sábado, 23 de junho de 2007

Gore: Luta contra mudança climática é tão importante quanto antiterrorismo

     O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore declarou hoje em Barcelona que a luta contra a mudança climática é tão importante quanto combater o terrorismo e propôs que o dinheiro gasto na Guerra do Iraque seja empregado na defesa do meio ambiente.
     "O terrorismo não é a única ameaça. Caso uma parte da Groenlândia se derreta, os efeitos sobre Manhattan seriam muito piores do que o atentado de 11 de setembro de 2001", afirmou o ex-vice-presidente democrata, enquanto mostrava um gráfico de como as águas invadiriam Nova York.
      Para Gore, "lutar contra a mudança política não é só uma questão política, é uma questão moral". Segundo ele, o ser humano está diante de uma verdadeira grande guerra.
     "Nossa civilização contra a Terra", acrescentou.
     "Não é uma questão política. É uma questão ética. É moral. Se permitirmos isto, o dano ao planeta será tão grande que destruiremos cegamente nossa civilização e o futuro de nossos filhos. Temos de mudar", afirmou o autor do documentário "Uma Verdade Inconveniente".
     "Estamos queimando combustíveis fósseis a um ritmo que fará com que, em menos de 45 anos, os níveis de CO2 dobrem, o que, segundo a comunidade científica do mundo, seria uma catástrofe", disse.
     Al Gore participou do I Encontro Internacional de Amigos das Árvores, que terminou hoje em Barcelona e que promove a iniciativa de plantar 100 milhões de árvores na Espanha para frear a desertificação.
     "Plantar árvores não é a única solução, mas é parte da saída para a crise climática", disse o político americano ao apoiar a iniciativa espanhola.
     Gore destacou a atual situação de diferentes geleiras, além de casos como as neves do Kilimanjaro e as coberturas árticas, que estão desaparecendo por causa do aquecimento global.
     A crise ambiental leva "ao desaparecimento de enormes massas de gelo do Himalaia, o que poderia ameaçar rios como o Ganges ou o Amarelo. A cordilheira é fonte de recursos para 40% da população do mundo", afirmou o ex-candidato democrata à Casa Branca.
     Na opinião de Gore, "não se pode falar de ciclo, como fazem alguns céticos, já que temos nesta época os níveis mais altos de CO2 dos últimos mil anos".
     Em sua extensa palestra, defendeu uma ação conjunta para conter a mudança climática.
     "Os dez anos mais quentes estiveram entre os últimos 14 e no mesmo tempo se aqueceram também as águas dos oceanos. Tudo isto, segundo alguns cientistas, provoca fenômenos extremos como ciclones, furacões ou tornados, que aumentaram sua potência em 50% por causa do aquecimento global", segundo o ex-vice-presidente.
     "Depois do Katrina em Nova Orleans, quase 150 mil cidadãos não puderam voltar a suas casas, e me envergonho de como esta crise foi administrada. Muitos pensam que com o Katrina começou o período das conseqüências do aquecimento global", afirmou.
     "Não podemos falar de colonizar outros planetas quando somos incapazes de esvaziar Nova Orleans", ironizou Gore em sua conferência.
Para o ambientalista, só será possível lutar contra a destruição em escala global se os Estados Unidos assinarem o Protocolo de Kyoto e houver uma ação internacional contra o aquecimento do planeta.
     As companhias de seguros perderam juntas US$ 1 bilhão pelos desastres naturais e, após afirmar isto, Gore destacou as regiões que correm mais perigo, entre elas a África e a Amazônia.
 
Autor: EFE
 
Nota do BioWilson: Lembremo-nos que as terras da Amazônia são quase ao nível do mar e, com o seu aumento, inundaria a floresta. Claro que a Floresta Amazônica é adaptada para ficar um bom tempo sob a água, mas isso é alguns meses por ano. Com o aumento do nível do mar a floresta sucumbiria pelo excesso de água e pela salinização, conseqüentemente, a descomposição dessa biomassa liberaria mais gases do efeito estufa e aceleraria mais rapidamente os processos de alteração do clima.


