Países ainda não adotaram políticas práticas de redução de emissões. Desafio é traduzir ciência complexa para causar reações significativas. Dois anos atrás, uma cúpula científica internacional atraiu atenção mundial ao reportar que a atividade humana estava aquecendo o planeta de formas que poderiam afetar seriamente os seres humanos. O trabalho do grupo, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), dividiu o Prêmio Nobel da Paz de 2007 com o vice-presidente americano Al Gore. Após duas décadas entregando relatórios ao mundo sem fanfarra, ele subitamente conquistou ampla audiência. Contudo, enquanto o painel se prepara para seu próximo relatório, muitos especialistas em ciência e política do clima, tanto dentro quanto fora da rede, avisam que ele pode rapidamente perder relevância – a menos que ajuste o método e o foco. Embora o painel, fundado em 1988 e operando sob proteção da Organização das Nações Unidas, tenha colecionado prêmios e aclamações, há poucas evidências de que os países estejam fazendo algo prático em reação a seus avisos. As emissões de gases aumentaram. Conversas sobre o novo tratado do clima permanecem basicamente travadas. "Como a mesma dificuldade de se agarrar a cauda de um tigre, o IPCC conseguiu a atenção mundial, mas agora o desafio é fazer o tigre seguir na direção correta", disse Michael MacCracken, antigo colaborador dos relatórios do painel e cientista-chefe do Climate Institute, um grupo sem fins lucrativos. "Para o IPCC, isso significa oferecer diretrizes que vão minimizar os impactos climáticos e maximizar os investimentos num futuro próspero e sustentável." As emissões de gás estão aumentando. Ambientalistas afirmam que os relatórios do painel são atrapalhados pela exigência de que os governos patrocinadores aprovem seus resumos linha por linha. Ao mesmo tempo, cientistas que questionam a probabilidade de uma interferência calamitosa no clima da Terra acusam o painel de escolher a dedo os estudos e subestimar os níveis de incerteza acerca da severidade do aquecimento global. Rajendra Pachauri, diretor do IPCC, rejeitou a acusação de preconceito, apontando que os relatórios produzidos pelo organismo são revistas de forma transparente por pares. Mas ele reconheceu os desafios que o grupo enfrenta ao traduzir ciência complexa de uma forma que produza reações significativas. Autor: Andrew Revkin Do 'New York Times' Postado e adaptado por Wilson Junior Weschenfelder |
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