sexta-feira, 20 de julho de 2007

Detectados na Antártida compostos que afetam clima

     Sobre o gelo da Antártida flutuam durante todo o ano dois compostos químicos que podem ser fundamentais na formação de nuvens e em outros processos ligados à mudança climática, segundo um estudo publicado no último número da revista Science.
     O espanhol Alfonso Saiz-López, membro do Jet Propulsion Laboratory, da Nasa, é o autor principal do trabalho. Ele explicou que os cientistas se "surpreenderam" ao detectar tão "altas concentrações" de óxido de bromo e de óxido de iodo em suspensão sobre o gelo da Antártida. Já no Ártico não se detectou iodo.
 
 
     Outra surpresa foi comprovar que as altas concentrações persistem mesmo em períodos de luz solar, acrescentou. O estudo demonstra, pela primeira vez, que o iodo aumenta "enormemente" os níveis de destruição da camada de ozônio da atmosfera. O desgaste chega a ser quatro vezes maior na camada mais baixa da atmosfera do Pólo Sul.
     Segundo Saiz-López, as concentrações detectadas parecem ter "grandes conseqüências sobre a química atmosférica das camadas inferiores". Até agora, acreditava-se que os efeitos desses compostos estavam associados apenas a mudanças em latitudes altas.
     O cientista explicou que, há 20 anos, achava-se que os elementos químicos conhecidos como halógenos (especialmente bromo, flúor, iodo e cloro) tinham grande impacto na redução de níveis de ozônio em latitudes médias e do norte da troposfera (zona inferior da atmosfera, até a altura de 12 km).
     Até agora não existiam medições diretas dos halógenos ativos sobre o gelo antártico, devido especialmente a motivos logísticos. As medições realizadas agora foram possíveis após longas observações realizadas na estação Halley sobre os compostos químicos que flutuam a poucos metros da superfície da Antártida.
     Segundo o estudo, os níveis de óxido de iodo na primavera são os maiores detectados em qualquer parte da atmosfera. A aparente sinergia com o óxido de bromo faz pensar na existência de "um mecanismo emissor de iodo desconhecido até agora".
     A presença de altas concentrações de óxido de iodo na atmosfera aponta para a possibilidade de formação de partículas que cresceriam até se transformar em núcleos de condensação de nuvens, com impacto sobre o clima.
 
Fonte: EFE - terra Notícias

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Geleiras são principal causa do maior nível do mar

     O derretimento das geleiras e das calotas polares será, neste século, a principal causa do aumento do nível dos mares, destaca um estudo publicado hoje pela revista Science.
     A contribuição das geleiras e das calotas para o aumento do volume das águas oceânicas será maior que a dos mantos de gelo da Groenlândia e da Antártida, afirmam cientistas do Instituto de Pesquisas Árticas e Alpinas da Universidade do Colorado (EUA).
 
 
     Até o fim deste século, o nível dos mares vai subir de 10 a 22 centímetros. A previsão não considera o aumento do volume d'água decorrente do aumento das temperaturas, o que pode fazer esses números dobrarem.
     "Embora se trate de um processo complexo e dinâmico, e não pareça ser resultado direto do aquecimento global, é provável que o clima atue como desencadeador", ressalta Robert Anderson, cientista do instituto.
     Segundo Mark Meier, professor da universidade, as geleiras e calotas, cujo derretimento se acelerou de maneira considerável na última década, contribuem com cerca de 60% do gelo que chega aos oceanos.
     Atualmente, essa contribuição anual é de aproximadamente 416 km cúbicos de gelo, mas, a cada ano, aumenta em cerca de 12 km. Em contrapartida, os cientistas descobriram que a Groenlândia contribui com aproximadamente 28% do gelo responsável pelo aumento do nível dos mares, enquanto a contribuição da Antártida seria de 12%.
 
 
     "Uma das razões deste estudo foi a crença generalizada de que (o derretimento dos) mantos de gelo da Groenlândia e da Antártida serão a principal causa do aumento do nível dos mares", diz Meier no artigo.
     "Mas provamos que são as geleiras e as calotas polares, e não os grandes mantos, que serão as grandes responsáveis pelo aumento do nível dos mares nas próximas gerações", destaca o especialista.
     Segundo os cientistas, a maior contribuição das geleiras e das calotas se deve, em parte, às rápidas mudanças nos fluxos de água que lançam os icebergs diretamente no oceano.
     Um aumento de 30 cm no nível do mar significa, de modo geral, a perda de aproximadamente 30 m de costa litorânea. "Nossas projeções indicam que o futuro aumento do nível dos mares será maior que o antecipado e que a contribuição das geleiras e das calotas será substancial", dizem os especialistas.
 
Fonte: EFE - Terra Notícias

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Estação Espacial Internacional jogará lixo no espaço

     Não é a forma mais adequada de se livrar do lixo, mas a Estação Espacial Internacional (ISS) pretende jogar um refrigerador do tamanho de um container contendo amônia e outra câmara de 90 kg no espaço. Segundo a agência espacial americana (Nasa), não há opção melhor para dar um destino ao material.
 

     Segundo o site Discovery News, o engenheiro Clay Anderson, um dos astronautas da ISS, pretende realizar o procedimento durante uma caminhada espacial programada para a próxima segunda-feira. "Nós pensamos muito antes de tomar esta decisão", disse um dos controladores da ISS, Kirk Shireman, em uma entrevista.
     Apesar de ser uma ação controversa, a Nasa está mais preocupada com o potencial do lixo em causar algum tipo de dano do que propriamente com a imagem da agência. O container, que pesa cerca de 636 kg, pode cair na Terra em um ano. Ao entrar na atmosfera, grande parte do material deve se desintegrar, mas pedaços de 17 kg podem chegar ao solo.
 
 
     Segundo a porta-voz do Centro Espacial Johnson, Lynnette Madison, são objetos tão grandes que radares serão capazes de identificar a trajetória cerca de duas horas antes da reentrada em atmosfera terrestre. A Nasa calcula que a possibilidade de algum desses pedaços atingir uma pessoa é de uma em cinco mil.
 