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Cientistas dos EUA criam biocombustível de frutas

     O açúcar encontrado em frutas como maçãs e laranjas pode ser convertido em um novo tipo de combustível com emissão reduzida de dióxido de carbono para os carros, de acordo com cientistas americanos.
     O combustível, feito a partir de frutose, tem várias vantagens sobre o etanol, segundo artigo dos pesquisadores na revista Nature.
Frutas
Seria este o combustível do futuro?
     Cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison dizem que a frutose pode ser convertida em um combustível chamado dimetilfurano, que pode armazenar 40% mais energia do que o etanol, não evapora tão facilmente e é menos volátil.
     Os cientistas dizem que a frutose pode ser obtida diretamente de frutas e plantas ou obtido a partir da glicose. Mas, segundo os cientistas, ainda seriam necessárias mais pesquisas para verificar o impacto ambiental deste novo combustível.
 
     Biodiesel
     Um outro relatório sobre biocombustíveis feito na Grã-Bretanha disse que já existe tecnologia para criar biodiesel não apenas de azeite de dendê, mas também de uma gama de materiais, inclusive madeira, ervas e sacos plásticos.
     Especialistas dizem que dentro de seis anos até 30% da demanda por diesel no país pode vir dessa fonte.
     Jeremy Tomkinson, do National Non-Food Crops Centre da Grã-Bretanha (Centro Nacional para Colheitas Não-Alimentícias da Grã-Bretanha, em tradução livre), disse que esta próxima geração de biocombustíveis pode atender a outras necessidades, além de movimentar veículos.
     "Imagine se componentes químicos industriais ou o combustível de aviões também vierem dessas fontes...Há um grande potencial", disse ele.
     O maior problema neste processo é o custo.
Estima-se que novas instalações para a produção deste tipo de combustível custem até dez vezes mais do que as atuais refinarias de biodiesel.
     Tanto na União Européia quanto nos Estados Unidos, políticos defendem o uso de biocombustíveis para reduzir emissões de dióxido de carbono e a dependência da importação de petróleo.
     Mas críticos dizem que os atuais biocombustíveis - tanto diesel feito de azeite de dendê quanto etanol feito de milho e cana-de-açúcar - encorajam os agricultores a optarem por estas culturas para produzir combustíveis.
     O processo já estaria levando a um aumento no custo dos alimentos, alegam.
 
Autor: Matt McGrath - BBC Brasil


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sexta-feira, 22 de junho de 2007

Ou mudamos ou morremos

     Hoje vivemos uma crise dos fundamentos de nossa convivência pessoal, nacional e mundial. Se olharmos a Terra como um todo, percebemos que quase nada funciona a contento. A Terra está doente e muito doente. E como somos, enquanto humanos também Terra (homem vem de humus=terra fértil), nos sentimos todos, de certa forma, doentes. A percepção que temos é de que não podemos continuar nesse caminho, pois nos levará a um abismo. Fomos tão insensatos nas últimas gerações que construímos o princípio de auto-destruição. Não é fantasia holywoodiana.
     Temos condições de destruir várias vezes a biosfera e impossibilitar o projeto planetário humano. Desta vez não haverá uma arca de Noé que salve a alguns e deixa perecer os demais. O destino da Terra e da humanidade coincidem: ou nos salvamos juntos ou sucumbimos juntos.
     Agora viramos todos filósofos, pois, nos perguntamos entre estarrecidos e perplexos: como chegamos a isso? Como vamos sair desse impasse global? Que colaboração posso dar como pessoa individual?
     Em primeiro lugar, há de se entender o eixo estruturador de nossas sociedades hoje mundializadas, principal responsável por esse curso perigoso. É o tipo de economia que inventamos. A economia é fundamental, pois, ela é responsável pela produção e reprodução de nossa vida. O tipo de economia vigente se monta sobre a troca competitiva. Tudo na sociedade e na economia se concentra na troca. A troca aqui é qualificada, é competitiva. Só o mais forte triunfa. Os outros ou se agregam como sócios subalternos ou desaparecem. O resultado desta lógica da competição de todos com todos é duplo: de um lado uma acumulação fantástica de benefícios em poucos grupos e de outro, uma exclusão fantástica da maioria das pessoas, dos grupos e das nações.
     Atualmente, o grande crime da humanidade é o da exclusão social. Por todas as partes reina fome crônica, aumento das doenças antes erradicadas, depredação dos recursos limitados da natureza e um ambiente geral de violência, de opressão e de guerra.
     Mas reconheçamos: por séculos essa troca competitiva abrigava a todos, bem ou mal, sob seu teto. Sua lógica agilizou todas as forças produtivas e criou mil facilidades para a existência humana. Mas hoje, as virtualidades deste tipo de economia estão se esgotando. A grande maioria dos países e das pessoas não cabem mais sob seu teto. São excluídos ou sócios menores e subalternos, como é o caso do Brasil. Agora esse tipo de economia da troca
competitiva se mostra altamente destrutiva, onde quer que ela penetre e se imponha. Ela nos pode levar ao destino dos dinossauros.
     Ou mudamos ou morremos, essa é a alternativa. Onde buscar o princípio articulador de uma outra sociabilidade, de um novo sonho para frente? Em momentos de crise total precisamos consultar a fonte originária de tudo, a natureza. Que ela nos ensina? Ela nos ensina, foi o que a ciência já há um século identificou, que a lei básica do universo, não é a competição que divide e exclui, mas a cooperação que soma e inclui. Todas as energias, todos os elementos, todos os seres vivos, desde as bactérias e virus até os seres mais complexos, somos inter-retro-relacionados e, por isso,
interdependentes. Uma teia de conexões nos envolve por todos os lados, fazendo-nos seres cooperativos e solidários. Quer queiramos ou não, pois essa é a lei do universo. Por causa desta teia chegamos até aqui e poderemos ter futuro.
     Aqui se encontra a saída para um novo sonho civilizatório e para um futuro para as nossas sociedades: fazermos desta lei da natureza, conscientemente, um projeto pessoal e coletivo, sermos seres cooperativos. Ao invés de troca
competitiva onde só um ganha devemos fortalecer a troca complementar e cooperativa, onde todos ganham. Importa assumir, com absoluta seriedade, o princípio do prêmio de economia John Nesh, cuja mente brilhante foi celebrada por um não menos brilhante filme: o princípio ganha-ganha, onde todos saem beneficiados sem haver perdedores.
     Para conviver humanamente inventamos a economia, a política, a cultura, a ética e a religião. Mas nos últimos séculos o fizemos sob a inspiração da competição que gera o individualismo. Esse tempo acabou. Agora temos que
inaugurar a inspiração da cooperação que gera a comunidade e a participação de todos em tudo o que interessa a todos.
     Tais teses e pensamentos se encontram detalhados nesse brilhante livro de Maurício Abdalla, "O princípio da cooperação". Em busca de uma nova racionalidade. Se não fizermos essa conversão, preparemo-nos para o pior. Urge começar com as revoluções moleculares. Começemos por nós mesmos, sendo seres cooperativos, solidários, compassivos, simplesmente humanos. Com isso definimos a direção certa. Nela há esperança e vida para nós e para a Terra.
 
Autor: Leonardo Boff é teólogo, filósofo, espiritualista, e ecologista. Ajudou a formulara a Teologia da Libertação e escreveu mais de sessenta livros. É professor emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.


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China contrata 'humanos farejadores' para detectar poluição

     A China vai começar a usar uma nova arma no combate aos poluidores ilegais - humanos treinados para farejar gases poluidores, segundo a imprensa do país.
    
Poluição na China
"Farejadores" afirmam que cheirar poluição é "bem desagradável".
O jornal China Daily informou que a cidade de Guangzhou, no sul da China, usará "narizes profissionais" - semelhantes aos usados na indústria de perfumes - para detectar emissões de fábricas que estejam fora da lei.
     Os novos "farejadores humanos" foram treinados por especialistas em meio ambiente.
     A equipe dos 11 "narizes profissionais" foi treinada nos melhores laboratórios de proteção ambiental e controle de poluição atmosférica.
 
     Desagradável
     A estação de monitoramento de Panyu vai empregar em breve pessoas com os narizes mais sensíveis para farejar gases poluidores e, com a ajuda de equipamentos científicos, fornecerá uma leitura mais precisa da qualidade do ar.
     "Estes gases sujos já se transformaram em nossos maiores poluentes e são liberados por indústrias de borracha, químicos e refinarias de petróleo, locais de processamento de lixo e esgotos. Eles causam danos ao sistema respiratório de humanos", afirmou o vice-diretor da estação, Liu Jingcai.
     "Nosso equipamento pode analisar de forma precisa a densidade de um gás particular, mas com gases misturados eles não são confiáveis e também não podem informar os efeitos em humanos", disse.
     Mas, segundo Jingcai, a experiência do treinamento não foi muito boa.
     "O trabalho é bem desagradável. Tivemos que ficar em um laboratório cheirando aqueles gases horríveis repetidamente", afirmou.
     "Aperfeiçoamos as habilidades olfativas a partir de várias fontes de poluição. Isto vai ajudar os esforços para detectar e levar à Justiça os que violam as leis de poluição", disse.
     A equipe de Liu Jingcai vai começar a liberar os certificados que vão permitir que todos iniciem oficialmente suas carreiras como narizes profissionais.
     Segundo o China Daily os certificados serão válidos durante três anos, pois o sentido do olfato diminui com o envelhecimento.
 
Autor: BBC Brasil


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A transposição da maldição?

     O Governo, através do Ministério da Integração Nacional, declarou que "vai sair do campo da retórica" e já vai proceder a licitação das obras, orçadas nesta etapa, em R$ 100 milhões em vista da transposição do rio São Francisco. Derrubadas as liminares na Justiça, dissuadido o bispo que fez greve de fome, Dom Luiz Flávio Cappio, e com o discutível aval do Instituto Brasileiro de Agricultura e Meio Ambiente (IBAMA), o Governo pretende realizar agora a transposição. O argumento de base é emocional: "Não se pode negar uma caneca de água a 12 milhões de vítimas da seca".
     É exatamente no afã de dar água ao triplo de vítimas da seca que se deve questionar o projeto. Baseio meus dados num artigo publicado no dia 23 de fevereiro em O Estado de São Paulo do respeitável jornalista Washington Novaes "Um novo desfile e a mesma fantasia" e em outras fontes.
     O apoio principal do projeto foi dado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, onde o governo federal, sozinho, tem a maioria dos votos. Ao contrário, grandes especialistas na área como os professores Aziz Ab'Saber e Aldo Rebouças, da Universidade de São Paulo (USP), Abner Curado, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, mostraram que o problema no Semi-Árido é mais de gestão do que de escassez.
     A Agência Nacional de Aguas (ANA) mostrou que é possível abastecer os municípios sem precisar da transposição do rio. O IBAMA, que deu o aval, forneceu, sem querer, argumentos contra o projeto. Reconhece que 70% da água seriam para irrigação e 26% para o abastecimento de cidades; que a maior parte da água transposta iria para açudes onde se perde até 75% por evaporação; que 20% dos solos que se pretendia irrigar "têm limitações para uso agrícola"e "62% dos solos precisam de controle, por causa da forte tendência à erosão".
     O Tribunal de Contas da União (TCU) diz que o projeto não beneficiará o número de pessoas pretendido. Efetivamente, as comparações entre os projetos do Governo e da ANA, feitas pelo coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Roberto Malvezzi, bom conhecedor da bacia do São Franscisco, mostrou que o do Governo custaria R$ 6,6 bilhões, atenderia apenas a quatro Estados (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará) beneficiando 12 milhões de pessoas de 391 municípios, enquanto o projeto da ANA custaria 3,3 bilhões, atingindo nove estados (Bahia, Sergipe, Piauí, Alagoas, Pernambuco, Rio do Norte, Paraíba, Ceará e Norte de Minas), beneficiando 34 milhões de pessoas de 1356 municípios.
     O próprio Comitê de Gestão da Bacia que conhece bem as questões do rio, foi por 44 votos a 2 contra a transposição; diz ainda que esta atende a menos de 20% do Semi-Árido e que 44% da população do meio rural continuaria sem água. São razões de grande peso.
     Se o Governo quiser efetivamente levar água aos sedentos do Nordeste deve reabrir a discussão pública ou então encampar o projeto da ANA. Caso não ocorrer, podemos contar com nova greve de fome do bispo. Entre o povo que não quer a transposição e as pressões de autoridades civis e eclesiásticas, ele ficará do lado do povo. E irá até o fim. Então a transposição será aquela da maldição, feita à custa da vida de um bispo santo e evangélico. Estará o Governo disposto a carregar esta pecha pelo futuro afora?
 
