sexta-feira, 24 de agosto de 2007

A importância da Auditoria Ambiental no combate ao escurecimento global

      O "escurecimento global" ou "global dimming" têm sido o novo alvo de debate entre cientistas, meteorologistas, ONGs e governos de todos os continentes. O fenômeno vem sendo observado e catalogado desde a década de 50.
 
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      Vários estudos baseados em redes de estações radiométricas mostram que durante o período 1964-1992 se observa um escurecimento global significativo em amplas regiões da África, Ásia, Europa e América da Norte, com uma redução média de aproximadamente 2% (dois por cento) por década.
         O fato se deve a redução da irradiação solar global, ou seja, o fluxo de radiação solar que chega a superfície terrestre, tanto pelos raios solares quanto pela radiação difusa dispersada pelo céu e pelas nuvens.
Acredita-se que o escurecimento global tem sido causado por um aumento de partículas de aerossóis na atmosfera terrestre, como o carbono negro, ocasionado pela ação humana.
        O carbono negro trata-se de uma forma impura de carbono produzida durante a combustão incompleta de combustíveis fósseis, madeira (formando fuligem) ou de biomassa. Essa variação do CO2 pode ser encontrada em aerossóis, sedimentos e solos.
       Os aerossóis por serem partículas suspensas num gás, com alta mobilidade inetercontinental, além de outros particulados, absorvem energia solar e refletem a luz do Sol de volta para o espaço. Esse efeito variava com a localização, mas sabe-se que a nível mundial a redução foi da ordem de 4% (quatro por cento) ao longo das décadas de 60 à 90. Essa tendência inverteu-se em 1990, interferindo no ciclo hidrológico por via da redução de evaporação, originando um período de seca em várias regiões.
      O aumento da poluição acarreta a produção de maiores quantidades de particulados o que dá origem à formação de nuvens com um maior número de pequenas gotículas (isto é, a mesma quantidade de água encontra-se dispersa num maior número de gotículas). As gotículas mais pequenas tornam as nuvens mais refletoras, aumentando assim a quantidade de luz solar que é reflectida de volta para o espaço e diminuindo aquela que atinge a superfície terrestre.
       As nuvens interceptam tanto o calor proveniente do sol como o calor radiado pela Terra. Os seus efeitos são complexos e variam com o tempo, localização e altitude. Geralmente, durante o dia, a intercepção da luz solar é predominante, resultando num efeito de arrefecimento; durante a noite a re-radiação do calor para a Terra, abranda a perda de calor desta.
      A trilha que leva a descoberta do Escurecimento Global começou 40 anos atrás em Israel, com um trabalho de um jovem imigrante inglês chamado Gerry  Stanhill. Com formação em biologia, o trabalho de Gerry era organizar o esquema de irrigações, e para isso ele precisava medir a intensidade do brilho do sol sobre Israel.
      Nesse trabalho era importante medir a irradiação solar, porque esse era um fator importante que determina a quantidade de água que as plantações precisam.
      Durante um ano, Gerry coletou dados referentes a medição da luz solar. Os resultados foram os esperados, e usados para ajudar a projetar o sistema de irrigação de Israel.
Vinte anos mais tarde, nos anos 80, Gerry decidiu repetir sua pesquisa para verificar se aqueles dados ainda eram válidos. Ao fazer a repetição da análise feita no passado, ele ficou surpreendido, pois descobriu que houve uma grande diminuição na luz do Sol, baseado na quantidade de radiação deste em Israel.
      Ao se comparar as medições realizadas no início dos anos 50 com as medições atuais o que se vê é uma redução de 22% (vinte e dois por cento) da luz solar. Assim, quando Gerry publicou esses resultados, eles foram ignorados, pois os cientistas acreditavam que se isso realmente fosse verdade, os israelitas deveriam estar congelando.
      Mas acontece que Gerry não foi o único cientista a perceber a diminuição da luz solar. Na Alemanha, a jovem Beate Liepert graduada em climatologia descobriu que o mesmo parecia estar acontecendo também nos Alpes da Bavária.
      Alemanha, Israel, mas e no resto do mundo? Com trabalhos independentes, Liepert e Stanhill começaram a pesquisar publicações, períodicos e dados meteorológicos de todo o mundo. E ambos encontraram a mesma história extraordinária! No período compreendido entre os anos 50 e 90,  o nível de energia solar atingindo a superfície da  Terra tinha caído 9% (nove por cento) na Antártida, 10% (dez por cento) nos Estados Unidos, quase 30% (trinta por cento) na Rússia e cerca de 16% (dezesseis por cento) em algumas partes das Ilhas Britânicas.
      Os cientistas se recusaram inicialmente a aceitar esses dados, pois acreditavam que se havia redução da irradiação solar sobre a superfície da Terra, isso deveria deixar o nosso planeta mais frio Assim, eles sabiam que na verdade ocorria o inverso, o aquecimento global. Esse fenômeno que era resultante do dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa que emitimos,  já que seguram ainda mais calor na atmosfera terrestre.
 
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      No entanto, na Austrália, os cientistas e biólogos Michael Roderick e Graham Farqurar, da Universidade Nacional da Austrália, descobriram outro resultado paradoxal: um declínio mundial em taxa de evaporação diária. Eles chegaram a essa conclusão  trabalhando com a Taxa de Evaporação de Panela, que nada mais é que a medição da quantidade de água que precisa-se colocar todos os dias em um local com água para ele voltar ao nível do dia anterior. Verificaram que esta taxa estava diminuindo.
      Por décadas, ninguém prestou muito atenção nas taxas de evaporação diária. Mas nos anos 90, os cientistas perceberam um fato bastante estranho. O nível de evaporação estava caindo.Como pode a taxa de evaporação cair, se a temperatura da Terra está subindo? Descobriu-se, então, que o aumento da temperatura não era o fator mais importante na taxa diária de evaporação, mas sim a energia dos fótons da luz solar incindindo na superfície que leva as moléculas de água para a atmosfera. Chegou-se, assim, a uma conclusão estarrecedora: se a taxa de evaporação está diminuindo pode ser porque a luz solar está diminuindo.
      Mas o que está causando isto? Na busca pela resposta, um dos maiores climatologistas do mundo, Veerabhadran Ramanathan, da Universidade da Califórnia, foi procurar a resposta na Ilhas Maldivas, que são na verdade milhares de ilhotas no oceano Índico. Estas ilhotas são desertas, mas na verdade, as do norte são atingidas por uma corrente de ar poluído (que tem 3 quilômetros de altura) vinda da Índia, e as do sul são atingidas por uma corrente de ar puro e limpo, vinda da Antártica. Assim, a poluição poderia ser a responsável. Queimar combustível não produz somente a poluição invisível, responsável pelo aquecimento global, mas também produz a radiação visível, pequenas partículas de fuligem e outros compostos. Depois de quatro anos de pesquisas, os resultados foram publicados: As ilhas do norte, devido as nuvens de poluição de 3 km de espessura, recebiam 10% (dez por cento) menos energia que as do sul. Os pesquisadores esperavam um resultado de 0,5 a 1% (meio a um por cento), mas ele foi 10 (dez) vezes maior! As nuvens estavam tornado-se espelhos gigantes que além de refletir de volta os raios solares, podiam alterar o padrão de chuvas globais. Isto é realmente um desastre!
      Na verdade, o escurecimento global tem mascarado a verdadeira força do aquecimento global. A Terra pode ser bem mais vulnerável ao efeito estufa do que esperávamos. Até agora, as duas forças estão equivalente, mas daqui a pouco, a curva do aquecimento global vai subir, e a do escurecimento global não vai conseguir acompanhá-la. Em 100 anos as temperaturas subiram 0,6 ºC, assim o aquecimento global está vencendo o escurecimento.
      Diante desse cenário de intempéries é necessário e urgente que a sociedade requeira uma tomada de posição. Tanto o escurecimento quanto o aquecimento global tratam de mudanças climáticas de efeito letal ou mortal. Assuntos relativamente novos que muitos cientistas até recentemente se recusavam a acreditar que existiam.
Há dois anos, a maioria dos cientistas nunca tinha ouvido falar sobre o fenômeno do Escurecimento Global. Agora acreditam, entretanto, que pode significar que todas as previsões sobre o futuro do nosso clima podem estar erradas.
A série da BBC de Londres exibida em 2005, transmitida pela Discovery Channel, tentou através do documentário "O Mundo nas Sombras" alertar a sociedade para os problemas que vamos em breve enfrentar; entretanto, já começamos à sentí-lo, embora em níveis ainda "pacíficos".
      É aí que surge como uma das medidas de combate ou de pelo menos freamento ao aquecimento e ao escurecimento global, a Auditoria Ambiental.
A auditoria ambiental é um instrumento de múltiplos propósitos e um dos mais antigos que se conhece. Entretanto, ela apenas ganhou repercusão e começou a crescer em meados do século XX como parte dos trabalhos de avaliação de desastres de grandes proporções, envolvendo explosões e vazamentos seguidos de contaminações em fábricas, refinarias, gasodutos, terminais portuários etc. Foi a partir da década de 70 que esse importante instrumento de avaliação e controle de impactos ambientais se tornou autônomo na gestão ambiental, com o objetivo de averiguar o cumprimento das leis ambientais, cada vez mais rigorosas, principalmente após a Conferência das Nações Unidas de Estocolmo em 1972.
     Inicialmente, as auditorias ambientais buscavam basicamente assegurar a adequação das empresas às leis ambientais dentro de uma postura defensiva. Procuravam identificar possíveis problemas relacionadaos com multas, indenizações e outras penalidades ou restrições contidas nas diversas leis federais, estaduais e locais. Com o passar do tempo, novas considerações foram sendo acrescentadas e, com isso, a auditoria ambiental tornou-se bastante elástica, significando uma diversidade de atividades de caráter analítico voltada para identificar, averiguar e apurar fatos e problemas de caráter ambiental de qualquer magnitude e com diferentes finalidades.
      Com a utilização sistemática por algumas empresas da auditoria no campo ambiental, esta ferramenta também passou a ser cogitada como instrumento de política pública para o controle e monitoramento das atividades industriais potencialmente poluidoras.
     Com os constantes acidentes ocorridos nas indústrias químicas, este setor passou a necessitar de um instrumento eficaz para avaliação da segurança das plantas fabris.  A partir daí, a legislação relacionada a segurança e saúde do trabalhador se tornava mais restrita e impunha sanções cada vez maiores. As organizações sindicais, nos países desenvolvidos, passarama a exercer pressões significativas e a prevenção de acidentes de trabalho tornou-se foco de reivindicações. Estes acidentes trouxeram à tona uma parte do problema. As conseqüências de um grave acidente, normalmente geravam danos ambientais muitas vezes irreversíveis.
 
