de Bombeiros no combate às queimadas. Ao todo, cerca de 2 mil usuários entre instituições, universidade e pessoas físicas recebem as informações dos satélites diariamente. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo". 
 
Fonte: G1 - Agência Estado

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Etnia indígena que protesta contra transposição do São Francisco, em Pernambuco, tem energia cortada

     Os vários protestos contra a obra de transposição das águas do rio São Francisco vinham transcorrendo de maneira pacífica, mas, na quarta-feira passada, esse caráter começou a perder terreno.
     O Povo Indígena Truká, que resiste ao projeto do Governo, reteve oito técnicos da Coelba, a empresa de abastecimento de energia da Bahia, que foram verificar torres de alta tensão na Ilha de Assunção, onde a etnia se concentra, no município de Cabrobó, a cerca de 500 Km de Recife.
     Os truká tinham derrubado uma das torres, comprometendo parte do abastecimento de energia da região de Curaçá e Abaré, na Bahia. A ação dos índios foi motivada pelo corte da energia elétrica da Ilha, promovida pela Celpe – a empresa do setor em Pernambuco – desde a manhã da terça-feira. O quadro de insatisfação agravou-se pelo fato de o corte ter sido levado a termo sem aviso prévio nem à Funai, nem à comunidade Truká, interrompendo ainda seu abastecimento de água, feito por intermédio de bombeamento elétrico.
     As lideranças Truká estiveram em Recife para conseguir uma audiência com as autoridades do governo do Estado, mas não foram recebidos. "A gente tinha um acordo com o governo para permitir que as torres de alta tensão passassem em nosso território; em contrapartida, o povo não teria ônus com a energia e esse acordo agora foi descumprido", disse o cacique da aldeia, Neguinho Truká, conforme informações da Articulação São Francisco Vivo.
     Segundo ele, o povo Truká é o maior produtor de arroz de Pernambuco e precisa da energia para irrigar suas roças, que já estariam prejudicadas. "Entendemos que essa já é retaliação contra nosso povo por causa do interesse da transposição", avalia o cacique. Eles lutam pela demarcação do território, iniciada há mais de 10 anos, na área onde o governo federal tenta construir o eixo norte do projeto.
     Sem acordo com o Governo de Pernambuco, os índios acabaram liberando os técnicos da Coelba no final da tarde, após eles ficarem retidos por quatro horas. Fecharam a entrada da ponte que dá acesso à Ilha e não permitiam a entrada de ninguém, em exigência à religação imediata da energia.
     Ainda na quarta, avisaram que, caso o Governo não o fizesse, iriam derrubar mais torres de alta tensão no dia seguinte, quinta-feira, à razão de uma a cada meia hora. A ameaça não chegou a se concretizar porque o abastecimento foi normalizado ontem (09) pela manhã.
     A Companhia Energética de Pernambuco (CELPE) alega que a Fundação Nacional do Índio (Funai), teria uma dívida de R$ 14,3 milhões de contas não pagas desde 1984. Entretanto, teve que voltar atrás no corte devido a pressão e solicitação do Ministério Público Federal.
     Hoje, está prevista a continuidade das negociações, em reunião que deve envolver representantes da CELPE, Funai e do povo Truká.
Argumentos
     A obra de transposição das águas do São Francisco continua no centro de uma polêmica a que o Governo Federal parece não dar atenção. A Diretoria Executiva do Comitê da Bacia do rio já divulgou nota oficial em que afirma: "As incertezas e contradições do projeto, levantadas pela Comunidade Científica, representam uma temeridade sobretudo diante da extraordinária soma de recursos destinada ao projeto pelo PAC (o Programa de Aceleração do Crescimento lançado pelo Governo Federal) - 6,6 bilhões de reais -, somente nas suas etapas iniciais".
     Segundo a entidade, o projeto de transposição atende a menos de 20% da área do Semi-Árido e que 44% da população que vive no meio rural continuarão sem acesso à água. "Exatamente os que mais precisam vão permanecer excluídos dessa mega iniciativa do Governo Federal", diz a nota.
     Para o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF -, a decisão do Governo Federal ignora outras prioridades mais urgentes de investimentos para aumentar a oferta de água em todo o Semi-Árido, inclusive nos municípios da própria Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
 
Os eixos da transposição do rio São Francisco.
 
     No início deste mês, a Agência UnB divulgou uma matéria em que seis especialistas da própria instituição, a Universidade de Brasília, garantem que, embora seja notória a necessidade de promover o desenvolvimento do interior nordestino castigado pela seca, a falta de estudos mais amplos sobre o rio São Francisco pode comprometer o investimento de R$ 4,5 bilhões.
     "Pesquisadores da UnB acreditam que a quantidade de água a ser transposta não é suficiente para a agricultura. De acordo com eles, a transposição deverá ser acompanhada por um grande conjunto de obras para as quais não existem recursos financeiros assegurados. E para piorar, pode ser que o rio perca sua vazão em 20 anos", coloca a reportagem. (Para ler a íntegra, clique aqui)
 
Autora: Mônica Pinto - / AmbienteBrasil (com informações da Assessoria de Comunicação da Articulação São Francisco Vivo)
 
Leia mais sobre o assunto em:

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A posição dos servidores do Ibama depois da derrota no Senado

