sábado, 1 de setembro de 2007

Para onde vão os plásticos

     A verdadeira razão pela qual os aterros sanitários não estão cheios de plástico é que eles vão parar em outro lugar: no mar. Eles são levados pelas correntes marítmas e acabam se acumulando em alguns pontos específicos dos oceanos. São as regiões onde as correntes formam uma lenta espiral que vai capturando todos os dejetos flutuantes, como grandes ralos do mar. Elas estão no mapa abaixo. Essas áreas, de calmaria, chamadas giros subtropicais, são evitadas pelos navegantes. O lixo fica ali rodando lentamente, no meio dos oceanos, para sempre.
 
     Quem descobriu essas lixeiras marítmas foi o capitão Charles Moore (na foto). Há 10 anos ele estuda essas áreas. Descobriu que 80% do lixo no mar foi lançado da terra. São levados pelo vento, ou carregados pelos rios e esgotos pluviais que deságuam no mar. Moore avaliou que o giro subtropical do Pacífico já tem 3 milhões de toneladas de plástico. E vai continuar acumulando boa parte do que descartamos. Porque todo o plástico fabricado desde que a humanidade desenvolveu esse tipo de material, em meados do século passado, continua aí, em algum lugar do ambiente. Ele leva milhares de anos para se degradar. Ninguém sabe ao certo.
 
 

     O papel do plástico no lixo
     Ao contrário da crença popular, o plástico contribui com menos de 20% do volume de lixo encontrado nos aterros. É o que conta Alan Weisman em seu livro "O mundo sem nós". Segundo o arqueólogo americano William Rathje, da Universidade de Stanford, que pesquisa há décadas os aterros sanitários, o plástico ocupa pouco espaço no lixo porque pode ser mais comprimido que outros tipos de refugo. O grosso do que está nos aterros, diz Rathje, são detritos de construções e produtos de papel. Os jornais não se decompõem facilmente quando enterrados longe do ar e da água, ao contrário do que também pensa a crença popular.
 
     As pessoas imaginam que os plásticos são o pior. E isso é verdade fora dos aterros. Um jornal jogado na rua se rasga ao sol e se dissolve na chuva. É biodegradável. Mas não sob a terra. "É por isso que temos rolos de papiros do Egito com 3 mil anos", diz Rathje. "Nós tiramos dos aterros jornais de 1930 perfeitamente legíveis. Eles permanecerão lá por mais 10 mil anos." A solução, naturalmente, é reciclar tanto o plástico quanto os papéis.
 
 
 
Autor: Alexandre Mansur - Blog do Planeta
 
 
Leia também o texto original do capitão Charles Moore:
 

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