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      Se por um lado a legislação trabalhista se desenvolvia, o mesmo ocorria com aquela relativa ao meio ambiente. Os setores produtivos começaram a responder às novas exigências, que decorriam da maior complexidade e escala de produção, com programas voluntários como o deselvolvido pela indústria química e através da "Atuação Responsável", visando o acompanhamento do processo produtivo e a criação de padrões de referência para a operação dessas plantas.
      Há, portanto, uma ligação estreita entre o meio ambiente e as atividades de controle de processo, saúde ocupacional e segurança na gestão empresarial.
      Partindo-se desse preposto, deve-se entender auditoria ambiental como um processo de exame ou avaliação sistemática e independente que identificará através da investigação documentada, fatos, procedimentos, documentos e registros relacionados ao meio ambiente, apresentando-os aos contratantes da auditoria, que caso tenha interesse e recursos, tome as medidas necessárias à correção das não-adequações detectadas.
      Diante do retrato de catástrofes climáticas que nos aponderam, mediante ameças do escurecimento e aquecimento global, a auditoria ambiental surge como uma ferramenta básica para identificação da saúde ambiental de empresas, indústrias, usinas e até mesmo fazendas. Dentre os inúmeros benefícios, podemos citar:
- a identificação e registro das conformidades e das não-conformidades com a legislação, com regulamentações e normas e com a política ambiental da empresa (caso exista);
-prevenção de acidentes ambientais;
-melhor imagem da empresa junto ao público, à comunidade e ao setor público;
-provisão de informação à alta administração da empresa, evitando-lhe surpresas;
-assessoramento aos gestores na implementação da qualidade ambiental na empresa;
-assessoramento à alocação de recursos (financeiro, tecnológico, humano) destinados ao meio ambiente na empresa, segundo as necessidades de proteção do meio ambiente e as disponibilidades da empesa, descartando pressões externas;
-avaliação, controle e redução do impacto ambiental da atividade;
-minimização dos resíduos gerados e dos recursos usados nas empresas;
-promoção do processo de conscientização ambiental dos empregados;
-produção e organização de informações ambientais consistentes e atualizadas do desempenho ambiental da empresa, que podem ser acessadas por investigadores e outras pessoas físicas ou jurídicas envolvidas nas operações de financiamento e/ou transações da unidade auditada;e
-facilidade na comparação e intercâmbio de informações entra as unidades da empresa.
      Assim, podemos dizer que o principal propósito da auditoria ambiental, dentro do cenário climático que nos aterroriza, é o de assegurar que essas melhorias planejadas para o desempenho ambiental estejam efetivamente sendo alcançadas, e que as empresas não se exponham a riscos desnecessários associados a danos e a dispendiosos processos resultantes de poluição causada por elas.
      No Brasil, contrariando tendência internacional, foram regulamentadas leis que tornam obrigatória sua aplicação em alguns setores produtivos de maior potencial poluidor. A adoção destas regulamentações não foi discutida com o setor empresarial. Em conseqüência, a efetividade destas leis está sujeita a controvérsias por parte do setor empresarial que a compara com a aplicação voluntária no resto do mundo onde a regulamentação da Auditoria Ambiental fora precedida de debate junto ao setor produtivo e a sociedade.
      A primeira tentativa de implementar uma legislação referente à Auditoria Ambiental no País, ocorreu no Rio de Janeiro (Lei nº 1.898, de 26 de novembro de 1991). Posteriormente, alcançou também os Estados de Minas Gerais (Lei n° 10.627/1992) e Espírito Santo (Lei n° 4.802/1993).
      As leis aprovadas nos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais têm escopo similar diferenciando-se apenas no que tange a freqüência da aplicação e aos tipos de atividade cobertos em decorrência do seu impacto para o Estado. A auditoria ali requerida aplica-se aos aspectos técnicos do desempenho ambiental das empresas, nas demais leis o escopo da auditoria é ampliado abarcando também seus aspectos gerenciais, em alguns casos é requerida à publicação no relatório de propostas para mitigar as emissões e os riscos de acidentes ambientais.
      Na esfera da União, a Lei n° 9.966 de 28 de abril de 2000, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, estabelece que as entidades exploradoras de portos organizados e os proprietários ou operadores de plataformas e suas instalações de apoio deverão realizar auditorias ambientais bianuais, independentes, com o objetivo de avaliar o sistema de gestão e controle ambiental em suas unidades..
      A Resolução Conama nº 306, de 5 de julho de 2002, estabelece que o relatório de auditoria e o plano de ação devem ser apresentados a cada dois anos ao órgão ambiental competente para incorporação ao processo de licenciamento ambiental da instalação auditada. O plano de ação deverá contemplar ações corretivas para as não-conformidades apontadas no relatório.
      Ciente de que pode haver "mascaramento" nos resultados da auditoria compulsória, identifica-se como essencial a criação de mecanismos que incorporem nas empresas o conceito de que qualidade ambiental é estratégica para sua permanência no mercado e pode lhe trazer benefícios.
      É pouco provável que a legislação sozinha consiga produzir melhorias permanentes no desempenho ambiental da indústria e comércio, ou nas atividades do público em geral. Afinal, compete à comunidade empresarial gerenciar as mudanças necessárias para assegurar a redução da poluição ambiental e promover o desenvolvimento sustentável a longo prazo.
      A experiência internacional demonstra que a aplicação voluntária de auditoria ambiental está associada à implementação de uma política de proteção ambiental na empresa. Enfim, é importante demonstrar que a aplicação efetiva das auditorias ambientais no País decorrerá não apenas da pressão do mercado e de exigências legais, mas do vislumbramento, por parte da direção das empresas, da possibilidade de obtenção de vantagens econômicas, administrativas, de mercado e de relacionamento com as autoridades legais e com a comunidade.
       Entretanto, sua eficácia, como instrumento empresarial de proteção efetiva do meio ambiente, requer uma legislação rígida no que tange à regulamentação de indicadores setoriais e regionais de desempenho ambiental e a aplicação de uma gestão pró-ativa em relação ao meio ambiente pelas empresas.
      Diante da catástrofe climática que nos espera, é necessário que a sociedade clame pelas mudanças industriais e empresariais, referentes à diminuição da poluição, adotando medidas que tenham o efeito de verificação e avaliação constantes em suas estruturas, de modo que haja a devida correção nas falhas decorrentes de riscos ambientais.
      Em 2040, o nosso Planeta poderá estar 4ºC mais quente. A mudança radical do clima poderá levar a uma grande seca, principalmente na Bacia Amazônica. Isso tornará a floresta insustentável, levando às queimadas decorrentes do calor, transformando-a em savana, e depois em deserto. Com os incêndios na Floresta Amazônica, isso levará a liberação de milhões de toneladas de dióxido de carbono à atmosfera, aumentando ainda mais o aquecimento global.
      O aquecimento de 10º C no extremo norte do Planeta pode lançar um reserva natural de gases de efeito estufa maior do que todas as reservas de óleo e carvão existentes no mundo. São 10 trilhões de toneladas metano concetrados abaixo dos oceanos sob a forma de hidratos de metano (que é o que mantém o metano sob a forma congelada no fundo do oceano) que poderão se desestabilizar com o aquecimento, e serem liberados na atmosfera.
     Quando chegarmos a esse ponto, o que quer que façamos para controlar nossas emissões pode ser tarde demais.  Dez mil bilhões de toneladas de metano, um gás de efeito estufa 21 vezes mais forte do que o dióxido de carbono podem ser lançados na atmosfera. O clima da Terra ficaria completamente descontrolado, chegando a temperaturas nunca antes vistas em 4 bilhões de anos.
     Mas isso não é uma predição! É um alerta! É o que vai acontecer se não cuidarmos da poluição e não fizermos nada em relação aos gases de efeito estufa. E uma dessas alternativas de avaliação periódica de diminuição é a auditoria ambiental, que se não for aplicada de forma voluntária pelas empresas e indústrias, deve ser adotada de forma compulsória pelos governos.
 
Bibliografia:
BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2004.
D' AVIGNON, Alexandre, Emílio Lebre La Rovere (Coordenador). Manual de Auditoria Ambiental. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
DONAIRE, Denis. Gestão Ambiental na Empresa. 2º ed. São Paulo: Atlas, 2007.
Global Dimming - Tragic End of Humanity. Documentário BBC produzido em 2005.
MALHEIROS, Telma M., Análise da Efetividade da Avaliação de impactos Ambientais como Instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente: sua Aplicação em Nível Federal. Tese de Mestrado. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 1995.

