terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Ambientalistas avançam. Mas FSM parou


Este décimo FSM deixa um sabor meio amargo para os militantes e simpatizantes do movimento ambientalista mundial. Mesmo ausente da pauta, o tema acabou presente em todas as discussões do dia-a-dia das pessoas comuns e dos principais dirigentes políticos do mundo

     Nos amplos salões bem iluminados e refrigerados da Assembléia Legislativa gaúcha, a décima edição do Fórum Social Mundial foi encerrada, no começo da calorenta tarde porto-alegrense desta sexta-feira (29/01), em clima de saudação à edição internacional na capital do Senegal, em janeiro de 2011.
     A última sessão do Seminário Internacional que abordou os desafios e propostas para um novo mundo possível também relembrou os principais momentos vividos desde o primeiro FSM, em janeiro de 2001, em Porto Alegre.
     O evento descentralizado do Rio Grande do Sul, de 25 a 29 de janeiro de 2010, dá a partida para diversos outros encontros, em várias partes do mundo. Foram mais de 900 atividades, entre seminários, palestras, oficinas e apresentação de filmes e shows de música, com a presença de umas 35 mil pessoas. A esmagadora maioria dos presentes – 60% - era do sexo feminino. Vieram de 39 países, e entre eles quatro cidadãos da nação cenário da terrível tragédia deste começo de ano, o Haiti.
     As atividades foram divulgadas a todo o Planeta pelos representantes da mídia: são 250 jornalistas de 15 países, um número expressivo - se considerarmos que o FSM 10 Anos era um evento descentralizado e se espraiou por sete cidades do Rio Grande do Sul.

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Jornalista e professor francês Claude-Marie Vadrot (foto: Eliége Fante/EcoAgência)

     Meio ambiente fora dos temas centrais
     Mas este décimo FSM deixa um sabor meio amargo para os militantes e simpatizantes do movimento ambientalista mundial. De fato, como EcoAgência já publicou na matéria Agenda Ambiental ainda é Desafio a ser Vencido, o tema esteve ausente da pauta, mas presente em todas as discussões do dia-a-dia das pessoas comuns e também dos principais dirigentes políticos do mundo.
     Falo do tema das mudanças climáticas, presente ainda no passado mês de dezembro de 2009, em Copenhague, na frustrada reunião de cúpula promovida pelas Nações Unidas.  É  verdade que os temas do meio ambiente como que pipocaram, aqui e ali, entre uma palestra e outra, ou uma que outra oficina. Mas não se constituíram em um dos pontos principais do encontro.]
     No auditório da Assembléia Legislativa, encontro o veterano jornalista e professor francês Claude-Marie Vadrot.  Ele se define como um jornalista especializado nas questões ambientais e de proteção da natureza. Leciona Ecologia e Comunicação Ambiental no Departamento de Geografia da Universidade Paris 8. Já escreveu  desde seu livro "Déclaration des Droits de La Nature", de 1973, mais 36 obras sobre Geografia, Política Internacional e Ecologia, como o recente "L'Horreur Écologique", de 2007.
     Para Vadrot, o FSM até hoje, em suas dez edições, não foi capaz de compreender plenamente a importância dos temas ambientais, em especial das atuais mudanças climáticas. Há falta de entendimento no FSM sobre as relações entre política, economia e os temas ambientais.
     Em Copenhague, o jornalista francês presenciou o avanço militante do movimento ambiental, a partir da compreensão de que os temas econômicos e ecológicos estão umbilicalmente unidos. E, na capital dinamarquesa, lembra Vadrot, aconteceu uma reunião de caráter "verde". Como um contraste antiecológico, ele aponta para a forte iluminação e a refrigeração a pleno dos ambientes da Assembléia gaúcha. "Lá, ao menos, as salas de reuniões eram mais compatíveis com o atual estado de coisas, aproveitando ao máximo a iluminação solar", diz.
     Para Dakar-2011, Vadrot não mostra uma grande esperança, ou mesmo confiança. Ele, presente desde o primeiro FSM, em 2001, diz estar cansado de ouvir desde então as mesmas palavras de ordem, enquanto as coisas vão mudando ao redor do Planeta.
     "Já os ecologistas avançaram muito. Tanto com suas ações e atividades, como também em um discurso mais contemporâneo, mais adequado a este começo de século 21. E também em nível individual, os ecologistas já estão agindo diariamente, dentro de suas possibilidades, para realizar um novo mundo. Que seja além do possível, também um novo mundo necessário", conclui.  Não posso deixar de concordar com ele.

Autor: Renato Gianuca, especial para EcoAgência de Notícias



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