segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Satélite brasileiro em parceria com China sofre com barreiras dos EUA

Americanos estão barrando exportação de componentes essenciais para a linha Cbers.
Sondas têm uso civil, mas Estados Unidos alegam intenções militares chinesas.

     Uma linha de satélites produzidos por uma parceria entre o Brasil e a China está sendo emperrada por barreiras de exportação impostas pelos Estados Unidos, informa o jornal "Folha de S.Paulo". Duas empresas brasileiras que produzem peças para os satélites 3 e 4 da linha Cbers (sigla inglesa de "Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres") não estão conseguindo trazer componentes cruciais dos EUA, porque os americanos se sentem ameaçados pelo crescimento da China na área espacial.
 
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Foguete Longa Marcha-4B chinês se prepara para lançar o Cbers-2b (Foto: Inpe)
 
     Os satélites Cbers (pronuncia-se "cibers") não poderiam ser mais pacíficos: seu objetivo é simplesmente obter imagens da Terra que possam ajudar no monitoramento ambiental, como o de destamatamento e queimadas. O problema, no entanto, é que o programa espacial chinês também tem objetivos militares, o que dá aos Estados Unidos um argumento para barrar a saída de tecnologias americanas para o projeto sino-brasileiro. Eles alegam que os chineses poderiam usá-las também para fins bélicos.
     A vertente brasileira do projeto Cbers, que já lançou três satélites produzidos em parceria com a China, está sendo coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Como é de praxe em projetos desse tipo, o Inpe passou a um grupo de empresas nacionais a responsabilidade de fabricar peças dos satélites. Duas delas, a Mectron, com sede em São José dos Campos (SP), e a Opto, de São Carlos (SP), não conseguiram comprar equipamentos americanos recentemente.
 
 
     No caso da Opto, responsável pela câmera do Cbers-3, houve o cancelamento de um contrato de US$ 45 mil com a empresa californiana IR. O componente em questão, um conversor de corrente, chegou a ser pago, mas não pôde embarcar para o Brasil. "O departamento jurídico [da IR] disse ao nosso contato lá que, se ele exportasse, poderia pegar nove anos de cadeia e multa de US$ 1 milhão", afirmou ao jornal paulistano Mario Stefani, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Opto. Com isso, houve um atraso de seis meses no projeto, apesar da devolução do dinheiro aos brasileiros.
     Para tentar evitar atrasos maiores no Cbers-3, o Inpe está buscando fornecedores alternativos, principalmente na Europa. Em artigo, o diretor do instituto, Gilberto Câmara, disse esperar que as regras americanas de exportação de produtos de tecnologia sensível sejam relaxadas diante do caráter civil do Cbers. A Embaixa dos EUA, no entanto, diz que as leis sobre uso dual (civil e militar) já existem há muito tempo, e que elas não impediriam a cooperação científica.
 
Fonte: G1

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