sexta-feira, 29 de junho de 2007

Relatório da ONU sobre a situação da População Mundial 2007

          Obrigada por sua presença aqui hoje. É um prazer, mais uma vez, estar em Londres para lançar relatório sobre a Situação da População Mundial 2007 do UNFPA, o Fundo de População das Nações Unidas. Também é uma satisfação compartilhar com vocês o suplemento sobre a juventude, Growing Up Urban (Crescendo no Meio Urbano), que traz histórias incríveis de jovens que vivem em cidades ao redor do mundo. O suplemento apresenta os desafios da urbanização através do olhar dos jovens. 
     Este é nosso 30º. relatório sobre a Situação da População Mundial e, este ano, nosso tema é a urbanização.
     Em 2008, pela primeira vez na história, mais da metade da população mundial estará vivendo nas cidades. Estamos nos referindo à metade das pessoas que habitam a Terra. E até 2030, a população urbana deverá chegar a quase 5 bilhões –- 60% da população mundial.
     Globalmente, todo o crescimento futuro da população ocorrerá nas cidades, e quase todo nos países em desenvolvimento de hoje.
     Muitas dessas cidades já têm problemas graves, incluindo a pobreza, a criminalidade, a falta de água potável e saneamento, e o crescimento das favelas. Mas estes problemas perdem importância em comparação com aqueles que podem surgir como resultado do crescimento futuro.
     Nossa maior preocupação neste relatório é a África e a Ásia. Estima-se que no espaço de uma geração, a população urbana na África e na Ásia dobrará. Entre 2000 e 2030, a população urbana da Ásia crescerá de 1.4 bilhão para 2.6 bilhões, a da África, de quase 300 milhões para 740 milhões, e a da América Latina e Caribe, de quase 400 milhões para mais de 600 milhões.
     Nunca vimos um crescimento urbano como este, em termos de sua velocidade e escala, na história. Contudo, o impacto do crescimento futuro não atraiu a atenção pública. E muito pouco está sendo feito para maximizar os benefícios potenciais dessa transformação, ou para reduzir suas conseqüências potencialmente negativas.
     A maioria das cidades luta para atender suas necessidades atuais e está completamente despreparada para o crescimento futuro.
     O relatório sobre a Situação da População Mundial deste ano é um convite à ação. A vasta expansão urbana nos países em desenvolvimento tem implicações globais e exige uma resposta global.
     A urbanização é inevitável. O trem está em movimento e juntos temos que nos certificar de estamos no trilho certo.
     A urbanização pode e deve ser uma força para o bem. Nenhum país na era industrializada conseguiu atingir um crescimento econômico significativo sem a urbanização.
     As cidades concentram a pobreza, mas também representam a melhor oportunidade de se escapar dela. As cidades geram problemas ambientais, mas também criam soluções.
     Mas para aproveitar essas oportunidades, as cidades precisam se preparar agora para o crescimento que está por vir. Se esperarem, será tarde demais.
     Essa onda de crescimento urbano é sem precedentes. As mudanças são grandes demais e rápidas demais para permitir que os planejadores e formuladores de políticas simplesmente reajam. O relatório incita à análise profunda e medidas proativas.
     Gostaria de destacar algumas das questões mais graves e possíveis respostas.
      Sabemos que os pobres comporão uma parcela grande do futuro crescimento urbano. Conseqüentemente, devem ser parte da solução.
     Um planejamento realista requer que as necessidades, os direitos e a participação dos moradores das favelas e da população urbana pobre sejam explicitamente considerados.
     Hoje, bilhões de pessoas vivem nas favelas, 90% das quais habitam países em desenvolvimento. A luta para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, e reduzir a pobreza extrema à metade até 2015, será empreendida nas favelas do mundo. Para ganhá-la, os formuladores de políticas terão que ser proativos e começar a trabalhar com a população urbana pobre para que esta possa sair da pobreza.
     A única maneira de enfrentar e derrotar a pobreza urbana é batendo de frente, ajudando as pessoas pobres a encontrarem soluções para seus próprios problemas. As organizações de pessoas pobres urbanas, incluindo organizações de mulheres, estão ficando cada vez mais fortes e devem ser apoiadas. Estas organizações freqüentemente desenvolvem soluções criativas para as atender às necessidades de habitação e outras necessidades da comunidade, muitas vezes enfrentado oposição.
     Uma questão importante é o acesso à terra. Oferecer aos pobres lotes com infra-estrutura básica ajudará a atender necessidades atuais e futuras. Com a posse segura, ruas de acesso, abastecimento de água, saneamento, energia e coleta de lixo, as pessoas pobres construirão suas próprias casas. Um endereço pode ser o primeiro passo para sair da pobreza.
     O foco deve ser onde a maior parte do crescimento está ocorrendo. Apesar de toda a atenção dispensada às mega-cidades até agora, a maior parte do crescimento acontecerá realmente em cidades menores de meio milhão de habitantes ou menos. Em resposta a isso, uma atenção maior — em termos de recursos, informações e capacidade técnica — deve ser dada às cidades menores.
     O relatório também conclui que a mudança climática afetará os países, as cidades e os indivíduos pobres mais severamente. As pessoas pobres que vivem no litoral ou na foz de grandes rios são especialmente vulneráveis a aumentos no nível do mar. Em resposta, o intercâmbio de melhores práticas, a transferência de tecnologia, e o planejamento antecipado oferecem a melhor esperança de redução do impacto da mudança climática.
     O relatório sobre a Situação da População Mundial também desmente um mito comum. Ao contrário da opinião popular, a maior parte do crescimento urbano resulta do aumento vegetativo, e não da migração. Com algumas exceções, inclusive a China e o Vietnam, a maioria das cidades está crescendo de dentro para fora. Em resposta a isso, os formuladores de políticas devem mudar a ênfase, da tentativa de deter a migração para a oferta de serviços sociais e investimento nas mulheres.
     Os investimentos em educação e saúde, incluindo a saúde reprodutiva e o planejamento familiar voluntário, e o empoderamento das mulheres são a melhor forma de abordar o crescimento da população urbana.
     Dar prioridade ao empoderamento das mulheres aumenta a saúde e o bem estar das famílias e das comunidades.
     Finalmente, o relatório chama atenção para a imensa população urbana jovem nos países em desenvolvimento, particularmente nas favelas. Em muitos países em desenvolvimento, a metade de todos os moradores urbanos tem menos de 25 anos de idade. Em resposta, maiores investimentos são necessários para oferecer aos jovens serviços básicos, emprego e habitação. Os jovens são o futuro e as cidades são o lugar onde podem realizar seus sonhos. A falta de investimento nos jovens urbanos irá minar os esforços para reduzir a pobreza e aumentar o potencial para a crise urbana.
     Em conclusão, gostaria de enfatizar que o que acontece nas cidades na África e na Ásia e outras regiões moldará nosso futuro comum. Este é o momento de começar um esforço internacional articulado, Desencadeando o Potencial do Crescimento Urbano, como sugere o título do relatório deste ano.
 
Autor: Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA


Novo Yahoo! Cadê? - Experimente uma nova busca.

Nenhum comentário: