Os cem países mais vulneráveis ao aquecimento global são os que menos emitiram gases-estufa
Os cem países que mais vão sofrer com os impactos das mudanças climáticas na próxima década contribuem juntos com apenas 3,2% do total de dióxido de carbono emitido na atmosfera. Isto é o que revela um relatório recém-divulgado por pesquisadores do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento e da Escola de Economia de Londres. O estudo mostra que algumas das nações mais pobres do mundo serão as principais vítimas do aquecimento global, justamente por terem menos recursos para se adaptarem às mudanças causadas por ele.
Paraíso ameaçado: o arquipélago de Tuvalu (retratado na foto acima) está, ao lado de outras nações insulares e subdesenvolvidas, entre os cem países mais vulneráveis aos impactos do aquecimento global (foto: Stefan Lins).
A lista dos mais vulneráveis não inclui qualquer país industrializado, europeu ou norte-americano. As nações menos desenvolvidas do planeta, em compensação, estão presentes às dezenas. Os países que aparecem em maior número no relatório são os africanos e os insulares, que correm o risco de serem inundados por conta do aumento do nível dos oceanos. Regiões polares e comunidades localizadas às margens dos megadeltas dos rios, principalmente na Ásia, também estão na lista. Da América do Sul, os únicos citados são Guiana e Suriname.
Embora tenham uma contribuição modesta para a emissão de gases do efeito estufa, os cem países mais vulneráveis têm uma população superior a um bilhão de pessoas. Caso os desastres naturais aumentem em número e intensidade devido ao aquecimento global, a fome crônica e as doenças podem levar a uma migração em massa forçada de dezenas de milhões de pessoas. Para ajudar a adaptação de tantos imigrantes a curto prazo, seria necessária a criação de um grande fundo, cujos gastos poderiam ser de 10 bilhões de dólares por ano, segundo estimativas do relatório.
As discussões da Convenção do Clima que está sendo realizada em Bali são fundamentais para se defenderem os interesses dos países mais vulneráveis ao aquecimento global. Ali, deve começar a se delinear a política climática global a ser adotada a partir de 2012, quando se encerra o prazo estipulado para as metas criadas pelo Protocolo de Kyoto. "É essencial que as vozes, perspectivas e pontos de vista desses países sejam ouvidos e incorporados às negociações do regime climático pós-2012", defendem os autores do relatório, que pode ser consultado na internet.
O caso brasileiro
Embora o Brasil tenha ficado fora da lista das nações mais vulneráveis ao aquecimento global, o país não sairá ileso de seus efeitos. Em artigo publicado na semana passada na revista Science, pesquisadores dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Brasil reforçam que as mudanças climáticas poderão agravar as conseqüências do desmatamento na Amazônia, entre elas, a seca.
Embora o Brasil tenha ficado fora da lista das nações mais vulneráveis ao aquecimento global, o país não sairá ileso de seus efeitos. Em artigo publicado na semana passada na revista Science, pesquisadores dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Brasil reforçam que as mudanças climáticas poderão agravar as conseqüências do desmatamento na Amazônia, entre elas, a seca.
A vulnerabilidade da Amazônia ao aquecimento global já havia sido apontada em abril no relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). O documento alerta que, se nada for feito, a floresta poderá entrar em processo de savanização e sofrer escassez de água, o que prejudicaria a população e a saúde locais.
O artigo da Science afirma que as áreas já desmatadas são as que mais correm riscos de secas, que poderão ser permanentes. Segundo os cientistas, experimentos indicam que a floresta intacta resiste muito mais aos processos de seca do que se imaginava, embora não sejam invulneráveis.
As mudanças climáticas decorrentes do desmatamento diminuiriam o poder de renovação da Amazônia, mostra o artigo. A redução da floresta resultaria na queda de sua capacidade de absorver dióxido de carbono da atmosfera, o que aumentaria ainda mais os danos do aquecimento global, em um ciclo vicioso. "Os próximos anos representam uma oportunidade única, talvez a última, de manter o poder de recuperação, a biodiversidade e o ecossistema da Amazônia", alertam os autores.
Autora: Diana Dantas - Ciência Hoje On-line
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