Autor: Leonardo Boff é escritor, autor dos livros "Mística e Espiritualidade" e "A Águia e a Galinha.: uma metáfora da condição humana".


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Uma outra visão de biodiversidade

     A mais de um ano, o Brasil foi sede da Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológico (COP 8), evento que reuniu mais de 100 países em discussões em torno do tema da manutenção, conservação e preservação da biodiversidade planetária. Mesmo sediando importantíssimo debate, em nosso país, parece que pouco mudou.
     Num momento em que a crise socioambiental está mais do que posta, em que dezenas de estudos confirmam as mudanças climáticas e suas conseqüências para fauna, flora e é claro, para nós humanos, o Brasil, ao invés de avançar, está retrocedendo em muitos pontos.
     A apropriação privada da natureza está cada vez mais posta em nosso país. Seja através das obras tão "comemoradas" do PAC (obviamente para os detentores do capital), nas quais se destaca a tal transposição dos São Francisco, a ampliação das hidrelétricas; seja através dos projetos de desenvolvimento socioeconômico, como as monoculturas de árvores exóticas no solo gaúcho. Exemplos típicos de que a manutenção e preservação da biodiversidade e as mudanças climáticas não estão preocupando muito os "nossos" detentores do poder.
     A natureza, os elementos naturais são vistos e transformados em mercadorias, ou ainda como objetos de troca em busca do lucro (ou seja, são recursos naturais). Fato que já era denunciado no início do desenvolvimento do capitalismo por Karl Marx - todo o espírito da produção capitalista, orientado para o lucro monetário imediato, está em contradição com a agricultura – por que não dizer, em contradição com a natureza como um todo. O lucro, o imediatismo em primeiro lugar, depois se pensa no futuro (que já não está tão longe assim), nas questões relativas ao meio ambiente.
     Marx considerava a "natureza como corpo inorgânico do homem" (e, certamente das mulheres), conseqüentemente extensões do nosso corpo, da qual dependemos e necessitamos. A Natureza não é só onde o homem desenvolve sua práxis, mas a totalidade de Tudo que existe.
     O capitalismo se apropriou da natureza de tal forma, que esse Tudo, ficou efetivamente distante de nós, e pouco se vê mecanismos para com que voltemos a nos relacionar com esse Tudo -Todo.
     Pensemos a "tão sonhada" expansão das monoculturas de eucalipto no RS, contraria qualquer finalidade de preservação, conservação e manutenção da biodiversidade. Ao invés de nos empenhar para manter nossa biodiversidade, poder público e poder econômico "pensam" somente nas variáveis econômicas. E ainda quando sai o Zoneamento Ecológico para tal atividade, este é rechaçado, pois restringe a atividade ao considerar "apenas" a questão ambiental.
     E Marx nos alertou que o cada progresso da agricultura capitalista (monoculturas de eucalipto são atividades agrícolas, ou melhor, agrobussines) não é só um progresso da arte de saquear o solo, pois cada progresso no aumento da fertilidade por certo período é simultaneamente um progresso na ruína das fontes permanentes dessa fertilidade. E ainda que a produção capitalista só desenvolve a técnica e a combinação do processo de produção social ao minar simultaneamente as fontes de toda a riqueza: a terra e o trabalhador.
     Pensar biodiversidade mais do que nunca tem que passar pelo pensar econômico, político, social. Pensar que a variável biodiversidade precisa ser considerada no planejamento e desenvolvimento da agricultura, indústria e até mesmo obras públicas. Há a necessidade de "uma completa revolução em nossa maneira de produzir e, ao mesmo tempo, de toda a ordem social atualmente dominante", também nos expôs Engels.
     Enfim, certamente que Marx, Engels não eram ambientalistas, longe disso, pois suas preocupações eram outras, porém suas idéias estimulam pensarmos que é possível promover uma ruptura com a ideologia produtivista do progresso, reorientando esse progresso à preservação e conservação da diversidade biológica, e também cultural. E, através deste poderemos produzir novas relações entre os humanos e natureza, e gerando assim, a superação do sistema capitalista produtor de mercadorias antes que ele destrua todas as nossas "naturezas".
 
Autora: Cintia Barenho é bióloga e mestranda em Educação Ambiental na Fundação Federal de Rio Grande (FURG). Cintia também integra o Centro de Estudos Ambientais (CEA) em Pelotas (RS).


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quinta-feira, 21 de junho de 2007

Novo biocombustível pode desbancar etanol

     Químicos americanos dizem ter conseguido um avanço importante na área dos biocombustíveis, transformando um tipo de açúcar de origem vegetal num líquido que tem 40% mais energia se comparado ao mesmo volume de etanol (álcool de cana). 
     Embora o etanol seja o único combustível automotivo produzido em grandes quantidades a partir da biomassa, há outras fontes potencialmente ricas de energia nas plantas. São as grandes cadeias de átomos chamadas de carboidratos - nas plantas, compostas por seis átomos de carbono e seis de oxigênio. Mas os motores dos carros gostam de versões menos "gordas" dessas moléculas, carregando entre cinco e 15 átomos de carbono e pouco oxigênio.
     É por isso que o etanol ainda tem níveis relativamente altas de oxigênios, os quais reduzem sua densidade de energia, fazem-no evaporar com facilidade e o tornam vulnerável à contaminação com água, por meio da umidade atmosférica.
     Engenheiros da Universidade de Wisconsin em Madison dizem ter conseguido achar um jeito de contornar o problema com um processo que produz o 2,5 dimetilfurano, ou DMF. Quando comparado com o mesmo volume de etanol, ele produz cerca de 40% mais energia, além de não ser solúvel em água e ser mais estável quando armazenado.
     No processo de produção, relatado na edição desta semana da revista científica "Nature" (www.nature.com), determinadas enzimas (substâncias que aceleram reações químicas orgânicas) reorganizam os carboidratos das plantas numa forma altamente oxigenada de açúcar, a frutose. Depois, outras substâncias são usadas para "arrancar" os átomos de oxigênio da frutose original, até completar a produção do DMF.
     Ainda há muito trabalho a ser feito antes que o novo biocombustível seja uma opção comercial viável, mas os pesquisadores dizem acreditar que ele é uma promessa importante para esse tipo de energia no futuro.
Autor: De France Presse - G1


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terça-feira, 19 de junho de 2007

WWF denuncia resíduos de embarcações no Báltico

     Todos os anos vão parar no Mar Báltico 100 milhões de descargas e 1,6 bilhão de litros de águas residuais procedentes de embarcações, denunciou hoje o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
     Segundo um relatório apresentado hoje em Stralsund, no litoral alemão, estas águas levam consigo cerca de 450 toneladas de nitratos e 150 toneladas de fosfatos, substâncias que levam à proliferação da tóxica alga azul.
     A organização fez seus cálculos com base em um estudo realizado entre 50 companhias barqueiras que operam no Mar Báltico. O estudo revelou que a percentagem de navios que se desfaz de suas águas residuais em terra não chega a 25%.
 
Autor: EFE - Terra


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Biodiversidade caiu 30% em 30 anos, diz cientista

     Desde 1961 até agora, o ser humano triplicou o uso dos recursos naturais da Terra, provocando, com isso, uma queda de 30% da biodiversidade mundial. Hoje, só há dois cenários possíveis: a sustentabilidade ou o colapso dos ecossistemas e, conseqüentemente, da humanidade. Por isso, o único meio de recuperar a capacidade do planeta é proteger e conservar os ecossistemas.
     O diagnóstico do diretor do Instituto de Ecologia Política do Chile, Bernardo Reyes, foi apresentado nesta segunda-feira no Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. Até quinta-feira, o encontro reúne cerca de 1,7 mil pessoas de 20 nacionalidades em Foz do Iguaçu.
     Para Jeff Price, do departamento de Ciências Geológicas e Ambientais da Universidade Estadual da Califórnia, a questão que se coloca atualmente não é se a biodiversidade será afetada pelas mudanças climáticas, mas o quanto ela será afetada.
     Embora reconheça o esforço de alguns países, ele questiona o que os gestores de unidades de conservação podem fazer para proteger suas áreas. De acordo com o ambientalista, falta informação básica, observação e monitoração de sistemas, infra-estrutura política, institucional e tecnológica, verba e priorização de áreas vulneráveis.
     "Evitar o desmatamento, reflorestar áreas com espécies nativas, monitorar as mudanças climáticas e como os ecossistemas reagem a elas são fatores importantes para ajustar as estratégias de conservação".
 
Autor: Agência Brasil - Terra


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Cientistas americanos alertam sobre ameaças da mudança climática

     Seis especialistas de algumas das mais prestigiosas instituições científicas dos Estados Unidos alertam em uma publicação britânica que a civilização está ameaçada pela mudança climática.
     Os seis cientistas criticam implicitamente o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), da ONU, por subestimar a elevação do nível dos oceanos neste século como conseqüência do derretimento das geleiras e das calotas polares.
     Em vez de uma elevação de 40 centímetros do nível do mar, prevista pelo IPCC, os cientistas americanos - liderados por James Hansen, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa - prevêem que o nível dos oceanos subirá vários metros até 2100.
     O relatório alarmante da equipe de cientistas, divulgado hoje pelo jornal britânico "The Independent", foi publicado na revista "Philosophical Transactions of the Royal Society".
     Além de Goddard, assinam o trabalho Makiko Sato, Pushker Kharecha e Gary Russell, também do Instituto Goddard; David Lea, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara; e Mark Siddall, do Lamont-Doherty Earth Observatory na Columbia University, de Nova York.
     No estudo, de 29 páginas, intitulado "A mudança climática e os gases estufa", os seis pesquisadores renunciam em algumas ocasiões à fria linguagem científica para insistir na importância dos problemas e desafios impostos pelo aquecimento do planeta.
     Os especialistas afirmam que "a civilização se desenvolveu e construiu amplas infra-estruturas durante um período de estabilidade climática pouco comum, o Holoceno, que já dura quase 12 mil anos e que está perto de acabar".
     Segundo os cientistas americanos, a humanidade não pode permitir a queima continuada das reservas subterrâneas de combustíveis fósseis restantes, pois fazê-lo significa que terá "um planeta diferente do que serviu de suporte à atual civilização".
     Segundo James Hansen, a humanidade tem apenas dez anos para aplicar as duras medidas necessárias para reduzir as emissões de CO2 para evitar a elevação das temperaturas do planeta.
     Se não for assim, o aquecimento resultante pode fazer com que as calotas polares se derretam rapidamente, processo que se agravará ainda mais quando a luz do sol, que atualmente é refletida pela superfície branca dos gelos, começar a ser absorvida pelas escuras águas marinhas.
     Trata-se do efeito albedo, ou seja, a reflexão da radiação solar quando incide sobre o planeta: as superfícies claras, por exemplo, o gelo e a neve, se caracterizam por um maior albedo, enquanto as florestas, as rochas e os oceanos - superfícies obscuras - têm um inferior.
     O último relatório do IPCC atribui um efeito mínimo ao derretimento dos gelos da Groenlândia e da Antártida sobre a elevação do nível dos oceanos neste século.
     Os especialistas americanos discordam: para eles, as análises do IPCC não consideram suficientemente a "física não-linear da desintegração" das placas, correntes e plataformas de gelo.
     Sua conclusão é que o nível de risco representado pelos gases liberados pela ação do homem é muito mais baixo do que normalmente se pensa e, se já não foi atingido, é certo que demorará muitas décadas antes de se chegar ao ponto crítico.
 