Autora: Taís Carolina Seibt

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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Banho aquecido com latinhas

Aquecedor à base de energia solar feito de latas de alumínio é opção para população de baixa renda

     Um painel de latinhas de alumínio que funciona como aquecedor de água está sendo desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa do Centro Universitário de Itajubá (Universitas), em Minas Gerais. O equipamento é uma alternativa para famílias de baixa renda, pois usa energia solar e permite o reaproveitamento de latas de alumínio. O novo aparelho não prejudica a saúde humana e o meio ambiente, além de ter custo muito menor do que os outros aquecedores à base de energia solar.
     A idéia do aparelho surgiu em fevereiro do ano passado, quando o país vivia um período de crise energética. A equipe de alunos do curso de Tecnologia em Fabricação Mecânica da Universitas, coordenada pelo físico nuclear Jorge Henrique Sales, fez um levantamento do custo de energia com chuveiro elétrico e os resultados foram espantosos. "Se as famílias de baixa renda substituíssem a energia elétrica pela solar, a economia chegaria a 35%", afirma Sales. Segundo dados do censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 52% das pessoas que têm alguma ocupação no Brasil recebem no máximo dois salários-mínimos. "Nossa preocupação é desenvolver opções para reduzir os gastos dessas pessoas", destaca.
     Segundo o pesquisador, as latinhas foram usadas porque, ao serem cortadas transversalmente, lembram o formato de uma lente côncava. Os canos que conduzem a água até o chuveiro do usuário são colocados no foco dessas "lentes", ou seja, no centro das latas, enfileiradas em uma caixa de metal pintada de preto e vedada com vidro.
 
 
O aquecedor de água desenvolvido pela equipe da Universitas usa latas de alumínio cortadas e enfileiradas em uma caixa de metal preta vedada com um vidro, o que permite a absorção da luz solar e gera um aumento de temperatura. Os canos que levam a água até o chuveiro passam por dentro das latas (no detalhe). (Fotos cedidas pelo pesquisador).
 
     O equipamento combina três efeitos que resultam em um bom aumento de temperatura, capaz de aquecer a água. "A latinhas refletem os raios solares em direção aos canos, a cor negra no fundo da caixa absorve a luz solar e o vidro retém ainda mais o calor por causa do efeito estufa gerado por esse sistema fechado", explica Sales. Segundo ele, o aparelho deve custar aproximadamente R$ 540, contra R$ 3 mil dos aquecedores solares convencionais. Com o desgaste provocado pelo tempo de uso, as latas podem ser recicladas e substituídas por outras.
     Por enquanto, os testes com o aquecedor de latinhas estão sendo feitos em uma casa experimental, construída pelos estudantes de Engenharia Civil do Centro Universitário de Itajubá, onde todos os aparelhos internos são protótipos de baixo custo. No futuro, a equipe pretende implantar essa tecnologia em uma comunidade carente da cidade mineira. "Nosso objetivo é usar o aparelho para finalidades sociais, melhorando a vida da comunidade de baixa renda", conclui.

Autor: Fabíola Bezerra - Ciência Hoje On-line

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Aviões podem causar pandemias mundiais

Um surto em um país pode ser levado em algumas horas a outro.
Perigo é real e vai aumentar nos próximos anos, diz OMS.
 
     A prioridade em matéria de saúde para este século é evitar a propagação de doenças infecciosas entre países para evitar pandemias mundiais, segundo o relatório de 2007 da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado nesta quarta-feira (22).
     No texto, a OMS lembra que as companhias aéreas transportam mais de 2 bilhões de passageiros anualmente, "proporcionando, assim, as oportunidades para os agentes infecciosos e seus vetores se propagarem rapidamente de um país a outro".
     "Um surto ou uma epidemia em certo lugar do mundo pode se transformar, em apenas algumas horas, em uma ameaça iminente em qualquer outro ponto do planeta", acrescenta o relatório.
     A OMS não só considera que as ameaças existem, mas acredita que vão crescer, já que, de acordo com o documento, "estão surgindo novas doenças em um ritmo sem precedentes, de uma por ano". Nos últimos cinco anos, o organismo registrou mais de 1.100 epidemias.
     O cólera, a febre amarela e as meningocócicas epidêmicas reapareceram nos últimos 25 anos, e a disseminação da resistência aos antibióticos ameaça gravemente a luta contra as doenças infecciosas, segundo a organização.
     A OMS fala, também, sobre o crescimento da "farmacorresistência" e sobre a aparição de novas doenças transmitidas pelos alimentos, como o mal da Vaca Louca (encefalopatia espongiforme bovina).
     Além disso, o relatório destaca três novas ameaças para a saúde surgidas no século XXI: o bioterrorismo, a aparição da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Severa) e a poluição com resíduos químicos tóxicos.
     "A Sars, primeira doença a surgir neste século, confirmou o temor, gerado pela ameaça bioterrorista, de que um agente patogênico novo ou pouco comum possa ter profundas repercussões na saúde pública e na segurança econômica em escala internacional", afirma o relatório.
     A OMS diz que seria muito "ingênuo" e um "excesso de confiança, supor que não surgirá, mais cedo ou mais tarde, outra doença como a aids, a febre hemorrágica do Ebola ou a Sars".
     "Se surgir um vírus pandêmico plenamente transmissível, não será possível evitar a propagação da doença, que afetaria aproximadamente 25% da população mundial", acrescenta o texto.
     "Os cientistas concordam que o risco de uma pandemia continua. A questão não é se esta surgirá, mas quando", enfatiza o relatório. Por isso, segundo a OMS, é necessário que todos os países tenham recursos suficientes para detectar doenças e que colaborem entre si frente a emergências de saúde pública de importância internacional.
     Muitas das emergências de saúde pública descritas neste relatório poderiam ter sido prevenidas ou controladas melhor, se os países afetados tivessem sistemas de saúde mais sólidos e mais bem preparados" e, principalmente, se tivessem alertado a comunidade internacional, afirma o documento.
     A OMS defende o total cumprimento do Regulamento Sanitário Internacional (RSI), aprovado em 2005, mas que só entrou em vigor em junho de 2007. A finalidade do regulamento é deter as doenças no lugar de origem e em suas fronteiras internacionais. Isto seria feito por prevenção, detecção e avaliação dos incidentes que possam gerar emergência de saúde pública de importância internacional.
     O RSI obriga a notificação internacional no caso do surgimento de qualquer caso de doença que possa pôr em perigo a segurança sanitária mundial. De acordo com o relatório, "nenhum país, nem rico nem pobre, está suficientemente protegido contra a chegada de uma doença nova a seu território e às perturbações que isto pode causar".
 
Autor: EFE - G1

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quarta-feira, 22 de agosto de 2007

No RS, 148 plantas ameaçam o ecossistema

Espécies 'invasoras' levadas para a região serrana do Rio Grande do Sul prejudicam o crescimento da vegetação nativa de áreas protegidas.
 
     Um estudo que está sendo feito pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em parceria com o PNUD detectou a existência de 148 tipos de plantas exóticas (originárias de outros países ou continentes) prejudiciais a áreas de preservação ambiental na Serra Gaúcha. Essas plantas dificultam o crescimento das espécies naturais, pois competem por nutrientes e por água do solo, causam sombras, soltam substâncias tóxicas da terra, aumentam o impacto dos incêndios criminosos, dificultam o fluxo da água nos córregos, bloqueiam a penetração da luz nos rios ou aumentam a erosão nos campos.
     O estudo faz parte do projeto "Desenvolvimento Florestal Sustentável", que passou a ser executado pelas duas instituições neste ano. O objetivo é fazer um levantamento das plantas exóticas presentes nas Áreas de Preservação Permanente e nas Reservas Legais da Serra Gaúcha. A região abrange municípios como Canela, Gramado, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Vacaria e São José dos Ausentes e é caracterizada por campos naturais, banhados e Mata Atlântica. Nas áreas protegidas existem muitas espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, destaca a consultora do PNUD no IBAMA, Ana Carla Santos Pereira.
     As invasoras podem ser introduzidas por institutos de pesquisa e extensão agropecuária, por agricultores, por colecionadores de plantas, por governos, que muitas vezes não têm recursos para pesquisa e vigilância, e mesmo pelo consumidor. "Muitas vezes, viajamos e levamos uma planta que gostamos para casa. Só que ela pode ter um potencial muito grande de ser invasora", afirma Ana Carla.
     A maioria das plantas exóticas que se proliferam na Serra Gaúcha vem de regiões frias do hemisfério norte. Mas algumas espécies invasoras encontradas na região são tropicais, de acordo com Ana Carla. "Elas não deveriam se adaptar ao frio, mas se adaptaram porque se proliferam em locais perturbados, em que há desmatamentos, extração de rochas e minerais, assoreamento, poluição e abertura de estradas. E nem áreas protegidas estão livre de invasões. Existem muitas áreas de conservação permanente com problemas sérissimos", completa.
 
Pinus (Pinus taeda)
 
     Entre as espécies invadoras (plantas exóticas prejudiciais ao ecossistema invadido) presentes nas áreas estudadas, a que mais se disseminou foi o pinheiro originado dos EUA (Pinus taeda). Ele aparece em áreas de campos naturais do Parque Nacional de Aparados da Serra e no Parque Nacional da Serra Geral, ambas no município de Cambará do Sul. "Onde tem esse pinheiro, não nasce nada embaixo. Ele libera substâncias tóxicas no solo que permanecem mesmo depois que é cortado", diz Ana Carla. Outro invador na região é o lírio-do-brejo (Hedychium coronarium), a principal espécie invasora do país, que domina, principalmente, as áreas úmidas. "Ele elimina todas as espécies mais baixas, devido ao sombreamento intenso", afirma a consultora.
 
Lírio-do-brejo (Hedychium coronarium)
 
     Com a pesquisa, destaca, pretende-se chamar atenção das pessoas para os perigos que essas plantas exóticas representam para os ambientes nativos. "A difusão dos conhecimentos sobre os impactos das invasões pode ajudar no controle", ressalta. "A invasão por algumas espécies já tomou proporções preocupantes, e não temos a pretensão de eliminá-las. Nesses casos, temos que investir na prevenção, evitando o plantio e o alastramento das invasões". Segundo ela, ao final do projeto uma cartilha sobre as espécies invasoras será produzida e distribuída em escolas, fazendas e propriedades rurais.
     A consultora alerta que manter essas espécies em Área de Proteção Permanente é ilegal. O crime está previsto na Lei dos Crimes Ambientais (lei número 9.605 http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9605.htm) e na lei que criou o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (lei número 9.985 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L9985.htm).
 
Autora: Talita Bedinelli, do PNUD

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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Clima: cientistas buscam novas formas de ver riscos

     Cientistas estão tentando melhorar as previsões sobre o impacto do aquecimento global neste século reunindo estimativas sobre o risco de inundações ou de desertificação.
     "Temos certeza sobre alguns dos aspectos da futura mudança climática, como o de que vai ficar mais quente", disse Matthew Collins, do Met Office (Departamento Britânico de Meteorologia). "Mas muitos dos detalhes são difíceis de dizer", acrescentou.
     "A forma como podemos lidar com isso é uma nova técnica de expressar as previsões em termos de probabilidades", disse Collins, referindo-se à pesquisa climática publicada na revista Philosophical Transactions, da Real Sociedade britânica.
     Os cientistas do painel climático da ONU, por exemplo, usam complexos modelos informatizados para prever o impacto do aquecimento neste século, em quesitos como precipitação pluviométrica na África ou elevação no nível dos mares.
     Mas esses modelos têm falhas devido à falta de compreensão sobre a formação das nuvens ou a reação do gelo antártico ao aquecimento, por exemplo. Além disso, os registros de temperatura na maioria dos países remontam a apenas 150 anos.
     Sob as novas técnicas, "as previsões de diferentes modelos são somados para produzir estimativas da futura mudança climática, junto com suas incertezas associadas", disse a Real Sociedade em nota. A abordagem pode ajudar na quantificação de riscos para uma construtora que faça casas num vale inundável ou uma seguradora, por exemplo.
     Collins disse também que as incertezas incluem como os desastres naturais afetam o clima. Uma erupção vulcânica, como a do monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991, pode temporariamente resfriar a Terra, porque a poeira bloqueia a luz solar. "A ciência climática é uma ciência muito nova, e mal começamos a explorar as incertezas", disse David Stainforth, da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha), que contribuiu com a pesquisa da Real Sociedade.
     "Devemos esperar que a incerteza aumente em vez de diminuir", afirmou ele, referindo-se às pesquisas dos próximos anos e acrescentando que isso complica a precisão no estabelecimento de probabilidades.
     Por exemplo, arquitetos que projetam escolas na Europa querem saber se haverá mais ondas de calor, como a de 2003, quando as crianças chegaram a ser proibidas de brincar nos pátios devido ao risco de queimaduras e câncer de pele. De posse dessa previsão, os arquitetos poderiam projetar escolas com mais áreas sombreadas para brincar.
     "Mas pode ser o caso de que temperaturas mais altas signifiquem mais nuvens, então não haveria o risco de câncer de pele. Fatores alheios à temperatura são os mais difíceis de prever", explicou Stainforth.
 
Fonte: Terra - Reuters

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Lado B do livro "O mundo sem nós" escancara divórcio fatal entre os humanos e o planeta

     Para o autor, Allan Weisman, a espécie humana já alterou o curso da Terra
Eduardo Geraque escreve para o caderno "Mais" da "Folha de SP":
    Apesar de ter, talvez, um título errado e algumas páginas arrastadas demais, o livro "O Mundo Sem Nós", do professor-jornalista americano Allan Weisman, que acaba de chegar ao mercado brasileiro pela Editora Planeta, tem pelo menos um ponto bastante relevante.
    Na verdade, o leitor que resolver atravessar as 382 páginas da obra deveria fazer isso com a atenção redobrada em um outro livro que também está ali, diante dos seus olhos, mas que não foi o objetivo principal do escritor americano.
    Como sem presente não existe futuro, antes de pensar no legado humano quando, por ventura, o Homo sapiens desaparecer de vez, é preciso antes de mais nada refletir no mundo com esses seres vivos sobre ele.
    "O mundo conosco" poderia ser o título desse lado B da obra do jornalista americano, que também tem uma visão bem americana de mundo.
     Em um capítulo sobre evolução humana, por exemplo, teorias acalentadas por cientistas brasileiros -para quem a ocupação das Américas foi bem mais antiga do que se imagina- foram solenemente ignoradas.
     E, nesse caminho oculto do livro, os exemplos que aparecem são espetaculares e trágicos, apesar de Weisman – que além de viajar pelo mundo atrás de boas histórias também leciona na Universidade do Arizona – tentar dar um final menos apocalíptico a sua obra.
     No livro – que não é de ficção científica mas sim de não-ficção, baseado em extenso conjunto de fontes de vários segmentos – o jornalista descreve, por exemplo, como seriam os dias seguintes de Nova York (EUA) sem os seus moradores.
     O início do fim da cidade não demoraria quase nada, segundo o autor.
     Em 48 horas, os túneis do metrô já estariam totalmente inundados. Isso só não ocorre normalmente hoje porque funcionários e bombas d'água estão sempre trabalhando. (Excepcionalmente, as chuvas desta última semana conseguiram vencer os esforços humanos.)
     Os charmosos edifícios que formam hoje o "skyline" de Manhattan, estariam quase todos em ruínas em quatro anos por causa do ciclo congelamento-descongelamento.
     A queda de um deles teria o mesmo efeito que uma árvore caindo na floresta. Clareiras seriam abertas na selva de pedra.
     Em 500 anos, a floresta estaria de volta. É mesmo! As grandes cidades, como também é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro e tantas outras no Brasil e no mundo, não estiveram onde estão desde o início.
 
     Plásticos invisíveis
     No mar, um outro rastro humano impensável para a maioria dos terráqueos foi descoberto por um grupo de pesquisadores ingleses, da Universidade de Plymouth.
     Há algum tempo eles estavam tentando saber o que era pequenos grânulos estranhos que apareciam sob os seus microscópios.
     A história, segundo o escritor americano, começou mais ou menos assim:
     O pesquisador Mark Browne, certo dia, resolveu abrir o armário de uma laboratório onde mulheres guardavam seus produtos de beleza. Estavam lá cremes e detergentes para as mãos.
     Todos eram considerados esfoliantes, mas nem todos eram 100% naturais.
Isso que significa dizer, segundo Browne, que enquanto alguns fabricantes usavam sementes de uva ou sal marinho para esfoliar a pele, outros partiram para o plástico.
     "Grânulos microfinos de polietileno" disse o pesquisador. Isso mesmo, Browne descobriu o que eram aqueles elementos estranhos. O ciclo se fechou.
     Esses produtos, portanto, contém plásticos que vão diretamente para o ralo, para a rede de esgotos, para os rios e os oceanos. E, claro, são engolidos pelos seres marinhos.
     O cientista, preocupado com o presente mas olhando para o futuro, chega a se arrepiar. Para ele, não existe dúvida. Mesmo que a produção de plásticos acabasse hoje, a cadeia marinha vai precisar "lidar" com esses grânulos de plásticos por milhares de anos.
     Ao passear por terras e mares, Weisman acaba compondo um conjunto quase cansativo de exemplos que provam que a espécie humana já alterou o curso da Terra.
     Talvez, grande parte dos leitores do livro, nem achem isso necessariamente ruim. Afinal, a vida (e o consumo "moderno") deve seguir.
     O mais interessante, talvez, para aqueles que sabem que a espécie humana é que vive sobre o planeta e não o contrário, é perceber que depois de tudo acabar, mesmo com uma série de cicatrizes, o planeta e o universo vão conseguir seguir em frente sem muitos problemas.
     E apenas algumas estátuas de bronze, além do lixo atômico, por exemplo, ficarão para ser descobertas em um futuro muito, mas muito, distante.
 
Fonte: do Livro - "O Mundo Sem Nós" de Alan Weisman (Folha de SP, Mais!, 12/8)
 
Sobre o problema do plástico nos oceanos leia:
 
 
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sábado, 11 de agosto de 2007

Nós, as bactérias

Genômica permitirá mapear os trilhões de microrganismos que habitam nosso corpo, mostra colunista 
 
     Nós, humanos, iniciamos nossa vida na concepção com um única célula, o zigoto, produzido pela união de um óvulo e um espermatozóide. Através de um processo maravilhoso de multiplicação e diferenciação celular, esse zigoto dá origem a 10 trilhões de células de mais de uma centena de tipos variados no adulto. Fato : o Projeto Genoma Humano, terminado em 2003, elucidou toda a seqüência de bases do genoma humano. Conseqüência : temos todo o mapa genético para poder entender o corpo humano na saúde e na doença, certo? Erradíssimo!!!
 

Bactérias na superfície do intestino grosso humano. Foto: Gross L (2007) Human Gut Hosts a Dynamically Evolving Microbial Ecosystem. PLoS Biol 5(7): e199.   
    
     O corpo humano na verdade contém 100 trilhões de células, e não meros 10 trilhões. O que acontece é que 90% das células do nosso corpo são microrganismos que vivem simbioticamente em nosso intestino, estômago, boca, nariz, garganta, aparelho respiratório e sistema geniturinário. As bactérias que constituem essa microbiota derivam seus nutrientes de nós, mas pagam pela hospedagem se encarregando de várias tarefas essenciais para nossa saúde, incluindo a proteção contra patógenos e a conversão metabólica de nutrientes.
     Não quero induzir os leitores a uma crise de identidade, mas nosso corpo é de fato mais microbiano do que humano. Ele constitui um verdadeiro sistema ecológico com grande biodiversidade, um superorganismo. Agregado ao genoma humano propriamente dito, temos esse genoma bacteriano suplementar, chamado "microbioma", que contém cem vezes mais genes do que o nosso próprio.
     A grande novidade na praça é que um grupo de cientistas, com o patrocínio dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, deu recentemente o pontapé de partida ao "Projeto do Microbioma Humano". Considerando que estamos falando de milhares de espécies de bactérias, como é tecnicamente possível fazer o seqüenciamento desse genoma coletivo?
 
     Metagenômica
     Como escreveu Stephen Jay Gould no seu excelente livro Full house: a difusão da excelência de Platão a Darwin , as bactérias são – e sempre foram – as formas dominantes de vida na Terra. A história das bactérias é a própria história da vida no planeta, desde que os primeiros fósseis – bactérias, é lógico – foram emparedados em rochas, há mais de três bilhões e meio de anos.
     Ocorre que até hoje catalogamos apenas uma minúscula fração de todas as bactérias existentes, pois nosso conhecimento delas é totalmente dependente do cultivo e estudo em laboratório. No entanto, talvez a maioria delas não seja cultivável. Recentemente foi desenvolvida uma nova estratégia para capturar e estudar toda a diversidade dos microrganismos na Terra, a metagenômica. A proposta é trocar os meios de cultura do laboratório e a lente do microscópio pela tecnologia da genômica e da bioinformática.
 
 
O notável cientista J. Craig Venter pilotando seu iate-laboratório Sorcerer II . Venter é um iconoclasta, mas possivelmente o maior cientista biomédico americano da atualidade. Entre suas muitas conquistas científicas, podemos destacar: desenvolvimento da metodologia de etiquetas de seqüências transcritas (ESTs) para estudar o transcriptoma humano, desenvolvimento do seqüenciamento genômico total em "tiro de cartucheira" ( shotgun sequencing ), responsável pelo primeiro genoma completo ( H. influenzae em 1995), co-responsável pelo seqüenciamento do genoma humano, pioneiro da biologia sintética e da metagenômica. Em 1992 Venter esteve no Brasil como nosso convidado para participar da Conferência Sul-Norte do Genoma Humano em Caxambu. Logo depois, nosso grupo de pesquisa na UFMG iniciou uma colaboração com Venter que permitiu começar o primeiro esforço genômico brasileiro, o mapeamento de genes do parasito Schistosoma mansoni . Venter foi co-autor de nossa primeira publicação com os resultados do projeto (foto: Craig Venter Institute).  
 
     A estratégia metagenômica foi idealizada pelo legendário "genomicista" americano J. Craig Venter. Ele transformou seu iate pessoal Sorcerer II em um laboratório marinho e, em um projeto-piloto, examinou espécies de bactéria vivendo na água do Mar de Sargaços, circundando Bermuda no Atlântico norte, cujas águas paradas possibilitam o desenvolvimento de imensa quantidade de algas.
     A tática experimental foi simplesmente colher amostras de água do mar e passá-las através de filtros bacterianos. O DNA das bactérias presas no filtro foi, então, extraído, fragmentado de maneiras diferentes e submetido ao seqüenciamento de DNA à la "tiro de cartucheira" ( shotgun sequencing ). As leituras foram, então, montadas como um quebra-cabeça e as espécies de bactérias enumeradas e caracterizadas por sofisticadas e poderosas ferramentas bioinformáticas. No estudo piloto, Venter identificou 1,2 milhões de genes em cerca de 1800 espécies de bactérias diferentes.
     Na esteira desse sucesso, Venter e sua equipe agora estão dedicados à tarefa de circunavegar a Terra no Sorcerer II colhendo e caracterizando metagenomicamente amostras de todos os mares. Os resultados têm sido espetaculares. Em março deste ano, por exemplo, eles publicaram um artigo no periódico PLoS Biology que descreve um verdadeiro tour de force (todos os artigos da Expedição de Coleta Oceânica Global de Venter podem ser obtidos clicando aqui ).
     Esse artigo relata o seqüenciamento de mais de 6 bilhões de pares de base de DNA (duas vezes o genoma humano) e a identificação de mais de 6 milhões de proteínas diferentes. Isso equivale a mais que o dobro do número de todas as proteínas descritas e presentes em bancos de dados até 2007. Várias das novas proteínas descobertas não tinham similaridade com qualquer outra descrita até hoje e parecem representar famílias protéicas completamente novas!
 
     O Projeto do Microbioma Humano
     Para o projeto do microbioma humano a mesma estratégia metagenômica vai ser utilizada, só que sem precisar sair de casa. Em vez das águas dos sete mares, serão utilizadas prosaicas amostras de fezes, saliva, secreções vaginais e esfregaços de pele humana.
     Um estudo piloto do microbioma foi realizado nos Estados Unidos pela equipe do antigo Instituto para Pesquisa Genômica (recentemente renomeado Instituto Craig Venter) e publicado em 2006 na Science . Foram estudadas amostras de fezes de dois adultos sadios que não haviam recebido antibióticos por mais de um ano. A partir daí os pesquisadores geraram mais de 60 mil seqüências de DNA de cada indivíduo.
 
 
Um estudo piloto do microbioma sugere que a Methanobrevibacter smithii , retratada acima, é uma arqueobactéria metanogênica comum no intestino humano (foto: National Research Council Canada).  
 
     Foram encontrados centenas de tipos bacterianos, mas a maioria pertencia a apenas duas divisões chamadas Firmicutes e Bacteroidetes. Além disso, uma arqueobactéria metanogênica ( Methanobrevibacter smithii ) era muito comum. Isso demonstrou ao mesmo tempo grande diversidade e grande especificidade da microbiota intestinal, pois são conhecidas nada menos que 70 divisões de bactérias e 13 divisões de Archeae.
     Podemos perguntar se o nosso microbioma é específico e individual como o nosso genoma. Existe em nós uma "impressão digital" bacteriana? Os estudos feitos até agora parecem indicar que sim. Os resultados revelaram que a composição da microbiota intestinal varia bastante entre indivíduos, mas que a variação ocorre primariamente entre espécies e subespécies de Firmicutes e Bacteroidetes. Também foi identificado que no hábitat intestinal algumas espécies de bactérias parecem ser residentes permanentes (componentes autóctones), enquanto outras aparentemente são transeuntes (componentes alóctones), de passagem junto com comida, água etc.
     Isso faz sentido teórico. A persistência de bactérias em nossa pele e cavidades corporais depende de interação com componentes da membrana de nossas células, os quais são frequentemente polimórficos, dependendo do nosso genoma. Assim, nossa individualidade genômica pode determinar uma individualidade microbiômica.
     Mas como é construído o microbioma? No útero, não temos nenhuma bactéria no nosso corpo. Começamos a adquirir nosso "eu bacteriano" no próprio processo de nascer, pelo contato com microrganismos do canal vaginal materno. Em um artigo recente, uma equipe da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, estudou o processo de aquisição da flora microbiana intestinal por 14 bebês.
     Foi observado que no final do primeiro ano de vida as crianças haviam atingido um padrão essencialmente adulto de diversidade bacteriana, mas que havia diferenças significativas entre elas. Os dois bebês com a flora mais parecida eram dois gêmeos dizigóticos. Isso sugere que o ambiente também pode ser instrumental em determinar a natureza da nossa microbiota. 
 
     A ecologia da saúde e da doença  
     A visão do corpo humano como um superorganismo pode nos permitir ver saúde e doença em termos de equilíbrio ou desequilíbrio ecológico. Sabemos que os microrganismos sintetizam vitaminas essenciais para o nosso metabolismo e possibilitam a digestão de alguns nutrientes.
     Não temos, por exemplo, a maquinaria química necessária para quebrar totalmente a celulose das plantas em seus constituintes elementares, mas as bactérias nos fornecem enzimas chaves deste processo, como a celobiase. Além disso, a nossa microbiota ocupa nichos ecológicos no nosso corpo que poderiam ser colonizados por patógenos.
 
 
Um estudo feito em 2006 apontou diferenças significativas entre a proporção de bactérias do grupo das Firmicutes em indivíduos magros e obesos (arte: Laura Kyro, Zhen He, Largus Angenent e Jeffrey Gordon). 
 
     Alguns resultados muito interessantes têm emergido sobre a interação entre a microbiota e nosso status metabólico. Em dezembro de 2006 o grupo de Jeffrey Gordon na Universidade Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, publicou na Nature um estudo instigante sobre a relação entre a flora intestinal e a obesidade.
     Os autores estudaram indivíduos obesos e descobriram que a proporção de bactérias Firmicutes era significativamente mais alta do que em controles magros. Ademais, quando os obesos foram colocados em uma dieta e perderam peso durante um período de um ano, a proporção de Firmicutes caiu e ficou mais parecida com a de pessoas magras. Obviamente, essas correlações não demonstram causa-e-efeito e na verdade nem sabemos se a microbiota é a galinha ou o ovo neste caso.
     Muitas perguntas permanecem. Até que ponto somos dependentes da população bacteriana que compõe nosso corpo? Mudanças na constituição da microbiota podem levar a problemas metabólicos outros que não a obesidade? E as doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn e a colite ulcerativa? Será que hospedar espécies erradas de simbiontes bacterianos pode causar câncer, diabetes, doença cardiovascular? Seremos capazes no futuro de manipular nossa flora bacteriana corporal para prevenir ou curar doenças? Esperamos que as respostas a todas estas questões possam emergir do promissor Projeto do Microbioma Humano.
     Até lá, só nos resta mudar o paradigma vigente com relação às bactérias. Elas não são nossas inimigas, que precisam ser destruídas e eliminadas de nossa vida com desinfetantes e antibióticos. Ao contrário, são parte integral e fundamental de nós mesmos.

Autor: Sergio Danilo Pena - Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia - Universidade Federal de Minas Gerais

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Satélites estrangeiros vigiam queimadas

Aparelhos europeu e americano ajudarão no monitoramento florestal brasileiro.
Anúncio foi feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

     Dois novos satélites vão ajudar no monitoramento de queimadas no País neste ano. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciou nesta quinta-feira (9) que o satélite europeu MSG-02 e o americano GOES-10 vão passar pelo Brasil e captar as imagens de focos de incêndios. Desde janeiro, o número de focos de incêndio já teve um aumento de 25% em relação ao mesmo período de 2006. Na Amazônia, a situação é ainda pior: volume de queimadas já subiu 39%.
     Apenas 1 dos 11 satélites que estão em operação, o NOAA-12, detectou neste ano 25.290 focos, sendo 16 mil na Amazônia. "Esses dois novos satélites vai permitir mais qualidade no serviço de monitoramento das queimadas. Vamos saber mais sobre a destruição", informou o pesquisador do Departamento de Queimadas do Inpe Alberto Setzer.
     Campeão em queimadas no mundo, o Brasil também é o país que mais utiliza satélites para monitorar tais condições. O trabalho do Inpe de detectar os focos de calor começou em 1987. Os 11 satélites geram centenas de imagens, atualizadas sete vezes por dia. Esse monitoramento, que pode ser acompanhado pela internet, auxilia, por exemplo, o Ibama no acompanhamento da situação de risco em florestas, ajudando o Corpo de Bombeiros no combate às queimadas. Ao todo, cerca de 2 mil usuários entre instituições, universidade e pessoas físicas recebem as informações dos satélites diariamente. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo". 
 
Fonte: G1 - Agência Estado

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Etnia indígena que protesta contra transposição do São Francisco, em Pernambuco, tem energia cortada

     Os vários protestos contra a obra de transposição das águas do rio São Francisco vinham transcorrendo de maneira pacífica, mas, na quarta-feira passada, esse caráter começou a perder terreno.
     O Povo Indígena Truká, que resiste ao projeto do Governo, reteve oito técnicos da Coelba, a empresa de abastecimento de energia da Bahia, que foram verificar torres de alta tensão na Ilha de Assunção, onde a etnia se concentra, no município de Cabrobó, a cerca de 500 Km de Recife.
     Os truká tinham derrubado uma das torres, comprometendo parte do abastecimento de energia da região de Curaçá e Abaré, na Bahia. A ação dos índios foi motivada pelo corte da energia elétrica da Ilha, promovida pela Celpe – a empresa do setor em Pernambuco – desde a manhã da terça-feira. O quadro de insatisfação agravou-se pelo fato de o corte ter sido levado a termo sem aviso prévio nem à Funai, nem à comunidade Truká, interrompendo ainda seu abastecimento de água, feito por intermédio de bombeamento elétrico.
     As lideranças Truká estiveram em Recife para conseguir uma audiência com as autoridades do governo do Estado, mas não foram recebidos. "A gente tinha um acordo com o governo para permitir que as torres de alta tensão passassem em nosso território; em contrapartida, o povo não teria ônus com a energia e esse acordo agora foi descumprido", disse o cacique da aldeia, Neguinho Truká, conforme informações da Articulação São Francisco Vivo.
     Segundo ele, o povo Truká é o maior produtor de arroz de Pernambuco e precisa da energia para irrigar suas roças, que já estariam prejudicadas. "Entendemos que essa já é retaliação contra nosso povo por causa do interesse da transposição", avalia o cacique. Eles lutam pela demarcação do território, iniciada há mais de 10 anos, na área onde o governo federal tenta construir o eixo norte do projeto.
     Sem acordo com o Governo de Pernambuco, os índios acabaram liberando os técnicos da Coelba no final da tarde, após eles ficarem retidos por quatro horas. Fecharam a entrada da ponte que dá acesso à Ilha e não permitiam a entrada de ninguém, em exigência à religação imediata da energia.
     Ainda na quarta, avisaram que, caso o Governo não o fizesse, iriam derrubar mais torres de alta tensão no dia seguinte, quinta-feira, à razão de uma a cada meia hora. A ameaça não chegou a se concretizar porque o abastecimento foi normalizado ontem (09) pela manhã.
     A Companhia Energética de Pernambuco (CELPE) alega que a Fundação Nacional do Índio (Funai), teria uma dívida de R$ 14,3 milhões de contas não pagas desde 1984. Entretanto, teve que voltar atrás no corte devido a pressão e solicitação do Ministério Público Federal.
     Hoje, está prevista a continuidade das negociações, em reunião que deve envolver representantes da CELPE, Funai e do povo Truká.
Argumentos
     A obra de transposição das águas do São Francisco continua no centro de uma polêmica a que o Governo Federal parece não dar atenção. A Diretoria Executiva do Comitê da Bacia do rio já divulgou nota oficial em que afirma: "As incertezas e contradições do projeto, levantadas pela Comunidade Científica, representam uma temeridade sobretudo diante da extraordinária soma de recursos destinada ao projeto pelo PAC (o Programa de Aceleração do Crescimento lançado pelo Governo Federal) - 6,6 bilhões de reais -, somente nas suas etapas iniciais".
     Segundo a entidade, o projeto de transposição atende a menos de 20% da área do Semi-Árido e que 44% da população que vive no meio rural continuarão sem acesso à água. "Exatamente os que mais precisam vão permanecer excluídos dessa mega iniciativa do Governo Federal", diz a nota.
     Para o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF -, a decisão do Governo Federal ignora outras prioridades mais urgentes de investimentos para aumentar a oferta de água em todo o Semi-Árido, inclusive nos municípios da própria Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
 
Os eixos da transposição do rio São Francisco.
 
     No início deste mês, a Agência UnB divulgou uma matéria em que seis especialistas da própria instituição, a Universidade de Brasília, garantem que, embora seja notória a necessidade de promover o desenvolvimento do interior nordestino castigado pela seca, a falta de estudos mais amplos sobre o rio São Francisco pode comprometer o investimento de R$ 4,5 bilhões.
     "Pesquisadores da UnB acreditam que a quantidade de água a ser transposta não é suficiente para a agricultura. De acordo com eles, a transposição deverá ser acompanhada por um grande conjunto de obras para as quais não existem recursos financeiros assegurados. E para piorar, pode ser que o rio perca sua vazão em 20 anos", coloca a reportagem. (Para ler a íntegra, clique aqui)
 
Autora: Mônica Pinto - / AmbienteBrasil (com informações da Assessoria de Comunicação da Articulação São Francisco Vivo)
 
Leia mais sobre o assunto em:

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A posição dos servidores do Ibama depois da derrota no Senado

     Após a aprovação da MP 366/07 no Senado, na terça-feira passada, a Associação dos Servidores do Ibama – Asibama – divulgou sua posição em relação ao assunto:
     "O Comando Nacional de Mobilização entende e compartilha com a grande maioria dos servidores do IBAMA o sentimento de frustração e de revolta com a forma de condução (voto de liderança com o propósito de ocultar o voto dos senadores) e com o resultado da votação da MP 366/07 (PLV 19/07), na noite de terça-feira, dia 07. Mas, compartilha, também, a sensação de dever cumprido como cidadãos e servidores públicos, responsáveis que somos pela execução da gestão ambiental federal.
     (...) Embora hoje não seja possível visualizar todo o dano que esta medida irá trazer para a nação e para o povo brasileiro, a história e as futuras gerações, infelizmente, haverão de comprová-lo, inocentando os que a ela se opuseram e condenando os seus autores.
     (...) Portanto, cabe a nós, servidores, nessa conjuntura, mantermos a unidade e a organização alcançada com o movimento grevista, a fim de que possamos enfrentar os desafios que estão colocados frente ao caos institucional instalado.
     (...)Por fim, parabenizamos todos aqueles que se engajaram firmemente nessa luta em defesa do IBAMA e da unicidade da gestão ambiental federal, a despeito das adversidades, retaliações, ameaças, desgastes e incompreensões inerentes ao processo. Temos certeza de que, apesar do nosso adversário ter se utilizado de todo o aparato disponível - tendo em mãos a máquina pública e o poder - obtivemos saldos positivos nessa empreitada, principalmente no que diz respeito aos aspectos da compreensão política, do grau de organização que caracterizou o movimento, a compreensão, o respeito e a aceitação da nossa causa pela sociedade brasileira".
 
Fonte: Ambiente Brasil
 
Leia mais sobre o licenciamento ambiental em:
A ineficaz legislação ambiental de Antonio Fernando Pinheiro Pedro.

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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Ambientalistas chamam presidente Lula de genocida

     ONGs e parlamentares protestaram hoje contra os planos de construção da usina nuclear de Angra III, cujas obras podem começar ainda este ano, segundo o Ministério de Minas e Energia.
     O Greenpeace, o World Wildlife Fund (WWF) e a S.O.S Mata Atlântica, organizaram a manifestação com 200 ativistas, em clima festivo, em frente ao Palácio do Planalto.
     Os manifestantes deitaram no chão da Praça dos Três Poderes, formando a frase "Nuclear Não" para protestar contra a retomada das obras de construção de Angra III, paradas há 20 anos.
     O deputado Edson Duarte (PV-BA), que apoiou a manifestação, disse que o Programa Nuclear Brasileiro é "inseguro" e qualificou a construção da usina de "inoportuna, equivocada, arriscada e perigosa".
     Os ativistas lembraram com cartazes o lançamento de duas bombas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki - que completam 62 anos esta semana - e a explosão na usina soviética de Chernobil, em 1986.
 
Efeitos de Chernobyl.
 
     Além disso, os participantes entregaram um documento com reivindicações a um grupo de parlamentares, que prometeram enviá-lo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
     Um representante do Greenpeace, Claudio Sideral, alegou que Angra dos Reis (RJ), onde será construída a nova usina, e que já possui Angra I e Angra II, "não tem um plano de evacuação" para o caso de um hipotético acidente nuclear.
     Com um megafone, Sideral gritou que, por não cuidar da segurança dos moradores da região, "Lula é um genocida", sendo amplamente aplaudido pelos manifestantes, que animaram todo o ato com apitos e tambores.
     Recentemente, Lula disse que a energia nuclear é "limpa", apoiando a construção da usina para diversificar ao máximo a matriz energética brasileira.
     O projeto de Angra III foi retomado em junho. O governo prevê que a central esteja em funcionamento em um prazo de cinco anos e que deva gerar 1.369 megawatts.
 
Usina Nuclear Angra 3: as obras começaram há 22 anos e até hoje não foram concluídas
 
     A terceira usina nuclear do país, na qual foram investidos R$ 1,5 bilhão em uma primeira fase paralisada há duas décadas, exigirá novos investimentos de R$ 7,2 bilhões, de acordo com cálculos do MME.
     Além de Angra III, o governo estuda há meses um projeto para construir entre quatro e oito novas usinas nucleares até 2030.
 
Fonte: EFE - Terra
 
Leia mais em:
 

Alertas do Yahoo! Mail em seu celular. Saiba mais.

Clima 'maluco' é recorde em 2007

Temperatura global entre janeiro e abril atingiu maior nível da história. Em nenhum outro ano houve tantas inundações, tormentas e ondas de calor e de frio.
 
     Uma longa lista de países registrou desde o início do ano um número recorde das condições climáticas extremas que provocaram inundações, ondas de calor, tormentas e frio intenso, informou a agência da ONU sobre o clima.
     As observações preliminares também indicaram que a temperatura global na superfície terrestre entre janeiro e abril passados alcançou um nível histórico, segundo comunicado da Organização Mundial Meteorológica (OMM).
     A OMN afirmou que os termômetros poderiam ter aumentado 1,89 grau com relação a média de janeiro e 1,37 grau para abril. Na Europa, calcula-se que as temperaturas de abril tenham superado em quatro graus, afirmou Omar Baddur, cientista da OMM.
     As condições climáticas confirmaram as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, que alertou para um aumento nos fenômenos extremos.
 
Furacão Katrina
 
     "O início de 2007 foi muito ativo em termos de acontecimentos climáticos extremos", declarou Baddur, que citou como exemplo as monções de intensidade excepcional e as grandes inundações que se registraram no sul da Ásia nestas últimas semanas e que afetaram a 30 milhões de pessoas.
     Outros eventos incluem a atual onda de calor no sudeste da Europa, as fortes chuvas que caíram sobre o sul da China em junho e o ciclone tropical Gonu, o primeiro no mar da Arábia que atingiu o Irã e o Omã no início deste mesmo mês, causando 50 mortes.
 
Fonte: France Presse - G1

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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A Amazônia está mudando

Fragmentação da floresta leva à perda de espécies locais e facilita a entrada de espécies exóticas

     As alterações na biodiversidade da Amazônia provocadas pelos desmatamentos vêm sendo estudadas de muitas formas. Um grande projeto de pesquisa investiga o que acontece em fragmentos florestais, de diferentes tamanhos, remanescentes da derrubada da mata ao seu redor. Estudos sobre as respostas de espécies de moscas e de outros animais revelam que a fragmentação da floresta leva à perda de espécies locais e a alterações na abundância de outras, além de facilitar a entrada de espécies exóticas. Também foi constatado que as pastagens são mais danosas à diversidade de espécies das áreas florestadas restantes nas proximidades do que as atividades agrícolas ou silviculturais.
     Considerada o maior reduto de vida no planeta, a Amazônia está mudando. Essa mudança na paisagem amazônica vem ocorrendo, em ritmo crescente, nos últimos 50 anos. Qualquer pessoa que sobrevoasse a Amazônia nos anos 50 veria a paisagem como uma floresta contínua, com algumas clareiras nas margens dos rios e nas vizinhanças das principais cidades. Hoje, um vôo por certas áreas da Amazônia brasileira, principalmente em suas partes nordeste e sul, mostrará imensas manchas provocadas pelo desmatamento, com terra desnuda ou recoberta com pastagens e cultivos agrícolas. Enquanto o Amapá tem 95% de sua floresta preservada, o nordeste do Pará e o oeste do Maranhão, segundo o Projeto Biota do Pará, conservam apenas 23% da vegetação amazônica, divididos em fragmentos, revelando índices de desmatamentos semelhantes aos registrados na mata atlântica, na região Sudeste.
 

Plantação de eucaliptos em Monte Alegre, no norte do Pará, onde os fragmentos florestais remanescentes têm sido estudados por cientistas. (Foto cedida pelos autores) 
  
     Tal imagem causa desolação a muitos, mas é motivo de orgulho para outros. Os desolados pensam na floresta perdida, nas milhares de espécies extintas (muitas antes de serem conhecidas), no imenso patrimônio biológico e evolutivo desperdiçado (e, com ele, as oportunidades perdidas de novos conhecimentos, produtos e negócios). Pensam ainda no povo da floresta desprovido do seu modo de vida, sem oportunidade de materializar sua cultura, suas crenças e sua arte. Já os orgulhosos argumentam que isso significa progresso e vislumbram a Amazônia finalmente inserida no processo nacional de desenvolvimento, produzindo grãos, exportando minérios para o mundo e energia para o país.
     Mas afinal o que essa mudança no uso da terra significa para a biodiversidade? Como a biodiversidade responde a essa nova Amazônia?
A biodiversidade amazônica é ainda muito mal mensurada. Não sabemos quantas espécies existem, conhecemos muito pouco sobre o papel de algumas espécies na sustentação da floresta e conhecemos menos ainda sobre as interações entre espécies e como elas respondem às variações do meio ambiente. Esse quadro de desconhecimento torna necessários estudos urgentes sobre as mudanças no uso da terra e suas conseqüências sobre a biodiversidade.
     Antes dos anos 80 o termo biodiversidade não era conhecido. Esse termo, que une as palavras 'diversidade' e 'biológica', foi popularizado pelo livro Biodiversity , de 1988, organizado pelo biólogo norte-americano Edward O. Wilson, um dos pioneiros da ecologia, a partir dos debates do Fórum Nacional de Biodiversidade, realizado dois anos em Washington (Estados Unidos) -- o livro foi publicado no Brasil em 1997. No conceito de biodiversidade estão incluídos todos os seres vivos e as relações que esses organismos têm entre si e com o meio físico, transformando e construindo florestas, lagos e todos os elementos da paisagem que normalmente chamamos de natureza. Assim, plantas, animais e ecossistemas passaram a ser entendidos como um complexo integrado, que dá forma e funcionamento à vida no planeta.
     A biodiversidade, portanto, não se refere exclusivamente aos organismos em si, mas também ao ambiente criado a partir da presença deles. É como um jogo de xadrez. De que valem as peças se não forem realizadas boas jogadas? Precisamos compreender as complexas regras desse jogo, para evitar ou minimizar nossas interferências nefastas. No caso da Amazônia, precisamos apreender a biodiversidade da região em toda a sua complexidade e dinâmica, entender os efeitos dos processos de mudança e buscar as melhores soluções para a manutenção dessa diversidade. Como responder a tal desafio?

Autores:
Marlúcia Bonifacio Martins e Catarina de Lurdes Praxedes
Coordenação de Zoologia, Museu Paraense Emilio Goeldi
Ronildon Miranda-Santos
Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia, Museu Paraense Emilio Goeldi
Alessandra Azevedo Rodrigues da Silva
Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (PA)
Joana Evangelista Costa
Museu Paraense Emilio Goeldi

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Resgatar o coração

A técnica é importante para resolver o problema do aquecimento global, mas não é tudo e nem o principal. Parafraseando Galileu Galilei, podemos dizer: "a ciência nos ensina como funciona o céu, mas não nos ensina como se vai ao céu".
     Seguramente a crise ecológica global exige soluções técnicas, pois podem impedir que o aquecimento global ultrapasse 2 graus Celsius, o que seria desastroso para toda a biosfera. Mas a técnica não é tudo e nem o principal. Parafraseando Galileo Galilei, podemos dizer: "a ciência nos ensina como funciona o céu, mas não nos ensina como se vai ao céu". Da mesma forma, a ciência nos indica como funcionam as coisas, mas por si mesma não tem condições de nos dizer se elas são boas ou ruins. Para isso, temos que recorrer a critérios éticos, aos quais a própria prática científica está submetida. Até que ponto, apenas soluções técnicas equilibram Gaia a ponto de ela continuar a nos querer sobre ela e ainda garantir os suprimentos vitais para os demais seres vivos? Será que ela vai identificar e assimilar as intervenções que faremos nela ou as rejeitará?
     As intervenções técnicas têm que se adequar a um novo paradigma de produção menos agressivo, de distribuição mais equitativa, de um consumo responsável e de uma absorção dos rejeitos que não danifique os ecossistemas. Para isso precisamos resgatar uma dimensão, profundamente descurada pela modernidade. Esta se construiu sobre a razão analítica e instrumental, a tecnociência, que buscava, como método, o distanciamento mais severo possível entre o sujeito e o objeto. Tudo que vinha do sujeito como emoções, afetos, sensibilidade, numa palavra, o pathos, obscurecia o olhar analítico sobre o objeto. Tais dimensões deveriam ser postas sob suspeição, serem controladas e até recalcadas.
     Ocorre que a própria ciência superou esta posição reducionista seja pela mecânica quântica de Bohr/Heisenberg seja pela biologia à la Maturana/Varela, seja por fim pela tradição psicanalítica, reforçada pela filosofia da existência (Heidegger, Sartre e outros). Estas correntes evidenciaram o envolvimento inevitável do sujeito com o objeto. Objetividade total é uma ilusão. No conhecimento há sempre interesses do sujeito. Mais ainda, nos convenceram de que a estrutura de base do ser humano não é a razão, mas o afeto e a sensibilidade.
     Daniel Goleman trouxe a prova empírica com seu texto a Inteligência emocional que a emoção precede à razão. Isso se torna mais compreensível se pensarmos que nós humanos não somos simplesmente animais racionais, mas mamíferos racionais. Quando há 125 milhões de anos surgiram os mamíferos, irrompeu o cérebro límbico, responsável pelo afeto, pelo cuidado e pela amorização. A mãe concebe e carrega dentro de si a cria e depois de nascida a cerca de cuidados e de afagos. Somente nos últimos 3-4 milhões de anos surgiu o neocortex e com ele a razão abstrata, o conceito e a linguagem racional.
     O grande desafio atual é conferir centralidade ao que é mais ancestral em nós, o afeto e a sensibilidade. Numa palavra, importa resgatar o coração. Nele está o nosso centro, nossa capacidade de sentir em profundidade, a sede dos afetos e o nicho dos valores. Com isso não desbancamos a razão, mas a incorporamos como imprescindível para o discernimento e a priorização dos afetos, sem substitui-los. Hoje se não aprendermos a sentir a Terra como Gaia, não a amarmos como amamos nossa mãe e não cuidarmos dela como cuidamos de nossos filhos e filhas, dificilmente a salvaremos.
     Sem a sensibilidade, a operação da tecnociência será insuficiente. Mas uma ciência com consciência e com sentido ético pode encontrar saídas libertadoras para nossa crise.
 
Autor: Leonardo Boff - Agência Carta Maior

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quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Poluição da Ásia ajuda a derreter Himalaia

Partículas de fuligem emitidas por carros e fábricas estão piorando mudança climática.
Aquecimento na Ásia pode deixar Índia e China sem geleiras e água.

  
     A névoa de poluição que hoje cobre o Sudeste Asiático está acelerando a perda das geleiras do Himalaia, o que coloca o abastecimento de água dos países mais povoados e populosos do mundo -- a China e a Índia -- sob um risco incalculável, alerta um grupo de pesquisadores.
 
Himalaia
 
     No estudo, que está na edição desta semana da revista científica britânica "Nature", a equipe afirma que a chamada Nuvem Marrom Asiática tem tanta culpa pelo aquecimento observado nos últimos 50 anos no Himalaia quanto os gases causadores do efeito estufa. O derretimento das 46 mil geleiras do Planalto Tibetano, a terceira maior massa de gelo do planeta, já está causando enchentes nos lugares mais baixos, mas no longo prazo o grande risco é o da seca.
     Os pesquisadores, liderados por Veerabhadran Ramanathan, do Instituto Scripps de Oceanografia (Califórnia, EUA), usou uma técnica inovadora para explorar a Nuvem Marrom Asiática. A pluma de partículas em suspensão se espalha pelo continente asiático, gerada por canos de escapamento, chaminés de fábricas e termelétricas, florestas ou campos que estão sendo queimados para uso agrícola e madeira ou esterco queimados como fonte de calor.
 
Foto
Imagem de satélite mostra a nuvem de poluição particulada da Ásia entre a Coréia e o Japão (Foto: Nasa/Divulgação)
 
     O papel dessas emissões em forma de partículas sólidas no aquecimento global ainda é pouco conhecido. Também chamadas de aerossóis, as partículas resfriam a terra ou o mar debaixo delas porque filtram a luz que vem do Sol. Ao mesmo tempo, alguns aerossóis também absorvem a luz solar, podendo esquentar a atmosfera localmente.
     A equipe de Ramanathan usou três aviões pilotados por controle remoto, equipados com 15 instrumentos capazes de monitorar a temperatura, as nuvens, a umidade e os aerossóis. Lançados da ilha de Hanimadhoo, nas Maldivas, os aviões fizeram 18 missões em março de 2006, voando sobre o oceano Índico.
     A principal descoberta é que a nuvem aumentou o efeito do aquecimento solar sobre o ar em volta dela em cerca de 50%. Isso acontece porque as partículas são basicamente fuligem, que é negra e absorve a luz do Sol. Cálculos dos pesquisadores indicam que até metade do aquecimento atmosférico do Sudeste Asiático desde os anos 1950 pode ser explicado justamente pela ação desse tipo de poluente.
 
Autor: Richard Ingham - France Presse - G1

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Mexicanos fazem privada gigante para protestar contra praia suja

Ato foi organizado por ativistas do Greenpeace.
Manifestação ocorreu na praia de Los Muertos.
 
Foto: Reuters
Ativistas do Greeenpeace fizeram uma privada gigante em praia do México para protestar contra a liberação de esgoto direto na água do mar, sem tratamento (Foto: Gustavo Graf/ Reuters)
 
Fonte: Reuters - G1

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quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Hipocrisia ou farsa ambiental?

     Ultimamente assistimos na mídia, com bastante freqüência, doutos senhores com ares de respeitabilidade e escudados por Organizações Não Governamentais, Governos e títulos acadêmicos diversos, apresentarem o reflorestamento como panacéia salvadora para todos os males ambientais advindos do Efeito Estufa.
     O reflorestamento, como está sendo preconizado, é apenas a metade do caminho a ser percorrido, um paliativo para uma situação cada vez mais séria, pois o chamado efeito estufa cada vez mais se agrava.
     O verde, a floresta retém a água no solo, pereniza os rios, ameniza e equilibra o clima, não captura o carbono em definitivo, apenas o recicla. Funciona como uma represa que retém a água temporariamente;  mais cedo ou mais tarde, a libertará para que siga seu curso.  
 
Floresta absorvendo CO2.
 
     O mundo está como um vagão, descontrolado, despencando ladeira abaixo, rumo ao abismo, e nossos "cientistas" querem freá-lo utilizando barbantes em vez de reforçados cabos de aço!
     A biomassa caracteriza-se pela instabilidade, veio do gás carbônico, da água e da energia solar, via fotossíntese, e ao gás carbônico retornará tão logo a energia potencial acumulada em suas moléculas seja exaurida.
     O verde, a floresta, aproveitando a energia solar e a água fixa o carbono por algumas dezenas de anos, ou nem isso, e o libertará para atmosfera sob a forma de gás carbônico, voltando às condições anteriores.    
     A quem os nossos doutos senhores querem enganar? Ficam apregoando providências esdrúxulas que não levam a nada!
     Querem calcular, por exemplo, quantas árvores devem ser plantadas para compensar a fabricação de um CD, a edição de uma revista, a flatulência de uma vaca!
      Enquanto isso, um simples carro de passeio atira no ar que respiramos dezenas de toneladas de gás carbônico durante sua vida útil.
     É preciso que a sociedade seja esclarecida, a verdade escancarada e alertada para o suicídio coletivo que representa o uso do combustível fóssil sem a destinação adequada dos gases gerados como conseqüência!
     Fazem cálculos mirabolantes sem chegar a resultado algum, só confundindo a sociedade leiga e simulando que providências sérias e enérgicas estão sendo tomadas.
      Querem justificar certamente as verbas astronômicas doadas pelos governos e empresas que são aplicadas em pseudo pesquisas, ditas "sérias e urgentes".
      Ainda que todos os espaços do planeta fossem ocupados com o cultivo de florestas o "problema do efeito estufa" não seria resolvido, o vegetal, como todo ser vivo, nasce, cresce, amadurece e morre e, ao morrer, devolve todo o carbono a atmosfera sob forma de gás carbônico.   
     É preciso que se volte ao passado geológico, ao Período Carbonífero, quando a Natureza limpou a atmosfera soterrando gigantescas quantidades de biomassa que deram origem às fontes de combustíveis fósseis que hoje o homem explora.
     Foi esta "limpeza" da atmosfera, essa retirada do gás carbônico do ar, via biomassa, que permitiu a origem da vida aeróbia, a vida do ser que respira.         
     O homem, desde o século passado, está trazendo esse "lixo soterrado" para a superfície, transformando-o em energia, saturando a atmosfera, criando o caos que estamos vivendo, fechando um círculo com o retorno ao passado geológico inóspito do planeta.
 
Plataforma de extração de petróleo.
 
     O reflorestamento só terá sentido se a biomassa for "colhida e armazenada", estocada de forma permanente, em condições de não decomposição, (biológica ou por oxidação), mantendo seu potencial energético intacto, sem condições de retorno à condição mais simples da matéria orgânica, ou seja, de retorno à forma de gás carbônico.
     Como fazer isso?
     Devolvendo, a biomassa, o carbono que está em excesso na atmosfera (gás carbônico), aos locais de sua origem, às profundezas do subsolo, ocupando com a mesma as fossas abissais oceânicas, os espaços deixados pelos poços de petróleo exauridos, as falhas geológicas, as crateras artificiais criadas pelo homem e pela mineração.
     Cada "colheita" feita e devolvida às suas origens, a esses locais, representará uma limpeza, embora parcial, um alívio às condições climáticas adversas que estamos vivendo devido ao efeito estufa. 
     Para cada 12 toneladas de biomassa assim "armazenadas", teremos 32 toneladas de oxigênio devolvidas à atmosfera e menos 44  toneladas de gás carbônico a nos asfixiar. 
     Se assim procedêssemos, poderíamos continuar até mesmo utilizando a atual matriz energética, o combustível fóssil, por que o subproduto gerado pela mesma, o gás carbônico, estará sendo devidamente tratado e não simplesmente descartado.
      Tratar os resíduos gerados pela indústria é rotina neste meio; toda indústria é obrigada por lei a tratar e destinar corretamente os seus rejeitos.
      Por que a indústria do petróleo não é obrigada fazer o mesmo?
     A proposta é a mais absolutamente correta do ponto de vista ecológico: a devolução do carbono ao local onde deveria estar e ficar para sempre.
 
 
Autor: Antonio Germano Gomes Pinto - Ambiente Brasil (o autor é bacharel e licenciado em Química, químico industrial, engenheiro químico, especialista em Recursos Naturais com ênfase em Geologia, especialista em Tecnologia e Gestão Ambiental, professor universitário e autor de duas patentes registradas no INPI e em grande número de países.

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