Fonte: Terra Notícias
 

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Comissão de Biossegurança propõe “contaminação transgênica” para cultivo de milho

CTNBio adia decisão sobre normas de coexistência entre transgênicos e convencionais, e sugere práticas que facilitariam a contaminação entre variedades
 
     Respondendo a uma exigência feita pela Justiça em meados de junho, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) discutiu hoje normas de biossegurança para garantir a coexistência entre as variedades orgânicas, convencionais e transgênicas de milho. O relator Luiz Antonio Barreto de Castro, representante do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), propôs que o produtor de transgênicos respeite uma distância mínima de 100m entre sua plantação e a de seus vizinhos. Outra opção seria manter a plantação transgênica a apenas 20m de distância das demais, desde que tenha, no mínimo, dez fileiras de milho convencional ao seu redor.
 
 
     A proposta apresentada durante a reunião contraria decisão anterior da própria CTNBio, que já havia determinado, para experimentos com milho transgênico em campo, uma distância de 400m entre o campo experimental e os campos vizinhos, além de uma faixa de contenção de 10 linhas de milho não geneticamente modificado, para evitar a contaminação.
     "Mais uma vez, a CTNBio falha ao não estabelecer normas que protejam o meio ambiente e a população. A distância proposta é ridícula e não pode ser levada a sério se quiser ser chamada de norma de coexistência. Pelo contrário, merece ser chamada de norma de contaminação", afirmou Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace Brasil.
     O Ministério do Desenvolvimento Agrário desenvolveu, em 2006, um cadastramento nacional das áreas que possuem variedades nativas ou tradicionais de milho. No entanto, a proposta formulada pelo representante do MCT desconsidera por completo a existência dessas variedades e desrespeita a diversidade genética do milho existente no País.
     A proposta tem ainda uma outra falha: não prevê mecanismos de responsabilização para eventuais casos de contaminação. Ou seja, se uma produção convencional ou orgânica for contaminada com transgênicos, o agricultor não tem a quem recorrer para entregar a conta do seu prejuízo. Para Maria Rita Reis, da ONG Terra de Direitos, "a proposta desconsidera totalmente o direito dos agricultores cultivarem lavouras não-transgênicas. Além de frágil do ponto de vista científico, não aborda a contaminação ocorrida em outras etapas da cadeia produtiva".
     As normas discutidas hoje pela CTNBio são uma exigência da Justiça Federal do Paraná, que impediu a Comissão de deliberar sobre qualquer pedido de liberação comercial de milho geneticamente modificado até que crie normas de coexistência e monitoramento. A discussão acabou sendo adiada após pedido de vistas  formulado por alguns membros da CTNBio e deverá ser retomada na próxima reunião da Comissão, agendada para os dias 15 e 16 de agosto.
Fonte: Greenpeace

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quinta-feira, 19 de julho de 2007

A casa do futuro passa por aqui

Fabricação de kits 'faça você mesmo' beneficiará população de baixa renda

     "Imagine que você precisa de uma janela nova para sua casa. Então você vai a uma loja de material de construção, faz a compra, traz a janela pra casa e a encaixa perfeitamente – e sem dificuldade – no lugar da antiga." Com essa analogia simples, o coordenador do Núcleo de Design e Sustentabilidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Aguinaldo Santos, explica o conceito de modulação, que direciona o projeto de fabricação de kits 'faça você mesmo', voltado para a construção de habitações populares.
 

Protótipo da casa do futuro desenvolvido pelo Núcleo de Design da UFPR. (Imagem cedida pelo Núcleo de Design e Sustentabilidade/UFPR)
 
     O núcleo, apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), através do Programa Habitare, produziu recentemente um sistema de cobertura para moradias e desenvolve agora móveis que possibilitam a criação de diferentes ambientes, os chamados móveis-divisória. A meta é estabelecer padrões de como devem ser projetados produtos habitacionais, barateando custos de produção, e permitir sua montagem pelo próprio comprador, cortando gastos com mão-de-obra especializada.
     Com o kit cobertura, segundo estimativa de Santos, houve redução de 16% no custo de produção do material em relação ao modelo tradicional de madeira. Vale lembrar que de 35% a 45% do custo da construção dizem respeito a trabalho especializado. No total, a cobertura modular tem um potencial de redução de aproximadamente 60%.
     Um protótipo desse kit já está sendo utilizado no município de Piraquara, região metropolitana de Curitiba, para abrigar uma loja de artigos produzidos pela associação de moradores local. "Dentro de alguns meses o kit cobertura deverá ser comercializado", informa Santos. Para chegar ao seu estado final, o modelo passou por diversas etapas de testes durante o ano de 2005.
     Fiel à linha 'faça você mesmo', desde o início do ano a equipe da UFPR encara um novo desafio: projetar kits de mobiliários-divisória. "Por ora tentamos entender a aspiração das pessoas, o que elas consideram um bom imóvel", conta Santos. Nessa pesquisa, nove universidades de todo o Brasil se unem para desenvolver projetos habitacionais de interesse social. "Nossa intenção é, em um prazo de quatro a cinco anos, oferecer um conjunto de kits para que as pessoas possam montar quase uma casa inteira", diz.
     Santos adianta que os primeiros modelos do kit móveis-divisória serão testados em junho ou julho deste ano. A tentativa é acelerar os processos de construção para identificar e corrigir possíveis erros de fabricação e montagem.
 
     Os testes envolverão 10 famílias.
     Além da preocupação econômica, há também cuidado com a preservação do ambiente de onde se extrai o material envolvido na pesquisa e com o tratamento da matéria-prima. "Sempre que possível, o material usado na fabricação dos módulos é renovável e procuramos continuamente respeitar critérios de sustentabilidade", afirma o coordenador do Núcleo de Design da UFPR.
 
 
Morador da região metropolitana de Curitiba monta kit de cobertura. Os pregos são substituídos por encaixes. (Imagem cedida pelo Núcleo de Design e Sustentabilidade/UFPR)  
  
     Os módulos de cobertura, por exemplo, são fabricados em aço galvanizado e OSB (da expressão Oriented Strand Board ), material composto por pequenas lascas de madeira orientadas segundo uma direção (nos módulos preconizados pelo núcleo da UFPR, a madeira deve vir de florestas manejadas). O kit divisória deverá ser produzido com OSB, polímeros biodegradáveis (plástico) e MDF (do termo Medium Density Fiberboard ), também de origem vegetal, com a peculiaridade da adição de resinas sintéticas às fibras de madeira. Nos kits , os pregos são substituídos por encaixes.
 
     Solução para um velho problema
     Santos diz que o Brasil vive hoje um problema sério de produtos que não conversam espacial e funcionalmente entre si, sobretudo aqueles voltados para a habitação. Segundo ele, existem normas de modulação no país, mas o problema é de capacitação técnica. "Cada fabricante faz um produto com uma geometria diferente e, quando se quer comprar algo para a casa, é preciso quebrar parte da parede para encaixar." Na Alemanha, Finlândia e Inglaterra já é possível comprar itens de adaptação por catálogo.
     Outra realidade do país são as condições precárias de boa parte das moradias populares, quase sempre construídas por mutirões, sem qualquer acompanhamento técnico. Após longa pesquisa que envolveu conhecimentos de ergonomia e 'usabilidade', o núcleo encontrou soluções para suprir a necessidade de auxílio na montagem. De acordo com Santos, além de simples, os manuais de instrução são práticos, fundamentados apenas em desenhos e cores. A idéia é que mesmo um leigo consiga montar um produto a partir de instruções visuais. "A forma induz o processo de montagem", completa.
     Quando se trata de moradia popular de baixo custo, alguns preconceitos referentes a parâmetros de desempenho, como boa ventilação, iluminação e acústica, vêm à tona. A resposta de Santos à questão é direta: "Consideramos esses problemas ao desenvolver nossos produtos. Por ser barato, o módulo não é necessariamente de má qualidade". E garante que uma boa modulação permite que o usuário personalize o ambiente do jeito que bem entender.

Autor: Wilerson Barros - Ciência Hoje

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O Vento compensa

     Novos estudos indicam a viabilidade econômica dos cataventos. A empresa de eletricidade holandesa Nuon calcula que, em 2005, o preço médio da energia elétrica no mercado batia os 45 euros por megawatt/hora quando não estava ventando. Já quando os cataventos entravam em ação, o preço caía para 30 euros.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
     Pesquisadores da Dinamarca, que também investe em cataventos, fizeram outras estimativas. Segundo eles, a energia eólica economizou US$ 167 milhões no custo da eletricidade no país em 2005. Os dinamarqueses lembram que os consumidores pagam US$ 240 milhões por ano em subsídios para a energia dos ventos. Mas a Associação da Indústria Eólica Dinamarquesa acredita que este ano a energia dos ventos vai compensar até mesmo o subsídio oficial e realmente economizar dinheiro dos consumidores.
     É um bom exemplo para o Brasil, que desperdiça seu potencial para extrair energia dos ventos. E ainda esconde dos consumidores e contribuintes os subsídios milionários que beneficiam outras fontes de energia, como a nuclear.
 
Autor: Alexandre Mansur - Blog do Planeta

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Essa você não pagou. Já as nucleares...

     O vazamento das usinas nucleares por causa de um terremoto no Japão mostra um lado pouco comentado sobre a aventura atômica: o preço. A indústria nuclear só é viável economicamente porque não paga o seguro integral para acidentes. Por isso, os acidentes nucleares sempre pesam no bolso dos contribuintes.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   Nos comentários do post de ontem, um leitor lembrou do acidente com a plataforma P-36, da Petrobras. Ela explodiu e afundou no mar. Era a plataforma mais cara do mundo. Mas o prejuízo de US$ 356 milhões foi plenamente pago pela seguradora responsável. Quando a Petrobras - e outras empresas de petróleo – faz os cálculos para viabilidade econômica do seu negócio, ela precisa levar em conta o seguro contra acidentes.
     Já a indústria nuclear não precisa disso. O governo (com nossos impostos) vai pagar grande parte dos prejuízos por qualquer acidente. Os seguros feitos para as usinas de Angra só pagam até US$ 1 bilhão para cobrir todos os prejuízos. Isso para usinas orçadas em US$ 10 bilhões e US$ 8 bilhões. Sem contar as indenizações a terceiros. Se houver algum acidente em Angra, adivinha quem vai pagar?
PS: Continua aqui a proposta. Se a energia nuclear é tão competitiva, vamos privatizar todas as usinas. Chega de subsídios.
 
Autor: Alexandre Mansur - Blog do Planeta

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As usinas nucleares e os desastres naturais

     Um terremoto ocorrido na costa oeste do Japão derrubou construções, deixou nove mortos, sete mil pessoas desalojadas, 800 feridos e milhares sem eletricidade. Mas o fato mais preocupante foi o vazamento de água radioativa da usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, considerada a maior do mundo. Inicialmente, a companhia que administra a usina negou que tivesse sido atingida. Mas admitiu o vazamento depois. Além disso ouve um incêndio interno na planta. Num momento em que o Brasil acaba de aprovar a construção de uma terceira usina nuclear, o fato ocorrido no Japão acaba trazendo reflexões.
 
