segunda-feira, 9 de julho de 2007

Danos de biocombustíveis preocupam alemães

     A Alemanha está preocupada com o "boom" na utilização dos biocombustíveis e teme efeitos nefastos para o meio ambiente nos países em desenvolvimento causado pelas plantações destinadas a sua produção.
     A atual corrida dos biocombustíveis com a meta de reduzir o impacto da emissão de gases causadores do efeito estufa no aquecimento global é uma "biomentira", assegura Thomas Henningsen, da organização Greenpeace "Isto não tem nada a ver com o 'bio'", assegura.
     O prêmio Nobel de química 1988, o alemão Hartmut Michel, também criticou o aumento da utilização de biocombustíveis na União Européia, em entrevista ao jornal Neuen Osnabrücker Zeitung.
     A decisão da UE de misturar biocombustíveis com a gasolina tradicional é "extremamente negativa" do ponto de vista ambiental por seus "efeitos devastadores" para as selvas tropicais, disse o jornal.
     Como os custos da fabricação dos biocombustíveis são mais elevados na Europa do que nos países emergentes, a UE se vê obrigada a importar por exemplo azeite de palma da Indonésia, o que leva os exportadores a cortar ou queimar suas selvas tropicais para plantar palmeiras, explicou.
     O mesmo acontece com as importações de biocombustíveis extraídos do bagaço da cana-de-açúcar ou da soja no Brasil.
     Segundo a Greenpeace, 87% das selvas tropicais destruídas no sudeste asiático entre 1995 e 2000 tiveram como objetivo a criação de plantações para a extração do azeite de palma.
     O governo alemão estuda a implementação de um sistema de certificação para o azeite de palma para evitar o desmatamento de áreas inteiras de palmeiras.
     O ministro alemão do meio ambiente, o social democrata Siegmar Gabriel, propôs na quinta-feira que a indústria não se beneficie de subsídios para a utilização de azeite de palma até que não seja implementado um verdadeiro sistema de monitoramento das condições de sua produção.
     Atualmente, cerca de um quarto das importações de azeite de palma da UE está destinado à produção de biocombustíveis.
     Os ecologistas também deram o sinal de alerta para o Brasil, onde a Floresta Amazônica estaria sendo destruída para que as plantações de cana-de-açúcar e os cultivos de soja sejam ampliados, com o objetivo de aumentar a produção de etanol (álcool combustível). Seus custos de produção no Brasil são inferiores ao da produção de azeite de canola na Europa.
     A Comissão Européia quer que os biocombustíveis representem pelo menos 10% dos combustíveis utilizados pelo setor de transporte em 2020.
Segundo Thorben Becker, especialista em energia da Bund, uma associação ambiental, o recurso à biomassa seria mais razoável para alcançar esse objetivo.
     A recente "crise da tortilla" no México, com o grande aumento do preço do milho, também mostrou os perigos de se transformar as terras que até agora estavam dedicadas à alimentação local em cultivos onde apenas crescem plantas destinadas aos biocombustíveis.
     "Temos a necessidade de implementar um conceito global, para UE e para o mundo" sobre a cultura destinada ao biocombustível, considera Henningsen, para quem seria melhor esperar uma moratória sobre a importação destes produtos.
 
Autor: AFP - Terra


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