domingo, 28 de outubro de 2007

Extinção é 100 vezes maior que no passado

     Nairobi/Nova Iorque - Veja abaixo alguns pontos críticos identificados pelo Global Environment Outlook: meio ambiente para o desenvolvimento (GEO-4), divulgado nesta quinta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Trata-se do mais recente da importante série de relatórios do PNUMA, que avalia o estado atual da atmosfera global, terra, água e biodiversidade, descreve as mudanças desde 1987 e identifica prioridades para ação. O GEO-4 é o mais abrangente relatório das Nações Unidas sobre meio ambiente, preparado por cerca de 390 especialistas e revisado por mais de mil estudiosos em todo o mundo.
 
     Água: a irrigação já utiliza cerca de 70% da água disponível; ainda assim, para atingir o Objetivo do Milênio de reduzir a fome no mundo, a produção de alimentos deverá dobrar até 2050. A água doce disponível está diminuido: até 2050, prevê-se que o uso da água crescerá 50% nos países em desenvolvimento e 18% nos países desenvolvidos. Afirma o GEO-4: "o fardo crescente da demanda por água tornar-se-á intolerável em países com recursos hídricos escassos".
 
Irrigação

     A qualidade da água também tem declinado, poluída por micróbios patogênicos e nutrientes em excesso. Globalmente, a água contaminada é a maior causa de doenças e morte de pessoas.
 
    Peixes: O consumo mais que triplicou entre 1961 e 2001. As pescas estagnaram ou declinaram lentamente desde os anos 80. Subsídios geraram excesso na capacidade de pesca, estimada em 250% maior do que o necessário para manter a produtividade sustentada dos oceanos.
 

     Biodiversidade: As mudanças atuais na biodiversidade são as mais velozes na história humana. Espécies são extintas cem vezes mais rápido do que o analisado a partir de registros fósseis. Estima-se que o comércio de carne silvestre na bacia do Congo, na África, seja seis vezes maior do que a taxa sustentável. Dos maiores grupos de vertebrados analisados com profundidade, mais de 30% dos anfíbios, 23% dos mamíferos e 12% dos pássaros estão ameaçados.
     Espécies intrusas estranhas ao ambiente também são um problema crescente. As águas-vivas-de-pente (ou "carambolas-do-mar"), introduzidas acidentalmente no Mar Negro em 1982 por navios dos EUA, dominaram todo o ecosistema marinho e destruíram 26 portos de pesca comercial até 1992.
     Uma sexta grande extinção irá ocorrer, desta vez causada pelo comportamento humano. Atender a crescente demanda por comida siginificará intensificar a agricultura (utilizando mais produtos químicos, energia e água, além de criações e culturas mais eficientes) ou cultivar mais terras. De ambas as formas, a biodiversidade será afetada.
 
Jaguatirica
 
   Um sinal de progresso é o aumento contínuo de áreas protegidas. Mas elas devem ser geridas com eficiência e criadas adequadamente. E a biodiversidade (de todo tipo, não penas a "megafauna carismática" como tigres e elefantes) necessitará cada vez mais de preservação fora das áreas protegidas.

     Pressões regionais: Este é o primeiro relatório GEO em que todas as sete regiões do mundo são enfatizadas quanto aos impactos potenciais das mudanças climáticas. Na África, degradação do solo e mesmo a desertificação são ameaças; a produção de alimentos per capita diminuiu 12% desde 1981. Subsídios agrícolas injustos em regiões desenvolvidas continuam a impedir o progresso rumo a cessões maiores. As prioridades para Ásia e Pacífico incluem qualidade do ar em áreas urbanas, pressão sobre água doce, degradação de ecosistemas, uso agrícola da terra e crescente produção de resíduos. A provisão de água potável obteve progresso notável na última década, mas o tráfico ilegal de eletrônicos e resíduos perigosos é um novo desafio. A renda crescente na Europa e o aumento no número de famílias têm levado ao consumo e à produção insustentáveis, maior gasto energético, péssima qualidade do ar e problemas de transporte. As outras prioridades para a região são perda de biodiversidade, mudanças no uso da terra e pressões sobre água doce.
 
Poluição da água.

     A América Latina e o Caribe enfrentam crescimento urbano, ameaças à biodiversidade, danos nos litorais e poluição marinha, e vulnerabilidade às mudanças climáticas. Porém, áreas protegidas cobrem atualmente 12% da terra e as taxas anuais de desmatamento na Amazônia estão reduzindo. A América do Norte está lutando para combater as mudanças climáticas, as quais se relacionam com uso de energia, crescimento urbano desordenado e pressões sobre recursos hídricos. Os ganhos na eficiência energética perderam o efeito por causa do uso de veículos maiores, padrões de baixa economia de combustível e aumento no número de automóveis e das distâncias percorridas. Para a Ásia ocidental, as prioridades são pressões sobre recursos hídricos, degradação dos ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos, gestão urbana e paz e segurança. Também preocupam as doenças relacionadas à água e o compartilhamento de recursos hídricos internacionais. Nas Regiões polares já se notam os impactos das mudanças climáticas. A segurança alimentar e a saúde de populações indígenas são ameaçadas pelo aumento de mercúrio e de poluentes orgânicos persistentes no meio ambiente. A camada de ozônio deve levar mais meio século para se recuperar.
 
     O futuro
     O Relatório GEO-4 reconhece que a tecnologia pode ajudar a reduzir a vulnerabilidade das pessoas às pressões ambientais, mas afirma que há, em certas ocasiões, a necessidades de "corrigir o paradigma de desenvolvimento centrado na tecnologia". Ele explora como as tendências atuais podem resultar em quatro cenários por volta de 2050.
     O futuro real será determinado em grande parte pelas decisões que os indivíduos e as sociedades tomarem agora, afirma o GEO-4: "nosso futuro comum depende de nossas ações hoje, e não amanhã ou em algum momento no futuro".
     O dano causado por alguns problemas persistentes talvez já seja irreversível. O relatório alerta que o combate às causas profundas das pressões ambientais pode, por vezes, afetar os interesses consolidados de grupos poderosos capazes de influenciar as decisões políticas. A única forma de lidar com os problemas mais sérios é deslocar o tema ambiental da periferia para o centro das decisões: é o meio ambiente para o desenvolvimento, não o desenvolvimento em detrimento do meio ambiente.
     "Houve chamados para a ação suficientes desde Brundtland. Eu espero sinceramente que o GEO-4 seja o último. A destruição sistemática dos recursos naturais da Terra atingiu um estágio em que é desafiada a viabilidade econômica em todo o mundo – e a conta que passamos aos nossos filhos pode ser impossível de ser paga", disse Subsecretário-Geral da ONU e Diretor Executivo do PNUMA.
     O relatório GEO-4 conclui que "enquanto espera-se que os governos liderem a mudança, outros atores mostram-se igualmente importantes para garantir sucesso em alcançar o desenvolvimento sustentável. As necessidades não poderiam ser mais urgentes e a hora não poderia ser mais oportuna, a partir de nosso entendimento mais aprimorado sobre os desafios que temos à frente, para agir agora e salvaguardar nossa própria sobrevivência e a de gerações futuras".
 
Fonte: Pnuma - Portal do Meio Ambiente

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