 
     Se por um lado o governo brasileiro garante que o projeto de Angra 3 foi exaustivamente planejado e é totalmente seguro, o que dizer sobre os desastres naturais, cada vez mais imprevisíveis? Os terremotos no Brasil, apesar de existirem, são de baixa intensidade. Mas com o aquecimento global, eventos que antes eram improváveis, hoje podem acontecer a qualquer momento.
     Os últimos relatórios ambientais chamam a atenção para a possibilidade de ocorrer furacões e ciclones no Brasil, como o Catarina, que atingiu o sul do país em 2004, causando prejuízos superiores a R$ 1 bilhão. Fotos de satélite mostram que o Catarina passou muito próximo do litoral sudeste, de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. Vale lembrar que Angra dos Reis, cidade que abriga as usinas nucleares brasileiras, está localizada no litoral carioca. A catástrofe causada pelo ciclone Catarina no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina pode ser muito maior se um ciclone ou furacão visitar o Rio.
 
Autor: Alexandre Mansur - Blog do Planeta

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Operação contra fraudes florestais no MT rende CPI ao órgão que a deflagrou

    O Mato Grosso não vinha sendo nenhuma boa referência em termos de conservação ambiental. Pelo contrário, seu governador, Blairo Maggi, conhecido como "rei da soja", foi "agraciado" com o troféu Motosserra de Ouro, em 2005, conferido pelo Greenpeace a ele sob a acusação de ser um dos maiores responsáveis pelo desmatamento da floresta amazônica.
     Neste panorama, surgiu como uma boa notícia a deflagração, no início deste mês, da chamada Operação Guilhotina, a partir de uma investigação feita pela própria Secretaria de Estado do Meio Ambiente - Sema. O órgão encontrou indícios de irregularidades em Planos de Manejos Florestais Sustentáveis e Projetos de Exploração Florestal (PEF). Detectou-os graças ao controle que possui do comércio da madeira no Estado, desde a origem até o consumidor final, feito por meio do Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais (CC-Sema) do Sistema de Controle de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora).
     Na operação de fiscalização da Sema, foram selecionados 108 Planos de Manejo e PEF que tinham a maior movimentação de créditos do CC-Sema. A investigação in loco flagrou casos em que a autorização de exploração florestal e/ou manejo florestal foram obtidos em menos de 30 dias e a área respectiva sequer foi explorada; casos em que a autorização de desmate foi obtida de forma fraudulenta, com uso de documentos falsos; e casos em que, no projeto de exploração florestal, a área foi declarada como típica floresta e, após a vistoria, constatou-se que, na realidade, era cerrado. Em todos esses casos, os créditos obtidos foram comercializados on line, via sistema.
     As informações foram encaminhadas pela Sema ao Ministério Público do Estado, que reconheceu "fortíssimos indícios" da "fabricação" de papéis para "esquentar" madeira de origem ilegal.
     Acionada a Polícia Judiciária Civil do Estado, foram instaurados os inquéritos policiais, que verificaram um esquema de fraude cujo prejuízo ao erário revelou-se superior a R$ 58,3 milhões, através da comercialização ilegal de 81,8 mil metros cúbicos de madeira - sem falar no prejuízo ao meio ambiente.
     Já foram decretadas 75 prisões e, na semana passada, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, com o apoio da Polícia Militar, começou a cumprir a determinação judicial de lacre e vistoria dos 95 empreendimentos - localizados em 24 municípios - citados nas investigações da Operação Guilhotina.
     Entre os suspeitos de participar do esquema estão 38 engenheiros florestais integrantes do Cadastro Técnico Estadual de Prestadores de Serviços e Consultoria Ambiental da Sema, que os suspendeu por portaria até que sejam apurados os fatos pelo Ministério Público do MT.  A Sema suspendeu também os processos que se encontravam sob responsabilidade deles.
     A operação deflagrada por iniciativa da própria Secretaria rendeu a ela, no entanto, uma Comissão Parlamentar de Inquérito. A CPI foi recém aberta na Assembléia Legislativa do Mato Grosso mediante proposta do deputado José Riva (PP).
     "A Operação Guilhotina manteve seus holofotes voltados aos madeireiros, o que confere ao setor, outra vez, a condição de bode expiatório no que concerne às mazelas do segmento ambiental", disse ele em reportagem publicada pelo site da Assembléia Legislativa do MT.
     Essa postura reflete a tese que tem preocupado alguns ambientalistas, que vêem na CPI da Sema uma tentativa de favorecer a impunidade. Sobretudo porque o deputado José Riva – membro da bancada ruralista da Casa - não atentou para um fato importante: os "bodes expiatórios" que ele cita não são madeireiros que operam legalmente, com planos de manejo corretos sob o ponto de vista da sustentabilidade. São fraudadores flagrados "esquentando" madeira de origem ilegal.
     "Esse instrumento da CPI serve mais como palanque político do que como resolução de alguma coisa, ainda mais no Mato Grosso, onde a bancada ruralista é muito forte", avalia o ambientalista André Luis Alves, secretário executivo do Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – Formad.
     "O que dá para ver bem claramente é que tem um grupo de deputados querendo usar a CPI para defender madeireiros que não seguem a lei à risca", completa ele, para quem o Ministério Público do Estado seria um campo mais idôneo para investigar qualquer problema no âmbito da Sema.
 
Autora: Mônica Pinto - AmbienteBrasil

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quarta-feira, 18 de julho de 2007

Indústrias dos EUA pedem providências sobre clima

     Uma importante organização de indústrias norte-americanas disse na terça-feira que as atividades humanas estão mudando o clima da Terra e pediu ao governo dos Estados Unidos que tome providências para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em todo o país.
     Mas a Business Roundtable, que representa 160 das maiores empresas dos EUA, com uma receita total de 4,5 trilhões de dólares, não chegou a defender a adoção de uma política específica para concretizar os cortes, afirmando que seus integrantes ainda não chegaram a uma conclusão sobre o método ideal de fazer isso.
     "A opinião dos presidentes de empresas dos EUA sobre as alterações no clima está evoluindo significativamente", disse Charles Holliday, presidente e executivo-chefe da DuPont, membro da Roundtable. "Um número cada vez maior de CEOs encara isso como uma questão essencial para suas empresas."
     Nos últimos anos, o mundo corporativo norte-americano vem abandonando os argumentos de que não há provas de que é a ação dos homens que causa o aquecimento global. Com isso, parte dos executivos ficou em posição oposta à do governo do presidente George W. Bush, que rejeitou o Protocolo de Kyoto, o principal plano da ONU para reduzir as emissões de gases-estufa até 2012.
     Muitos cientistas dizem que o aumento nas emissões, especialmente do dióxido de carbono produzido pela queima de combustíveis fósseis, está ligado ao aumento das temperaturas médias no mundo. Teme-se que essa elevação possa levar à ocorrência de mais secas, enchentes, ondas de calor e tempestades de maior intensidade.
     "Alguns de nossos membros gostam da idéia da limitação e negociação", disse John Castellani, presidente da organização, referindo-se aos programas dentro dos quais as empresas podem comprar e vender o direito de emitir dióxido de carbono.
     "Alguns integrantes gostam da abordagem com impostos. Não sabemos qual funciona melhor. Neste momento, portanto, estamos pedindo flexibilidade", disse Castellani numa entrevista por telefone.
Entre os membros da Roundtable estão algumas das maiores empresas dos EUA, como General Electric, Exxon Mobil e General Motors.
     O grupo ambiental norte-americano Sierra Club classificou a declaração da Roundtable como uma tentativa de parecer sensível às questões climáticas, cujo objetivo real é garantir que as novas normas sejam adequadas a seus integrantes.
     "As empresas sabem que qualquer regulamentação que passe pelo Congresso atual e seja assinada pelo Congresso atual vai ser bem fraca", disse Josh Dorner, porta-voz da Sierra. "Não é à toa que grandes emissores estão se acotovelando para pedir providências sobre as mudanças no clima." O mandato do presidente Bush termina no início de 2009.
 
Fonte: Reuters - Terra


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Vaticano decide lutar pela defesa do meio ambiente

     Com a instalação de painéis solares e o anúncio de que plantará uma floresta para compensar suas emissões de gás carbônico (CO2), o menor Estado do mundo, o Vaticano, entra na luta pela defesa do meio ambiente. Desde que foi escolhido, o papa Bento XVI fez vários chamados em defesa do meio ambiente, de modo que o Vaticano tinha que se colocar como exemplo.
     Por isso, o Estado pontifício aceitou o insólito presente da empresa americana Planktos Inc e da companhia húngara Klimafa: a plantação de uma floresta em território húngaro no ano que vem, a qual vai compensar as emissões de CO2 provenientes dos seus cerca de mil habitantes.
     Dessa forma, o Vaticano, com um território de meio quilômetro quadrado, vai transformar-se - virtualmente - no primeiro Estado com emissão zero no planeta. O acordo, além de servir de publicidade para as duas empresas, também vai representar uma oportunidade para o Vaticano conscientizar os outros países sobre a defesa do meio ambiente.
     "Esta doação implica reflorestar uma parte de um parque nacional da Europa central. Desta maneira, o Vaticano fará sua parte para contribuir com a eliminação das emissões de CO2 que ameaçam a sobrevivência deste planeta", afirmou o presidente do Pontifício Conselho de Cultura, o cardeal Paul Poupard.
     Ele acrescentou que a "proteção do meio ambiente não é uma questão política que têm que ser resolvida pelos partidos políticos, mas sim um problema ético e cultural". As dimensões desta nova floresta no Parque Nacional Bukk, na Hungria, que se chamará "Floresta Climática Vaticana", dependerão da quantidade de gases poluentes que o Vaticano emitir em 2007.
     As iniciativas do Vaticano para defender a natureza também passam pela adoção da energia solar. Para servir de exemplo, o teto de concreto da Sala Paulo VI, na Cidade do Vaticano, onde são realizadas as audiências do Papa - além de alguns concertos e atos -, será substituído por painéis fotovoltaicos para produzir energia limpa.
     Os técnicos do Vaticano explicaram que estes painéis vão gerar energia suficiente para iluminar a sala e para o funcionamento de sistemas de calefação e ar-condicionado. Além disso, quando a sala não for utilizada, a energia produzida será desviada para a rede elétrica do Vaticano.
     Para a Igreja Católica, quem destrói o meio ambiente "comete um pecado grave", já que a prática é "um insulto a Deus". É assim que o presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz, o cardeal Renato Raffaele Martino, pensa quando afirma que "atirar um saco de lixo na rua é um pecado repugnante, mas quem destrói a Amazônia comete um pecado grave".
     O cardeal também anunciou que seu conselho estuda a criação de um documento sobre o meio ambiente. Segundo ele, no Catecismo da Igreja Católica pode-se ler que "a terra e seus bens são uma dádiva que podemos usar, melhorar, mas não destruir".
     O caso da Rádio Vaticano pesa contra a luta do Vaticano, já que o meio de comunicação é acusado de poluição eletromagnética. Por enquanto, o Tribunal de Apelação de Roma absolveu o ex-diretor-geral da Rádio Vaticano Pasquale Borgomeo e o ex-presidente do comitê de gestão, o cardeal Roberto Tucci, que foram condenados em primeira instância a dez dias de prisão.
     O dois, que estavam na rádio desde 2001, afirmam que o meio de comunicação funciona com o "mais absoluto respeito à lei italiana em matéria de emissões eletromagnéticas".
 
Fonte: EFE - Terra


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terça-feira, 17 de julho de 2007

Morte de abelhas: crise ou apenas uma fase?

Durante o último ano, mortes de grandes colônias de abelhas comerciais por causas desconhecidas levantaram preocupações de uma crise agrícola iminente. Hoje, entretanto, alguns especialistas em biologia de insetos e apicultura questionam a raridade destas mortes, dizendo que a apicultura comercial há tempos possui um padrão de epidemias, e sem melhor monitoramento, não há informações suficientes para saber se algo novo ou calamitoso está para acontecer.
 
     Se o problema está pior do que antes, dizem, é porque cada vez mais colônias de abelhas estão sendo acomodadas e transportadas por menos apicultores, aumentando as chances de propagação de infestações ou infecções.
     O consenso oficial, sustentado por muitos cientistas e criadores de abelhas, é que uma nova síndrome, chamada desordem de colapso de colônias, ou CCD, está em ação e apresenta um risco significativo às colheitas de frutas, nozes e vegetais americanos.
     Um plano de ação lançado na sexta-feira pelo Departamento de Agricultura usou a frase "crise de CCD" para descrever as recentes epidemiais, mesmo tendo dito ser "incerto saber se o CCD é um fenômeno recente" e ter descrito epidemias similares em 1898.
     Ninguém da área duvida que apicultores comerciais em mais de 20 estados tenham observado grandes declínios nas populações de abelhas no último ano - mais de 70% em alguns casos - e que a agricultura esteja enfrentando problemas na polinização de algumas safras.
     Também está claro que abelhas nas Américas, tanto espécies selvagens quanto as comerciais produtoras de mel, importadas há muito tempo e padrão hoje em dia, foram bastante afetadas em décadas recentes por parasitas e agentes epidêmicos. 
      O que alguns cientistas dizem estar faltando no debate é o contexto histórico. 
     "Toda vez que acontecem estas baixas, as doenças do momento tendem a ser responsabilizadas", disse May Berenbaum, que chefia o departamento de entomologia na Universidade de Illinois Urbana-Champaign e liderou uma avaliação da Academia de Ciências sobre o estado das abelhas norte-americanas e outros polinizadores, publicada no ano passado. "Nos anos 60, eram os inseticidas orgânicos sintéticos", disse Berenbaum. "Nos anos 70, eram os genes africanizados. No século 19, houve um maravilhoso estudo sobre isto resultando de uma falta de fibra moral. Personalidade fraca era a razão pela qual não voltavam às colméias".
     Uma coisa com a qual quase todo mundo parece concordar é sobre a necessidade de pesquisas consistentes e freqüentes sobre as populações de abelhas do país, porém a verba para este tipo de monitoramento não aumentou, dizem especialistas.
     Eric Mussen, especialista em abelhas da Universidade da Califórnia, disse não entender as conversas sobre catástrofe, notando que mesmo após a perda de colônias, apicultores podem rapidamente substituí-las.
Michael Burgett, professor emérito de entomologia na Oregon State University, disse que as grandes baixas em abelhas em algumas regiões poderiam simplesmente refletir picos superiores ao nível normal de mortalidade de mais de 20% em décadas recentes.
     "No final dos anos 70 tivemos outro susto similar a este", disse Burgett.     "Chamaram de 'doença de desaparecimento' na época. Mas nunca encontramos uma causa específica para o fenômeno, apenas continuamos a melhorar nossos programas de apicultura e a 'doença de desaparecimento' desapareceu".
 
Autor: Andrew C. Revkin - Scientific American Brasil


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Comunidade florestal cria mercado de US$ 150 bilhões

Relatório de organização internacional revela, no entanto, que ainda há muita burocracia e pouco apoio governamental à exploração sustentável

     O mercado mundial de madeira e outros produtos florestais produzidos por comunidades tradicionais em países tropicais movimenta cerca US$ 150 bilhões por ano, segundo um relatório divulgado ontem pela Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO, na sigla em inglês) em Rio Branco, no Acre.
     Apesar disso, o setor ainda sofre com a burocracia excessiva e a falta de apoio governamental - fatores que limitam sua capacidade de conservar as florestas e tirar sustento delas ao mesmo tempo, segundo o documento.
     O estudo mostra ainda que, considerando-se todos os investimentos informais que são feitos no gerenciamento e manutenção dos recursos naturais explorados, esses empreendimentos comunitários injetam US$ 2,5 bilhões por ano na conservação de florestas tropicais - mais que o dobro do valor investido pelos governos dos mesmos países.
     Mas, nem por isso, recebem o suporte legal e financeiro necessário para modernizar suas operações.
     Lideranças sociais da Amazônia aproveitaram o relatório para exigir do governo federal a elaboração de uma Política Nacional de Apoio ao Manejo Florestal Comunitário.
     Uma carta nesse sentido foi entregue à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no domingo, após a abertura de uma conferência promovida pela ITTO no Acre.
     Entidades pedem, por exemplo, a criação de linhas de crédito específicas para o manejo comunitário, regulamentação fundiária e investimentos em infra-estrutura para beneficiamento e escoamento dos produtos florestais.
     "Temos um marco regulatório para empresas, mas não para famílias e comunidades tradicionais", disse ao Estado o presidente do conselho-diretor da FSC Brasil e membro do grupo de trabalho de Manejo Florestal Comunitário, Rubens Gomes. "Ficamos numa situação de fragilidade total, dependendo de articulações políticas para a aprovação de cada plano de manejo."
     O manejo comunitário é aquele praticado por comunidades tradicionais da floresta, ao contrário de empresas privadas, para exploração de madeira e outros produtos florestais, como fibras, sementes, frutos e resinas.
     Os empreendimentos são tipicamente pequenos, mal equipados e de baixa competitividade. Mas, com um pouco de ajuda, podem se tornar uma maneira lucrativa de preservar as florestas, segundo o estudo da ITTO.
     O relatório é baseado em exemplos de empreendimentos comunitários de sucesso em diversos países tropicais, como China, Índia, Camarões, Honduras, Bolívia e Colômbia.
     Dois projetos brasileiros são destacados: a exploração de castanha-do-Brasil, em Manicoré, e de madeira, em Mamirauá, ambos no Amazonas. A ITTO é uma organização intergovernamental, com sede no Japão, voltada ao uso sustentável dos recursos florestais.
 
     Competição desleal
     Para o diretor-executivo da ITTO, Manoel Sobral Filho, o governo deveria financiar empreendimentos comunitários da mesma forma que subsidia a indústria de florestas plantadas. "A floresta natural é muito pouco competitiva", disse.
     Segundo ele, é preciso compensar essa falta de competitividade com subsídios e pagamento por serviços ambientais fornecidos pela floresta, como a conservação da biodiversidade, regulação climática, absorção de carbono e proteção dos recursos hídricos.
     "É um problema econômico", disse. "Temos de desenvolver a floresta como uma opção economicamente viável de uso do solo." No Acre, segundo ele, um hectare de floresta custa cinco vezes menos do que um hectare de área desmatada - que pode ser mais facilmente aproveitada para a agricultura e pecuária.
     A burocracia é outro problema. "É muito mais fácil no Brasil conseguir uma licença de desmatamento do que uma licença de manejo florestal", aponta Sobral.
     "Acho que o desafio agora é principalmente regulatório", completa Andy White, co-autor do relatório e coordenador da Iniciativa para Direitos e Recursos Naturais. A burocracia excessiva, segundo ele, reduz a capacidade competitiva dos pequenos produtores e acaba incentivando a ilegalidade.
     "As pessoas têm de ser capazes de usar suas florestas e se beneficiar delas", afirmou White. "Só assim você garante mais florestas e menos pobreza."
     O diretor do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Tasso Azevedo, reconheceu que a burocracia é um problema, mas disse o governo já está atuando sobre várias das exigências apresentadas . "A sociedade quer que a gente tenha essa burocracia, que controlemos tudo, e isso acaba criando dificuldades", disse.
     O crédito disponível para pequenas atividades florestais no País, segundo ele, cresceu de R$ 2 milhões para R$ 150 milhões nos últimos cinco anos.
 
     Valores
     US$ 150 bi é o valor movimentado no mundo por madeira e outros produtos florestais de empreendimentos comunitários
     US$ 2,5 bi é o valor investido por famílias e comunidades tradicionais na conservação das florestas que são exploradas por elas
 
Autor: Herton Escobar - O Estado de SP - Jornal da Ciência


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Greenpeace: catástrofes nucleares podem ser causadas por desastres naturais

     A organização ambientalista Greenpeace alertou hoje para o risco de que grandes terremotos e outros desastres naturais, incluídos os associados à mudança climática, "possam ocasionar novas catástrofes nucleares como a de Chernobil".
     A advertência foi realizada pelo responsável de energia nuclear do Greenpeace, Carlos Bravo, em comunicado, no qual assegurou que "o acidente" na usina nuclear japonesa Kashiwazaki-Kariwa, ocorrido em decorrência de um terremoto, que causou um incêndio em um de seus reatores, "evidencia a periculosidade da energia nuclear".
     "Este incêndio na usina nuclear nos lembra mais uma vez a séria ameaça que a energia atômica representa para a saúde pública e para o meio ambiente", acrescentou Ortiz.
     A organização ambientalista afirmou que o acidente ocorrido em Kashiwazaki-Kariwa "não é o primeiro sofrido pela indústria nuclear japonesa".
     Um terremoto de magnitude 6,8 na escala Richter sacudiu, ontem, segunda-feira, a região de Niigata (noroeste do Japão), causando nove mortos e mais de 1 mil feridos, e afetou a usina nuclear Kashiwazaki-Kariwa.
     As autoridades japonesas investigam um possível segundo vazamento radioativo na usina, após o anunciado ontem. Foram descobertos rompimentos em vários depósitos com resíduos de baixo nível de radiatividade, segundo informou hoje a agência japonesa "Kyodo".
     O primeiro acidente ocorreu na segunda-feira, quando uma pequena quantidade de água contaminada com resíduos radioativos atingiu o oceano, por causa do tremor.
     A central nuclear se encontra localizada junto ao mar do Japão.

Fonte: EFE - Terra


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Direitos Humanos investiga situação de atingidos por barragens

Comissão especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana analisa seis casos emblemáticos de violações contra atingidos por barragens. Problemas de Tucuruí (foto) podem se repetir no Madeira, avaliam especialistas.
 
     SÃO PAULO – Desde a passagem da relatora especial da ONU, Hina Jilani, pelo Brasil no final de 2005, oportunidade em que visitou a hidrelétrica de Campos Novos, na divisa de SC e RS, e recebeu do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) uma série de denuncias de violações dos direitos humanos contra as empresas construtoras da usina, o MAB tem buscado pautar os problemas sofridos pelos atingidos junto aos órgãos competentes no país e na Organização dos Estados Americanos (OEA).
     Encaminhadas ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), órgão ligado ao Ministério da Justiça, as denúncias deram início a um processo de levantamento de violações contra trabalhadores e comunidades atingidos por barragens em todo o país, que resultou na apresentação de mais de 70 casos. Destes, 12 foram formalizados em denúncias e, no início do ano, seis foram encaminhados para investigação por uma comissão especial do CDDPH, composta por membros do Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União, Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia e do próprio MAB.
     Segundo o defensor público da União, João Paulo Dorini, os seis casos da comissão - a barragem de Acauã, na Paraíba, e as hidrelétricas de Foz do Chapecó, em Santa Catarina, Tucuruí, no Pará, Aimorés, Emboque e Fumaça, em Minas Gerais, e Cana Brava, em Goiás – foram selecionados por representarem realidades diferentes mas significativas do conjunto das denuncias apresentadas.
 
     Violações
     Único caso de barragem não ligada a uma hidrelétrica, Acauã, construída pelo governo da Paraíba para o abastecimento hídrico de Campina Grande, apresentou as violações de direitos humanos mais agudas entre os projetos visitados até agora (além de Acauã, a comissão esteve ainda em Foz do Chapecó e Tucuruí).
     Segundo a denuncia encaminhada ao CDDPH, Acauã apresenta a "mais catastrófica situação social das famílias reassentadas por uma barragem no país". Deslocadas das margens do rio Paraíba, onde subsistiam da pesca e da agricultura familiar, 943 famílias foram reassentadas em pequenas agrovilas que mais se parecem com um imenso favelão, afirma Dorini, e carecem da maioria dos serviços mais básicos, como água, luz, escolas, postos de saúde, transporte e telefonia, entre outros.
     Segundo o relatório preliminar da comissão, "os atingidos foram obrigados a mudar seu modo de vida: saíram de uma vida tradicionalmente rural para um meio 'urbano' (sem que tenha a estrutura de uma aglomeração urbana). Não há terras agricultáveis, nem terrenos que permitam a criação de animais. As famílias nada produzem. Não há alternativas de trabalho para esses cidadãos de pouca instrução, totalmente adaptados à vida no campo. A situação é bem grave, especialmente se considerarmos que são famílias que possuíam uma vida digna, tendo perdido essa condição pela construção da barragem. Atualmente falta água e comida. Para a maioria desses assentados, se não fosse as cestas básica que lhes são distribuídas, já teriam morrido de fome".
     Já Foz do Chapecó e Tucuruí apresentaram problemas bastante distintos, inclusive entre si. Em fase de instalação do canteiro de obras, as empreendedoras de Foz do Chapecó ainda não iniciaram a aquisição de terras para o reassentamento das famílias que serão deslocadas pela barragem, como exigido nas condicionantes da licença de instalação concedida pelo Ibama, afirma Leandro Scalabrin, advogado do MAB.
     Segundo as denuncias sobre o caso, serão mais de 3.500 famílias atingidas – cerca de 15 mil pessoas de 115 comunidades -, e por volta de 20 mil hectares de terras férteis serão desapropriadas. "A Barragem está na fase inicial, com atividades de desapropriação desde o ultimo trimestre de 2006. Até agora foram desapropriadas 71 familias na região do canteiro de obras, mas mais de 20 familias tiveram seus direitos negados ou não reconhecidos", diz o texto.
     Por outro lado, continua a denúncia, os empreendedores estariam usando táticas de intimidação, como "ameaças, cooptação, pressão psicológica, uso da força ao invés de diálogo, queima e destruição de casas, omissão de informações ao Poder Judiciário, desrespeito moral, negação da livre opção de escolha. Muitas das familias já despejadas de suas casas estão morando em casas de parentes e familiares. Continuando a atual política do consórcio mais de 10 mil pessoas serão desalojadas sem nenhum direito".
     O caso de Tucuruí, por sua vez, é um exemplo de prolongamento de violações por mais de 30 anos, afirma Dorini. Iniciadas na década de 70 sob o regime militar, as obras da hidrelétrica não foram concluídas até hoje – faltam ainda as eclusas, que possibilitarão a navegação para escoamento de minérios da Companhia Vale do Rio Doce.
     Segundo o último relatório da Comissão Mundial de Barragens (CMB) sobre a usina, "o processo de relocação [dos atingidos] provocou transformações marcantes nas formas de vida das populações locais. (...) O perfil do tratamento sócio-ambiental levado a cabo em Tucuruí não só apontou para o lugar que a questão social ocupava no planejamento hidrelétrico - o que evidenciou e ressaltou a impactação negativa sobre o meio social -, bem como faz com que esta questão seja colocada ainda hoje pelas organizações sociais e membros da comunidade científica regional e nacional como a de maior vulnerabilidade quanto ao desempenho do empreendimento".
     Na prática, o passivo social de Tucuruí inclui o não reassentamento de dezenas de famílias atingidas, desvio das indenizações previstas – "muitos atingidos eram analfabetos, e o dinheiro de suas indenizações foi desviado por agentes públicos", relata Leandro Scalabrin – e o não reconhecimento de categorias, como os pescadores, enquanto atingidos (problema que apenas agora estaria sendo estudado pela Eletronorte).
     Os impactos da hidrelétrica sobre o município de Tucuruí também foram enormes. Segundo Dorini, antes do início das obras, a população da cidade era de 8 mil habitantes. Em dez anos, este número subiu para 110 mil. Este inchaço desestruturou toda a rede de atendimento social, como escolas, saúde, moradia e transporte, aprofundando a situação de desajuste social da região.
 
     Complexo Madeira
     Segundo o advogado do MAB, apesar do movimento no momento não estar discutindo compensações para as cerca de 5 mil famílias que deverão ser atingidas pelas usinas de Santo Anônio e Jirau em Rondônia, a avaliação é que as hidrelétricas deverão causar uma repetição dos problemas de Tucuruí, principalmente no aspecto da migração que deve ocorrer com o início das obras. Segundo o próprio governo, estaria sendo esperada a acorrida de cerca de 30 mil pessoas em busca de emprego, diz Scalabrin, o que poderá levar a estrutura de atendimento às necessidades sociais básicas de Porto Velho ao colapso.
     Os problemas previstos pelo MAB para o Complexo Madeira foram listados entre as 33 condicionantes da licença ambiental concedida pelo Ibama, que exige programas e projetos que compatibilizem a oferta e a demanda de serviços públicos, considerando a variação populacional decorrente da implantação dos empreendimentos; medida mitigadora às famílias não-proprietárias na área de influência direta dos empreendimentos, que venham a ter atividades econômicas afetadas; compensação social, medidas de apoio aos assentamentos de reforma agrária, agricultores familiares e comunidades ribeirinhas na área de influência do empreendimento, visando o desenvolvimento de atividades ambientalmente sustentáveis; plano de ação para controle da malária, a partir do plano com diretrizes técnicas encaminhado pela secretaria de vigilância e saúde do ministério da saúde, entre outros.
     Mas tanto Scalabrin quanto Dorin temem a repetição de violações dos direitos humanos da população mais fragilizada por falta de um marco regulatório que defina os direitos dos atingidos e os deveres do estado e dos empreendedores. "Não existe nenhum arcabouço normativo que proteja a população, que defina quem é e quem não é atingido, por exemplo. Esperamos que, com a conclusão dos trabalhos da comissão, estas questões sejam assumidas e encaminhadas", afirma Dorini. Até lá, os atingidos continuam obrigados a negociar caso a caso com as empresas, e onde a organização é mais frágil, os problemas serão maiores, acredita o defensor público.

Autora: Verena Glass - Carta Maior


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