     Após a aprovação da MP 366/07 no Senado, na terça-feira passada, a Associação dos Servidores do Ibama – Asibama – divulgou sua posição em relação ao assunto:
     "O Comando Nacional de Mobilização entende e compartilha com a grande maioria dos servidores do IBAMA o sentimento de frustração e de revolta com a forma de condução (voto de liderança com o propósito de ocultar o voto dos senadores) e com o resultado da votação da MP 366/07 (PLV 19/07), na noite de terça-feira, dia 07. Mas, compartilha, também, a sensação de dever cumprido como cidadãos e servidores públicos, responsáveis que somos pela execução da gestão ambiental federal.
     (...) Embora hoje não seja possível visualizar todo o dano que esta medida irá trazer para a nação e para o povo brasileiro, a história e as futuras gerações, infelizmente, haverão de comprová-lo, inocentando os que a ela se opuseram e condenando os seus autores.
     (...) Portanto, cabe a nós, servidores, nessa conjuntura, mantermos a unidade e a organização alcançada com o movimento grevista, a fim de que possamos enfrentar os desafios que estão colocados frente ao caos institucional instalado.
     (...)Por fim, parabenizamos todos aqueles que se engajaram firmemente nessa luta em defesa do IBAMA e da unicidade da gestão ambiental federal, a despeito das adversidades, retaliações, ameaças, desgastes e incompreensões inerentes ao processo. Temos certeza de que, apesar do nosso adversário ter se utilizado de todo o aparato disponível - tendo em mãos a máquina pública e o poder - obtivemos saldos positivos nessa empreitada, principalmente no que diz respeito aos aspectos da compreensão política, do grau de organização que caracterizou o movimento, a compreensão, o respeito e a aceitação da nossa causa pela sociedade brasileira".
 
Fonte: Ambiente Brasil
 
Leia mais sobre o licenciamento ambiental em:
A ineficaz legislação ambiental de Antonio Fernando Pinheiro Pedro.

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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Ambientalistas chamam presidente Lula de genocida

     ONGs e parlamentares protestaram hoje contra os planos de construção da usina nuclear de Angra III, cujas obras podem começar ainda este ano, segundo o Ministério de Minas e Energia.
     O Greenpeace, o World Wildlife Fund (WWF) e a S.O.S Mata Atlântica, organizaram a manifestação com 200 ativistas, em clima festivo, em frente ao Palácio do Planalto.
     Os manifestantes deitaram no chão da Praça dos Três Poderes, formando a frase "Nuclear Não" para protestar contra a retomada das obras de construção de Angra III, paradas há 20 anos.
     O deputado Edson Duarte (PV-BA), que apoiou a manifestação, disse que o Programa Nuclear Brasileiro é "inseguro" e qualificou a construção da usina de "inoportuna, equivocada, arriscada e perigosa".
     Os ativistas lembraram com cartazes o lançamento de duas bombas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki - que completam 62 anos esta semana - e a explosão na usina soviética de Chernobil, em 1986.
 
Efeitos de Chernobyl.
 
     Além disso, os participantes entregaram um documento com reivindicações a um grupo de parlamentares, que prometeram enviá-lo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
     Um representante do Greenpeace, Claudio Sideral, alegou que Angra dos Reis (RJ), onde será construída a nova usina, e que já possui Angra I e Angra II, "não tem um plano de evacuação" para o caso de um hipotético acidente nuclear.
     Com um megafone, Sideral gritou que, por não cuidar da segurança dos moradores da região, "Lula é um genocida", sendo amplamente aplaudido pelos manifestantes, que animaram todo o ato com apitos e tambores.
     Recentemente, Lula disse que a energia nuclear é "limpa", apoiando a construção da usina para diversificar ao máximo a matriz energética brasileira.
     O projeto de Angra III foi retomado em junho. O governo prevê que a central esteja em funcionamento em um prazo de cinco anos e que deva gerar 1.369 megawatts.
 
Usina Nuclear Angra 3: as obras começaram há 22 anos e até hoje não foram concluídas
 
     A terceira usina nuclear do país, na qual foram investidos R$ 1,5 bilhão em uma primeira fase paralisada há duas décadas, exigirá novos investimentos de R$ 7,2 bilhões, de acordo com cálculos do MME.
     Além de Angra III, o governo estuda há meses um projeto para construir entre quatro e oito novas usinas nucleares até 2030.
 
Fonte: EFE - Terra
 
Leia mais em:
 

Alertas do Yahoo! Mail em seu celular. Saiba mais.

Clima 'maluco' é recorde em 2007

Temperatura global entre janeiro e abril atingiu maior nível da história. Em nenhum outro ano houve tantas inundações, tormentas e ondas de calor e de frio.
 
     Uma longa lista de países registrou desde o início do ano um número recorde das condições climáticas extremas que provocaram inundações, ondas de calor, tormentas e frio intenso, informou a agência da ONU sobre o clima.
     As observações preliminares também indicaram que a temperatura global na superfície terrestre entre janeiro e abril passados alcançou um nível histórico, segundo comunicado da Organização Mundial Meteorológica (OMM).
     A OMN afirmou que os termômetros poderiam ter aumentado 1,89 grau com relação a média de janeiro e 1,37 grau para abril. Na Europa, calcula-se que as temperaturas de abril tenham superado em quatro graus, afirmou Omar Baddur, cientista da OMM.
     As condições climáticas confirmaram as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, que alertou para um aumento nos fenômenos extremos.
 
Furacão Katrina
 
     "O início de 2007 foi muito ativo em termos de acontecimentos climáticos extremos", declarou Baddur, que citou como exemplo as monções de intensidade excepcional e as grandes inundações que se registraram no sul da Ásia nestas últimas semanas e que afetaram a 30 milhões de pessoas.
     Outros eventos incluem a atual onda de calor no sudeste da Europa, as fortes chuvas que caíram sobre o sul da China em junho e o ciclone tropical Gonu, o primeiro no mar da Arábia que atingiu o Irã e o Omã no início deste mesmo mês, causando 50 mortes.
 
Fonte: France Presse - G1

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