terça-feira, 14 de outubro de 2008

Relatório: concentrações de ozônio continuam subindo

As concentrações de ozônio ao nível do solo continuam a subir a despeito das regulamentações cujo objetivo é controlar o nível desse gás, de acordo com a Royal Society, a academia britânica de ciências.
 
     O impacto dos poluentes sobre a saúde humana e o rendimento das safras também é pior do que se imaginava anteriormente, alerta o estudo.
     Os níveis de ozônio subjacente subiram em cerca de duas partes por bilhão (ppb) a cada década, depois dos anos 80, e chegaram a 35/40 ppb, um patamar prejudicial, na maioria dos países industrializados do mundo.
     "No passado visto como questão de escala local ou regional, o ozônio ao nível do solo emergiu como poluente mundial", afirma o relatório. Um acordo mundial para controlar o crescimento do ozônio ao nível do solo se tornou necessário a fim de evitar potenciais ameaças à segurança alimentar mundial e um crescente número de mortes, conclui o estudo.
 

De acordo com a academia britânica de ciências, as concentrações de ozônio ao nível do solo continuam subindo

De acordo com a academia britânica de ciências, as concentrações de ozônio ao nível do solo continuam subindo (imagem: Nature)

 
     Amigo e inimigo
     O ozônio é um elemento natural da atmosfera. Na estratosfera, ela serve como filtro solar protetor que protege a Terra contra os níveis elevados de radiação ultravioleta vinda do sol.
     Mas o ozônio em nível do solo é formado por reações químicas propelidas pela radiação solar entre compostos orgânicos voláteis, como os hidrocarbonetos combustíveis, e óxidos de nitrogênio que são emitidos em larga medida pelos escapamentos de veículos.
     A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu que o ozônio em concentração superior a 50 ppb tem efeito sobre a saúde humana. Mas o estudo da Royal Society diz que concentração de 35 ppb já gera impactos, e de acordo com a Agência Ambiental Européia mais de 21 mil mortes prematuras a cada ano estão associadas com o ozônio na União Européia.
     O impacto sobre a vegetação começa em concentração de 40 ppb. Na União Européia, em 2000, estima-se que 6,7 bilhões de euros (US$ 9 bilhões) em produção agrícola tenham sido perdidos por conta do ozônio, segundo o estudo.
 

Gás existente em geladeiras, se liberados, acabam atacando a camada de ozônio (Ilustração: Arte/G1)

 
     Choque para as safras
     O estudo revisou os mais recentes dados disponíveis e executou novos trabalhos de modelagem, para avaliar possíveis mudanças nos níveis de ozônio entre 2000 e 2050.
     Se todos os regulamentos existentes forem obedecidos, as concentrações de ozônio cairiam em até 15 ppb nos países desenvolvidos, até 2050. Mas nos países em desenvolvimento, onde existem poucos controles legislativos em vigor, os níveis de ozônio podem crescer em ate 3 ppb no mesmo período.
     Peter Cox, cientista do clima na Universidade de Exeter, no Reino Unido, e um dos autores do estudo, diz que "constatamos que o ozônio terá impacto significativo sobre a saúde humana e das safras, o que vai se tornar especialmente importante à medida que tentamos descobrir como manter o mundo alimentado".
     Stephen Long, especialista em safras agrícolas na Universidade do Illinois em Urbana-Champaign, recebeu positivamente o relatório. "Em termos gerais, ele pode ser considerado excelente. Destaca, com mais clareza do que em estudos precedentes, o ozônio pode causar grandes problemas", diz. "Sabíamos que ele era capaz de afetar a saúde, mas o relatório ressalta os efeitos sobre a vegetação e as safras agrícolas".
 

Esquema mostrando a quantidade de radiação ultravioleta (setas vermelhas) que chega à superfície terrestre: à esquerda, com a camada de ozônio preservada; à direita, com ela destruída (Adaptado de Raven, P.H; Berg, L.R; Johnson, George B. 1998. Envinroment - 2nd edition . Pg. 471 - fonte)

 
Autora: Natasha Gilbert - Nature
Tradução: Paulo Migliacci - Terra Notícias
Postado e adaptado por Wilson Junior Weschenfelder


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