Os principais pesquisadores do mundo vivem hoje um impasse terrível. Nos últimos anos, eles fizeram o maior esforço conjunto para entender melhor o comportamento do clima no passado e desenvolveram modelos para antecipar o futuro. As conclusões são inequívocas e dramáticas. Estamos caminhando para um mundo mais quente, com conseqüências inevitáveis. Mas ainda temos tempo – e obrigação – de agir rápido para evitar o pior. O problema é que esta mensagem não está chegando na velocidade correta aos líderes políticos e empresários.
Na semana passada, representantes dos principais centros de pesquisa do mundo se reuniram em um congresso em Copenhague, na Dinamarca, para reunir o conhecimento científico e chegar a consensos sobre o clima. O relatório final dos pesquisadores será divulgado em junho, início do calor no Hemisfério Norte, numa tentativa de mobilizar a opinião pública. Antes dele, os cientistas já divulgaram um documento com um resumo de suas posições. O primeiro ponto do documento é bem claro. É a principal conclusão do grupo de elite de pesquisadores e resume a principal mensagem que eles querem passar nos próximos meses. Ela diz o seguinte: "Observações recentes confirmam que, dados os altos índices de emissões observados, os piores cenários do IPCC (ou mesmo pior) estão se confirmando. Para vários parâmetros, como o sistema climático já está se movendo para além dos padrões de variabilidade natural, dentro dos quais nossas sociedade e economia se desenvolveram. Esses parâmetros incluem temperatura média da superfície, nível dos oceanos, dinâmica das calotas polares, acidez dos mares e eventos climáticos extremos. Existe um risco significativo de que várias tendências se acelerem, levando a uma chance elevada de mudanças abruptas ou transformações climáticas irreversíveis". O pior cenário do IPCC que eles dizem estar se confirmando significa que até 2100 (ou antes) teremos uma temperatura média 5 graus acima da atual, oceanos ácidos demais para suportar a vida, o nível do mar alguns metros mais alto e eventos extremos, como furacões, secas, tempestades e ondas de calor além do que conhecemos na história da civilização. Isso se não começarmos agora a reduzir os níveis de emissão radicalmente. Apesar da clareza e da urgência da mensagem acima, ela não tem recebido a atenção que os cientistas esperam. Para frustração de alguns dos próprios jornalistas. "Acho que a imprensa tem contribuído para a sensação de que não é um problema urgente porque as mudanças climáticas não estão nas manchetes todo dia", lamenta Elizabeth Kolbert, da revista New Yorker, uma das jornalistas mais premiadas da área. O que torna essa mensagem difícil de ser transmitida é que a própria imprensa já não consegue mais dar notícias de previsões catastróficas sem gerar alguma reação de ceticismo ou insensibilidade. Uma pesquisa recente do Gallup nos EUA mostra que parte expressiva do público acha que a imprensa exagera na gravidade das mudanças climáticas. A proporção de americanos que vê a cobertura como correta caiu de 66% em 2006 para 57% hoje. E os que acham que a mídia é alarmista foram de 30% para 41%. É a taxa mais alta de ceticismo público desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1998. Pode ser conseqüência do governo negacionista republicano recente. Mas também deve indicar algo a mais do que isso. As pessoas devem estar cansadas de más notícias. Agora elas querem um caminho. Autor: Alexandre Mansur - Blog do Planeta Postado e adaptado por Wilson Junior Weschenfelder |
Veja quais são os assuntos do momento no Yahoo! + Buscados: Top 10 - Celebridades - Música - Esportes
Nenhum comentário:
Postar um comentário