quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mundo entrará em colapso com aquecimento, dizem cientistas


     "Se o planeta não reduzir em até 80% a emissão de gás carbônico na atmosfera até 2020, e não até 2050, como está estabelecido, em breve teremos verdadeiras tragédias nunca antes vistas. Grande parte da população mundial corre o risco de desaparecer." A previsão sombria é da diretora e coordenadora da State of the World Forum/Brasil 2020, Emília Queiroga Barros. A conferência mundial Brasil 2020 acontece até a próxima sexta-feira em Belo Horizonte.
     No encontro, mais de 150 cientistas e especialistas de várias nacionalidades, divididos em pequenos grupos, discutem os estragos provocados pelo aquecimento global e tentam traçar metas para a redução imediata dos gases que provocam o efeito-estufa.
     "É como se a Terra estivesse com febre. A pessoa quando tem a temperatura aumentada em 0,5º C, ela já começa a não se sentir bem. Assim é o planeta. Já estamos sentindo todos os efeitos desse aumento da temperatura. No Rio de Janeiro, por exemplo, e em outras cidades do litoral brasileiro, há estudos que indicam um aumento de 0,5 cm do nível do mar. Isso já traz transtornos incalculáveis. Já há cidades desaparecendo," explica Emília.



     A diretora e coordenadora da conferência traça, juntamente com o presidente do Earth Policy Institute, Lester Brown, um futuro, no qual, em pouco tempo a escassez de água e de alimentos tornará a sobrevivência insuportável.
     Brown explica que se a Terra tiver a temperatura aumentada em 1º C (atualmente está aumentada em quase 0,6º C), haverá uma queda de cerca de 10% na produção de alimentos, principalmente grãos.
     "Os preço de produção dos alimentos vão aumentar muito. Países com grande densidade demográfica sofrerão as conseqüências de forma catastrófica," diz.
     O diretor do Earth Policy Institute explica que, como num ciclo, a produção de combustíveis também agrava a falta de alimentos no planeta, já que as grandes potências e países em desenvolvimentos 'desviam' os estoques de grãos para a produção de combustíveis, como o etanol.
     No ano passado, segundo Brown, os Estados Unidos destinaram, por exemplo, 100 milhões de toneladas de grãos para a produção de etanol. "Com isso diminui a oferta de alimentos no mundo e a demanda só aumenta", afirma.
     O derretimento das grandes camadas de gelo nos pólos do planeta e nas grandes cadeias de montanha é apontado por Brown como um dos problemas que deve ser enfrentado imediatamente pelos governos.



     "Devemos reduzir a emissão de CO2 para os níveis entre 350 e 400 partes por milhão de pessoas. Se não anteciparmos estas metas de redução da emissão de poluentes a previsão é de que geleiras glaciares e polares, estes dois últimos com um degelo mais sério, porque são as geleiras que sustentam o fluxo dos rios nos países asiáticos nas estações secas, como o Ganges e o Amarelo. Num curto prazo teremos mais água que o usual, mas em longo prazo os rios serão intermitentes. A China será afetada primeiramente, um país com 2 bilhões de pessoas", afirma Brown, que reafirma o foco da conferência em BH: "Em dez anos, até 2020, o planeta precisa atingir estes limites", adverte.
     Brown ainda faz uma previsão nada animadora. "Se nada for feito e houver as alterações climáticas que imaginamos, não vamos conseguir antecipar as medidas, e se fôssemos capazes de prever, não conseguiríamos fazer o necessário a tempo. As camadas de gelo na Groelândia têm uma 1 milha de espessura. Se essas placas derreterem o nível do mar vai subir 7 m, a maioria das cidades litorâneas desaparecerão", explicou.
     Com esse fenômeno cada vez mais próximo e certo, a previsão é de que a maior parte da população mundial, que hoje vive em cidades litorâneas, migre para o interior dos países.


     "Haverá um grande deslocamento de massas. E no interior essa população só vai encontrar seca, epidemias, fome", completa a coordenadora Emília Queiroga Barros.
     "Faltará água não só para beber para a produção de comida, quando são utilizadas 500 vezes mais água que bebemos. Metade da população vive em países onde já está acontecendo a perda de terras cultiváveis. Se o mar subir 1 décimo, por exemplo, metade das terras cultiváveis de arroz em Bangladesh vão simplesmente desaparecer", reitera Lester Brown.
     O Fórum Brasil 2020 é o primeiro evento da conferência mundial Climate Leadership Campaign. As mensagens e ações definidas na conferência mineira serão rediscutidas em um encontro que vai acontecer em Washington, nos Estados Unidos, em fevereiro de 2010.
     Em agosto, o primeiro ano da campanha será fechado com eventos no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Amazonas e Bahia. Outras cidades ao redor do mundo irão sediar a campanha nos próximos anos. Entre as candidatas estão a Cidade do México, Melbourne, na Austrália, e Haia, na Holanda, segundo informou a coordenação do fórum.

Autor: Ney Rubens - Direto de Belo Horizonte  - Especial para Terra
Postado e adaptado por Wilson Junior Weschenfelder


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