terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Greenpeace persegue baleeiros japoneses contra a "caça científica"

     Procura-se um baleeiro japonês. Com este objetivo, cerca de 40 ativistas do Greenpeace cruzam o Pacífico em busca da frota japonesa que partiu do porto de Shimonoseki, no Japão, há cerca de uma semana em direção ao oceano Antártico.
     Segundo a ONG, uma frota baleeira pretende caçar baleias-jubartes pela primeira vez desde 1963, quando se estabeleceu a moratória que proibiu sua caça. A espécie está na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
 
Navio Esperanza, do Greenpeace, que persegue baleeiros no Pacífico; objetivo é pedir que cessem as pesquisas com baleias
Navio Esperanza, do Greenpeace, que persegue baleeiros no Pacífico; objetivo é pedir que cessem as pesquisas com baleias
 
     A intenção dos ecologistas é "demonstrar ao mundo a farsa da caça científica", justificativa utilizada pelos japoneses para abater mais de mil baleias durante a temporada de caça deste ano. Além das 50 jubartes, os navios japoneses devem caçar 935 baleias mink e 50 baleias fin.
     Entre os ativistas do Greenpeace, está a bióloga brasileira Leandra Gonçalves, 25, coordenadora da campanha de baleias do Greenpeace Brasil e chefe de pesquisa a bordo do navio Esperanza.
Por uma conexão de satélite, ela conta do navio em um blog os detalhes da perseguição aos baleeiros que começou na semana passada.
     Em um dos relatos do blog, ela explica por que os ativistas a bordo do Esperanza ainda não conseguiram encontrar a frota japonesa, composta por quatro navios liderados pelo Nissin Maru, de 8.044 toneladas. "Estávamos perseguindo o navio errado."
     Também do navio, Gonçalves contou à Folha Online que desde sua partida os japoneses estariam tentando camuflar os verdadeiros fins da expedição. "Eles estão usando diversas estratégias para nos despistar. Eles saíram à noite, apagaram as luzes dos navios, tudo para que não conseguíssemos encontrá-los. Fomos ludibriados", desabafa.
 
     Justificativa
     A bióloga afirma que a caça para fins científicos não passa de uma desculpa dos japoneses para continuar com a caça comercial, proibida no país desde 1987 pela moratória da caça comercial mundial.
 
Leandra Gonçalves, coordenadora do projeto de baleias do Greenpeace Brasil."Estávamos perseguindo o navio errado"
Leandra Gonçalves, coordenadora do projeto de baleias do Greenpeace Brasil."Estávamos perseguindo o navio errado"
 
     "O fato de terem saído na noite escura é mais uma prova de que estão querendo se esconder na penumbra da noite, para não expor a caça comercial que estão realizando pobremente disfarçada de ciência", diz Gonçalves.
     Ao contrário do que afirma a ONG, o governo japonês se baseia na Convenção Internacional para a Regulamentação da Pesca da Baleia, que prevê que cada governo pode conceder uma permissão especial autorizando a matar, capturar e tratar baleias com propósito de pesquisas científicas.
     Em nota do consulado no Brasil, o governo japonês informa que a frota enviada ao mar Ártico, que pertence ao The Institute of Cetacean Research, irá coletar informações para melhor administrar as espécies baleeiras da segunda fase do programa "Japanese Whale Research Program".
 
     Protestos
     Em respostas aos diversos pedidos para que interrompa a pesquisa com baleias, o chefe de gabinete japonês Nobutaka Machimura afirmou nesta segunda-feira (26) que o Japão continuará com a caça às baleias porque "uma pesquisa científica não pode ser interrompida de repente".
     A Austrália é uma das maiores críticas à prática. Em outubro, os autralianos chegaram a lançar uma campanha no Youtube contra a caça de baleias. Veja o vídeo aqui.
 
     Pedido
     A idéia dos ecologistas do Greenpeace ao encontrar os navios japoneses é fazer um pedido para que eles interrompam as atividades de caça no oceano Antártico, em local considerado como santuário de baleias pela CIB (Comissão Baleeira Internacional).
 
Itsuo Inouye/AP
O navio baleeiro Nishin Maru deixa o porto de Shimonoseki, no Japão; governo não pretende interromper caça científica de baleias
O navio baleeiro Nishin Maru deixa o porto de Shimonoseki, no Japão; governo não pretende interromper caça científica de baleias
 
 
     "A princípio iremos fazer um pedido e outras ações vão depender do desenrolar", diz Gonçalves. "Queremos expor ao mundo o que eles estão fazendo".
     A ONG lançou uma campanha em seu site em que o internauta pode assinar uma mensagem que será enviada aos chefes de estado de quatro países --Brasil, Alemanha, Estados Unidos e Chile.
     A mensagem é um pedido para que estes líderes entrem em contato com o primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda, a fim de convencê-lo a suspender a caça.
 
     Santuário de baleias
     Esta é a primeira vez que a América Latina tem presença significativa na ação do Greenpeace contra a caça de baleias. Além da brasileira, um argentino, um chileno e um panamenho estão a bordo do Esperanza.
     A presença latina tem como propósito incentivar a criação de um santuário de baleias no Atlântico Sul. A proposta será levada ao encontro anual da CIB, que acontece em junho de 2008 no Chile.
     "Estaremos lá em presença massiva de ONGs latinas para tentar novamente propor o santuário e proteger as baleias que se reproduzem em nossa costa", diz Gonçalves.
     Para ser aprovada, a proposta do santuário de baleias no Atlântico Sul precisa ter 75% de votos favoráveis entre os países que participam da CIB.
Autor: Thiago Faria da Folha Online


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