terça-feira, 14 de abril de 2009

O mercado pode exigir aço que não vem de desmatamento

     Pouca gente sabe mas a indústria siderúrgica no Brasil tem sua parcela de responsabilidade pelo aquecimento global e, principalmente pelo desmatamento. Isto porque uma das principais matérias-primas para a produção do aço é o carvão vegetal, que vem da queima da madeira de desmatamento. Ele é produzido em carvoarias situadas na floresta, como na foto acima. Só no ano passado, elas desmataram 375 Parques do Ibirapuera em Mato Grosso.



     Quem está na contramão dessa tradição, investindo para produzir um aço verde, longe das florestas, pode estar garantindo uma melhor competitividade no futuro. Essa é a tese de Luiz Antonio Rossi, gerente de meio ambiente de uma das principais produtoras de aço do Brasil, a ArcelorMittal Tubarão. "No futuro, empresas ambientalmente sustentáveis terão a preferência do mercado. Já há sinais do mercado de que essa é a tendência."
     A ArcelorMittal Tubarão, localizada no estado do Espírito Santo, não usa carvão vegetal. Todo o carvão usado na produção é mineral e vem de outros países. Rossi diz que essa ainda não é uma exigência dos clientes da empresa - entre eles indústrias de automóveis, eletrodomésticos, embalagens, construção civil e naval -, mas acredita que isso é uma questão de tempo.



     A empresa é autossuficiente em energia há mais de 20 anos. De 1988 para cá, reaproveita os gases poluentes que antes saíam pelas chaminés da fábrica na geração da energia elétrica que suas máquinas consomem. Foi com esse reaproveitamento dos gases que a ArcelorMittal Tubarão conseguiu evitar a emissão de mais de 300 mil toneladas de carbono à atmosfera nos últimos cinco anos. Além de economizar energia, a não-emissão de gases de efeito estufa gerou créditos de carbono que foram vendidos a um banco alemão por US$ 5 milhões. Agora, empresas alemãs poluidoras poderão comprar créditos desse banco a fim de atingir suas metas no Protocolo de Kyoto.
     O investimento no projeto que resultou na venda de créditos de carbono foi de R$ US$ 21 milhões. Para Rossi, o retorno financeiro de US$ 5 milhões - relativamente baixo - não é o estímulo principal. "Normalmente, os créditos [de carbono] não são suficientes para financiar um novo projeto. Mas devem ser considerados para projetos futuros. É uma receita a mais que a empresa obtém por meio de uma melhoria operacional, visando à sustentabilidade. Não vejo apenas pela receita. Desde que começamos, visamos a uma melhor eficiência nos nossos projetos."
     A ArcelorMittal Tubarão é a antiga Companhia Siderúrgica Nacional. Ela nasceu em 1983 como uma empresa brasileira estatal e foi privatizada em 1992, passando a fazer parte do que é hoje o maior grupo siderúrgico do mundo. Segundo Rossi, o objetivo de produzir aço sustentável é da época de sua fundação, quando os japoneses que faziam parte dos acionistas já imprimiam seus valores na gestão.
     Por enquanto, a siderúrgica não consegue um diferencial de preço só porque vende um aço mais verde. Mas Rossi acredita que isso vai mudar. "Daqui a alguns anos, essa será, necessariamente, uma exigência do mercado."
     Outras empresas já enxergam essa exigência do mercado. Há dois anos, a Usiminas lançou um aço com certificação ambiental para garantir a origem limpa de seu produto.



Autora: Francine Lima - Blog do Planeta
Postado e adaptado por Wilson Junior Weschenfelder


Veja quais são os assuntos do momento no Yahoo! + Buscados: Top 10 - Celebridades - Música - Esportes

Nenhum comentário: