sábado, 27 de dezembro de 2008

Grandes criaturas do mar, como lulas, podem sentir efeitos do CO2

     O aumento das emissões de dióxido de carbono afeta mais que a atmosfera. Grande parte do CO2 é absorvida pelos oceanos, tornando-os mais ácidos.
     Pesquisas recentes examinaram o impacto da acidificação em corais e outros pequenos organismos calcificados. Mas o aumento de CO2, combinado ao gradual aquecimento dos oceanos, pode ter outros efeitos e afetar criaturas maiores – porque haverá menos oxigênio na superfície, e zonas profundas com pouco oxigênio se expandirão verticalmente.
 

Lula Humboldt

 
     Um estudo no The Proceedings of the National Academy of Sciences observa os efeitos potenciais em uma das maiores criaturas, a lula Humboldt, que pode ter quase dois metros de comprimento e pesar mais de 45 quilos. Rui Rosa e Brad A. Seibel, da Universidade de Rhode Island, colocaram lulas em um respirômetro que permitia medições de metabolismo à medida que as concentrações de gases na água eram alteradas.
     Próximo da superfície, essas criaturas precisam de muito oxigênio, em parte por estarem sempre caçando peixes e seus sistemas respiratório e propulsor serem de eficiência limitada. Durante a noite, elas migram para águas mais profundas e com menos oxigênio, onde seu metabolismo desacelera e elas podem se recuperar.
 

Pesca de lula Humboldt na Califórnia

 
     Os pesquisadores descobriram que sob condições de CO2 elevado, similares àquelas previstas para as águas da superfície no final do século, as taxas de atividade e metabólicas das lulas desaceleraram significativamente. Então, uma boa hipótese é que essas lulas ficarão mais letárgicas, menos adeptas a caçar e menos capazes de fugir de predadores como focas, tubarões, peixes-espada, merlins e baleais cachalotes.
     Os pesquisadores afirmam que o aquecimento das águas significa que as zonas com menos oxigênio, habitadas pelas lulas durante a noite, se tornarão mais rasas. O efeito final é um grande aperto no habitat das lulas, com potenciais efeitos para suas presas e predadores.
 
Autor: Henry Fountain / New York Times - G1
Postado e adaptado por Wilson Junior Weschenfelder


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