Autor: EFE - Terra


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Europa encomenda novo satélite ambiental

     A Agência Espacial Européia (ESA) encomendou à companhia Thales Alenia Space um satélite Sentinel 1, o primeiro de uma série de sondas que acompanharão, ao vivo, as mudanças ambientais do planeta, durante o 47º Salão Aeroespacial de Le Bourget, nos arredores de Paris.
     Os cinco membros da família Sentinel substituirão o Envisat, o maior satélite de observação da Terra, que em março passado superou os cinco anos de vida para os quais havia sido construído.
     "Fizemos a escolha por satélites menores, mas especializados, que permitem reduzir o risco" de fracasso no momento do lançamento, explicou Volker Liebig, diretor dos programas de observação da Terra na ESA.
     O Sentinel 1 é o primeiro elemento do futuro Observatório Global para o Meio Ambiente e a Segurança (GMES, na sigla em inglês), que constitui uma rede de vigilância terrestre.
     Segundo Liebig, o Envisat dispõe de combustível suficiente para durar até 2010 e, se tiverem êxito os programas de economia de combustível, poderá inclusive prolongar sua vida útil até 2011 ou 2012.
 
Autor: France Presse - G1


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segunda-feira, 18 de junho de 2007

Comissão aprova aumento de penas para crimes ambientais

     A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável aprovou, no último dia 30.05, o Projeto de Lei nº 80/07, do Deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), que muda artigos da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) para aumentar as penas previstas para várias ações danosas ao meio ambiente. As mudanças atingem especialmente os casos de desmatamento; morte de animais aquáticos; atividades de mineração; e danos ecológicos em áreas de preservação permanente.
     A relatora, Deputada Marina Maggessi (PPS-RJ), apresentou parecer favorável e destacou que o projeto dará às autoridades meios mais eficazes de combater práticas ilegais. "Notadamente aquelas em escala empresarial, como a extração e o comércio ilegal de madeira, carvão e lenha, a mineração sem licença e os danos à vegetação em áreas de preservação permanente."
 
Desmatamento e poluição
     A detenção de um a três anos prevista atualmente para destruição ou corte de árvores de floresta considerada de preservação permanente foi transformada em pena de reclusão, com acréscimo de multa. Atualmente, todas as penas podem ser trocadas por multa, caso a Justiça considere mais adequado.
     Segundo o projeto, a destruição de florestas nativas ou plantadas e da vegetação fixadora de dunas ou protetora de mangues será crime punido com reclusão de um a três anos e multa. Atualmente, esse ato é sujeito a detenção de três meses a um ano e multa. No caso de desmatamento de floresta em terras de domínio público ou devolutas sem autorização, a pena será ampliada para reclusão de dois a quatro anos.
     Para casos de morte da fauna aquática por poluição das águas, a legislação atual estabelece apenas a detenção de um a três anos. Segundo o projeto, a pena passará a ser de reclusão por três anos, acrescida de multa.
 
Mineração
     Os crimes relativos a atividades de mineração passarão, segundo o texto, a ter penas de reclusão de um a dois anos e multa. Atualmente, essas práticas são punidas com detenção de seis meses a um ano. Entre os crimes especificados no projeto, estão:
- Extrair pedra, areia, cal ou minerais de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente;
- receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem exigir a licença do vendedor;
- executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem autorização dos órgãos ambientais.
 
Legislação branda
     De acordo com Mendes Thame, o combate aos crimes ambientais é dificultado pela excessiva brandura da legislação ambiental. "Hoje, quando se consegue prender o traficante ou o comerciante de madeira ilegal, ele simplesmente paga uma fiança e depois sai livre", ressaltou. Mendes Thame destacou que a atual legislação representa um estímulo à prática de infrações, "tendo em vista o alto lucro proporcionado pelos crimes ambientais".
      Ele enfatizou que a prática de crimes ambientais "é organizada, estratificada e departamentalizada, e adquire características empresariais e semelhantes às atividades de máfia".
 
Tramitação
O projeto ainda será analisado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, antes de seguir para o Plenário.
 
 


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